efdeportes.com

Vieses per capita e por faturamento do 

quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos Rio 2016

Medals per capita e per billing of medal table of Rio 2016 Olympic Games

Medallas per cápita y por costo del medallero de los Juegos Olímpicos Río 2016

 

*Bacharel e Licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG

Especialista em Educação Física Escolar pela wPós Instituição de Ensino

Especialista em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

Mestrando em Engenharia de Produção pela UTFPR, bolsista da Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – CAPES

**Licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG

Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Professor do Departamento de Educação Física e dos Programas de Pós-Graduação

em Ciências Sociais Aplicadas e Ciências da Saúde da UEPG

***Bacharel em Administração com habilitação em Marketing pela Associação Educacional Frei Nivaldo Liebel – Celer Faculdades

Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

Doutora em Administração pela Universidade Positivo – UP. Professora do Departamento de Engenharia de

 Produção e dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e de Administração Pública da UTFPR

Guilherme Moreira Caetano Pinto*

guilherme-coxa@uol.com.br

Bruno Pedroso**

prof.brunopedroso@gmail.com

Claudia Tania Picinin***

claudiapicinin@utfpr.edu.br
(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho objetiva apresentar uma análise do quadro de medalhas dos jogos olímpicos Rio 2016 considerando o número de habitantes e o Produto Interno Bruto (PIB) dos países. Verificou-se que as classificações que levam em consideração o número total de medalhas, tanto per capita quanto por faturamento, são as que mais geram alterações. Ainda que o Brasil tenha evoluído em relação a diversos questões com relação às edições anteriores dos jogos, há um elevado potencial de melhoria, tanto no número de medalhas de ouro quanto no total de medalhas em seu desempenho olímpico, tendo em vista seu tamanho populacional e PIB.

          Unitermos: Jogos Olímpicos. Classificação. Quadro de medalhas.

 

Abstract

          The present paper shows an analysis of medal table of Rio 2016 Olympics considering the habitants number and Gross Domestic Product (GDP). We verified that the classifications which take in account the total number of medals, both per capita and per billing, were the most have changed. Although Brazil had evolved concerning several questions compared to previous games editions, there is an elevated improvement potential, both number of golden medals and total of medals in its Olympic performance, given its population size and GDP.

          Keywords: Olympic Games. Classification. Medal table.

 

Resumen

          El presente trabajo presenta un análisis del medallero de los Juegos Olímpicos Río 2016 considerando el número de habitantes y el Producto Bruto Interno (PBI) de los países. Se verificó que las clasificaciones que llevan en consideración lo número total de medallas, tanto per cápita como por facturación, son las que más generan alteraciones. Aunque Brasil haya evolucionado en relación a diversas cuestiones con relación a las ediciones anteriores de los Juegos, hay un elevado potencial para mejorar, tanto en el número de medallas de oro como en total de medallas en su desempeño olímpico, teniendo en vista el tamaño de su población y el PIB.

          Palabras clave: Juegos Olímpicos. Clasificación. Medallero.

 

Recepção: 05/09/2016 - Aceitação: 01/04/2017

 

1ª Revisão: 08/03/2017 - 2ª Revisão: 28/03/2017

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 22, Nº 227, Abril de 2017. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O esporte se tornou uma das grandes experiências modernas, figurando como um espelho no qual as nações enxergam a si mesmas, e sendo parte importante da imagem global de um determinado país. Além disso, ressalta-se que o esporte está cada vez mais internacionalizado, podendo influenciar a relação entre países e, também, é visto como um negócio (Jackson; Haigh, 2012; Alisson; Monnington, 2002, Luiz; Fadal, 2011).

    Neste contexto, é prudente mencionar que os jogos olímpicos são o maior evento esportivo do mundo (Chalkley; Essex, 1999). Desde a gênese dos jogos olímpicos da era moderna, na cidade grega de Atenas, em 1896, os atletas vencedores das competições e o segundo colocado recebiam, em caráter premiativo, uma medalha de prata e bronze, respectivamente. Os primeiros jogos em que foram premiados os três melhores atletas de cada modalidade foram em St. Louis, nos Estados Unidos da América (EUA), no ano de 1904. Nesta, foram destinadas as medalhas de ouro, prata e bronze para o primeiro, segundo e terceiro colocados, respectivamente (Colli, 2004).

    Neste sentido, ressalta-se que os vencedores sempre foram registrados, sendo possível encontrar na literatura um histórico completo dos jogos, bem como uma classificação por países de cada olímpiada, através do quadro de medalhas.

