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Iniciação esportiva de futsal na escola

Initiation to futsal in school

 

Licenciatura Plena e Bacharel em Educação Física – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) 

Aperfeiçoamento em Proposta Curricular e Metodologias na Educação Integral – Universidade Federal

de Viçosa (UFV). Pós-Graduação em Treinamento Desportivo – Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Pós-Graduação em Atividades Motoras para Promoção da Saúde e Qualidade de Vida – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); 

Pós-Graduação em Atividade Física e Saúde – Universidade Federal

do Paraná (UFPR); Mestrado em Ciências da Educação Física, do Esporte e do Lazer

Universidade de Matanzas (UCCFD)

Rodrigo Mendes Costa

rodrigo.m.c10@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho visa relatar uma prática pedagógica sobre o desporto Futsal, com ênfase nos fatores educativos e recreativos, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araújo, da cidade de Muriaé - MG, particularmente desenvolvido com os alunos do 3° ao 5° ano do Ensino Fundamental, do Projeto Escola Viva Comunidade Ativa, entre os meses de março e dezembro de 2011. O objetivo foi aplicar os principais conhecimentos teóricos e práticos do jogo de Futsal e, especificamente desenvolver as habilidades motoras, praticar os fundamentos técnicos e táticos e organizar um espaço de vivência e convivência, através de brincadeiras e jogos de bola com os pés.

          Unitermos: Iniciação Esportiva. Futsal. Escola. Projeto.

 

Abstract

          This paper describes a pedagogical practice about Futsal (indoor soccer), with emphasis on its educational and recreational factors in the State School Maria Augusta Silva Araújo, in the city of Muriaé, MG, Brazil, developed with students from 3rd to 5th years of elementary education from the Live School, Active Community Project (Projeto Escola Viva Comunidade Ativa), between March and December, 2011. The goal was to apply the main theoretical and practical knowledge of Futsal and, specifically, to develop motor skills, practice the technical and tactical fundamentals and organize a space for the coexistence through plays and ball games with the feet.

          Keywords: Sports initiation. Futsal. School. Project.

 

Trabalho desenvolvido na oficina de esportes do Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa.

 

Recepção: 02/03/2015 - Aceitação: 11/08/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 210, Noviembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo De Melo e De Melo (2006), entender a origem do Futebol de Salão é um pouco complicado, já que não existem documentos que visem esclarecer a verdadeira procedência desse esporte, por isso há uma grande polemica entre os pesquisadores sobre o verdadeiro surgimento do mesmo. Existem duas versões para o aparecimento do Futebol de Salão: a primeira conta que o Futebol de Salão teve sua origem na década de 30, na Associação Cristã de Moços do Uruguai (ACM). A outra versão defende que o surgimento do Futebol de Salão foi no Brasil, no final da década de 30 e início da década de 40, já que as crianças jogavam o Futebol na Associação Cristã de Moços de São Paulo a título de recreação, em quadras de basquete sem nenhuma preocupação com normas e regras.

    Para Bello e Alves (2008) seria bom se fosse possível rastrear as origens do futsal. Ao que parece, essa dúvida não terá uma solução final tão cedo, pois, pelos documentos, é difícil, ou quase impossível, saber quem estruturou o Futebol de Salão: Brasil ou Uruguai? A dúvida tem início nos anos 1930 e 1940, quando a Associação Cristã de Moços (ACM), ainda promovia grandes intercâmbios entre seus professores de Educação Física, em nível mundial, o que favorecia a troca de experiências e propostas. Depoimentos de professores envolvidos nesses contextos no início da década de 1930 apontam para uma visita da comitiva brasileira na Associação Cristã de Moços de Montevidéu, no Uruguai. Esses brasileiros viram alunos jogando futebol como forma de recreação dentro de quadras de basquete, sem nenhuma regra específica, nem tampouco limite de participantes.

    Já na versão brasileira, tem-se que, nessa mesma época, na Associação Cristã de Moços, em São Paulo, uma possível prática do Futebol dentro dos salões de festas, quadras de basquete e hóquei ocorria de forma bastante contundente, com caráter predominantemente recreativo. A idéia de se jogar futebol em quadras fechadas deve ter tido suas origens em solo uruguaio. Não obstante, o Futebol de Salão, como modalidade esportiva, parece ter todas as suas raízes em solo brasileiro, visto que foi nesse que se organizou, regulamentou e difundiu a sua prática não só em território nacional, mas também mundial (Bello e Alves, 2008).

