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As principais lesões na prática do krav maga

Las principales lesiones en la práctica de krav maga

The main injuries in practice of krav maga

 

*Graduando em Educação Física (UECE)

**Especialista em Fisiologia do Exercício (UECE)

***Doutorado em Saúde Coletiva

****Professor Adjunto da Universidade Estadual do Ceará

(Brasil)

Darlan Castro Ribeiro*

Diogo Queiroz Allen Palacio**

Patrício Autobelly Paulino da Silva***

Heraldo Simões Ferreira****

diogoallenpalacio@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O Krav Maga (KM) é uma arte de defesa pessoal israelita criada por Imi Lichtenfeld. A gama de técnicas, movimentações e até mesmo a intensidade do treinamento na luta podem gerar lesões em diferentes graus. A pesquisa visa à realização de um diagnóstico do processo lesivo em praticantes de KM no município de Fortaleza, CE. O diagnóstico das lesões foi realizado mediante aplicação questionário. Através da coleta de dados, foram entrevistados 50 praticantes, obtendo-se o perfil do praticante, com maior parcela de indivíduos jovens e do sexo masculino (92%), em geral na faixa etária de 21 a 30 anos de idade (72%). Na maioria iniciantes com graduação branca (76%) e tempo médio de prática de 2,3 anos. As lesões costumam ocorrer em praticantes com menos tempo de prática entre 1 e 2,5 anos. Os tipos de lesões mais constatados foram contusões (76%), nos que treinam com carga horária reduzida. Já os locais mais afetados foram os segmentos dos membros superiores (62%) e as articulações do ombro e punho (67%), ambos por contato em treino (71%). Os tratamentos mais realizados foram a crioterapia (42%) e termoterapia (36%). Concluindo, as principais lesões na prática do KM são agudas de caráter muscular representado pelas contusões leves.

          Unitermos: Lutas. Defesa pessoal. Krav Maga. Lesões.

 

Abstract

          The Krav Maga (KM) is an Israeli self-defense art created by Imi Lichtenfeld. The range of techniques, movements and even the training intensity in the fight can generate lesions at different degrees. The research aims to carry out a diagnosis of harmful process KM practitioners in the city of Fortaleza, CE. The diagnosis of lesions was conducted by questionnaire application. Through data collection, were interviewed 50 practitioners, obtaining the profile of the practitioner, with higher share of young and male (92%), usually in the age group 21-30 years (72%). Most beginners with white graduation (76%) and average practice time of 2.3 years. The lesions tend to occur in less time practitioners in practice between 1 and 2.5 years. The types of most observed lesions were contusions (76%) in training with reduced hourly charge. Already the most affected sites were the segments of the upper limbs (62%) and the shoulder joints and wrist (67%), both for contact in practice (71%). The treatments were conducted over cryotherapy (42%) and thermotherapy (36%). In conclusion, the main lesions in the KM practice are sharp and muscular character represented by slight bruises.

          Keywords: Fights. Self-defense. Krav Maga. Injuries.

 

Recepção: 22/10/2015 - Aceitação: 03/02/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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1.    Introdução

    As lutas fazem parte da cultura do homem desde os primórdios da humanidade, caracterizando disputa ou combate entre indivíduos, provido ou não de instrumentos para atacar e defender (Lançanova, 2006).

    Na grande esfera das lutas existem as artes marciais, denotando arte da guerra (Lima, 2000). As artes marciais, originadas do oriente, foram desenvolvidas com o propósito da autodefesa, utilizando movimentos de luta com sincronismo para sanar a ameaça (Hirata e Del Vecchio, 2006).

    Existem diversas modalidades de lutas e artes marciais, dentre as quais o Krav Maga (KM), foco deste estudo. O KM, ou combate próximo, é uma arte de defesa pessoal israelita criada por Imi Lichtenfeld na Europa no final da década de 1940, se desenvolveu com o término da 2ª guerra mundial e com chegada de Imi a Israel, sendo que há no país, até os dias atuais, aplicação militar em campo (Associação Portuguesa de Krav Maga, 2014).