    No entanto, de acordo com o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2012), em nenhum período da história esteve presente na carta olímpica – documento que regulamenta os jogos olímpicos – a indicação de uma classificação do desempenho nos jogos olímpicos dos países. Não obstante, o Comitê Olímpico Internacional (COI) não apresenta nenhuma classificação dos JJ.OO. por países em seu site oficial. Entretanto, é amplamente divulgado um quadro de medalhas em que o critério para ranquear os países considera o número de medalhas de ouro. Em caso de empate, considera-se as medalhas de prata. Persistindo empate, considera-se as medalhas de bronze.

    Ao contrário do que um número considerável de expectadores acredita, tal quadro de medalhas difundido na mídia não é oficial, mas sim, foi criado pela imprensa estadunidense, com objetivo político de exaltar os feitos esportivos dos EUA (CONFEF, 2002). Além da criação do quadro de medalhas, a mídia também foi responsável por dimensionar os jogos olímpicos a um patamar superior ao de uma simples competição esportiva (Chalkley; Essex, 1999).

    O desenvolvimento dos jogos e o aumento da cobertura midiática do evento proporcionou com que os jogos olímpicos fossem vistos como uma oportunidade de obter prestígio e, para o país sede, um meio para alcançar visibilidade internacional (Chalkley; Essex, 1999).

    Em função da supracitada visibilidade internacional e do prestígio, cabe ressaltar que, nos JJ.OO. de Pequim (China), em 2008, os EUA, ao conquistarem menos medalhas de ouro em relação à China, divulgaram em seu país uma classificação que considerava o número total de medalhas – que os colocava no topo do ranking – desvirtuando o método de classificação por eles instituídos anteriormente (CONFEF, 2002).

    Desta forma, é nítido que os países passaram a se preocupar com o desempenho olímpico coletivo. Neste sentido, a literatura reporta alguns estudos que discorrem sobre as relações internacionais do esporte, o prestígio através do desempenho esportivo e os fatores que influenciam o desempenho olímpico (Alisson; Monnington, 2002; Levermore; Budd, 2004; Bernard; Busse, 2004).

    No que concerne ao desempenho olímpico e esportivo, a literatura destaca que o tamanho populacional, o produto interno bruto (PIB), a vantagem de acolhimento e a estrutura política estão relacionadas com o número de medalhas que um país conquista durante os jogos olímpicos, e acrescentam que o PIB é, dentre tais variáveis, a mais relacionada com o desempenho olímpico de uma nação (Bernard; Busse, 2004; Bian, 2005; Luiz; Fadal, 2011).

    Considerando o acima exposto, ainda que se esteja ciente de que não é objetivo dos jogos olímpicos ranquear países através de suas medalhas obtidas, e, não sendo também a intenção deste estudo propor uma nova classificação, uma análise do número de medalhas obtidas pelo país, considerando o tamanho populacional e o PIB torna-se curiosa, ao passo que esta pode inferir um comparativo mais leal em relação às diferentes nações participantes dos jogos olímpicos.

    A partir desta premissa, o objetivo do presente estudo é analisar o quadro de medalhas dos JJ.OO. Rio 2016 através de uma classificação que considera o número de medalhas pelo tamanho populacional e seu PIB.

Procedimentos metodológicos

    Para a consecução do objetivo proposto, a coleta dos dados ocorreu em três etapas, sendo elas: o quadro de medalhas que considera o número de medalhas de ouro, prata e bronze de cada pais, aqui nominado “Quadro de medalhas utilizado pela mídia”; em um segundo momento, a coleta do tamanho populacional de cada país; e, por fim, o PIB de cada país arrolado para análise.

    As informações referentes ao número de habitantes de cada país foram obtidas por meio da consulta ao site dos órgãos governamentais pelo recenseamento da população de cada país medalhista nos Jogos Olímpicos. Foram utilizados os dados mais recentes disponibilizados nos respectivos sites oficiais na data de 22 de agosto de 2016, dia seguinte ao término dos Jogos Olímpicos do RIO 2016.

    Nos casos da Coréia do Norte, Costa do Marfim, Grécia, Jamaica, Romênia e Kuwait (cuja população foi assumida para os atletas Olímpicos independentes), aonde a última atualização datava de período anterior a 01 de julho de 2015, utilizou-se os dados da última atualização do World Population Prospects (Organização Das Nações Unidas, 2016), publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na data de 01 de julho de 2016.

