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Fisioterapia aquática em grupo em lombálgicos

Fisioterapia acuática en un grupo de personas con lumbalgia

Aquatic therapy for low back pain group

 

*Fisioterapeuta formada pela Universidade Regional Integrada

do Alto Uruguai e das Missões – Uri Campus de Erechim

**Fisioterapeuta, Mestre em Neurociências e Docente da Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – campus Erechim/RS

Daniele Rosset*

Reni Volmir dos Santos**

revols@uol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A lombalgia é uma das doenças musculoesqueléticas que mais afetam a população, sendo que estudos epidemiológicos estimam que cerca de 80% das pessoas apresentarão essa queixa pelo menos em algum momento da vida. A fisioterapia aquática é apontada como um recurso eficaz no tratamento das lesões da coluna lombar. O objetivo é avaliar os efeitos de um programa de fisioterapia aquática em grupo em portadores de lombalgia. A amostra do estudo foi composta por 10 participantes, de ambos os sexos, portadores de lombalgia, na faixa etária de 33 a 78 anos, residentes no município de Erechim/RS. Foi avaliado grau de dor, amplitude de movimento, flexibilidade e qualidade de vida, e submetidos a um programa de fisioterapia aquática em grupo, duas vezes por semana, com duração de 50 minutos cada sessão, totalizando 10 sessões, e após reavaliados. Houve melhora estatisticamente significativa com relação à força muscular, amplitude de movimento, escala de dor, e flexibilidade, assim como em cinco dos oitos domínios da qualidade de vida. Foi possível concluir após a realização deste estudo que o tratamento de fisioterapia aquática proposto para o grupo de lombálgicos se mostrou eficaz com base nos resultados obtidos.

          Unitermos: Lombalgia. Fisioterapia aquática.

 

Abstract

          Low back pain is a musculoskeletal diseases that most affect the population, and epidemiological studies estimate that about 80% of people will submit this complaint at least at some point in life. The aquatic therapy is indicated as an effective remedy in the treatment of lumbar spine injuries. The objective is to evaluate the effects of a program of aquatic physical therapy group in patients with low back pain. The study sample consisted of 10 participants and these men and women of low back pain patients, aged from 33 to 78 years living in the city of Erechim/RS. Degree of pain, range of motion, flexibility and quality of life was assessed, and subjected to a program of aquatic physical therapy group twice a week, lasting 50 minutes each session and after reassessed. There was a statistically significant improvement over muscle strength, range of motion, pain scale, and flexibility, as well as five of the eight domains of quality of life. Was concluded after conducting this study that treatment of aquatic therapy proposed for the group of low back pain is effective based on the results obtained.

          Keywords: Low back pain. Aquatic therapy.

 

Recepção: 16/11/2015 - Aceitação: 10/03/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 215, Abril de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A coluna lombar é dividida em três compartimentos: anterior, que compreende os corpos vertebrais e o disco intervertebral que suporta o peso, sendo a parte estática da coluna; médio, formado pelo canal raquidiano e pelos pedículos do arco vertebral; e posterior, que protege posteriormente os elementos neurais direcionando os movimentos executados por essa região. Estas eminências ósseas fixam ligamentos, músculos e são submetidas a forças de tração (Cailliet, 2001).

    A lombalgia é uma condição clínica de moderada ou intensa dor, localizada na parte inferior da coluna vertebral (Souza, 2009). Cerca de 60 a 80% das pessoas relatam esse incômodo em algum momento da vida. É de caráter multifatorial, podendo ser causada por doenças inflamatórias, degenerativas, congênitas, neoplásicas, fatores reumáticos, entre outros. No entanto, a instabilidade lombar está enquadrada como uma das principais alterações funcionais envolvidas no processo álgico (Almeida et al., 2012). São inúmeras as etiologias de dores lombares, destas, as mais freqüentes são de natureza mecânico-degenerativas produzidas por desordens estruturais, desvios biomecânicos ou a interação desses dois fatores.

    A abordagem terapêutica dos indivíduos acometidos desta patologia é essencialmente difícil, devido à dificuldade no diagnóstico bem como à multiplicidade de fatores envolvidos, como os ambientais, psicológicos e socioeconômicos. Assim, com a finalidade de melhora do quadro álgico, e conseqüentemente da função, os indivíduos submetem-se a vários tipos de tratamento como medicamentoso, cirúrgico e fisioterapêutico. Dentre as técnicas fisioterapêuticas destaca-se a fisioterapia aquática, pois esta especialidade utiliza os recursos físicos da água e os efeitos da imersão como forma de alívio da dor e reabilitação do portador de lombalgia.

    Sabe-se que a prática de exercícios na água aquecida promove diminuição da dor e a sobrecarga de peso sobre as articulações durante a execução de exercícios de reabilitação, isso devido as suas propriedades como: densidade, pressão hidrostática, empuxo, calor específico, tensão superficial e a movimentação da água (Sacchelli, Accacio e Radl, 2007). O resultado de imersão na água está relacionado à temperatura do corpo, a circulação e a intensidade dos exercícios, com variações permitidas dependendo do tamanho dos dispositivos utilizados (Campion, 2000).