    Segundo a Confederação Brasileira I.D.S. Krav Maga (2014), o KM é uma arte de defesa pessoal assim batizada por seu criador, reconhecida mundialmente com tal. As técnicas são provenientes de movimentos instintivos e naturais do corpo humano, utilizando movimentos de defesa e ataque unidos para romper o contato com o agressor o mais rápido possível. O fundamento principal é a aplicação do maior número de golpes no menor espaço de tempo e com a maior contundência.

    Os tipos de treinamentos utilizados e como forem empregados podem ser essenciais para o desenvolvimento do praticante na modalidade (Silva, 2008). Com aplicação dos movimentos de luta, podem ocorrer erros e excessos de força o que pode acarretar em processos lesivos (Bastos et al., 2009).

    Conforme Esteves, Reis e Santos (2006), excessos de força provenientes das lutas ao lado das movimentações que requerem explosão muscular e contato físico de forma abrupta, podem gerar lesões em diferentes graus.

    Nos esportes é comum a ocorrência de lesões (Bompa e Haff, 2012), e nas lutas e suas diversas modalidades, devido ao contato físico intenso, o risco do acometimento de lesão é elevado exponencialmente. (Valkering, Van Der Hoeven e Pijnenburg, 2008).

    Na prática do KM, por ser uma modalidade de luta de combate onde o corpo a corpo se faz necessário, a incidência de lesões pode ser muito freqüente caso não haja cuidado entre os envolvidos e orientação de um profissional. Pensando no exposto, formulou-se a seguinte questão: Quais as principais lesões na prática do KM?

    Como hipóteses, meramente supositivas e baseadas na experiência empírica do autor, pode-se supor que as principais lesões sejam de caráter muscular podendo também ocorrer fraturas ósseas em casos isolados. Para responder tal questionamento e confirmar ou rechaçar a hipótese levantada, foi realizada uma pesquisa de campo.

    Considera-se que este estudo possa vir a ser relevante para os professores e alunos de defesa pessoal, para que tenham conhecimento acerca das principais lesões e com perícia possam evitá-las. O principal objetivo deste estudo é identificar as lesões mais freqüentemente ocorridas em praticantes de Krav Maga provenientes de academias de artes marciais situadas no município de Fortaleza, Estado do Ceará.

2.     Metodologia

    A pesquisa realizada foi de natureza aplicada, pois teve aplicação prática. Seu método científico foi dedutivo, uma vez que analisou a problemática do geral para o particular. O objetivo do estudo foi descritivo, pois descreveu as características de uma população. O processo técnico de coleta foi mediante levantamento de dados (Gil, 2010). A abordagem realizada foi de caráter quantitativo, pois teve tratamento estatístico (Arango, 2009).

    Foram visitadas por conveniência cinco (05) academias de artes marciais com professores de KM credenciados em associações desta modalidade, no município de Fortaleza, Estado do Ceará. Tais academias foram escolhidas para participação na pesquisa mediante disponibilidade de horários, concordância e assinatura do termo de anuência pelos seus respectivos responsáveis. A pesquisa foi realizada no período de agosto a novembro de 2014.

    A amostra foi caracterizada, pelo próprio pesquisador, independente de sexo ou idade, apenas por experiência. Somente os praticantes, que estivessem matriculados nas academias selecionadas, que tivessem o perfil proposto, em relação à experiência na modalidade, e concordassem com os termos da pesquisa poderiam tomar parte do estudo. A amostra de (50) participantes foi escolhida de forma não probabilística, pois teve como base a acessibilidade dos participantes para a pesquisa.

    Foi utilizado como critério de inclusão na pesquisa possuir no mínimo um ano de prática na modalidade KM; treinar ao menos duas horas por semana; saber ler e escrever; ter disponibilidade de tempo para a aplicação do questionário. Como critério de exclusão foi definido a não assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    A coleta de dados foi realizada nas academias através do método de levantamento de informações. Em primeiro momento foram realizadas visitas às academias e escolha de participantes, logo após, nos finais dos treinos os praticantes foram abordados para a aplicação de questionário.

    Como a abordagem da pesquisa é de caráter quantitativo, o tratamento foi estatístico, mediante estatística descritiva e produção de gráficos, com o auxílio do software Excel da empresa Microsoft Corporation, especificando resultados alcançados com processamento das respostas levantadas na aplicação do questionário, obtendo parecer geral.