    Tendo em vista que a maioria dos países não divulga a relação de imigrantes estrangeiros vivendo neste e tampouco o número de pessoas nascidas no país que atualmente vivem em outros países, tomou-se como dado populacional o número de habitantes vivendo em cada país.

    As informações referentes ao PIB de cada país foram obtidas por meio da consulta à listagem divulgada pelo site do Banco Mundial (The World Bank, 2016) dos PIBs nominais das nações no ano de 2015. Em se tratando das nações não constavam em tal listagem, foram usados os valores da última atualização - 2014 - divulgada pela ONU (Organização Das Nações Unidas, 2015) para a Coreia do Norte e Cuba, e a estimativa para 2016 divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (International Monetary Fund, 2016) para a Taipei Chinesa (Taiwan), haja vista que esta não constava em nenhuma das listagens supramencionadas.

    De posse dos dados coletados por meio dos procedimentos acima citados, foi realizada uma nova classificação dos países considerando o número de medalhas de ouro per capita, cujo quadro foi nominado “Quadro de medalhas de ouro per capita” e, em um segundo momento, o número total de medalhas per capita, nominado no presente estudo como “Quadro de medalhas total per capita”. Não obstante, no que tange as medalhas obtidas em relação ao PIB dos países arrolados para a análise, foram elaborados o “Quadro de medalhas de ouro por faturamento” e o “Quadro de medalhas total por faturamento”.

    Na classificação do quadro de medalhas per capita e do quadro de medalhas por faturamento, foram elencados os dez melhores países da classificação em pauta, os dez primeiros colocados do quadro de medalhas utilizado pela mídia e, por fim, o Brasil, os demais países da América do Sul que conquistaram medalhas (Argentina, Colômbia e Venezuela) e Cuba, em virtude de que ter sido uma potência esportiva no continente americano em edições anteriores dos jogos.

Resultados e discussões

    O Quadro 1 apresenta o quadro de medalhas utilizado pela mídia, que considera primeiramente o número de medalhas de ouro, e como critérios de desempate, inicialmente o número de medalhas de prata e, persistindo este, o número de medalhas de bronze:

Quadro 1. Quadro de medalhas utilizado pela mídia dos jogos Rio 2016

Colocação

País

Ouro

Prata

Bronze

Total

01º

EUA

46

37

38

121

02º

Reino Unido

27

23

17

67

03º

China

26

18

26

70

04º

Rússia

19

18

19

56

05º

Alemanha

17

10

15

42

06º

Japão

12

8

21

41

07º

França

10

18

14

42

08º

Coreia do Sul

9

3

9

21

09º

Itália

8

12

8

28

10º

Austrália

8

11

10

29

13º

Brasil

7

6

6

19

18º

Cuba

5

2

4

11

23º

Colômbia

3

2

3

8

27º

Argentina

3

1

4

65º

Venezuela

1

2

3

78º

*

1

1

* Empate entre dez países: Áustria, Emirados Árabes Unidos, Estônia, Finlândia, Marrocos, Nigéria, Portugal, República da Moldova, República Dominicana e Trinidad e Tobago

    Vale ressaltar que, por esta mesma classificação, nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 a classificação por países foi, em ordem crescente: EUA, China, Reino Unido, Rússia, Coreia do Sul, Alemanha, França, Itália, Hungria e Austrália. O Brasil, nesta edição dos jogos, ficou em 22º lugar.

    Nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 a classificação dos países, em ordem crescente, foi: China, EUA, Rússia, Reino Unido, Alemanha, Austrália, Coréia do Sul, Japão, Itália e França. O Brasil ficou na 23º colocação.

    Já nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, os dez primeiros colocados foram: EUA, China, Rússia, Austrália, Japão, Alemanha, França, Itália, Coréia do Sul e Reino Unido. O Brasil ficou na 16º Colocação.

    Por fim, no quadro dos Jogos Olímpicos de Sidney-2000, a classificação dos dez primeiros colocados foi: EUA, Rússia, China, Austrália, Alemanha, França, Itália, Holanda, Cuba e Reino Unido. O Brasil ficou em 52º colocado.

    Observa-se, com base no quadro de medalhas dos últimos 16 anos, um forte predomínio dos EUA, que se manteve no primeiro lugar geral do quadro de medalhas utilizado pela mídia em quatro dos cinco Jogos Olímpicos analisados, ficando na segunda colocação apenas em Pequim-2008, sendo derrotado pelos anfitriões.

