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Comparação do risco de quedas entre idosos

praticantes e não praticantes de exercício físico

Comparación del riesgo de caídas en personas mayores practicantes y no practicantes de ejercicio físico

Comparison of the risk of falls among elderly practitioners and non-practitioners of physical exercise

 

*Autoras

**Orientadoras

Educação Física – Bacharelado. Área da Saúde

Centro Universitário Ítalo Brasileiro – UniÍtalo, São Paulo, SP

(Brasil)

Pamela da Silva*

Tamiris Oliveira Dias*

Ana Carolina Zuntini**

tami.odias15@gmail.com

 

 

 

 

Resumo 

          Um aumento acelerado da população idosa vem ocorrendo em quase todo o mundo, inclusive no Brasil, que já é considerado uma população envelhecida, e isso faz com que o estudo do envelhecimento seja foco de atenção. Este estudo objetivou avaliar uma possível interferência da pratica de exercícios físicos em idosos sedentários e ativos, em relação ao risco de quedas. Trata se de um estudo transversal com participação de 40 idosos. Os senescentes foram divididos em dois grupos de 20 pessoas, um grupo de praticantes de exercícios físicos regulares, e o grupo dos sedentários que conseguem realizar suas tarefas diárias. No presente estudo foram utilizados o Teste de Alcance Funcional (TAF), o teste “Timed Up and Go” (TUG), e a Escala de Equilíbrio de Berg. Sendo assim, concluímos que a pratica de exercício físico é indispensável para a redução do risco de quedas, e para a conquista da autonomia.

          Unitermos: Idosos. Risco. Quedas. Exercício físico.

 

Resume

          A rapid increase in the elderly population is taking place in almost all over the world, including in Brazil, that is already considered an elderly population, and this turns the aging study a focus of attention. This study evaluated a possible interference of the practice of physical activities in sedentary and active elderly, related to the risk of falls. It is a transversal study with the participation of 40 elderly. The senescent were divided in two groups of 20 people, one group of people that often practices physical activities, and a group of sedentary that can do their daily tasks with. In this study we used the Functional Reach Test (FRT), the Timed Up and Go Test (TUG), and the Berg Balance Scale. Therefore, we conclude that the practice of physical activity is indispensable to reduce the risk of falls and to conquer autonomy.

          Keywords: Elderly. Risk. Falls. Physical exercice.

 

Recepção: 08/12/2015 - Aceitação: 04/04/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Organização Panamericana de Saúde - OPAS (2012) define envelhecimento como um processo seqüencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte.

    Segundo Guimarães et al (2004), o envelhecimento pode ser definido como um processo dinâmico e progressivo, no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, com redução na capacidade de adaptação homeostática às situações de sobrecarga funcional, alterando progressivamente o organismo e tornando mais susceptível às agressões intrínsecas e extrínsecas.

    Nem todas as pessoas chegam à velhice nas mesmas condições: umas são mais vigorosas, mais autônomas e mais desenvolvidas do que outras, que não conseguem conservar seu dinamismo. Assim, alguns idosos estão mais propensos do que outros a diversas condições patológicas. Um idoso fragilizado por qualquer enfermidade, especialmente as que levam a alterações da mobilidade, equilíbrio e controle postural, ou mesmo a uma perturbação do equilíbrio, fica predisposto a quedas (Soares et al, 2003; Ruwer; Rossi e Simon, 2005).

    Estima-se que a prevalência de queixas de equilíbrio na população acima dos 65 anos chegue a 85%, estando associada a várias etiologias, e podendo se manifestar como desequilíbrio, desvio de marcha, instabilidade, náuseas e quedas freqüentes. Essas alterações do controle postural estão associadas, na população idosa, a maior risco de queda e suas conseqüentes seqüelas, que apresentam elevada morbidade (Simoceli et al, 2003).

Objetivo

    O presente estudo teve como objetivo comparar a influência do exercício físico regular no idoso praticante e não praticante de exercício físico em relação ao equilíbrio e fazer uma possível associação com o risco de quedas e o sedentarismo. O presente estudo se justifica pela necessidade de fazer pesquisa para aprofundar os conhecimentos baseados em evidências, a fim de orientar os idosos a buscar melhor qualidade de vida.

