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A socialização de alunos dos anos iniciais da escola

Padre Antônio Seppatravés de jogos de cooperação

La socialización de los estudiantes primeros años de la escuela Padre Antonio Seppa través de juegos de cooperación

 

*Licenciada em Educação Física pela Universidade Regional

do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI

**Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria UFSM

Especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Federal de Santa Maria UFSM

Licenciada em Educação Física pela Universidade de Cruz Alta UNICRUZ

Atualmente docente do Curso de Educação Física da Universidade Regional

do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI

Dayana Azambuja de Oliveira*

Fabiana Ritter Antunes**

fabi.25.antunes@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A pesquisa consiste em analisar a influência da realização de jogos nas aulas de Educação Física, bem como identificar sua relevância com alunos do 2º ano do Ensino Fundamental. Foi proposta a prática de seis encontros, sendo que, em cada encontro era realizado um jogo, e, além disso, observações, anotações de campo e por fim um questionário. A abordagem do estudo foi qualitativa e o tipo de foi o estudo de caso, que consiste em um estudo profundo de alguns objetos, permitindo um detalhado conhecimento. Os sujeitos participantes foram os alunos do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Padre Antônio Seppda cidade de São Miguel das Missões-RS, e a professora regente da turma, a faixa etária dos alunos é de 7 a 9 anos. Primeiramente realizou-se a prática dos seis encontros, sendo estes observados e registrados através de anotações e quadros resumos. Por último foi realizada a entrevista escrita com a professora regente da turma, que objetivou saber a sua opinião sobre a prática realizada, bem como saber se ela percebeu alguma mudança no comportamento e no desempenho intelectual dos alunos em sala de aula. Assim, pode-se considerar que através da aplicação e análise das práticas realizadas através dos jogos de cooperação, obtivemos uma diminuição da agressividade entre os alunos, bem como a melhora nos valores da vida em sociedade.

          Unitermos: Comportamento. Cooperação. Socialização.

 

Resumen

          La investigación es analizar la influencia de la realización de los juegos en las clases de educación física, así como la identificación de su relevancia para los estudiantes de segundo año de la escuela primaria. Se ha propuesto seis encuentros práctico, y en cada uno se llevó a cabo en contra de un juego, y además, notas, campo de notas y, finalmente, un cuestionario. El enfoque del estudio fue cualitativo y el tipo fue el estudio de caso, que consiste en el estudio en profundidad de algunos objetos, lo que permite un conocimiento detallado. Los sujetos fueron alumnos del segundo año de la escuela primaria en las Escuelas de Educación del Estado Padre Antonio Seppde Sao Miguel das Missoes, RS, y el profesor de la clase gobernante, la edad de los estudiantes es de 7-9 años. Primero fue la práctica de las seis reuniones, que se observan y registran por notas y cuadros resúmenes. Finalmente la entrevista se llevó a cabo con el profesor de la clase gobernante por escrito, que quiere saber su opinión sobre la práctica realizada y si se dio cuenta de cualquier cambio en el comportamiento y el rendimiento intelectual de los estudiantes en el aula. Por lo tanto, se puede considerar que mediante la aplicación y el análisis de las prácticas llevadas a cabo a través de la cooperación de los juegos, se obtuvo una disminución de la agresión entre los estudiantes, así como la mejora en los valores de la sociedad.

          Palabras clave: Comportamiento. Cooperación. Socialización.

 

Recepção: 06/12/2015 - Aceitação: 20/04/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A escola é um espaço que reflete muito o comportamento atitudinal e emocional dos alunos, conseqüentemente esse comportamento será reproduzido fora da escola, na vida social de cada aluno.

    É muito difícil alterar essa realidade, essa tarefa é árdua e exige tempo, paciência e persistência dos professores que pretendem iniciar essa mudança, através de inúmeras possibilidades de atividades que possuem esse objetivo.

    Em momento algum podemos afirmar que essa mudança é fácil, podemos ressaltar que todos os professores devem lutar por essa modificação juntos, pois só assim conseguirão alcançar os êxitos esperados.