    Desta forma, os objetivos da pesquisa foram avaliar a força muscular, amplitude de movimento, flexibilidade, dor, e qualidade de vida de um grupo de lombálgicos através de um protocolo de fisioterapia aquática em grupo.

Materiais e métodos

    A estratégia metodológica utilizada nessa pesquisa foi um estudo quase experimental de caráter quantitativo e longitudinal. A população foi composta de homens e mulheres com diagnóstico de lombalgia, residentes no município de Erechim/RS, com uma amostra de 10 participantes, na faixa etária de 33 a 78 anos, com média de idade de 58,8 (± 15,42) anos, sendo 3 homens e 7 mulheres. Foram incluídos indivíduos acometidos de lombalgia e que concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

    Após o deferimento e aprovação do estudo, foi realizado contato com indivíduos de ambos os sexos cadastradas na lista de espera do setor de Hidrocinesioterapia da clinica escola de Fisioterapia, com diagnóstico clínico de lombalgia e indicação médica para tal procedimento. Os pacientes foram avaliados individualmente antes do programa de atendimentos, e reavaliado no final da 10ª sessão.

    Os sujeitos da pesquisa também responderam ao questionário genérico, Short-Form Health Survey (SF-36) traduzido para o português e validado por Ciconelli (1997), utilizado na avaliação da qualidade de vida, o qual é composto por 36 itens, reunidos em dois grandes componentes denominados físico e mental, onde cada componente é formado por domínios.

    Na avaliação da flexibilidade utilizou-se a medida linear através do teste sentar e alcançar (Sit and Reach), com o banco de Wells, utilizado para mensurar a flexibilidade da coluna lombar e dos músculos isquiotibiais, cujos resultados são expressos em uma escala de distância (Block et al. 2008).

    Com relação à avaliação da força muscular esta foi graduada através da Prova de Força Muscular de Kendall (Kendall, McCreary & Provance, 2005). Foram avaliados os seguintes grupos musculares: flexores, extensores, rotadores e inclinadores lombares. A avaliação da amplitude de movimento articular ocorreu mediante o teste goniométrico de forma ativa (realizada pelo paciente) de coluna lombar (Marques, 2003). Em cada sessão foi verificado o grau de dor através da Escala Visual Analógica (EVA).

    Na seqüência as participantes foram submetidas à sessão de fisioterapia aquática em grupo duas vezes por semana, totalizando 10 sessões, num período de 50 minutos cada sessão, que contemplaram um protocolo de atendimento elaborado pelos pesquisadores que constaram de: aquecimento (10 minutos) através de caminhadas, com e sem dispositivos; alongamento (10 minutos), de musculaturas dos membros inferiores, superiores e coluna vertebral; fortalecimento (20 minutos), com o uso de dispositivos em membros superiores e inferiores, exercícios em duplas e técnicas de Hidropilates; e desaquecimento ou relaxamento, com flutuadores, caminhadas leves, massoterapia, distensionamento e hidromassagem (10 minutos).

    A análise dos dados referentes ao grau de dor, flexibilidade, qualidade de vida, força muscular e amplitude de movimento, apresentados antes e após as sessões de fisioterapia aquática foi por meio do teste Wilcoxon. A significância de todas as análises estatísticas foi de p<0,05, utilizando-se do programa SPSS 22.

    Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim sob o nº20526513.2.0000.5351.

Resultados e discussão

    Inicialmente serão apresentados os resultados referentes à média de qualidade de vida pré e pós-intervenção, expressos na Tabela 1. Observa-se que houve melhora em todos os 8 domínios, mas a significância estatística foi constatada em 5 dos domínios.

Tabela 1. Valores dos domínios da qualidade de vida pré e pós-intervenção e valor do p através do questionário SF-36

    A Figura 1 representa os valores individuais pré e pós-intervenção do programa de fisioterapia aquática em grupo de lombálgicos, quanto à flexibilidade. Observa-se que no período pré-intervenção média foi de 14,07 (±9,91) cm e no período pós-intervenção passou para 16,97 (±9,93) cm, com significância de p<0,012.

Figura 1. Representação da flexibilidade no período avaliado

Na tabela 2 estão os resultados das médias de amplitude de movimento ativa da coluna lombar.

 

Tabela 2. Amplitudes de movimento ativas da coluna lombar pré e pós-intervenção da fisioterapia aquática em grupo

    A figura 2 corresponde à média de dor inicial e final apresentada em cada sessão do programa de fisioterapia aquática em lombálgicos. A dor inicial teve grau médio de 4,1 entre os participantes e no final do período interventivo foi de grau zero, com p=0,005, onde constatou significância estatística.

Figura 2. Distribuição da média de dor inicial e final representada na Escala Visual Analógica conforme cada sessão do programa de fisioterapia aquática em lombálgicos

    Já a tabela 3 representa as médias da força muscular antes e após o programa de fisioterapia aquática.