Métodos

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica cronologicamente como idosos pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos em países em desenvolvimento.

    Tratou-se de um estudo transversal e observacional com participação de 40 idosos, onde os critérios de inclusão para participação neste estudo foram: a faixa etária (65 anos) incluiu a realização ou não de atividades físicas diariamente, assinatura do termo de responsabilidade para a participação no estudo e a capacidade de realizar as tarefas estabelecidas pelos testes aplicados.

    Os instrumentos metodológicos utilizados para a coleta de dados foram o Teste de Alcance Funcional (TAF); o Timed Up & Go (TUG); e o Teste de Equilíbrio funcional de Berg. Os dados foram coletados entre agosto e setembro de 2015.

Teste de Alcance Funcional (TAF): O Teste do Alcance Funcional (TAF) foi elaborado em 1990, por Duncan et al. É um instrumento de avaliação que identifica as alterações dinâmicas do controle postural, no qual é solicitado ao paciente que fique em pé, com o ombro direito próximo a uma parede, onde é colocada uma régua ou fita métrica, realizando uma flexão anterior do braço a 90° com os dedos da mão estendidos. Nessa posição, o comprimento do membro superior direito do paciente é registrado na régua. Deslocamentos menores que 15 cm indicam fragilidade do paciente e risco de quedas.

Timed Up & Go (TUG): Proposto por Richardson em 1991, o teste TUG é utilizado para verificar a mobilidade funcional. O sujeito é orientado a sentar em uma cadeira com braços e, ao comando verbal “já”, ele deve levantar e caminhar 3 metros, realizar um giro de 360º e voltar a sentar na cadeira. Resultados com menos de 10 segundos: baixo risco de quedas; 10 a 20 segundos: médio risco de quedas; Acima de 20 segundos: alto risco de quedas.

Teste de Equilíbrio funcional de Berg: A Escala do Equilíbrio de Berg, proposta por Berg et al em 1989, e traduzida e adaptada para uso no Brasil por Miyamoto et al. (2004), tem a finalidade de avaliar o equilíbrio do indivíduo em 14 situações, representativas de atividades do dia a dia. A pontuação máxima a ser alcançada é de 56 pontos e cada item possui uma escala ordinal de cinco alternativas variando de 0 a 4 pontos. Abaixo de 45 pontos já é considerado um preditor de quedas, abaixo de 36 pontos, o risco de quedas é de quase 100%.

Resultados

    O estudo foi composto por 40 idosos, sendo que 17 eram do sexo masculino e 23 do sexo feminino. A média de idade encontrada para os sedentários foi de 67,5 anos enquanto os ativos tiveram uma média de 65,2 anos, todos na faixa etária entre 65 e 83 anos.

Figura 1. Distribuição quanto ao gênero

    A tabela 1 apresenta os escores relativos à avaliação do risco de queda e equilíbrio entre os idosos do grupo de praticantes de exercícios físicos. Dos indivíduos ativos, 84% praticavam atividade física mais de três vezes por semana. Quanto ao tempo de prática 95% relataram realizar atividades por mais de 30 minutos. Na média, o grupo apresentou médio risco de queda em relação ao TUG, alto risco de queda em relação à escala de Berg e resultados normais de acordo com o TAF. Os valores do TUG são expressos em segundos, da escala de Berg, em pontos e do TAF, em centímetros.

Tabela 1. Idosos ativos

 

TUG

BERG

TAF

1

10

44

12

2

9

48

22

3

15

43

17

4

8

51

23

5

15

41

14

6

8

56

26

7

9

51

20

8

18

34

12

9

12

47

25

10

19

34

30

11

10

49

28

12

11

49

27

13

10

49

17

14

9

50

19

15

10

48

23

16

11

48

25

17

13

48

28

18

8

56

26

19

12

46

18

20

9

50

29

Média

11.3

47.1

22.05

Desvio padrão

3.21

5.75

5.64

    Para os idosos sedentários, a tabela 2 mostra que, em relação ao TUG, também a média dos escores indicou médio risco de queda, enquanto os resultados também foram normais em relação ao TAF. Já para a escala de Berg, observa-se média de resultados abaixo de 45 pontos, o que significa elevado risco de queda.Os valores do TUG são expressos em segundos, da escala de Berg, em pontos e do TAF, em centímetros.