    O interesse por este tema deu-se pelo fato de esse tipo de comportamento entre os alunos estar muito presente na realidade da escola onde trabalho, e isso causa muita preocupação, pois a agressividade e o desrespeito entre os alunos vêm aumentando cada vez mais e está presente desde as séries iniciais.

    Cogitar o aumento da agressividade dentro do contexto escolar faz-nos repensar métodos que possam mudar essa realidade. Segundo Brotto (1999) é importante encontrar subsídios para resgatar o valor do jogo e do esporte como caminhos de descoberta pessoal, bem como, para o exercício de convivência social, onde se enfatiza a cooperação.

    O equilíbrio entre cooperação e competição é algo que os autores Lovisolo, Borges e Muniz (2010) trazem em debate, mas neste caso em questão onde a agressividade é um elemento muito presente nessa realidade escolar o objetivo principal é desmistificar a relação entre esporte x competição, sem negar a presença desse elemento, porém dando ênfase ao elemento cooperação que pode ser trabalhado com jogos dentro da Educação Física e que é um caminho possível para iniciar a transformação desse fato que vem sendo evidenciado nas escolas.

    Esse problema prejudica o desenvolvimento intelectual e motor dos alunos e também impede o professor de desenvolver um trabalho mais eficiente, pois as brigas são muito freqüentes.

    Com a realização de jogos de integração, partindo especialmente da ação do professor, das séries iniciais e do professor de Educação Física, pode-se iniciar uma mudança no comportamento dos alunos e na realidade escolar.

    Com isso a questão problematizadora deste estudo é como promover a socialização de alunos dos anos iniciais da Escola “Padre Antônio Sepp”, da cidade de São Miguel das Missões através de jogos de cooperação?

    Justificando assim, esse trabalho busca resgatar a cooperação entre os alunos, e a realização de jogos nas séries iniciais, pois através desses jogos de cooperação, pode ser uma forma muito eficaz de iniciar esse movimento, sendo esse um processo que deve continuar por toda a vida escolar, pois é através da socialização que os indivíduos desenvolvem também a sua personalidade.

    Com isso o objetivo geral dessa pesquisa foi Verificar se ocorrem mudanças na socialização dos alunos do 2º ano da escola “Padre Antônio Sepp”, através da participação nos jogos de cooperação.

2.     Metodologia

    Este estudo teve uma abordagem qualitativa, que segundo o autor Demo (1998), a informação qualitativa não busca ser neutra ou objetiva, mas permeável à argumentação consensual e crítica, a pesquisa qualitativa impõe-se sempre que se trate de temas que se interessem mais pela intensidade do que pela extensão dos fenômenos, como é o caso da participação, comunicação e aprendizagem.

    O tipo de pesquisa utilizado foi o estudo de caso que consiste em um estudo profundo de alguns objetos, desta forma, permitindo um detalhado conhecimento. É o tipo de pesquisa mais indicado para os assuntos contemporâneos no contexto real.

    O contexto em que a pesquisa realizou-se foi a Escola Estadual de Educação Básica “Padre Antônio Sepp”, localizada na cidade de São Miguel das Missões, município com aproximadamente 7.700 habitantes, que localizasse na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – RS.

    Os sujeitos participantes da pesquisa foram os alunos do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Educação Básica “Padre Antônio Sepp” localizada na cidade de São Miguel das Missões-RS, sendo composta por sete meninos e sete meninas, com faixa etária entre 7 e 9 anos. A escola não possui nenhum aluno com deficiência identificada nos registros de matrículas conforme a secretaria.

    Também foi participante deste estudo a professora regente da turma do 2º ano do Ensino Fundamental. Os alunos receberam codinomes, que foram representados por uma letra e um número (exemplo: X1, X2, X3...).

    Os instrumentos utilizados nessa pesquisa se construir a partir da necessidade de respondera o questionamento inicial, assim foram observadas algumas aulas, os alunos e a professora regente foram entrevistas através de um questionário, e após foi realizado uma intervenção com aplicação de jogos de integração.

