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Assistência ao recém-nascido: perspectivas para o 

saber de enfermagem em neonatologia (1937-1979)

Cuidado del recién nacido: perspectivas para el conocimiento de enfermería en neonatología (1937-1979)

 

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia

Departamento de Fisiologia e Farmacologia

Centro de Ciências da Saúde, UFSM

Patrícia Gabbi

patriciagabbi@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A enfermagem tem um papel fundamental neste processo dos cuidados especializados ao recém-nascido, porque passa a maior parte do tempo interagindo com o neonato no cotidiano das unidades neonatais, iniciando esses cuidados na Sala de Parto, já que é aí que ocorre a adaptação da vida extra-uterina e o processo de desenvolvimento do recém-nascido (RN) por meio de adequação do ambiente e das formas de cuidado nas unidades neonatais até a alta e o cuidado no domicilio. A enfermagem neonatal vem acompanhando essa evolução e assumindo o conhecimento da repercussão que a tecnologia leva ás praticas de cuidar e de cuidado do recém-nascido nas unidades neonatais. O cuidar pode ser entendido como um processo que envolve e desenvolvem ações, atitudes e comportamentos que se fundamentam no conhecimento científico, técnico, pessoal, cultural, social, econômico, político e psicoespiritual, buscando a promoção, manutenção e ou recuperação da saúde, dignidade e totalidade humana. Nesse sentido a utilização de tecnologias nas Unidades Neonatais tem levado à progressiva melhora do atendimento com a introdução de ampla e intensa de equipamentos, instrumentos, utensílios e artefatos, saberes específicos e procedimentos técnicos, além disso, a humanização no atendimento.

          Unitermos: Recém nascido. Enfermagem. Unidades neonatais.

 

Resumen

          Enfermería tiene un papel clave en este proceso de atención especializada a los recién nacidos, ya que pasa la mayor parte de su tiempo interactuando con el bebé en la rutina de las unidades neonatales, a partir de dicha atención en la sala de partos, ya que parece que la adaptación es la vida extra-uterina y el proceso de desarrollo del recién nacido (RN) a través de la adaptación del medio ambiente y las formas de atención en las unidades neonatales se descarguen y el cuidado en el hogar. La enfermería neonatal ha estado siguiendo estos acontecimientos y tomar el conocimiento del impacto que la tecnología tiene prácticas de atención as y la atención del recién nacido en las unidades neonatales. El cuidado puede ser entendida como un proceso que implica y desarrollar acciones, actitudes y comportamientos que se basan en los aspectos científicos, técnicos, personal, cultural, social, económica, política y psico-espiritual, la búsqueda de la promoción, el mantenimiento y la o recuperación de la salud, la dignidad y la totalidad humana. En este sentido, el uso de la tecnología en las unidades neonatales ha llevado a la progresiva mejora de la atención con la introducción de equipos extensiva e intensiva, instrumentos, utensilios y artefactos, conocimientos específicos y procedimientos técnicos, además, la humanización de la atención.

          Palabras clave: Recién nacido. Enfermería. Unidades neonatales.

 

Trabalho apresentado em uma disciplina em um curso de pós-graduação

 

Recepção: 11/08/2015 - Aceitação: 20/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 213, Febrero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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    Na primeira metade do século XX, muitas mudanças ocorreram na assistência á criança, principalmente ao atendimento ao recém-nascido (RN) e em especial, aos prematuros. Essas transformações ocorridas na assistência exigiram mudanças no cuidado ao longo do tempo, levando ao conhecimento do corpo biológico do recém-nascido prematuro a criação de unidades especializadas para o atendimento de crianças com maior risco de morte. Predominando um modelo tecnocrático e hospitalocentrico (Hess, 2014; Oliveira, 2004).

    O primeiro cuidado institucional de prematuros pode ser atribuído à França em 1880 quando o desenvolvimento da primeira incubadora, por Tarnier-Martin Couvense. Alem disso, a neonatologia foi considerada pelo obstetra francês Pierre Budin, que estendeu sua preocupação com os recém-nascidos além da sala de parto, sendo o responsável pelo desenvolvimento dos princípios e métodos que passaram a formar a base da medicina neonatal (Hess, 2014; Oliveira, 2004). Em 1907, Budin descreve no seu livro os cuidados com o recém-nascido na maternidade e no domicilio e estabelece normas para o controle da temperatura, alimentação e controle da infecção, dentre outros.