    Verifica-se também que China, Reino Unido, Rússia, Alemanha, França, Itália e Austrália estiveram entre os dez primeiros colocados em todas as edições dos jogos olímpicos nos últimos 16 anos.

    Outro ponto a ser ressaltado é o desempenho histórico da Austrália e do Reino Unido, que foram sedes olímpicas no período analisado. No caso da Austrália (sétimo lugar nos JJ.OO. de Atlanta-1996 e décimo lugar nos JJ.OO. de Barcelona-1992), o país atingiu um quarto lugar nos JJ.OO. de Sidney-2000. Posteriormente, manteve o quarto lugar nos JJ.OO. de Atenas-2004 e, no decorrer dos anos iniciou uma descendente atingindo o sexto lugar em Pequim-2008 e o décimo lugar nos JJ.OO. de Londres-2012 e Rio 2016. Logo, verifica-se que após os Jogos Olímpicos houve uma constante queda no desempenho olímpico deste.

    Quanto ao Reino Unido, o país atingiu o décimo lugar nos JJ.OO. de Sidney-2000 e Atenas-2004. Já nos JJ.OO. de Pequim-2008, o desempenho melhorou e o país conquistou o quarto lugar. Posteriormente, nos JJ.OO. de Londres-2012, o país chegou ao terceiro lugar, ficando apenas atrás dos EUA e da China e, nas olimpíadas Rio 2016, o desempenho foi ainda melhor, tendo o Reino Unido obtido o segundo lugar. Sendo assim, verifica-se que seu desempenho olímpico melhorou com a proximidade dos jogos em que sediou, seguindo o fluxo crescente na edição subsequente dos jogos.

    Comparando os casos da Austrália e do Reino Unido, é prudente afirmar que o desempenho olímpico do país tende a melhorar quando este se aproxima de sediar os jogos olímpicos. Porém, no caso da Austrália, o desempenho caiu em um período posterior e, no caso do Reino Unido, o desempenho continuou a aumentar. Desta forma, não é possível identificar uma tendência neste sentido.

    No que concerne ao desempenho olímpico do Brasil, nos JJ.OO. de Sidney-2000 o país atingiu o 52º lugar. O desempenho melhorou nos JJ.OO. de Atenas-2004 (16º), porém, voltou a cair em Pequim-2008 (23º). Ao contrário do que poderia ser suposto, nos jogos de Londres-2012, embora houvesse proximidade com os jogos olímpicos do Rio 2016, o desempenho não apresentou melhora significativa (22º lugar). Ainda assim, o desempenho nos jogos olímpicos do Rio 2016 melhorou substancialmente (13º), atingindo a melhor colocação de sua história. Tal cenário reforça a melhora no desempenho olímpico de países sede dos jogos olímpicos.

    Não obstante, o crescimento do Japão nos jogos olímpicos Rio 2016 (6º), que não havia figurado entre os dez primeiros colocados nos JJ.OO. de Londres-2012, projetam uma melhoria de desempenho nos JJ.OO. de Tokio 2020, seguindo a tendência replicada pelos países acima mencionados.

    Este cenário, de acordo com Bernard e Busse (2004), justifica-se em virtude de que os países sede dos jogos têm o custo de participação nos mesmos reduzidos, além de seus atletas aumentarem o nível de motivação por competir próximo de seus familiares, os juízes sofrerem pressão devido à torcida local e, por fim, pelo fato de que os países sede tem bastante influência na adição de novas modalidades esportivas nos jogos.

    Entretanto, veicula-se na mídia controvérsias com relação ao sistema de classificação amplamente divulgado que considera prioritariamente o número de medalhas de ouro. Outrossim, expõe-se no Quadro 2 a classificação nos jogos olímpicos do Rio 2016 considerando o número total de medalhas obtidos por cada país:

Quadro 2. Quadro de medalhas por número total de medalhas dos jogos Rio 2016

Colocação

País

Ouro

Prata

Bronze

Total

01º

EUA

46

37

38

121

02º

China

26

18

26

70

03º

Reino Unido

27

23

17

67

04º

Rússia

19

18

19

56

05º

Alemanha

17

10

15

42

06º

França

10

18

14

42

07º

Japão

12

8

21

41

08º

Austrália

8

11

10

29

09º

Itália

8

12

8

28

10º

Canadá

4

3

15

22

11º

Coreia do Sul

9

3

9

21

12º

Brasil

7

6

6

19

22º

Cuba

5

2

4

11

31º

Colômbia

3

2

3

8

45º

Argentina

3

1

4

51º

Venezuela

1

2

3

67º

**

1

1

**Empate entre 20 países: Áustria, Burundi, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Estônia, Filipinas, Finlândia, Granada, Jordânia, Kosovo, 

Marrocos, Níger, Nigéria, Porto Rico, Portugal, Qatar, República da Moldova, República Dominicana, Tadjiquistão e Trinidad e Tobago.

