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Cultura popular e planejamento participativo: uma possibilidade de
análise através dos eventos de Capoeira
Celinalda Mesquita Santana

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 27 - Diciembre de 2000

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    Por fim, defendemos que é necessário estabelecer, coletivamente (o que implica redimensionar a distribuição de Poder), os parãmetros que balizarão um perfil de eventos que, atendendo às expectativas dos seus integrantes, também contribua para estabelecer um eixo referencial que norteará as ações do grupo. A conformação deste vértice se dará ou não, na prática político-pedagógica cotidiana de todos os professores (Monitores, Instrutores e Mestres) do grupo. As ações destes possíveis agentes de mudança tendem a desencadear nos seus alunos uma representação sobre o grupo ao qual pertencem. Esta imagem será o mais próximo possível daquela pretendida quanto mais consciente for a atuação destes agentes no sentido de corroborar para o seu alcance. Logo, para estabelecermos o eixo central que poderá nos propiciar a criação de uma nova realidade, ou quem sabe, recriá-la, reinventá-la respaldados no desejo de um porvir melhor para a capoeira e para nossa sociedade, sugerimos que é preciso criar espaços coletivos para além dos já existentes. Estes espaços de invenção e reinvenção da nossa identidade perdurarão na medida que perdure o anseio de dias melhores e que por eles se orientem todas as nossas ações. Por conseguinte, indagamos: Quais são, ou podem ser, os espaços agenciadores do encontro e de mudanças qualitativas existentes em cada núcleo e no grupo como um todo?


Considerações finais

    Reiteramos a proposta deste texto de trazer para ordem do dia questões que inquietam professores de educação física, capoeiras e Mestres envolvidos com a prática da capoeira. Confrontar as diferentes formas de pensar dos diversos profissionais que atuam nesta área significa encaminhá-las com vistas a ampliar a coesão entre aqueles que tem como canal dialógico um mesmo objetivo: a preservação da capoeira enquanto tradução da cultura brasileira. É importante ressaltar que não percebemos os conflitos existentes como "naturais" logo indissolúveis. Estes indicam a necessidade de reflexão imediata de nossas atitudes, reordenando-as em busca do bem estar coletivo, porque só aqui encontramos justificativa para viver a capoeira pois, parafraseando os javaneses quando dizem que "Ser humano é ser javanês", ousaríamos dizer que, "Ser brasileiro é ser capoeira".


Bibliografia

  • AUTORES, Coletivo de. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortês, 1992.

  • FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A Escolarização da Capoeira. Brasília: ASEFE - Royal Court, 1996.

  • FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, l993.

  • FERREIRA, Francisco Whitaker. Planejamento Sim e Não. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

  • FORQUIN, Jean-Claude Forquin. Escola e Cultura - as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas: 1993.

  • GANDIN, Danilo. Planejamento como Prática Educativa. 9.ª ed. São Paulo: Loyola, 1997.

  • GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo. 4.ª ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

  • GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

  • SANDER, Bemo. Administração de Educação e Relevãncia Cultural na América Latina. In: Gestão da Educação na América Latina: Construção e Reconstrução do Conhecimento. Campinas: Cortez, 1995.

  • VIEIRA, Luiz Renato. O Jogo de Capoeira - Cultura Popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, l995.


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