1.     Introdução

    A Freqüência Cardíaca de repouso (FCrep) é bastante divulgada entre os profissionais de saúde, tendo em vista a praticidade de diagnóstico.

    A mensuração da FCrep pode ser realizada a partir de registro eletrocardiográfico (Melanson, 2000), pela utilização do cardiofreqüencímetro (Afonso, 2006) ou por palpação cutânea do pulso (Achten e Jeukendrup, 2003), sendo realizada em avaliações funcionais, aeróbicas e na prescrição do treinamento.

    Um dos efeitos associados ao treinamento físico é a diminuição da freqüência cardíaca de repouso. Os mecanismos responsáveis por este fenômeno seriam o aumento do tônus parassimpático, diminuição do tônus simpático e/ou diminuição do ritmo intrínseco de despolarização cardíaca (Tulppo et al., 2003).

    A bradicardia de repouso está associada aos efeitos decorrentes do treinamento aeróbio e ao aumento da atividade parassimpática sobre o coração refletindo assim em uma boa condição de saúde, enquanto valores maiores da FCrep estão associados a um pior prognóstico de saúde (Jouven et al., 2005).

    A FCrep pode apresentar alterações de acordo com a hora do dia, sendo consistentemente mais baixa à noite, com uma diferença entre o dia e a noite de 5 a 10 bpm ou 5 a 15% no período de 24 h. Dependendo da extensão da influência de fatores exógenos como o sono, a postura, o nível de atividade e a dieta alimentar (Reilly, 2000).

    Assim o estudo analisou a FC de repouso e o nível de atividade física dos adolescentes de 15 a 17 anos de ambos os sexos da rede pública de ensino.

2.     Metodologia

    O estudo foi realizado na cidade de Formiga-MG que situa-se na região centro-oeste do estado, foi escolhida uma escola pública devido ao fato de os alunos bolsistas do programa de iniciação a docência do curso de Educação Física atuam.

    A amostra foi constituída de 65 adolescentes de sexo masculino e 55 adolescentes do sexo feminino, em total 120 com idade cronológica entre 15 a 17 anos, regularmente matriculados na ensino médio, de uma escola pública da cidade de Formiga/MG. O tamanho da amostra foi utilizando o critério de exclusão e inclusão. No caso os alunos deveriam estar na escola no dia da coleta de dados do IMC, no dia aferição da freqüência cardíaca de repouso e no dia da aplicação do questionário de nível de atividade física e ter em mãos o terno de livre consentimento livre e esclarecido (TCLE) assinado pelo responsável.

    Para avaliar a massa corporal foi utilizando uma balança digital (Lithium marca Plenna modelo Sport) com uma precisão de 100 g com uma escala de 0 a 150 kg. Na analise de estatura, avaliou-se mediante um estadiômetro confeccionado através da fixação de uma Trena de Medidas Antropométrica (marca WCS) em uma parede sem desnível com precisão de 0,1 cm, seguindo os procedimentos de (Marins e Giannichi, 2003). E as classificações do IMC foi de acordo a OMS (2007) (Quadro 1).

Quadro 1. Classificação IMC

Fonte: Organização Mundial da saúde (2007)

    Para a obtenção da FCrep, foi utilizado o cardiofreqüêncimetro da marca Polar modelo S810i, instrumento validado para a mensuração da FC (Hsia, 2009).

3.     Resultados e discussões

    A média de idade encontrada entre os adolescentes foi de 16 anos e 3 meses e a média geral do Índice de massa corpórea foi de 18,5 classificados segundo a OMS (2007) como peso normal, tabela 1. Já o número de meninas neste estudo foi de 55 e o número de meninos foi de 65 alunos avaliados tabela 2.