    O participante da pesquisa assinou o TCLE deste trabalho de acordo com a resolução 466-2012 do Conselho Nacional de Saúde-CNS, Brasil (2012), concordando com os termos descritos no mesmo, inclusive de imagem. Os responsáveis pelas academias assinaram o Termo de Anuência permitindo, no próprio espaço, a realização do estudo.

3.     Resultados e discussão

    Mediante os dados coletados em levantamento, que consiste em 50 participantes dentre os mesmos (n = 4) mulheres e (n = 46) homens em sua maioria na faixa etária de 21 a 30 anos de idade (66%), é constatado a prevalência de indivíduos jovens e do sexo masculino, visto também pouca ou senão nenhuma participação de crianças e idosos (Gráfico 1).

Gráfico 1. Percentual dos praticantes por sexo e faixa etária

Fonte: Dados da pesquisa

    Talvez o alto número de homens praticantes de KM, quando comparados com a participação feminina se dê pelo fato de que há preconceito por parte da maioria, tendo em vista que a presença feminina dentro do espaço das lutas é encarada como um insulto. Isto ocorre porque o ambiente de academias, escolas e outros espaços onde ocorrem essas atividades, provoca uma atmosfera que estimula a simbologia masculina, intimidando e afastando as mulheres da prática (Thomazini et al., 2008).

    O resultado relativo à idade, com a maioria dos participantes apresentando entre 21 a 30 anos, pode ser entendido de forma que, para a execução de movimentos rápidos e com alta produção de força, é preciso um vigor físico maior do praticante. E o exposto, também apontado em outros estudos, mostra que quanto mais jovem for o praticante menor será o risco de lesões decorrentes. Fazendo assim com que indivíduos desta faixa etária costumem permanecer mais tempo na prática (Maguire e Burke, 2004).

    Há notadamente, em sua maioria, a presença de iniciantes com graduação, de forma hierárquica por faixa, branca (76%), intermediários com as graduações amarela e laranja (14%), e avançados com as graduações verde, azul, marrom e preta (10%) (Gráfico 2).

Gráfico 2. Percentual de praticantes por graduação

Fonte: Dados da pesquisa

    Os resultados mostram que há mais iniciantes, já que para se chegar a uma alta graduação no KM são necessários altos empenhos físicos, capacidade de absorver impactos por golpes e quedas, coordenação motora bastante desenvolvida para execução das movimentações que são dificultadas com o avançar de graduação, a dedicação em freqüentar os treinos para não perder conteúdos importantes, e principalmente, o alto custo financeiro para permanecer na modalidade. Todos os fatores mencionados anteriormente, relacionados entre si ou não, acabam por ocasionar o afastamento e até a desistência em vários casos.

    Estudos sociológicos realizados sobre a prática de artes marciais e desportos de combate citam que os praticantes permanecem nas modalidades geralmente pelo bem-estar físico e/ou psicológico, o prazer felicitado pela prática e a disciplina/concentração; e a desistência da prática é levada por diversos motivos, dentre eles os mais ocorrentes que são por motivos profissionais, questões de saúde e estudos. (Rosa, 2008).

    Em meio ao total de entrevistados 90% dizem se lesionarem em diferentes escalas (Gráfico 3). Observa-se a elevada incidência de lesões em praticantes com tempo de prática entre 1 e 2,5 anos, e os que praticam de 3 a 10 anos apresentam índice mínimo de ocorrência. Sendo as nomenclaturas de freqüente, com pelo menos uma lesão por treino; semanal, mensal e anual com pelo menos uma lesão por período; e raramente com índice ínfimo de lesões na prática.

Gráfico 3. Correlação entre a ocorrência das lesões com o tempo de prática

Fonte: Dados da pesquisa

    Como mostra o resultado, os iniciantes costumam se lesionar freqüentemente, fato este que pode ser explicado pela falta de flexibilidade, mobilidade articular e até mesmo pela vulnerabilidade estrutural do praticante, acarretando na incorreta execução dos movimentos. Em relação aos praticantes com um maior tempo de prática, pode-se supor que tenham, em seu longo período de treinamento, sanado a maioria das falhas de execução e obtido uma melhor estabilidade, raramente tendo espaço para a ocorrência de processos lesivos.

    Uma pesquisa realizada com 86 praticantes do estilo Choy Lay Fut de Kung Fu mostra que 57% dos entrevistados tiveram algum tipo de lesão, sendo em sua grande maioria os que praticam há mais tempo, dados contrários ao estudo com o KM (Lobão e Almeida, 2012).