    Martin O. Coney, em 1896, mudou a assistência ao recém-nascido prematuro quando exibiu e divulgou por todo o mundo, por mais de quarenta anos, as incubadoras e os cuidados de enfermagem com os prematuros. O paradigma da neonatologia que envolveu a Exibição de Coney durante quatro décadas (1902 a 1940) foi: a movimentação mínima, a ênfase sobre o domínio e a aplicação de habilidades especiais nos procedimentos de enfermagem, e o acesso limitado aos prematuros (Cristoffel, 2002).

    A enfermagem desenvolveu um papel importante na realização de cuidados especializados ao recém-nascido. Um artigo escrito por Julius Hess refere que os resultados obtidos nos cuidados aos prematuros eram alcançados quando enfermeiras bem treinadas estavam à frente do serviço como supervisoras (Hess, 2014; Oliveira, 2004). Em 1923, Julius Hess, cria o primeiro centro de prematuros, com a colaboração da enfermeira Evelyn Lundeeen. As mães eram encorajadas ao aleitamento materno, porém o cuidado por elas ao filho prematuro não era enfatizado. Houve a expansão dos centros de cuidados de prematuros (Hess, 2014; Oliveira, 2004).

    Entre 1960 e 1970, do século passado, a neonatologia foi desenvolvida como uma especialidade na Academia Americana de Pediatria, sendo a tecnologia responsável pelos grandes avanços na assistência aos recém-nascidos prematuros e de alto risco: termo regulação, desenvolvimento de aparelhos de calor radiante, ventiladores com baixa pressão inspiratória e expiratória para os recém-nascidos muito prematuros, nutrição parenteral, terapia intralipídios, uso de cateteres para infusão venosa e o transporte neonatal (Hess, 2014; Oliveira, 2004).

    Em 1980 a ênfase do cuidado retornou para a sofisticação da oxigenação neonatal, foram inventados os monitores de oxigênio transcutâneo e o oxímetro de pulso, ventilação de alta freqüência, surfactante, oxigenação membrana extra-corpórea, terapia de oxido nítrico. Paralelamente, houve uma maior incidência de iatrogenias (Hess, 2014; Oliveira, 2004).

    Sendo assim, tecnologia permeia todo o processo de trabalho em saúde, contribuindo na construção do saber desde a idéia inicial, da elaboração e da implementação do conhecimento, ou seja, ao mesmo tempo processo e produto (Hess, 2014; Nietsche, 2000). No contexto da historia da neonatologia, a tecnologia medica envolveu produto, cujo resultado marcante foi o advento das incubadoras e as instalações físicas do ambiente do recém-nascido. A tecnologia como processo envolveu os métodos e as técnicas para o controle da temperatura, alimentação, infecção e procedimentos utilizados para o aumento da sobrevivência e da qualidade de vida do recém-nascido.

    A evolução da forma de cuidar da saúde do recém-nascido se deu com os conhecimentos: da obstetrícia, pediatria, fisiologia perinatal consolidando a sua assistência. A enfermagem tem um papel fundamental neste processo, porque passa a maior parte do tempo interagindo com o neonato no cotidiano das unidades neonatais, iniciando esses cuidados na Sala de Parto, já que é aí que ocorre a adaptação da vida extra-uterina e o processo de desenvolvimento do RN por meio de adequação do ambiente e das formas de cuidado nas unidades neonatais até a alta e o cuidado no domicilio.

    Nesse sentido a utilização de tecnologias nas Unidades Neonatais tem levado à progressiva melhora do atendimento com a introdução de ampla e intensa de equipamentos, instrumentos, utensílios e artefatos, saberes específicos e procedimentos técnicos. Existem vários conceitos de tecnologia, podendo esta ser classificada de acordo com o seu conteúdo, natureza: econômica política ideologia e social, e emprego. A tecnologia e um processo que envolve diferentes dimensões.

    A enfermagem neonatal vem acompanhando essa evolução e assumindo o conhecimento da repercussão que a tecnologia leva ás praticas de cuidar e de cuidado do recém-nascido nas unidades neonatais, principalmente na terapia intensiva. O cuidar pode ser entendido como um processo que envolve e desenvolvem ações, atitudes e comportamentos que se fundamentam no conhecimento científico, técnico, pessoal, cultural, social, econômico, político e psicoespiritual, buscando a promoção, manutenção e ou recuperação da saúde, dignidade e totalidade humana (Collière, 1999; Souza, 2003).