    Com o passar dos anos o futsal tem um contínuo e rápido desenvolvimento em todos os conceitos que o envolvem; cada vez mais países o praticam; assim como surgem seleções internacionais com bom padrão de jogo que nos impressionam, pois somos considerados o país do futsal. As alterações nas regras foram determinantes para essa evolução, nos países atualmente filiados à FIFA; busca-se a unificação das regras, principalmente no tamanho das quadras. Na sua trajetória o bom e velho futebol de salão, ou somente salão, da década de 1970 começou a ser massificado no antigo sistema 2x2. Com o primeiro campeonato mundial de futebol de salão, organizado pela FIFUSA no Brasil em 1982, surgiram outros sistemas de jogo: 2x1x1, 3x1, a ser mais popularizado, sendo o Paraguai nosso principal adversário não só na América Latina como também no mundo todo. Na década de 90, o futsal tornou-se mundialmente conhecido. Surgiram movimentações, padrões de jogo preestabelecidos, constantes alterações nas regras que, obrigaram os técnicos, treinadores, preparadores físicos a pensarem e estudarem novas formas de treinos, contribuindo cada vez mais com a evolução do desporto da bola pesada (Andrade Junior, 2012).

    Na década de 90 ocorreu a grande mudança na trajetória do Futebol de Salão, pois é feita sua fusão com o Futebol de cinco (prática esportiva reconhecida pela FIFA). Surge então o Futsal, terminologia adotada para identificar esta fusão no contexto esportivo internacional (Da Costa Júnior et al, 2009).

    De acordo com Fonseca e Silva (2011), a presença do futebol é marcante na vida da população brasileira. No caso do futsal, não existe muita diferença, pois esse esporte cresce a cada dia, principalmente por atender a necessidades momentâneas que o futebol de campo não é capaz de resolver.

    A prática do Futsal atualmente é a que mais se desenvolve em todo o mundo. No Brasil, toda escola, tanto pública como particular, encontramos sempre uma quadra de Futsal com os alunos correndo atrás da bola. Os clubes também possuem suas quadras, assim como em algumas praças públicas, nos deparamos com as quadras desportivas. Esta facilidade de espaços favorece a iniciação, o desenvolvimento e o treinamento desse esporte (De Melo e De Melo, 2006).

    Conforme Teixeira (2013), desporto relativamente jovem, o Futsal em pouco tempo passou a ser um dos mais praticados pelos brasileiros. Vários fatores contribuíram para que isso acontecesse, como: possuir regras fáceis, ser praticado até na rua, em campos improvisados e não exigir equipamentos sofisticados. Por seu valor recreativo, social e competitivo, o futsal está presente nos programas de lazer de qualquer comunidade, despertando interesse e paixão.

    Atualmente no Brasil, o Futsal pode ser considerado o esporte mais praticado entre seus habitantes. Essa constatação pode ser estendida a todos os âmbitos: os escolares, executivos, esportistas, recreativos, de lazer, atletas profissionais, portadores de necessidades especiais, entre outros. Dessa forma, o Futsal apresenta um potencial enorme para prática do jogo com fins de recreação, educação ou rendimento, o que facilita e expõe essa modalidade aos aspectos sócio-culturais, que devem ser sempre levados em consideração nos momentos de prática (Bello e Alves, 2008).

    Hoje, na escola, o esporte tem função inegável no processo de ensino-aprendizagem, não só como conteúdo da educação física, mas também como atividade extraclasse que, por meio da motivação que as crianças demonstram por esta ou por aquela modalidade, possibilita ao professor trabalhar conjuntamente os aspectos técnico-táticos do jogo e as questões sociais, tais como o individualismo, a cooperação, o espírito de grupo, o respeito, a liderança, as críticas, a justiça (Voser e Giusti, 2008).