3.     Resultados e discussões

    As aulas constituíram-se de seis encontros, onde foram desenvolvidos jogos de cooperação, de duração mínima de quarenta minutos e máxima de uma hora. Todos os encontros foram realizados no pátio da escola e em sala de aula em horário agendado com a professora regente dentro do período de aula da turma.

    Inicialmente foi realizado um diagnóstico da turma através de perguntas semiestruturadas, e em seqüência a realização de seis aulas que tiveram enfoque em jogos de integração.

    Em cada aula os alunos foram observados e analisados, conforme podemos visualizar na tabela abaixo os comportamentos a partir da participação dos jogos desenvolvidos em cada aula.

Quadro geral das atitudes nas aulas

Numero da aula

Atitudes

Nunca

Poucas vezes

Algumas vezes

Muitas vezes

Sempre

Aula 1

Respeito

 

 

 

X

 

Tolerância

 

 

 

X

 

Paciência

 

 

X

 

 

Autocontrole

 

 

X

 

 

Confiança

 

 

 

X

 

Honestidade

 

 

 

 

X

Humildade

 

 

 

X

 

 

Aula 2

Respeito

 

 

X

 

 

Tolerância

 

 

X

 

 

Paciência

 

 

X

 

 

Autocontrole

 

 

X

 

 

Confiança

 

 

 

X

 

Honestidade

 

 

 

X

 

Humildade

X

 

Aula 3

Respeito

 

 

X

 

 

Tolerância

 

 

 

X

 

Paciência

 

 

X

 

 

Autocontrole

 

 

X

 

 

Confiança

 

 

X

 

 

Honestidade

 

 

 

X

 

Humildade

 

 

X

 

 

 

Aula 4

Respeito

 

 

 

X

 

Tolerância

 

 

X

 

 

Paciência

 

 

X

 

 

Autocontrole

 

 

X

 

 

Confiança

 

 

 

X

 

Honestidade

 

 

 

X

 

Humildade

 

 

 

X

 

 

Aula 5

Respeito

 

 

X

 

 

Tolerância

 

 

X

 

 

Paciência

 

 

 

X

 

Autocontrole

 

 

 

X

 

Confiança

 

 

 

X

 

Honestidade

 

 

X

 

 

Humildade

 

 

X

 

 

 

Aula 6

Respeito

 

 

 

X

 

Tolerância

 

 

X

 

 

Paciência

 

 

 

X

 

Autocontrole

 

 

 

X

 

Confiança

 

 

 

X

 

Honestidade

 

 

X

 

 

Humildade

 

 

 

X

 

    Após a realização das aulas foi realizado com a professora regente o questionário misto.

    Os resultados obtidos nesse estudo se organizaram da seguinte maneira: a análise coletiva foi feita na primeira etapa da pesquisa, por meio da análise discriminante pretendendo conhecer a turma; após, foram analisadas as planilhas de observação compostas por dois quadros de que avaliaram o comportamento e o desempenho dos alunos individualmente, coletivamente e de todas as aulas realizadas.

    A segunda análise discriminante foi com propósito de avaliar se houve alguma mudança no comportamento da turma e por último foi analisado o questionário escrito com a professora regente, o qual fundamentou a análise e interpretação dos dados.

    Foi realizada uma planilha de observação chamada de quadro avaliativo de atitudes nas aulas e o quadro de aspectos do grupo observados por aula e quadro geral das atitudes das aulas.

    Dentre as ferramentas utilizadas nesse estudo, podemos considerar a reação dos alunos frente a cada jogo proposto, o comportamento corporalmente e afetivamente entre si, o entusiasmo durante cada jogo, as preferências, as dificuldades e as facilidades do grupo, as opiniões sobre os jogos, as sugestões durante as aulas, a opinião do professor sobre a proposta de ensino e, principalmente, se houve alguma mudança em relação ao comportamento agressivo de alguns dos alunos.

