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Exercício físico e a necessidade de atestado médico

El ejercicio físico y la necesidad del certificado médico

Physical exercise and a need of the medical certificate

 

Professor Associado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste

Estágio de Pós-Doutorado em Atividade Física Relacionada à Saúde, com o acompanhamento 

do Prof. Dr. Édio Luiz Petroski na Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em Educação Física pela Universidade do Porto/Portugal

Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria/RS

Licenciado em Educação Física na Universidade Federal de Santa Catarina

Conselheiro Regional de Educação Física, no CREF9/PR (mandato 2012-2018)

Autor dos Livros: Educação Física: O Que Você Deve Saber Antes de Praticar A Ginástica e A Corrida, 1984; 

Conhecimento Básicos Para Iniciação Ao Exercício Físico, 1992. Do científico para o empírico, 2001. 

Noções Básicas de Estatística Aplicada à Educação Física, 2003

Alberto Madureira

albertosmadureira@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A discussão acerca da necessidade do atestado médico para realização do exercício físico, sobretudo em academias, tem sido assunto recorrente. Muitas vezes motivado mais por questões emocionais que propriamente racionais. Este ensaio teve por objetivo desmistificar o apelo emocional frente a mortes ocorridas durante a realização do exercício físico. Portanto, devemos partir do princípio de que a população é saudável e deverá ser excluído ou ter sua prática reduzida, são os doentes ou pessoas com limitações. Assim, “Atestado médico necessita quem resolveu levar uma vida sedentária”.

          Unitermos: Atestado médico. Exercício físico. Morte súbita.

 

Abstract

          The discussion about the need of the medical certificate for completion of the exercise, especially in academies, has been a recurring issue. Often motivated more by emotional issues that strictly rational. This paper aimed to demystify the emotional front appeal to deaths while performing the exercise. Therefore, we must assume that the population is healthy and should be deleted or have reduced practice are patients or people with limitations. So "Medical certificate needs who decided to lead a sedentary life."

          Keywords: Medical certificate. Physical exercise. Sudden death.

 

Recepção: 25/07/2015 - Aceitação: 10/10/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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    “Atestado médico necessita quem resolveu levar uma vida sedentária”

    Per-Olof Åstrand (WIKIPEDIA, 2015).

    Portanto, “não devemos partir da premissa de que o povo é doente, e que em meio a eles hajam pessoas saudáveis que possam se utilizar das academias”.

    No domingo (12/07/2015) foi ao ar, no Brasil, no programa Fantástico a matéria: “Exame médico obrigatório antes de começar academia gera discussão” (Fantástico, 2015) que se encontra disponível no site conforme referenciado. Pode-se dizer que este assunto é recorrente e certamente ocorre mais em função de situações emocionais de quem tem acesso à mídia do que propriamente a seriedade de que o assunto merece.

    Então, vamos por partes para que o público seja esclarecido e não atemorizado com a morte (processo natural pelo qual todos haveremos de passar) a qual nem sempre estamos preparados.

    Conforme o programa (Fantástico) o Brasil é o segundo país do mundo em quantidade de academias, verdade! Porém, o que não foi dito é que proporcionalmente, é o sexto em número de freqüentadores (Revista Veja, 2008). No dia 15/07/2015, por volta de 01h15, a estimativa da população brasileira pelo IBGE (IBGE, 2015) era de 204.527.389, ou seja, menos de 4% da população brasileira parece freqüentar academias (7 milhões e meio, conforme o programa).

    O apresentador Tadeu Schmidt inicia dizendo: “antes de começar a treinar a maioria das pessoas apenas responde a um questionário sobre a própria saúde, ou seja, não chega a fazer um exame médico. Este ano, quatro pessoas morreram se exercitando em academias. Você conhece os seus limites?” (grifo e sublinhado nosso).

    Caros leitores é preciso ler as entrelinhas, pois a palavra apenas dita num programa deste porte apresenta uma força muito grande, uma forma de mensagem subliminar para que o assunto seja introduzido.

    Na seqüência aparece o eminente cardiologista e pesquisador o Dr. Nabil Ghorayeb sendo levado a uma academia para verificar se as pessoas estão se exercitando direito (até então me parecia prerrogativa do profissional de Educação Física ou é a função de um médico fazer isso?), “porque às vezes, aliás, muitas vezes o exercício mal feito pode provocar um problema de saúde” (fala da apresentadora).