Tabela 2. Idosos sedentários

 

TUG

BERG

TAF

1

10

46

18

2

8

56

28

3

9

48

17

4

12

46

24

5

18

35

12

6

18

28

13

7

15

44

16

8

11

47

22

9

12

48

27

10

9

49

26

11

12

42

20

12

14

42

17

13

13

42

19

14

9

51

28

15

10

46

21

16

7

52

23

17

11

45

19

18

13

42

21

19

19

37

12

20

16

34

14

Média

12.3

44

19.85

Desvio padrão

3.47

6.64

5.11

    As figuras 2, 3 e 4 mostram as comparações gráficas entre os grupos em relação aos testes TUG, escala de Berg e TAF, respectivamente. A comparação dos grupos em relação ao TUG não identificou diferenças significativas (p=0,1750). Também na comparação dos escores do TAF não houve diferenças significativas (p=0,1020). Apenas para a escala de Berg as diferenças tenderam a ser significativas (p=0,0614).

Discussão

    O exercício físico se torna fundamental durante o envelhecimento, porque segundo Matsudo (1992), é uma fase da vida que vem acompanhada de uma série de efeitos nos diferentes sistemas do organismo que, de certa forma, diminuem a aptidão e a performance física. No entanto, muitos destes efeitos deletérios são secundários à falta de atividade física.

    Os dados obtidos na pesquisa mostram maior número de idosos do sexo masculino que o feminino em relação ao público sedentário. Segundo Nasri (2008), no ano de 2000, para cada 100 mulheres idosas havia 81 homens idosos; em 2050 haverá provavelmente cerca de 76 idosos para 100 idosas. Em contrapartida, o público ativo enumera o sexo feminino como sua maioria.

    Ao analisar o teste de alcance funcional (TAF), e comparar a porcentagem resultante dos idosos praticantes e não praticantes de exercício físico, pode-se verificar que não houve evidências suficientes para provar que o exercício físico colabora para a diminuição de quedas, ou seja, a maioria dos idosos está dentro da média sugerida por Duncan et al. (1990). Este resultado é semelhante à pesquisa de Chiacchiero (2010), que não encontrou significância na comparação do TAF entre dois grupos de idosos com e sem episódios de queda. Segundo a classificação proposta para o TUG, criado por Richardson (1991), os dados das correlações demonstram que a maioria dos idosos possui uma média considerada normal, de 10 a 20 segundos.

    Ao observar o baixo risco de queda dos sedentários, os homens possuem maior predisposição a quedas em relação às mulheres. No entanto, os resultados dos idosos ativos são contraditórios, porque mostram que os homens possuem menor tendência a queda do que as mulheres. Com relação ao médio risco de quedas dos sedentários, verifica-se que os homens são mais propensos às quedas do que as mulheres. Por outro lado, Costa et al. (2013), evidenciaram que as escalas aplicadas aos indivíduos do sexo masculino obtiveram melhor desempenho nos escores do teste Timed Up And Go. Para a comparação do alto risco de queda dos sedentários, homens e mulheres obtiveram os mesmos resultados. Porém as mulheres ativas mostraram maior risco de queda que os homens. Confrontando os dados do Teste de Equilíbrio funcional de Berg proposto por Berg et al. (1989), confirma que os idosos sedentários caem mais comparados aos idosos ativos. Podemos verificar no presente estudo entre os idosos sedentários, que foram divididos em 13 homens e 7 mulheres, onde 7 idosos e 3 idosas obtiveram resultados inferiores a 45 pontos, os tornado, assim, idosos com predisposição a quedas. Em comparação, dos 20 idosos ativos, dentre eles 4 homens e 16 mulheres, apenas 2 idosos e 3 idosas atingiram a pontuação igual ou abaixo de 45 pontos. Portanto, os idosos ativos que praticam exercício físico possuem um menor risco de queda, comparados aos sedentários. Os estudos corroboram os achados de Silva e Matsura (2002), ao verificarem que o índice de quedas do grupo sedentário foi maior com idosos inativos.

Conclusão

    Os resultados encontrados permitem concluir que a prática de exercício físico regular é muito importante para a redução do risco de quedas entre os idosos, especialmente entre as mulheres.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 216 | Buenos Aires, Mayo de 2016  
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