    Nesta primeira etapa da pesquisa pode-se averiguar a opinião dos alunos sobre o comportamento da turma, especialmente em momentos de recreação ou aulas de Educação Física. Ao iniciar a pesquisa tomou-se cuidado em oportunizar um ambiente tranquilo no espaço da sala de aula, com os alunos organizados em uma roda para que ficassem à vontade e dessa forma transpusessem maior sinceridade em suas informações.

    Os alunos não se opuseram em aparecer nas fotos e demonstraram muita objetividade em suas respostas. A maioria não gosta quando X1 e X3 brigam, não apóia quando X7 é impaciente com os colegas. Muitas brigas ocorrem e geralmente envolvem os mesmos alunos e essas brigas são motivadas por disputa por lugar na fila e disputa por atenção. O aluno X3 é muito inquieto, e em alguns momentos possui uma agressividade com os colegas provocando-os para brigas.

    Os desentendimentos dos meninos são caracterizados por empurrões, chutes, puxões de roupa, e as meninas sentem-se muito ofendidas com as atitudes desses meninos. Os alunos desejam que as aulas sejam sem brigas, que não falem mais palavrões. Todos os alunos entraram em um consenso de que o respeito depende das atitudes de cada e de que a professora poderá os ajudar nessa mudança de comportamento.

    Esse relato fez-nos entender que toda a turma admite e tem consciência desses conflitos interpessoais que ocorrem nas aulas, indicam nomes de colegas que causam a maioria das brigas, relatam com clareza o motivo pelo qual ocorrem as brigas e descrevem como essas brigas acontecem.

    Os alunos dizem entender que respeito é um valor muito cobrado pela professora regente da turma e descrevem esse valor como o ato de aprender a conviver com o outro e com as diferenças sem brigar. A maioria não soube responder o que é cooperação, porém quando indagados em definir o que é ajudar o outro eles disseram que essa ação é algo que ocorre em alguns momentos da aula, e quando desafiados a vivenciar mais esses valores em aulas de Educação Física eles comprometeram-se em colaborar e se esforçar.

    Os depoimentos dos alunos ocorreram em conjunto de modo que todos responderam, complementaram e concordaram com a opinião do outro. Esses relatos da análise discriminante apontaram para a necessidade de se criar atividades esportivas diversificadas com bases nos jogos integração, tentando dar um enfoque para o contato com o outro, valorizando esse contato corporal nas aulas de Educação Física ou Recreação de uma forma respeitosa, valorizando e explorando o jogo que une e que não discrimina dando valor às qualidades de cada um, fazendo com que o aluno auxilie o colega a superar suas limitações através de seu apoio, de seu exemplo e de sua amizade.

    A turma encontra-se na fase motora especializada no estágio transitório, em que a maioria dos alunos ainda não tem total controle e coordenação sobre os seus movimentos, estando assim na tentativa da combinação dos movimentos fundamentais.

    A maioria consegue distinguir delimitações de espaço, todos conhecem bem as cores e formas e ainda possuem dificuldades de organização como fila e roda. Quase a totalidade ainda realiza movimentos descoordenados em algumas atividades, porém conseguem entender as regras dos jogos se bem esclarecidas.

    O grupo é bem participativo com uma boa convivência entre si e parecem bastante receptivos e carinhosos. A maioria dos alunos têm características condizentes com o estágio motor que se encontram.

    Os alunos possuem comportamento hostil uns com os outros é cada vez maior, principalmente dos meninos para com as meninas nas aulas de educação física. Em sala de aula esse problema ocorre com menor freqüência, pois a professora regente possui um espírito de liderança que faz com que a aula mantenha-se permanentemente organizada.

    Esse fato ocorre especialmente em momentos como recreio, aulas no turno oposto em oficinas do Projeto Mais Educação como Letramento, Recreação, Hora do Conto, momentos em que há muita troca de professores e eles não sabem a quem obedecer.

    As observações das aulas por meio de planilhas são uma ferramenta que facilitou e organizou melhor esse processo para tornar mais esclarecedor a análise e interpretação dos dados. “A observação direta ou participante é obtida por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado, para recolher as ações dos atores em seu contexto natural, a partir de sua perspectiva e seus pontos de vista.” (Chizzotti apud Neto, 2005 p. 44). Esse processo de observação é muito utilizado em pesquisas qualitativas e facilita ao pesquisador organizar os seus registros.