Tabela 3. Força muscular ativa de coluna lombar pré e pós-intervenção da fisioterapia aquática em grupo

    Caetano et al. (2006) submeteram 8 indivíduos com lombalgia a um programa de fisioterapia aquática, duas vezes por semana em 10 sessões, onde observaram redução do quadro álgico de 5 para 2, com p=0.03. Assim como Oliveira, Facci e Blanco (2009) verificaram diminuição da dor após 12 sessões, duas vezes por semana, de Hidrocinesioterapia, em 12 participantes, Também verificaram melhora mais acentuada nesse grupo em comparação com grupo que realizou Cinesioterapia em solo.

    Han et al. (2011), demonstraram uma diminuição de 50% na intensidade de dor em pacientes com lombalgia, verificada através da EVA de dor, antes e após o período de intervenção aquática, que foi de 5 dias por semana. Já Dunda et al. (2009), em seu estudo, verificaram que após 20 sessões de fisioterapia aquática, realizadas 5 vezes por semana em pacientes com lombalgia crônica, houve uma redução de 65% na intensidade de dor. Valores esses, que corroboram com o presente estudo quanto à melhora do quadro álgico.

    Baena-Beato et al. (2014), constataram significância estatística no domínio físico, e não no domínio mental, do questionário SF-36, de um grupo de 24 indivíduos sedentários que apresentavam lombalgia, que recebeu atendimento de fisioterapia por 2 meses, 5 vezes por semana. Pereira, Ferreira e Pereira (2010) observaram uma melhora de todos os domínios do questionário SF 36. Sendo mais evidente o domínio capacidade funcional, pois atua na melhora e aperfeiçoamento da função muscular, e promove maior confiança e segurança ao individuo para que realize os mesmos exercícios no solo.

    Segundo Bento et al. (2009), a dor lombar crônica incapacita uma pessoa para executar as atividades diárias. Esse fato se fortalece com os dados encontrados no presente estudo, no qual a queixa de dor na região lombar não foi vista como um fator que leva os indivíduos à incapacidade, apenas limita para realização de determinadas atividades diárias.

    Durante a vida ativa, adultos reduzem em torno de 8 cm a 10 cm de flexibilidade na região lombar, verificado pelo teste de sentar e alcançar. Isso ocorre por conta de maior rigidez de tendões, ligamentos e cápsulas articulares, que restringem a ADM, podendo prejudicar a independência funcional do indivíduo. Com o passar da idade o colágeno cresce em solubilidade, podendo se tornar mais espesso, ocasionando a uma redução na ADM. A imobilidade torna este processo ainda mais grave. Sendo assim, a fisioterapia aquática reduz o índice de elos cruzados de colágeno, influenciando na elasticidade (Candeloro e Caromano, 2007). Esses autores aplicaram um programa de hidroterapia com 32 sessões, por 16 semanas seguidas com o objetivo de verificar os seus efeitos na flexibilidade articular. O programa de exercícios continha 29 atividades motoras, sendo 6 atividades de aquecimento, 11 atividades para a flexibilidade, 8 atividades para fortalecimento e 4 atividades de relaxamento. No presente estudo, com os efeitos fisiológicos da água foi possível observar uma significância estatística na ADM da coluna lombar.

    Segundo Carregaro e Toledo (2008) quando se obtém respostas significativas no que diz respeito ao aumento da ADM articular, isso demonstra que o programa realizado foi eficaz, e também permite enfatizar sobre o benefício dos exercícios de amplitude no meio aquático.

    Silva et al. (2012) avaliaram o efeito de um programa de fisioterapia aquática na aptidão física, no equilíbrio postural e na dor de indivíduos portadores de dor lombar crônica. Ao se submeterem a um programa de fisioterapia aquática em grupo, realizado duas vezes por semana, num total de 20 sessões, verificou-se alterações benéficas da mobilidade funcional, sendo que estas alterações foram progressivas de 5% após 10 sessões e ao decorrer de 13% após 20 sessões de fisioterapia aquática em grupo. Assim como Souza et al. (2008) que verificaram ganho da amplitude de flexão e extensão da coluna lombar de um individuo de 41 anos com diagnóstico médico de lombalgia mecânico-postural, ao ser submetido a um programa de Deep Water Runner, 5 vezes por semana, em duas semanas, totalizando 10 atendimentos.

    As propriedades físicas da água e os exercícios desenvolvidos são importantes às pessoas, pois ao realizar os exercícios na água ocorre uma diminuição dos sintomas como: dor, fraqueza muscular, e a água promove uma diminuição da sobrecarga articular, o que facilita os exercícios (Rizzi et al., 2007). O aumento da força muscular neste trabalho pode ser explicado pela ativação muscular em água, pois conforme Müller et al. (2005), ao compararem o exercício abdominal realizado fora e dentro da água, constatou, que no meio liquido o aumento da velocidade proporciona uma maior resistência e maior atividade muscular.

Considerações finais

    O grupo em estudo obteve melhora em todos os domínios do questionário SF-36, porém observou-se significância estatística em 5 deles. Assim, como na ADM, força muscular e flexibilidade. Desta forma observa-se que a Fisioterapia Aquática em grupo foi benéfica para esses indivíduos com lombalgia

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 215 | Buenos Aires, Abril de 2016
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