    “Para este cardiologista um exame médico completo deveria ser exigido de todo mundo que quer se matricular numa academia” (fala da apresentadora). “O exame médico pose ser feito na rede pública? (fala da apresentadora).” Resposta: “pode, uma consulta e um eletrocardiograma é o mínimo que a gente sugere para fazer”. “As leis sobre a exigência ou não sobre exame médico por academias mudam muito, dependendo da cidade. A maioria segue a recomendação do Conselho Federal de Educação Física, exige apenas uma avaliação com um professor da área em que o aluno deve responder a um questionário sobre a sua saúde” (fala da apresentadora).

    Novamente, o termo apenas, não aparece por acaso. Por quê?

    Infelizmente, como é de costume, matérias tendenciosas são superficiais e sem a busca de fundamentação científica. Primeiramente, deveríamos entender um pouco do que significa morte súbita.

    Assim, conforme a literatura “A morte súbita, definida como a morte que ocorre no decorrer da primeira hora a partir do início dos sintomas, é uma situação clínica extremamente freqüente em nosso meio. Estima-se que no Brasil ocorram cerca de 250.000 mortes súbitas por ano, sendo em sua maioria decorrentes diretamente de doenças cardiovasculares ou de suas complicações. A maior parte ocorre na própria casa das vítimas (cerca de 80%), ou ainda em alguns locais públicos, como aeroportos, estádios, casas de espetáculos e outros, portanto, longe de hospitais e longe de profissionais que possam socorrer a vítima prontamente (Marques, 2015). Note-se bem: é considerada morte súbita se não forem encontrados sinais de violência ou trauma.

    Ao publicarem um artigo científico sobre a morte súbita e o exercício Bronzatto, Silva e Stein (2001), disseram que “a morte súbita relacionada ao exercício deve ser analisada de forma crítica, ser embasada nas evidências disponíveis, sendo levada muito a sério, pois mesmo pouco freqüente, quando incidente, tem sempre um impacto profundo na comunidade médica e na população em geral. Se o exercício físico pode aumentar transitoriamente o risco relativo de eventos, o risco absoluto permanece muito baixo e a chance da ocorrência de tais eventos é por demais pequena. Além disso, o exercício físico regular é capaz de proteger o indivíduo de eventos coronários em momentos de atividade física não programada, os quais são, em geral, impossíveis de serem evitados.

    Conforme o Centro Especializado em Arritmias Cardíacas: A morte súbita pode acontecer tanto em crianças recém nascidas como em adultos. Nos jovens e adultos, sedentários ou atletas, a grande maioria dos casos são decorrentes a doenças do coração. Sejam elas conhecidas ou não pelos portadores ou familiares, podem ser congênitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, por abuso de substâncias ilícitas (habitualmente drogas) ou até por excesso de atividades físicas (principalmente em pessoas sedentárias). Em alguns casos podemos encontrar a somatória destes fatores como a causa final do evento (CEAC, 2015).

    Ao consultarmos os Arquivos Brasileiros de Cardiologia (aí está, sim, a importante função da medicina enquanto pesquisa e intervenção), verificamos que “Apesar de rara, a morte súbita (MS) no esporte é um evento que causa comoção pública, principalmente quando envolve atletas de alta performance. Estatísticas de diferentes países mostram que sua prevalência varia de 0,28 a 1 por 100.000 atletas 159, 160”. Ainda, “Diretrizes nacionais e internacionais161 aconselham o rastreio cardiovascular pré-participação, que se constitui, de uma forma geral, em uma anamnese detalhada, exame físico e eletrocardiograma de 12 derivações. Tal rastreio seria capaz de detectar cerca de 90% dos atletas que sofreram um evento fatal, havendo, entretanto, relatos de esportistas vítimas de MS que não possuíam qualquer alteração estrutural ou de condução162 Isoladamente, o rastreio não é capaz de diminuir consideravelmente o número de mortes por parada cardiorrespiratória súbita nesse grupo de risco, principalmente pela não realização dessa avaliação por parte dos atletas e pelos possíveis resultados falso-negativos, sendo necessária a implantação e fortalecimento de um segundo pilar, o suporte básico de vida” (SBC, 2013).

    Após visto um pouco sobre a morte súbita outro assunto pertinente parece ser a especificidade e sensibilidade do eletrocardiograma.

    “A sensibilidade representa a freqüência com que o teste detectará o que está sendo testado. Assim, um teste com sensibilidade de 90% dará um resultado positivo em 90 das 100 pessoas que efetivamente apresentam o quadro que está sendo investigado. A especificidade representa a freqüência com que o resultado negativo está correto; ou seja, a freqüência com que quem não tem a doença ou condição recebe o resultado de teste correto. Um teste com especificidade de 90% terá um resultado negativo em 90 das 100 pessoas que não apresentam o quadro que está sendo investigado. “Não se sinta mal se as estatísticas confundirem você. A sensibilidade e a especificidade podem enganar muitos médicos também. Uma pesquisa descobriu que apenas um em cada 5 médicos interpreta corretamente o significado de um resultado positivo quando recebe os dados de sensibilidade e especificidade dos testes” (Biorritmo, 2015).