    Verifica-se que os EUA mantêm a primeira posição na colocação. Porém, nesta forma de classificação, a China (70) passa a ser a segunda colocada e o Reino Unido (67) o terceiro. Outra alteração no posicionamento dos países ocorre na sexta colocação, visto que a França (42) apresenta mais medalhas no total do que o Japão (41).

    É nítido que nas colocações intermediárias, as alterações de posição se acentuam quando os países são classificados pelo número total de medalhas. A Coreia do Sul (21) deixa as dez primeiras colocações, atingindo a 11º colocação, a Austrália (29) avança para a oitava colocação, a Itália (28) cai para o nono lugar e o Canadá (22) avança para o grupo dos dez primeiros colocados. Outro panorama que reforça as alterações nas colocações intermediárias acima mencionadas são as oscilações da Argentina (deixaria a 27º colocação e passaria para 45º colocação) e Colômbia (deixaria a 23º colocação e passaria para 31º colocação).

    Nesse cenário, o Brasil melhoraria uma colocação, passando a dividir a 12º colocação juntamente com a Holanda, que cairia uma posição. Antagonicamente, Cuba cairia de 18º para 22º, visto que o país obteve 11 medalhas totais, com predomínio de medalhas de ouro (5).

    O quadro 3 apresenta o “Quadro de medalhas de ouro per capita”, no qual a classificação considera a razão entre número total de habitantes e o número de medalhas de ouro, tendo sido utilizado como primeiro critério de desempate o número de habitantes por medalha de prata e segundo critério de desempate o número de habitantes por medalha de bronze:

Quadro 3. Quadro de medalhas de ouro per capita dos jogos Rio 2016

Colocação

País

Ouro

Prata

Bronze

Total

População

Habitantes por medalha de ouro

01º

Reino Unido

27

23

17

67

65110000

35992

02º

Jamaica

6

3

2

11

2803362

42475

03º

EUA

46

37

38

121

324295000

58264

04º

Nova Zelândia

4

9

5

18

4708160

65391

05º

Hungria

8

3

4

15

9823000

81858

06º

Croácia

5

3

2

10

4190669

83813

07º

Austrália

8

11

10

29

24165800

104163

08º

Holanda

8

7

4

19

16946800

111492

09º

Alemanha

17

10

15

42

81770900

114525

10º

Rússia

19

18

19

56

146640000

137820

11º

França

10

18

14

42

64615000

153845

14º

Cuba

5

2

4

11

11239004

204345

15º

Japão

12

8

21

41

126696000

257512

17º

Coreia do Sul

9

3

9

21

50801405

268791

18º

Itália

8

12

8

28

60665551

270828

33º

China

26

18

26

70

1378330000

757324

38º

Brasil

7

6

6

19

206543000

1552955

44º

Colômbia

3

2

3

8

48802700

2033446

48º

Argentina

3

1

4

43590400

3632533

70º

Venezuela

1

2

3

31028700

***

87º

Nigéria

1

1

186988000

***

***Não conquistou medalhas de ouro. Fonte: Autoria Própria (2016)

    Nota-se que a classificação por meio do número de habitantes por medalha de ouro conquistada tende a concentrar entre os dez primeiros colocados os países menos populosos que conquistaram entre quatro e oito medalhas de ouro. Desta forma, os EUA deixariam a primeira colocação e passariam para o terceiro lugar e o Reino Unido assumiria a primeira colocação, o que sugere que o programa olímpico realizado pelo país apresentou resultados altamente satisfatórios.

    A Jamaica, nesta classificação, ocuparia a segunda colocação, à frente da potência olímpica dos EUA. Porém, neste caso, não é possível atestar a eficiência de um programa olímpico no país, tendo em vista que 50% de suas medalhas de ouro se concentraram em um atleta – Usain Bolt.

