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O corpo no âmbito esportivo

El cuerpo en el ámbito deportivo

 

Graduada em Educação Física pela Universidade

Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO

(Brasil)

Crislaine Bruna Traple

cristraple@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Esse estudo teve como objetivo proporcionar reflexões em torno do corpo no âmbito da Educação Física. Assim o corpo está fortemente ligado ao esporte, seja em suas relações ligadas à estética e a saúde ou ao desempenho esportivo. Na atualidade a exigência tida em relação ao corpo é caracterizada pela busca de um corpo forte, musculoso, jovem e saudável. Dessa forma abordamos neste estudo alguns pontos relacionados ao corpo e ao esporte.

          Unitermos: Corpo. Esporte. Educação Física.

 

Resumen

          Este estudio tuvo como objetivo proporcionar reflexiones sobre el cuerpo como parte de la Educación Física. Así, el cuerpo está fuertemente relacionado con el deporte, sea en sus relaciones vinculadas a la estética y la salud o para el deporte. En la actualidad la exigencia en relación al cuerpo se caracteriza por la búsqueda de un cuerpo fuerte y musculoso, joven y saludable. Así que nos acercamos en este estudio a algunos puntos relacionados con el cuerpo y con el deporte.

          Palabras clave: Cuerpo. Deporte. Educación Física.

 

Recepção: 25/12/2015 - Aceitação: 20/04/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Ao pensarmos no corpo, como vem sendo estudado e discutido dentro dos conhecimentos científicos da Educação Física, percebemos que este é representado na maioria das vezes apenas pelos conhecimentos anatomofisiológicos, sendo deixados de lado os sentidos e significados do mesmo na cultura no qual esta inserido. Pois segundo Daolio (1995, p.36)

    [...] Pode-se incorrer no erro de encará-lo como puramente biológico, um patrimônio universal sobre o qual a cultura escrevia históricos diferentes. Afinal, homens de nacionalidades diferentes apresentam semelhanças físicas. Entretanto, para além das semelhanças ou diferenças físicas, existe um conjunto de significados que a sociedade escreve nos corpos dos seus membros ao longo do tempo, significados estes que definem o que é corpo de maneiras variadas.

    O corpo é a forma como o indivíduo se apresenta e se relaciona com a sociedade, sendo o mesmo construído a partir das ações de cada um, pois este irá se relacionar de diferentes maneiras com seu corpo a partir de influências internas e externas. Para Le Breton (2007, p.26) “O corpo é socialmente construído, tanto nas suas ações sobre a cena coletiva quanto nas teorias que explicam seu funcionamento ou nas relações que mantém com o homem que o encarna”. Levando em consideração o contexto esportivo o corpo esta em constante exposição, pois o que percebemos é um grande enfoque dos meios de comunicação utilizando-se dos corpos dos atletas para divulgação de marcas como estratégias de vendas, além disso, esses corpos constroem padrões a serem alcançados pelos indivíduos contemporâneos, tendo cada modalidade esportiva um biótipo de corpo almejado pelos seus praticantes.

    Na busca desse corpo desejado os indivíduos acabam optando pelo caminho mais rápido, sendo deixadas de lado as conseqüências que determinadas substancias podem trazer a sua saúde, como por exemplo, o uso de anabolizantes visando um maior desempenho e busca por melhores resultados. Desta forma observa-se que o corpo muitas vezes é visto como uma máquina, pois segundo Santin (2007, p.57)

    A medicina e, em especial a produção de medicamentos mostram claramente que o corpo humano é visualizado dentro dos princípios da química. O corpo humano não passa de uma máquina com reações químicas.

    Ao pensarmos no âmbito da Educação Física esta se encontra ligada a esta concepção existente em relação ao corpo, pois como aponta Santin (2007, p. 57)

    A Educação Física recebe uma profunda inspiração dessa maneira de pensar o corpo. À medida que a Educação Física utiliza os conhecimentos da bioquímica e a biomecânica com o objetivo de melhorar o rendimento de um atleta, involuntariamente, ela abre espaço para o uso, quando não o abuso de drogas químicas, como os anabolizantes.

    Busca-se desta forma com esse trabalho uma discussão em torno dos sentidos e significados que o corpo assume dentro de uma área cientifica, neste caso a Educação Física, bem como as representações que o corpo possui dentro de um dos seus conteúdos sendo este o esporte.

Discussão

    O corpo que se apresenta no ambiente esportivo é um corpo treinável, cujo qual se encontra longe de um corpo cultural, embora seja construído culturalmente. Segundo Santin (2007, p. 66)

    Nos esportes, também, não se pensa em cultivar o corpo, mas em treiná-lo e automatizá-lo para que possa obter o máximo de rendimento. O corpo não vive o esporte ou o movimento, ele é apenas uma máquina ou uma peça que produz movimento dentro de uma atividade maior que chamamos de esporte.

    Para os indivíduos inseridos neste contexto, a pratica esportiva não é meramente um simples lazer, mas sim a busca por resultados e superação de seus limites, pois segundo Santin (2007, p, 66)

    [...] constata-se que é somente possível fazer isso com corpos disciplinados, fortes, resistentes, sadios e jovens. Os outros corpos não interessam. Há preocupações em construir o corpo guerreiro, o corpo atleta, mas ainda não se pensou seriamente em cultivar o corpo humano.