Tabela 1. Características dos sujeitos

DP = Desvio Padrão

IMC = Índice de Massa Corporal

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

 

Tabela 2. Freqüência de alunos por sexo

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

    Em relação ao número de adolescentes ativos e sedentários o estudo encontrou maior número de adolescentes do sexo masculino que praticam algum tipo de atividade física dentro e fora do ambiente escolar, mostrando significância estatística em relação ao sexo feminino. Já o sedentarismo predomina no sexo feminino 56,6% no resultado geral, não praticam nenhum tipo de atividade física dentro e fora do ambiente escolar, tabela 3.

Tabela 3. Número de adolescentes aos e sedentários

*P= <0,05

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

 

Gráfico 1. Ativos e sedentários

Fonte: dados da pesquisa (2015)

    Neste estudo foi considerado ativos adolescente que fazem pelo menos atividade física 3 vezes por semana, e inativos aqueles que não fazem nenhum tipo de atividade de física.

    A tabela abaixo define as recomendações para atividade física, tabela 4

Tabela 4. Síntese das principais recomendações mundiais para atividade física, 2014

Recomendações	Definição das metas recomendadas*
American College of Sport Medicine ACSM (2007)	30 minutos de atividade física, 5 dias por semana ou 20 minutos de atividade física vigorosa 3 dias por semana em sessões de pelo menos 10 minutos de duração
Organização Mundial da Saúde (OMS) 2010	150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade física vigorosa por semana em sessões de pelo menos 10 minutos
Institute of Medicine (IOM) 2004	60 minutos de atividade física moderada todos os dias da semana
União Européia (2008)	30 minutos de atividade física moderada todos os dias da semana
Advisory Committee on International Physical Activiy Questionnaire (IPAQ) 2005	30 minutos de atividade física moderada 5 ou mais dias por semana – 20 minutos de atividade física vigorosa 3 ou mais dias por semana; ou qualquer combinação de intensidade, desde que atinja o mínimo 600 MET – minuto/semana

*Inativo: para todos as recomendações foram considerados inativos as pessoas que não praticam nenhuma quantidade de atividade física. Ativos insuficientes: quando realiza atividade física abaixo do nível recomendado: para cada diretriz o nível recomendado é diferente conforme descreve a definição. Ativo: quando alcança as metas recomendadas. Muito ativo: quando ultrapassa as metas recomendadas.

Fonte: Lima (2014)

 

Tabela 5. Média de freqüência cardíaca

p=<0,05

Fonte: Dados da pesquisa

    Conforme dos dados acima o coração dos 67 adolescentes ativos é mais condicionado que o coração dos inativos (53), apresentando significância estatística podendo proporcionar uma melhor qualidade de vida e um menor risco de doenças.

    Uma FCrep baixa tende a representar bom quadro de saúde, enquanto valores mais altos estão relacionados ao risco aumentado de mortalidade (Almeida, 2003; Thayer, 2007; Hsia, 2009) e maior predisposição a obesidade e diabetes (Shigetoh, 2008).

    O gráfico abaixo visualiza melhor a FCrep dos adolescentes, mostrando que aqueles que são ativos apresentam um coração mais condicionado.

Grafico 2. Batimentos por minutos

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

Conclusão

    A inatividade/sedentarismo é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. No entanto, a atividade física ajuda a melhorar a saúde cardíaca, e a fortalecer o coração, sendo este um músculo precisa também de condicionamento. Como toda musculatura, o coração se fortalece com a prática de atividade física, bombeando mais sangue para o organismo a cada batimento, alcançando um nível alto de desempenho sem tanto esforço. Nos indivíduos que se exercitam, a freqüência cardíaca de repouso é mais baixa, sendo necessário menor esforço para bombear o sangue.

    Qualquer nível de atividade física traz benefício cardiovascular, embora se saiba que quanto mais intensa é a prática maior o benefício.

    Assim cabem aos profissionais da área da saúde em especial os educadores físicos a analisarem a FC dos seus alunos em repouso e em exercícios, conscientizando-os da importância da atividade física para uma melhor qualidade de vida e tão bom é ter um coração saudável.

Agradecimentos

    Nos autores agradecemos a Capes e ao Unifor/MG pela viabilidade do trabalho.

Bibliografia

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