    Ressalta-se ainda que, além do Reino Unido e dos EUA, os únicos países que se mantêm entre os dez primeiros colocados são a Alemanha (9º), a Austrália (7º) e a Rússia (10º). Sendo assim, outros países que estariam entre os dez primeiros colocados foram à Nova Zelândia (4º), a Hungria (5º), a Croácia (6º) e a Holanda (8º), o que indica que proporcionalmente estes países conquistaram um número elevado de medalhas de ouro por habitante em relação aos demais.

    No caso dos países da América do Sul Brasil (38º), Colômbia (44º) e Argentina (48º), todos cairiam na classificação quando considerado o número de ouro per capita, o que indica a existência de um elevado potencial de melhoria no desempenho olímpico destes. Por outro lado, Cuba elevaria sua classificação (14º), indicando que o país conquista mais medalhas de ouro per capita do que os demais países neste parágrafo citados. Isto não se trata de uma surpresa, em virtude da elevada performance esportiva do país no decorrer dos anos.

    Segundo Bernard e Busse (2004), o tamanho populacional está relacionado com o desempenho olímpico. No entanto, esta variável não é o melhor indicador para explicar o número de medalhas. Com base no que os resultados do presente estudo reportaram, ficou evidenciado que alguns países não tão populosos, como o caso do Reino Unido, conseguiram conquistar um bom número de medalhas.

    No entanto, este cenário ocorreu, na grande maioria dos casos (Reino Unido, Nova Zelândia, Holanda) em países relativamente ricos, não se replicando em nações com menor faturamento. Tais resultados vão de encontro com achados de Rathke e Woitek (2008), que afirmam que o efeito positivo do tamanho populacional na performance desportiva ocorre prioritariamente em países com alto faturamento.

    O Quadro 4 apresenta o “Quadro de medalhas total per capita”, cuja classificação considera a razão entre número total de habitantes e o número total de medalhas:

Quadro 4. Quadro de medalhas total per capita dos jogos Rio 2016

Colocação

País

Ouro

Prata

Bronze

Total

População

Habitantes por medalha

01º

Granada

1

1

103328

103328

02º

Bahamas

1

1

2

378040

189020

03º

Jamaica

6

3

2

11

2803362

254851

04º

Nova Zelândia

4

9

5

18

4708160

261564

05º

Dinamarca

2

6

7

15

5724456

381630

06º

Croácia

5

3

2

10

4190669

419067

07º

Eslovênia

1

2

1

4

2063371

515843

08º

Geórgia

2

1

4

7

3720400

531486

09º

Azerbaijão

1

7

10

18

9755500

541972

10º

Hungria

8

3

4

15

9823000

654867

14º

Austrália

8

11

10

29

24165800

833303

19º

Reino Unido

27

23

17

67

65110000

971791

20º

Cuba

5

2

4

11

11239004

1021727

29º

França

10

18

14

42

64615000

1538452

35º

Alemanha

17

10

15

42

81770900

1946926

37º

Itália

8

12

8

28

60665551

2166627

41º

Coreia do Sul

9

3

9

21

50801405

2419115

43º

Rússia

19

18

19

56

146640000

2618571

44º

EUA

46

37

38

121

324295000

2680124

46º

Japão

12

8

21

41

126696000

3090146

59º

Colômbia

3

2

3

8

48802700

6100338

71º

Venezuela

1

2

3

31028700

10342900

72º

Brasil

7

6

6

19

206543000

10870684

73º

Argentina

3

1

4

43590400

10897600

77º

China

26

18

26

70

1378330000

19690429

87º

Índia

1

1

2

1297030000

648515000

Fonte: Autoria própria (2016)

    Verifica-se que a classificação por meio do número de habitantes por total de medalhas é a que mais gera alterações. Nenhum dos dez primeiros
colocados está listado dentre os dez primeiros classificados no quadro de medalhas utilizado pela mídia. Entre estes, o que aparece com melhor colocação é a Austrália (14º), seguido do Reino Unido (19º) e França (29º).

    Considera-se ainda que sete dos dez primeiros colocados da classificação oficial ocupam colocação entre o 30º e 46º colocados – porção mediana da
classificação. Não obstante, a Colômbia (59º) é o país melhor colocado da América do Sul, enquanto os demais países – incluindo o Brasil – se concentram nas
últimas colocações, e, ainda assim, permanecem à frente da China (77º), que é o
país mais populoso do mundo. Cuba, nesta classificação, mantém-se entre os 20 primeiros colocados, indicando que o país conquista um número considerável de medalhas per capita.