    Segundo Voser e Giusti (2008), a atividade esportiva praticada na escola deve ter o intuito exclusivamente voltado para a iniciação e a orientação esportiva, jamais devendo enfocar a especialização e o treinamento. O esporte praticado na escola será de grande importância para o desenvolvimento integral da criança, desde que sejam respeitadas as individualidades dos praticantes. A prática do Futsal na escola envolve a adaptação e a familiarização aos seus elementos. Como itens importantes a serem desenvolvidos, destacaríamos o contato com a bola, o espaço de jogo (quadra), a relação com os colegas e adversários e, principalmente, os aspectos de aquisição motora, visando à utilização das técnicas que envolvem essa modalidade esportiva com menor gasto de energia e à seleção da técnica mais indicada para determinado momento do jogo. Cabe salientar, por fim, que estimular no processo de ensino e aprendizagem do futsal, a prática das variações do jogo, o jogo recreativo, o jogo adaptado e outras formas jogadas, pode contribuir significativamente para a autonomia dos alunos.

    Nesse sentido, a EEMASA buscou desenvolver no ano de 2011 o Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa, com oficina do desporto Futsal, na tentativa de promover junto aos alunos do 3° ao 5° ano do ensino fundamental informações sobre um futuro desporto olímpico de grande repercussão nacional e mundial, tendo como referencial a disciplina de Educação Física.

Justificativa

    O fenômeno esportivo infantil tem sido neste início de século, motivo de muitos estudos e questionamentos tanto no que diz respeito aos seus ideários como em relação à sua função pedagógica e sociopolítico-cultural. Neste contexto, é possível observar a influência e a participação da escola no processo de adesão do jovem à prática do esporte e da atividade física (Voser e Giusti, 2008).

    Concordamos com Voser e Giusti (2008) que afirmam, as escolas que realmente investem em educação reconhecem na educação física escolar um meio rápido de interação da criança com o meio em que vive, oferecendo momentos de convívio social. E é por meio dessa participação social, e da cooperação com os colegas, que a criança passa a praticar princípios democráticos e uma vivência coletiva; além de desenvolver os aspectos físicos, cognitivos e disciplinares.

Objetivo geral

  • Aplicar os principais conhecimentos teóricos e práticos referentes ao desporto Futsal para os alunos do 3° ao 5° ano do ensino fundamental.

Objetivos específicos

  • Desenvolver as habilidades motoras através de jogos pré-desportivos, recreativos e adaptados do Futsal;

  • Praticar os fundamentos técnicos e táticos por meio dos jogos e brincadeiras;

  • Organizar um espaço de vivência e convivência, através de brincadeiras e jogos de bola com os pés.

Desenvolvimento

    O objetivo principal desta proposta educativa, realizada em 2011, foi a de contribuir no processo ensino e aprendizagem dos alunos do 3° ao 5° ano do ensino fundamental através do desporto Futsal, buscando contemplar especificamente as habilidades motoras, os fundamentos técnicos e táticos, as vivencias e convivências, utilizando-se o método global, por meio dos jogos pré-desportivos, recreativos e adaptados para a prática esportiva, como por exemplo: o bobinho, o três toques, a rebatida, o gol a gol, o tira-tira, o controle, a embaixadinha, o artilheirinho, o futpar (duplas de mãos dadas), o ataque alto, o futevôlei, o golzinho e a pelada.

    Vale ressaltar ainda que, o projeto visava relacionar de acordo com Freire (2006 citado por Sales, 2011) os princípios básicos para o ensino do futebol na escola, como: a inclusão, a excelência, a ética e o hábito. As atividades foram desenvolvidas conforme a seguir: a definição da oficina esportiva no início do ano letivo, a explicação detalhada para os alunos (dias – especificamente aos sábados no horário 8h ás 10hs, o período – março a dezembro, as formas de execução – prática esportiva), o controle – diário e por meio de registro em documento escolar. O trabalho foi baseado na proposta educativa da Matriz Curricular de Educação Física do Ciclo Inicial – 1°, 2° e 3° anos do Ensino Fundamental, na Matriz Curricular de Educação Física do Ciclo Complementar – 4° e 5° anos do Ensino Fundamental e, no Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa.

    O Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa está voltado para o apoio às comunidades escolares localizadas em áreas com índices expressivos de vulnerabilidade social, por meio da realização de atividades viabilizadoras da ampliação da cidadania. Através de programas culturais, artísticos, esportivos e recreativos, visa-se a interação dos alunos, professores, pais e moradores do entorno, estabelecendo-se assim, entre todos, relações de maior proximidade e compartilhamento de experiências. Cada um dos programas do Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa, respeitada a sua especificidade, procura, simultaneamente, desenvolver o sentido de pertencimento a uma sociedade e estender a camadas mais amplas da população o acesso aos bens geradores de uma cidadania sempre mais generosa.