    Podemos analisar que o respeito é uma ação que esteve presente em todas as aulas. Esse elemento foi muito abordado durante as aulas e é algo muito difícil de conquistar porque depende muito da ação individual e da harmonia entre os professores que passam por essa turma durante a rotina escolar. Não houve nenhum momento de falta de respeito com a professora aplicadora das aulas-laboratório, essas ações ocorrem somente entre eles.

    A tolerância esteve presente nas seis aulas, mas com exceções de alguns sendo essa atitude um elemento muito presente naqueles alunos que exercitam esse valor especialmente com aqueles colegas que testam sua paciência. É admirável ver em alguns alunos que conseguem evitar brigas porque são tolerantes uns com os outros, os alunos que não são tolerantes algumas vezes dificultam o convívio em grupo tornando a aula muitas vezes estressante.

    A paciência esteve presente nas aulas com a mesma igualdade numérica que a tolerância, pois esses dois valores são muito próximos um do outro. Ser paciente é algo muito importante em aulas recreativas, pois o aluno faz parte de um grupo e precisa entender que cada um tem a sua vez e essa talvez foi a maior dificuldade encontrada nas aulas. A criança, de um modo geral, é muito ansiosa e curiosa e nessa situação vivenciada era necessário explorar valores e atitudes em grupo, cada atividade realizada e muitos alunos não tinham paciência para tal ação.

    O autocontrole esteve presente em quatro aulas algumas vezes e em duas muitas vezes. Essa atitude foi algo muito preocupante durante as aulas porque os alunos X3, X6 e X9 em especial tinham atitudes muito impulsivas e quando menos se esperava agiam de maneira agressiva com os colegas. A professora regente relatou que essa reação destes alunos ocorre com freqüência nas aulas.

    A confiança esteve presente em todas as aulas. Essa atitude foi algo muito presente nos alunos durante as aulas e comprova que apesar de ocorrerem problemas de convivência entre os alunos ainda há muita pureza em acreditar no outro e confiar no que o outro diz ou faz. Especialmente as meninas hesitavam em alguns momentos em que tinham de confiar nos meninos, mas isso foi fácil de resolver, pois apenas a conversa com professora convencia as meninas de que podiam confiar em seus colegas.

    A honestidade esteve presente em cinco aulas sempre em uma aula muitas vezes. Esta atitude esteve muito presente nas aulas, pois os alunos agiam com honestidade na condução das atividades, e quando indagados em algumas situações falavam a verdade, não omitindo fatos.

    A humildade ocorreu em duas aulas algumas vezes e em quatro aulas muitas vezes. Essa atitude é algo muito presente na turma com exceção dos alunos X1 e X7 que na maioria das aulas aplicadas queriam exercer superioridade com o restante da turma, e cada um exercia esse papel autoritário de maneira negativa, muitas vezes humilhando os colegas. A ação de ser humilde e entender que todos possuem os mesmos direitos, foi muito cobrada durante as aulas.

    Os alunos compreenderam as atividades propostas durante as aulas em seis aulas sempre o que mostra que a turma possuía facilidade de entendimento sobre aquilo que era proposto, sendo que antes de cada atividade era feita uma explicação oral para a turma, em seguida era realizada uma demonstração daquilo que se pretendia com a atividade e por último era aberto um espaço para possíveis perguntas.

    A participação dos alunos durante as aulas ocorreu seis vezes sempre, e ocorria com bastante entusiasmo. Nas atividades realizadas os alunos respeitavam as regras do jogo em seis aulas muitas vezes. Dessa forma pode-se perceber que eram poucos os momentos que os alunos tentavam burlar as regras do jogo e quando esse fato ocorria era sempre resolvido facilmente.

    O ato de cooperação se fez muito presente nas atividades em que essa atitude era exigida. Em todas as aulas foi explorada a cooperação e em cinco aulas ela esteve presente muitas vezes, e somente em uma aula foi algumas vezes, a partir disso podemos observar que os jogos conseguem despertar o espírito cooperativo em praticamente todos os alunos.