    Observa-se desta forma que os sentidos e significados do corpo são deixados de lado, dentro do ambiente esportivo, dando apenas ênfase a técnica que este reproduz. Para Daolio (1995, p. 41) “pode-se afirmar, portanto, que o corpo humano não é um dado puramente biológico sobre o qual a cultura impinge especificidades. O corpo é fruto da interação natureza/cultura. Em cada esporte existem exigências de determinados modelos de corpos, e estes serão moldados de acordo com esses padrões esportivos.

    Corpos pouco produtivos acabam por serem deixados de lado, mesmo aqueles que conseguem alcançar o biótipo necessário para modalidade a ser praticada, mas o que acaba sendo levado em consideração é aquele corpo que consegue se destacar e alcançar o desempenho desejado, pois segundo Santin (2007, p. 66) “o corpo é um artefato a ser aperfeiçoado para as práticas esportivas dentro de padrões de rendimento impostos pela ciência e pela técnica para cada modalidade esportiva”.

    Levando em consideração á área de Educação Física, tanto no ambiente esportivo de alto rendimento, quanto no ambiente escolar, como em outros contextos, percebemos a idéia de corpo sempre atrelada ao aspecto biológico, de acordo com Daolio (1995, p. 94) “[...] os professores entendem-no como natural, como se fosse anterior a cultura e, portanto, o mesmo em todo lugar”. O que se deve entender é que os corpos são representados de diferentes maneiras nas mais diversas sociedades onde estão inseridos, Daolio (1995) aponta ainda que além disto devemos compreender os princípios e valores que levam os corpos a se manifestarem de diferentes formas e também os símbolos culturais representados a partir destes.

    Ao longo dos anos o referencial de corpo dentro das modalidades esportivas sofreu várias alterações, devido à exigência de maior eficiência e performance que o esporte atual vem buscando. Aponta Vaz (1999) que as bases teóricas do treinamento desportivo têm como objetivo melhorar o desempenho, e para que isso aconteça o corpo dos atletas deve estar sob o máximo controle. Desta forma advoga Vaz (1999, p. 93) “É preciso que o corpo seja operacionalizado, já que de outra forma, como se pode abstrair da teoria do treinamento, não há resultado, não há melhoria na performance desportiva”.

    Observa-se que esse controle sobre o corpo não se faz presente apenas no esporte de alto rendimento, mas também se encontra fortemente ligado a questões relacionadas à saúde e a estética do indivíduo contemporâneo, pois segundo Vaz (1999, p. 93)

    Os campos da atividade física e saúde e daquela praticada com motivação estética formam com o esporte de rendimento um núcleo mais ou menos comum que se move em torno das teorias do treinamento, determinando um tipo de relacionamento com o próprio corpo que lhes é de certa forma comum, ainda que com diferenças de grau e motivações.

    Levando em consideração as representações sociais existentes em relação ao corpo, observa-se que o corpo belo é visto como sinônimo de saúde e, de modo oposto, o corpo gordo é sinônimo de doença. Apresenta-se aí uma das maneiras de inserção da Educação Física proporcionando a partir de práticas corporais, aparatos aos indivíduos que buscam atingir determinados padrões corporais. Para Vaz (1999, p. 103) “é preciso enquadrar o corpo num conjunto de princípios que o levem a um melhor rendimento, tratando-o como matéria modelável, adaptável, ou não há treinamento.

    Na busca destes padrões citados anteriormente, os indivíduos não levam em consideração a dor, sendo o corpo visto pela ciência como um objeto, desta forma a dor deixa de ter a característica ligada à defesa da vida e passa a ser um obstáculo a ser superado e ignorado (Vaz, 1999). Aponta ainda Vaz (1999, p. 104) “A grande questão de tolerância a dor e ao sofrimento relaciona-se com a possibilidade de a crueldade – e com ela a violência e a obediência – ser mediada, controlada e prescrita de forma racional, cientifica”.

Conclusão

    Em suma no presente trabalho percebemos que o corpo está fortemente ligado a Educação Física e ao esporte, seja em suas relações ligadas à estética e a saúde ou ao desempenho esportivo. Conclui-se ainda que com o decorrer dos anos foram vários os padrões e concepções tidas em relação ao corpo, mas este sempre se apresentando na sociedade como um objeto, ou ainda como uma máquina que pode ser controlado e treinado. Atualmente a exigência tida em relação ao corpo é caracterizada pela busca de um corpo forte, musculoso, jovem e saudável, sendo desconsiderado por alguns indivíduos a conseqüências que determinadas práticas corporais podem trazer ao seu corpo. Para Vaz (1999, p. 104) “[...] o esporte acaba por ser expressão e vanguarda da violência da aceleração da vida em direção à morte”

Bibliografia

  • Daolio, J. (2007). Da cultura do Corpo. 12ª ed. Campinas: Papirus.

  • Le Breton, D. (2007). A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes.

  • Santin, S. (2007). Perspectivas na visão da corporeidade. In: A. Gebara et al. Educação Física & Esportes: Perspectivas para o século XXI. 14ª ed. Campinas: Papirus, 51-69.

  • Vaz, A. F. (1999). Treinar o corpo, dominar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal. Cadernos Cedes, ano XIX, nº 48.

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