    Com relação ao processo avaliativo, o mesmo foi pautado em princípios que evidenciaram claramente a elevação dos níveis de conhecimento e de contextualização dos alunos durante as aulas teóricas e práticas sobre o esporte Futsal. Em relação à avaliação escolar do aluno, a mesma deve contribuir para o autoconhecimento e análise das etapas já vencidas, no sentido de alcançar objetivos previamente traçados, num processo contínuo. A participação dos alunos no processo de definição dos critérios implica decisões conjuntas, cada qual assumindo sua responsabilidade no processo, sendo que, os professores devem informar aos alunos sobre suas dificuldades; além disso, destacam que os alunos podem ser avaliados de forma sistemática, por meio de observações das situações de vivência, de perguntas e respostas formuladas durante as aulas, e de forma específica, em provas, pesquisas, relatórios e apresentações. Todavia, a avaliação deverá levar em conta as dimensões conceituais, atitudinais e procedimentais (Darido e Rangel, 2005; Darido e De Souza, 2009).

Considerações finais

    Esta prática pedagógica teve como finalidade relatar uma das possibilidades de se trabalhar dentro do contexto da Educação Física, ao aplicar os conhecimentos teóricos e práticos sobre a temática de iniciação ao Futsal e, particularmente desenvolver as habilidades motoras, praticar os fundamentos básicos e organizar o espaço de vivência e convivência, através de brincadeiras e jogos.

    Durante toda a oficina, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar distintas formas de habilidades motoras, locomotoras e os fundamentos, por meio dos jogos recreativos e adaptados de Futsal, bem como, relacionar os principais pontos referentes à diferença entre o esporte de treinamento e o esporte de participação, esporte rendimento/recreação, esporte escola/clube, professor/treinador e o papel do esporte na sociedade.

    Esta experiência permitiu observar as possibilidades que a Educação Física oferece na formação dos indivíduos, nas questões de desenvolvimento motor, cognitivo e social individual e coletiva. Além disso, houve maior interesse e compreensão dos alunos a respeito dessa modalidade, para além das ações procedimentais, mais especificamente no contexto das dimensões conceituais e atitudinais para atividades físicas e esportivas desenvolvidas no âmbito escolar.

Bibliografia

  • Andrade Junior, J. R. de. (2012). Futsal – Aquisição, iniciação e especialização. 4ª ed. Curitiba: Juruá.

  • Bello Jr, N. e Alves, U. S. (2008). Futsal: conceitos modernos. São Paulo: Phorte.

  • Da Costa Júnior, E. F.; De Souza, S. C. e Muniz, A. C. P. (2009). Futsal: teoria e prática. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint.

  • Darido, S. C. e De Souza Júnior, O. M. (2009). Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. 3ª ed. Campinas, SP: Papirus.

  • Darido, S. C. e Rangel, I. C. A. (2005). Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

  • De Melo, R. S. e De Melo, L. B. S. (2006). Ensinando futsal. Rio de Janeiro, RJ: Sprint.

  • Fonseca, G. M. M. e Da Silva, M. A. (2011). Jogos de futsal: da aprendizagem ao treinamento. 2ª ed. Caxias do Sul, Educs.

  • Minas Gerais (2013). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica. Superintendência de Educação Infantil e Fundamental. Diretoria de Ensino Fundamenta. Matriz Curricular de Educação Física, Ciclo Inicial – 1°, 2° e 3° anos do Ensino Fundamental – Versão Preliminar. Belo Horizonte.

  • Minas Gerais (2013). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica. Superintendência de Educação Infantil e Fundamental. Diretoria de Ensino Fundamenta. Matriz Curricular de Educação Física, Ciclo Complementar – 4° e 5° anos do Ensino Fundamental – Versão Preliminar. Belo Horizonte.

  • Sales, R. M. (2011). Futebol & futsal: bases metodológicas. 1° ed. São Paulo: Ícone.

  • Teixeira, H. V. (2013). Educação física e desportos: técnicas, táticas, regras e penalidades. 5° ed. São Paulo: Saraiva.

  • Voser, R. C. e Giusti, J. G. (2008). O futsal e a escola: uma perspectiva pedagógica. Porto Alegre: Artmed.

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