    O ato de respeitar e interagir com os colegas independentemente dos aspectos físicos, sociais, culturais ou de gênero ocorreu em seis aulas muitas vezes. Ação de desrespeito entre os alunos ocorreu em algumas aulas, umas com maior e outras com menor intensidade, mas nunca foi por discriminação social ou cultural, de gênero sexual, mas essas situações nunca geraram muito conflito nas aulas.

    Os jogos e atividades propostos nessas seis aulas sempre tiveram enfoque na cooperação e nunca objetivava um vencedor unânime, portanto os alunos sempre aceitaram o resultado do jogo.

    Em relação à criatividade dos alunos eles apresentaram essa característica em uma aula muitas vezes, e em cinco aulas sempre. Isso demonstra que a turma foi muito dinâmica e conseguiu explorar muito bem a capacidade de criar novas idéias e novas soluções durante as atividades realizadas.

Considerações finais

    Ao final deste trabalho, consideramos uma melhora no comportamento dos alunos, pois estavam mais pacientes e solidários com os colegas. Também verifiquei que os valores trabalhados nas aulas estavam mais presentes nas atividades da turma, fazendo assim com que a convivência entre eles fosse cada vez mais agradável e “negociada”.

    Observamos que com o passar dos dias, após os encontros, os alunos obtinham uma maior compreensão em relação aos jogos de integração, e entenderam melhor qual o seu propósito. É possível constatar também que a professora regente, após os encontros, conseguiu observar a melhora na convivência e socialização dos alunos.

    O que foi possível notar por meio desse trabalho, especialmente durante a aplicação das aulas, é que os jogos foram um recurso que estimulou em todas as atividades realizadas a cooperação, o respeito, a solidariedade.

    Em vários momentos que não puderam ser expressos por números ou por imagens foi visto atos de cooperação e de amizade entre os alunos, gestos de coleguismo e respeito, atitudes dignas de uma criança. O diagnóstico e o questionário com a professora regente identificaram claramente as dificuldades de convivências de alguns alunos e a partir da análise e interpretação das informações, mostra que tem por objetivo ajudar o outro a atingir metas ocasionando prazer em ajudar, auxilia muito nesse processo de educação transformadora.

    Essa proposta é muito desafiadora para um professor de qualquer área, independentemente de ser um profissional da Educação Física ou não. Podemos incluir essa reeducação do jogo em qualquer disciplina escolar, porém devemos reconhecer que não é um caminho fácil porque a mudança em muitas realidades escolares é sinônimo de transformação e isso torna o caminho mais árduo, mas o papel do professor é justamente de transformar a realidade em algo melhor.

    A mudança pode ser mínima, mas certamente será gratificante na vida de cada aluno que pôde vivenciar em uma escola situações onde o jogo despertou valores sociais que levará para sua vida inteira.

    Consideramos que as aulas de Educação Física são espaços que auxiliam na mudança de comportamento dos alunos por ser um lugar onde os alunos vivenciam e problematizam valores sociais importantes para a formação humana.

    Acreditamos assim, que a Educação Física na escola precisa investir na proposta da utilização de jogos de cooperação, e dessa forma incentivar uma prática saudável para corpo e mente, entendendo sempre a função da escola e conseqüentemente o objetivo da Educação Física como componente curricular obrigatório.

Bibliografia

  • Brotto, F. O. (1999). Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. 1999. 209 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

  • Demo, P. (1998). Educar pela pesquisa. 3ª ed. Campinas, SP: Autores Associados.

  • Lovisolo, H. R., Borges, C. N. R. e Muniz, I. B. (2013). Competição e cooperação: na procura do equilíbrio. 143 f. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis.

  • Neto, J. F. L. (2005). Representações de discentes acerca das diferenças estruturais entre jogos competitivos e cooperativos: uma abordagem Histórico-Crítica. 87 f. Monografia (Graduação) – Curso de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

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