    “Precisamos considerar a faixa de normalidade do ECG, mas claro que não podemos fugir do fato de que nem todas as doenças causam sintomas ou sinais anormais, e o indivíduo que parece saudável pode não o ser e pode ter, contudo, um ECG anormal. [...] A faixa de normalidade do ECG, entretanto, é polêmica. O eletrocardiograma de esforço tem sensibilidade ~68% e especificidade ~77% (Hampton, 2014).

    O problema no Brasil é não existir uma política pública que sobreviva à mudança de presidentes egocentristas que fazem da sua política de governo o que acham conveniente ser feito, e não o necessário.

    Se todos os brasileiros tivessem a assistência necessária baseada num programa preventivo e de promoção da saúde, não haveria necessidade desta discussão. Por outro lado, neste mesmo país onde cidadãos pagando planos de saúde levam, às vezes, 15 dias para uma consulta “particular”, com certeza há uma inversão de valores numa matéria dessas.

    Vejamos os custos de alguns exames propostos pelo profissional e o real custo/benefício dos mesmos, conforme o Guia Abril (2004), no site: “Eletrocardiograma convencional de repouso (ECG): esse exame é disponível em toda a rede pública. Na clínica particular o seu custo varia entre R$ 50 a R$ 80. Outro exame antigo e até hoje útil é o raio-x do tórax “Cerca de 80% a 90% dos casos comuns de problemas cardíacos podem ser identificados por meio da avaliação clínica, eletrocardiograma convencional e raio-x do tórax”, afirma o Dr. Junqueira. Disponível em toda a rede pública. O custo particular fica entre R$ 80 e R$ 100. ecodopplercardiografia bidimensional, na clínica particular custa em média R$ 150 a R$ 300 . Eletrocardiograma de esforço ou teste de esforço ou cicloergometria, em esteira, na rede particular custa entre R$ 150 e R$ 300. A ressonância magnética tem a mesma indicação da tomografia. É considerada o topo dos exames radiológicos em grau de sofisticação. Tem interpretação complexa e apenas alguns hospitais dispõem do equipamento. Na rede particular custa entre R$ 1.000 e R$ 3.000. a cintilografia miocárdica, indicada para pessoas com doenças do miocárdio, pericárdio ou processos isquêmicos. É um exame pouco preciso e sujeito a más interpretações, segundo o Dr. Junqueira. Também disponível apenas em alguns hospitais. Custa entre R$ 500 e R$ 1.000. Eletrocardiograma de 24 horas, também chamado de eletrocardiograma dinâmico ou Holter, em que os eletrodos permanecem por 24 horas no indivíduo registrando o exame por meio de um aparelho que a pessoa carrega, enquanto ela exerce suas atividades normais do dia-a-dia. Em geral é indicado para estudo de arritmias e eventos isquêmicos. Disponível em vários hospitais. Particularmente custa entre R$ 150 e R$ 300. A cineangiocoronariografia. Disponível nos maiores hospitais, que tenham laboratório de hemodinâmica. Na rede particular custa entre R$ 2.000 e R$ 5.000”. 

    Para além, destes dados, vejamos o que realmente mata e é o maior problema no mundo e no Brasil.

    O “Sedentarismo é a maior causa de problemas de saúde no Brasil”, "O que mais chama a atenção nesse estudo é o baixo índice da prática de exercícios físicos pelo brasileiro. São inúmeras as justificativas para não fazer atividade física", comentou o médico esportivo Gustavo Magliocca. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, as doenças crônicas - associadas ao excesso de peso, ao baixo consumo de verduras e frutas e ao sedentarismo - respondem por mais de 70% das causas de morte no Brasil (Exame Abril, 2014).

    “A saúde aparece como o princi­pal motivo para a procura por atividades físicas. "Antiga­mente, esporte era sinônimo de lazer. Agora passou a refle­tir a preocupação com saúde e estética", afirma Gualdani. Justifica-se. Todo ano, 3,2 milhões de pessoas mor­rem no mundo porque são sedentárias. No ranking da Organização Mundial de Saúde dos principais fatores de risco para as causas mais comuns de morte, como infarto e derrame, o sedentaris­mo figura na quarta posição, atrás ape­nas de diabetes, tabagismo e hiperten­são” (Cabral e Bergamo, 2015).