    Todos os indivíduos entrevistados afirmam terem sofrido escoriações devido ao contato proveniente da luta, e em sua totalidade mostram tipos de lesão como contusão (76%), entorse (18%) e luxação articular (7%). As lesões agudas estiveram presentes em 88,8% dos indivíduos contra apenas 11,2% de lesões crônicas com afastamento de semanas para tratamento, índice que mostra a prevalência de lesões agudas como as contusões em praticantes com carga horária menor de treinamento e crônicas como as entorses e luxações articulares com maior tempo de treino (Gráfico 4).

Gráfico 4. Correlação entre o tipo de lesão com a carga horária de treinamento

Fonte: Dados da pesquisa

    A prevalência dessas lesões agudas como as contusões em indivíduos com menor carga horária de treinamento mostra que um indivíduo destreinado, tendo em vista que pratique somente o KM, é mais suscetível a tais lesões e ainda, que sejam de caráter leve pelo fato de que o treinamento é inconstante e sem exaustão. Diferente dos praticantes que treinam por mais tempo, pois os mesmos têm sobrecarga de exercício e, conseqüentemente, a prevalência de lesões crônicas como as entorses e luxações articulares, derivadas da falta de intervalo para o descanso das musculaturas e articulações envolvidas.

    Conforme Lobão e Almeida (2012) as lesões agudas são bem mais freqüentes do que as crônicas e há uma maior ocorrência de tais lesões como contusão e estiramentos em indivíduos iniciantes devido ao processo de aprendizagem motora, flexibilidade articular e resistência muscular, e que quanto maior o tempo de treinamento haverá um elevado índice de lesões crônicas resultado de fragilidade articular, inflamações e cistos sinoviais.

    Quanto ao local das lesões agrupou-se por segmento corporal não articular (MID e MIE) membros inferiores direito e esquerdo (coxa, canela e pé), (MSD e MSE) membros superiores direito e esquerdo (braço, antebraço e mão); e articular (joelho, ombro, punho e tornozelo), entre os segmentos não articulares os MSD e MSE tem o maior índice de lesões e entre os segmentos articulares ficam o ombro e punho. O principal motivo decorrente do processo lesivo se dá pelo contato em treinamento (71%) em seguida por desequilíbrio muscular (11%), falta de flexibilidade (9%) e vulnerabilidade estrutural (9%), este último presente em somente indivíduos do sexo feminino (Gráfico 5).

Gráfico 5. Correlação entre o local e o motivo decorrente das lesões

Fonte: Dados da pesquisa

    Como mostra o gráfico há uma maior incidência de lesões por contato nos segmentos não articulares dos membros superiores (MS) direito (78%) e esquerdo (75%), tendo em vista que os mesmo são constantemente utilizados em movimentações de ataque e defesa, conseqüentemente provocando atritos em diferentes locais dos membros. Outro dado obtido é que as articulações do ombro e punho, também por contato, são as mais lesionadas, de forma que o impacto gerado pelos MS, citados anteriormente, ou torções próprias do KM executadas de forma incorreta, causam lesões nos ligamentos ou até mesmo a perda da continuidade dos ossos que constitui a articulação. Outros locais como os membros inferiores (MI) e suas articulações como joelho e tornozelo, sofrem lesões principalmente pela movimentação incorreta do golpear, geralmente presentes em iniciantes sem proficiência adequada.

    Estudos realizados com 58 atletas de Karatê mostram que, em sua maioria, os locais das lesões tendem a ser na cabeça (41,8%) e membros inferiores (39,1%), contando para os membros superiores apenas (18,9%) e apontado como principais motivo a disputa e contato na luta (Oliveira; Vieira; Valença, 2011).

    Botelho (2011) em sua pesquisa com 78 atletas de jiu-jitsu constatou que as principais lesões que os atingem são causadas por quedas, chaves, torções e estrangulamentos, envolvendo lesões musculares e articulares, atingindo principalmente as articulações do joelho, cotovelo, ombro e coluna, em sua grande maioria, causadas por sobrecarga dinâmica, excesso de uso, vulnerabilidade estrutural, falta de flexibilidade e desequilíbrio muscular. Em outra modalidade, o Judô, cujo foco é a projeção, o ombro é a região anatômica mais lesionada (72,3%) (Carazzato, Cabrita e Castropil, 1996).