    Cuidar do recém-nascido não é somente assistir, no sentido confinado ao ato de olhar, de ver, de expectar, mas ter uma visão paradigmática da atenção humanizada ao recém-nascido, a mãe e a família, respeitando-os em suas características e individualidades. O cuidado de enfermagem consiste na essência da profissão e pertence a duas esferas distintas: uma objetiva, que se refere ao desenvolvimento de técnicas e procedimentos, e uma subjetiva, que se baseia em sensibilidade, criatividade e intuição. Nas últimas décadas as inovações tecnológicas no campo do cuidado com a neonatologia resultaram em importantes benefícios para o recém-nascido baixo peso ao nascer/ prematuro e sua família com melhoria das condições dos cuidados de saúde e com o avanço da neurociência.

    Atenção Humanizada ao recém-nascido de baixo peso - Método Canguru, disseminada a partir de 1999 por meios de normas e protocolos e de um amplo processo de capacitação dos profissionais de saúde coordenados pelo Ministério da Saúde. Essa experiência se caracteriza principalmente pela mudança na forma do cuidado neonatal, embasada em quatro fundamentos básicos: acolhimento do recém-nascido e sua família, respeito às singularidades, promoção do contato pele a pele, e o envolvimento da mãe nos cuidados com o seu (Brasil, 2000; Colliere, 1999).

    A humanização representa um conjunto de iniciativas que visa à produção de cuidados em saúde capaz de conciliar a melhor tecnologia disponível com promoção de acolhimento e respeito ético e cultural ao paciente, de espaços de trabalhos favoráveis ao bom exercício técnico e à satisfação dos profissionais de saúde e usuários (Deslandes, 2004; Puccini, 2004). A humanização do cuidado neonatal preconiza várias ações propostas pelo Método Canguru. Estas ações são voltadas para o respeito às individualidades, à garantia de tecnologia que permita a segurança do recém-nascido, o acolhimento ao neonato e sua família, com ênfase no cuidado voltado para o desenvolvimento e psiquismo, buscando facilitar o vínculo mãe-bebê durante a sua permanência no hospital e após a alta (Cristoffel, 2002; Brasil, 2000).

    A Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso - Método Canguru é, portanto, uma estratégia de qualificação do cuidado pautado na atitude dos profissionais de saúde diante do bebê e de sua família a partir de um conceito de assistência que não se limita ao conhecimento técnico específico (Brasil, 2000; Brasil,1999).

    Sendo assim, o enfermeiro desempenha um papel fundamental tanto no cuidado como na assistência a família do RN de baixo peso internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

Bibliografia

  • Brasil (2000). Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso: método canguru. Secretaria de Políticas Públicas de Saúde, Área Técnica da Saúde da Criança. Brasília: Ministério da Saúde.

  • Brasil (2002). Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso. Método Canguru: Manual Técnico.

  • Collière, M.F. (1999). Promover a vida: da prática das mulheres de virtude aos cuidados de enfermagem. 3ª ed. São Paulo: Lidel.

  • Christoffel, M.M. (2002). O mundo imaginal da equipe de enfermagem frente à dor do recém-nascido submetido à dor do recém-nascido na UTIN. Tese. Doutorado.. Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ.

  • Deslandes, S.F. (2004). Análise do discurso oficial sobre a humanização da assistência hospitalar. Ciência & Saúde Coletiva, 9(1): 7-14.

  • Hess, J.H. (1951). Chicago. Plan for care premature infants. JAMA, v.146, n. 10, p. 91-893.

  • Nietsche, E.A. e Leoardi, M.T. (2000). O saber da enfermagem como tecnologia: a produção de enfermeiros brasileiros. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v.9, n.1, p. 129-152, jan./abr. 

  • Oliveira, I.C.S. (2004). O advento das incubadoras e os cuidados de enfermagem aos prematuros na primeira metade do século XX. Texto Contexto Enferm, Jul-Set; 13(3):459-66.

  • Puccini, P.T. e Cecílio, L.C.O. (2004). A humanização dos serviços e o direito à saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(5):1342-1353, set-out.

  • Souza, M.L., Sartor, V.V.B., Padilha, M.I.C.S. e Prado, M.L. (2005). O cuidado de enfermagem: uma aproximação teórica. Texto Contexto Enferm, Abr-Jun; 14(2):266-70.

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