    “Sedentarismo causa 13% das mortes no Brasil, diz pesquisa. Conforme índices apurados pelo Ministério da Saúde, 64% da população está com excesso de peso. Segundo a última pesquisa feita pelo IBGE em 2010 e divulgada em 2012, 80% dos brasileiros são sedentários, e uma das conseqüências mais temidas é a obesidade” (Terra, 2013).

    Portanto, de numa população de aproximadamente 204 milhões, observamos um total de 20 milhões (~10%) de óbitos decorrentes do sedentarismo. Não nos parece, é óbvio que o sedentarismo mata muito mais do que freqüentadores de academia anualmente.

    Logicamente, que se um dos quatro óbitos deste ano fosse de um familiar meu teria conotações nefastas, mas epidemiologicamente falando, qual o significado destas quatro mortes em relação aos demais fatores apresentados?

    Parece-nos interessante e conveniente apresentar o artigo do médico Naccaratto, coordenador da Sociedade de Cardiologia de São Paulo. O teste ergométrico está saindo de moda. Esta é a conclusão de cardiologistas de todo o país ao colocarem na ponta do lápis todos os custos envolvidos no exame e os baixos valores pagos pela saúde suplementar, ou seja, os convênios. E, pelo visto a questão é remuneratória: A conseqüência desses desvios são exames de pouquíssima qualidade técnica, metodologias inadequadas e laudos mal elaborados. Em muitos casos o clínico se vê obrigado a solicitar exames complementares, como a cintilografia de perfusão miocárdica ou a angiotomografia de coronárias, aumentando os custos do processo diagnóstico e onerando o sistema de saúde. Em suma, uma melhor remuneração do teste ergométrico é fundamental para cardiologistas e pacientes” (Naccaratto, 2015). Por outro lado, há que se fazer a ressalva que este semideus deveria entender que o teste ergométrico com fins clínicos realmente deve ser exclusividade de ato médico. Contudo, para fins de avaliação física-esportiva o profissional de Educação Física não só está capacitado, como habilitado também.

    Temos que entender a limitação da nossa população onde tudo ou quase tudo tem que ser por imposição. Ora vejamos, o que impede a pessoa de procurar um médico para saber acerca da sua saúde? Creio que nada! Então por que a obrigatoriedade? Porque não temos uma educação preventiva e sim um processo curativo frente à doença.

    Além do mais o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2012), através da Nota Técnica CONFEF Nº 001/2012, Assunto: A avaliação física em programas de exercícios físicos e desportivos, em seu Artigo 2º - “Nos casos em que o Profissional de Educação Física, de acordo com a classificação de risco proposta pelo ACSM e a intensidade de exercício proposta, identifique indivíduos sintomáticos ou com fatores de risco para doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares e do sistema locomotor, que podem ser agravadas pela atividade física, deverá solicitar avaliação médica especializada objetivando identificar restrições e estabelecer linhas de orientação para prescrições de exercícios apropriados pelo Profissional Educação Física”; deixa claro que os instrumentos são propostos pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM).

    Bom, pensei em apelar um pouco e ao invés de tratar de exercício falar sobre relação sexual e riscos. Segundo o doutor Drauzio Varella numa meta-análise de quatro estudos realizados com mulheres e homens de 50 a70 anos ficou demonstrado que, durante o ato sexual, o risco de infarto do miocárdio aumenta 2,7 vezes. Os que já tiveram infarto ou outra doença cardiovascular não correm risco mais alto. Nos sedentários, a probabilidade é três vezes maior; naqueles fisicamente ativos, ela não aumenta (Varella, 2012).

    Conforme Daniella Zanotti, “As calorias queimadas durante o sexo equivale, aproximadamente, a uma caminhada ou levantamento de peso por cerca de 30 minutos” (Zanotti, 2011).

    Propostas frente ao impasse: fazer exame médico prévio.

Considerações finais

    Encerro com o artigo publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte conforme Bronzatto, Silva e Stein (2001) “Sendo reconhecido que o exercício possa ter um papel contributivo na gênese de morte súbita em alguns subgrupos de indivíduos, o primeiro pensamento de médicos despreparados poderia ser o da generalização banal, servindo então como subsídio para desaconselhar a prática de exercícios objetivando a diminuição no risco relativo. No entanto, esta conduta simplista não encontra evidências que forneçam suporte a medidas anacrônicas como esta nos dias atuais. Se o exercício físico pode aumentar transitoriamente o risco relativo de eventos, o risco absoluto permanece muito baixo e a chance da ocorrência de tais eventos é por demais pequena. Além disso, o exercício físico regular é capaz de proteger o indivíduo de eventos coronários em momentos de atividade física não programada, os quais são, em geral, impossíveis de serem evitados”.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

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