    Cabe ressaltar que a Nova Zelândia (4º), a Croácia (6º) e a Hungria (10º) – que obtiveram destaque na classificação por meio do número de medalhas de ouro per capita – permanecem figurando entre os dez primeiros colocados quando é considerado o número total de medalhas, o que indica que, mesmo com população relativamente pequena, estes países atingiram um número de medalhas bastante satisfatório.

    O Quadro 5 apresenta o “Quadro de medalhas de ouro por faturamento”, cuja classificação considera a razão entre o PIB nominal e o número de medalhas de ouro, tendo sido utilizado como primeiro critério de desempate o PIB nominal por medalha de prata e segundo critério de desempate o PIB nominal por medalha de bronze:

Quadro 5. Quadro de medalhas ouro por faturamento dos jogos Rio 2016

Colocação

País

Ouro

Prata

Bronze

Total

PIB

Faturamento por Medalha de Ouro

01º

Jamaica

6

3

2

11

13891

2315

02º

Fiji

1

1

4532

4532

03º

Kosovo

1

1

7387

7387

04º

Geórgia

2

1

4

7

16530

8265

05º

Bahamas

1

1

2

8511

8511

06º

Coreia do Norte

2

3

2

7

17396

8698

07º

Tadjiquistão

1

1

9242

9242

08º

Croácia

5

3

2

10

48732

9746

09º

Quênia

6

6

1

13

63398

10566

10º

Armênia

1

3

4

11644

11644

12º

Cuba

5

2

4

11

82775

16555

27º

Rússia

19

18

19

56

1326015

69790

29º

Colômbia

3

2

3

8

292080

97360

31º

Reino Unido

27

23

17

67

2848755

105509

35º

Coreia do Sul

9

3

9

21

1377873

153097

37º

Austrália

8

11

10

29

1339539

167442

41º

Argentina

3

1

4

548055

182685

43º

Alemanha

17

10

15

42

3355772

197398

46º

Itália

8

12

8

28

1814763

226845

49º

França

10

18

14

42

2421682

242168

51º

Brasil

7

6

6

19

1774725

253532

53º

Japão

12

8

21

41

4123258

343605

55º

EUA

46

37

38

121

17946996

390152

56º

China

26

18

26

70

10866444

417940

71º

Venezuela

1

2

3

371337

***

87º

Nigéria

1

1

481066

***

***Não conquistou medalhas de ouro Fonte: Autoria Própria (2016)

    Observa-se que nenhum país classificado entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas utilizado pela mídia manteve-se entre os dez primeiros colocados na classificação do quadro de medalhas ouro pelo PIB. Destes, o melhor colocado foi a Rússia (27º), seguido do Reino Unido (31º) e Coréia do Sul (35º). Em relação aos países da América do Sul, a Colômbia (29º) continua como à melhor colocada, seguida pela Argentina (41º) e pelo Brasil (51º), à frente apenas da Venezuela (71º). Quanto à Cuba, nesta classificação o país apresenta a 12º colocação, à frente dos países da América do Sul. Tal cenário aponta que, mesmo com um PIB inferior, o país obteve um bom número de medalhas de ouro (5), ficando atrás apenas do Brasil (7), que sediou a competição.

    Neste caso, a Jamaica aparece na primeira colocação, impulsionada pelas medalhas conquistadas de ouro conquistadas no Atletismo. Este resultado enquadra-se na tese de Bian (2005), sobre a força relativa dos países em determinados esportes. Segundo o autor, um alto número de praticantes em uma determinada modalidade aumenta as chances do país em obter uma medalha olímpica. A Jamaica, em virtude da grande incidência da pratica do atletismo, conquistou algumas medalhas que impulsionaram sua classificação neste quadro de medalhas.

    Além disso, Fiji (2º) e Kosovo (3º) – estreante nos jogos –, países com PIB pequeno, mas que conseguiram conquistar uma medalha de ouro, figuram nas primeiras colocações.

    Vale ressaltar que a Croácia, presente entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas ouro per capita (6º) e no quadro de medalhas total per capita (6º), novamente ocupa uma colocação entre as dez primeiras no quadro de medalhas de ouro por faturamento (8º), o que indica que o país, ainda que com PIB e população pequenos, apresenta um bom resultado olímpico.