    Em relação à prevenção o uso de equipamentos de segurança como aparadores de socos e chutes diminuem o perigo de lesão, evitando o contato direto, e itens como protetor bucal, luvas, caneleiras e outros são ditos opcionais.

    Esses equipamentos protegem áreas ditas mais sensíveis do corpo humano. Por exemplo, capacetes, máscaras faciais e protetores bucais são indicados na literatura como formas para diminuir ou evitar lesões orofaciais, assim como para reduzir expressivamente as concussões, hemorragias cerebrais, perda de consciência (“knock-out”) e outras lesões mais graves relacionadas ao sistema nervoso central, as quais podem levar ao óbito (Johnsen; Winters, 1991).

    Vale ressaltar que além dos equipamentos de segurança e protetores, que devem ser cobrados como de uso obrigatório, a melhor forma de prevenção é o treinamento em ambiente controlado e com supervisão de um profissional devidamente capacitado.

    Dentre os indivíduos entrevistados que afirmam terem se lesionado 80% realizam tratamentos no processo lesivo, e 31% dos mesmos procuraram consultas médicas. Os tratamentos mais utilizados são os de crioterapia (32%) e termoterapia (28%) (Gráfico 6).

Gráfico 6. Tratamentos realizados no processo lesivo

Fonte: Dados da pesquisa

    O resultado mostra que o processo lesivo é bem mais ameno nos praticantes de KM, pois os tratamentos mais realizados são geralmente utilizados em lesões superficiais como contusões leves e com pequenos hematomas, mostrando que o contato não se dá de forma direta e abrupta, ao contrário de outras artes, pois não há competição.

    Existem vários tipos de tratamentos conservadores de forma a amenizar a dor e a ação inflamatória. Porém em relação à efetivação do tratamento, é de grande valia a intervenção de um profissional, de forma a acompanhar todo o processo de recuperação, o que para muitos acaba sendo inviável devido aos altos custos.

    Um dos tratamentos mais usados e indicados para tratar as lesões musculoesqueléticas logo após a ocorrência é a crioterapia, que consiste na aplicação terapêutica de alguma substância ao corpo que cause a retirada do calor corporal, reduzindo, assim, a temperatura dos tecidos (Knight, 2000).

    Já a termoterapia, conforme Felice e Santana (2009) é mediante aplicação de calor, podendo este ser inserido superficialmente por condução, convecção ou radiação. Existe também o tratamento medicamentoso para as lesões que, basicamente, se dá por meio de anti-inflamatórios não hormonais (AINH) ou glicocorticóides (O’Grady et al., 2000).

4.     Considerações finais

    Conclui-se que as lesões mais freqüentemente ocorridas em praticantes de KM, provenientes de academias de artes marciais situadas no município de Fortaleza, CE, são agudas e de caráter muscular como as contusões leves.

    Como exposto no estudo, há uma alta incidência de lesões agudas em indivíduos iniciantes. Assim, uma proposta viável de treinamento aplicado seria a de exercícios individuais de fácil execução, realizados primeiramente com baixa intensidade e com um maior tempo de recuperação na fase inicial de adaptação neural. Pode-se com isso aumentar progressivamente a intensidade de acordo com o desempenho alcançado, evitando um acumulo de lactato residual elevado, o que prejudica a efetivação correta dos movimentos ocasionando os processos lesivos.

    Aconselha-se, além da proposta de treinamento descrita anteriormente, o uso de protetores e equipamentos de segurança, de forma a diminuir o alto índice de lesões agudas e evitar as crônicas; e caso a lesão ocorra, a realização de tratamentos especializados. Faz-se importante a capacitação dos profissionais de artes marciais, que para além do conhecimento sobre a arte marcial, deve ter noções de socorros de urgência de forma a amparar o aluno em primeira instância, evitando assim o agravamento das lesões.

    Recomenda-se que sejam realizados mais estudos sobre o KM, uma vez que há escassez de dados na literatura científica, tendo em vista que esta modalidade é bastante nova e pouco conhecida quando comparada com as artes marciais milenares, mas este fato não retira sua importância como arte e atividade física.

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