    O Quadro 6 apresenta o “Quadro de medalhas total por faturamento”, cuja classificação considera a razão entre o PIB nominal e o número total de medalhas:

Quadro 6. Quadro de medalhas total por faturamento dos jogos Rio 2016

Colocação

País

Ouro

Prata

Bronze

Total

Pib

Faturamento por medalha

01º

Granada

1

1

884

884

02º

Jamaica

6

3

2

11

13891

1263

03º

Geórgia

2

1

4

7

16530

2361

04º

Coreia do Norte

2

3

2

7

17396

2485

05º

Armênia

1

3

4

11644

2911

06º

Azerbaijão

1

7

10

18

53047

2947

07º

Burundi

1

1

3094

3094

08º

Bahamas

1

1

2

8511

4256

09º

Fiji

1

1

4532

4532

10º

Sérvia

2

4

2

8

36513

4564

17º

Cuba

5

2

4

11

82775

7525

36º

Rússia

19

18

19

56

1326015

23679

41º

Colômbia

3

2

3

8

292080

36510

44º

Reino Unido

27

23

17

67

2848755

42519

47º

Austrália

8

11

10

29

1339539

46191

50º

França

10

18

14

42

2421682

57659

52º

Itália

8

12

8

28

1814763

64813

53º

Coreia do Sul

9

3

9

21

1377873

65613

59º

Alemanha

17

10

15

42

3355772

79899

62º

Brasil

7

6

6

19

1774725

93407

67º

Japão

12

8

21

41

4123258

100567

71º

Venezuela

1

2

3

371337

123779

72º

Argentina

3

1

4

548055

137014

74º

EUA

46

37

38

121

17946996

148322

75º

China

26

18

26

70

10866444

155235

87º

Índia

1

1

2

2073543

1036772

Fonte: Autoria própria (2016)

    Em relação à classificação do total de medalhas pelo PIB, observa-se novamente que nenhum dos dez países presentes nas primeiras colocações do quadro de medalhas utilizado pela mídia figuram nas dez primeiras colocações do quadro de medalhas pelo PIB. Ressalta-se ainda que Granada (1º) e Jamaica (2º) voltam a figurar entre as melhores colocadas.

    Não obstante, a Rússia (36º) é o país com melhor colocação entre os que ficaram nas dez primeiras colocações do quadro de medalhas utilizado pela mídia, seguido de Reino Unido (44º) e Austrália (47º). Os EUA – país com o maior PIB nominal – passaria para a 74º colocação. Em relação aos países da América do Sul, a Colômbia (41º) seria novamente a primeira colocada, seguida de Brasil (62º), Venezuela (71º) e Argentina (72º). Observa-se ainda que, novamente, Cuba (17º) situou-se à frente dos países da América do Sul, entre os 20 primeiros colocados, o que reforça os cenários expostos nas outras classificações propostas.

    De acordo com Santos, Costa e Silva (2012) o tamanho populacional e o PIB contribuem para o sucesso esportivo de uma nação. Quanto ao PIB, verifica-se que as classificações per capita e por medalhas de ouro projetam as nações de PIB mais elevado em colocações inferiores, visto que, mesmo obtendo um grande número de medalhas, a amplitude do seu faturamento acaba diminuindo o valor de seu escore.

Conclusões

    Observa-se, com base nos resultados históricos da Austrália e do Reino Unido, que há uma tendência de melhoria no quadro de medalhas utilizado pela mídia em países que se aproximam de sediar os jogos olímpicos. Quanto ao Reino Unido, o quadro de medalhas ouro per capita evidencia seu bom desempenho nos jogos Rio 2016.

    As classificações que levam em consideração o número total de medalhas, tanto per capita quanto por faturamento, são as que mais geram alterações, haja vista que os países classificados nas dez primeiras colocações do quadro de medalhas utilizado pela mídia não figuram dentre os dez melhores colocados a partir destas classificações.

    Especificamente quanto ao Brasil, com base na discussão acima realizada, ressalta-se que, embora o país tenha evoluído em relação ao quadro de medalhas utilizado pela mídia, ao número de medalhas de ouro, ao total de medalhas e ao número de modalidades que conquistaram a primeira medalha e/ou reconquistou medalhas após um longo hiato em relação às edições anteriores dos jogos, há um elevado potencial de melhoria, tanto no número de medalhas de ouro quanto no total de medalhas em seu desempenho olímpico, tendo em vista seu tamanho populacional e PIB.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 22 · N° 227 | Buenos Aires, Abril de 2017
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2017 Derechos reservados