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Avaliação da qualidade de vida em idosos diabéticos

Evaluación de la calidad de vida en personas mayores diabéticas

Evaluation of the quality of life of elderly diabetics

 

*Enfermeiro, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

e Saúde pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Jequié-BA

**Graduando em Farmácia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Jequié-BA

***Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

e Saúde pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Jequié-BA

****Enfermeiro. Pós-graduado em Saúde do trabalhador

pela Universidade Cândido Mendes. Jequié-BA

*****Enfermeiro. Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo

Docente do curso de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

e Saúde (PPGES) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Jequié-BA

(Brasil)

Bruno Gonçalves de Oliveira*

brunoxrmf5@gmail.com

Paulo Henrique Ribeiro Fernandes Almeida**

henriqueribeiro.farm@gmail.com

Eliane dos Santos Bomfim***

elbomfim17@hotmail.com

Randson Souza Rosa****

randson_17@hotmail.com

Eduardo Nagib Boery*****

eboeri@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida de idosos diabéticos. Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal, realizado com 91 idosos com o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2, cadastrados no programa HIPERDIA em uma unidade de saúde da família do município de Jequié-BA. A coleta de dados foi realizada no período de abril a maio de 2012, através da utilização do questionário sociodemográfico, hábitos de vida e do WHOQOL-bref. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa sob protocolo nº 135/2008. Para tabulação e análise dos dados foi usado o programa software Microsoft Excel, e o Statical Package of Social Sciences versão 21.0. Foi observado que 49,5% dos idosos já consumiram tabaco, 63,4% já fizeram uso de álcool e 37,3% estavam acima do peso. Em relação à avaliação da qualidade de vida foi tida como positiva pela maioria dos entrevistados. A partir desde estudo, foi possível desvendar a falta de cuidados de saúde dos idosos, relacionados com as condições sociais e aos hábitos de vida não saudáveis, o que podem interferir na qualidade de vida e no controle do diabetes.

          Unitermos: Diabetes Mellitus. Idoso. Qualidade de vida.

 

Abstract

          The objective of this study was to evaluate the quality of life of elderly diabetics. It is a descriptive, cross-sectional, conducted with 91 elderly diagnosed with type 2 diabetes mellitus, registered in HIPERDIA program in a health unit family in the city of Jequié-BA. Data collection was conducted from April to May 2012, using the questionnaire sociodemographic, lifestyle and WHOQOL-bref. The study was approved by the Research Ethics Committee under protocol number 135/2008. For tabulation and analysis of the data were used Microsoft Excel software program, and the Statistical Package of Social Sciences version 21.0. It was observed that 49.5% of seniors have consumed tobacco, 63.4% have already used alcohol and 37.3% were overweight. Regarding the evaluation of quality of life was seen as positive by most respondents. Starting from the study, it was possible to unravel the lack of care of the elderly, related to social conditions and unhealthy living habits, which can interfere with quality of life and diabetes control.

          Keywords: Diabetes Mellitus. Elderly. Quality of life.

 

Recepção: 19/06/2015 - Aceitação: 15/09/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As mudanças nos padrões epidemiológicos no Brasil, e o consequente aumento da prevalência dos casos de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), têm levado as autoridades de saúde a dedicar atenção especial a este grupo de agravos. Os problemas do cotidiano somados a outras ocorrências que surgem a partir da doença crônica necessitam ser trabalhados nos aspectos que refletem a interação e a adaptação do indivíduo à doença e ao meio para uma melhor qualidade de vida (QV) (Cavalcante, 2007).

    Nessa perspectiva a QV relacionada à saúde refere-se não só o estado geral de saúde, mas também aos aspectos físicos, psicológicos, cognitivos e sociais da pessoa. Recentemente com o aumento da expectativa de vida, há um crescimento do número de pessoas com idade acima de 65 anos. Essa população crescente passa pelo processo de envelhecimento, no qual conduz a uma perda progressiva no funcionamento do organismo, ocasionando o aparecimento das (DCNT) e colocando em risco a qualidade de vida do idoso (Santos, 2011).

    Neste sentido, os idosos acometidos por diabetes mellitus (DM) demandam uma atenção especial em relação ao controle da doença, muitas vezes relacionados com aos hábitos de vida não saudáveis e condições sóciodemográficas precárias. Dessa forma, observa-se que essas situações podem comprometer o controle da doença e consequentemente a QV, se não houver orientação adequada quanto à importância das complicações que as decorrem (Gomes, 2013).

    A relevância desse estudo é poder contribuir para uma reflexão acerca da melhoria da QV dos idosos diabéticos, usuários do programa HIPERDIA de uma Unidade de Saúde da Família (USF). Assim, a partir de um estudo como este poder observar à QV, e então propor mediante este conhecimento, políticas públicas que possam ser propostas e discutidas no cenário da saúde.

    Desta forma, o estudo tem como objetivo avaliar a QV de idosos diabéticos.

Método

    Trata-se de um estudo censitário, descritivo, de corte transversal, realizado de abril a maio de 2012, com 91 idosos com o diagnóstico de DM tipo 2, cadastrados no programa HIPERDIA em uma unidade de saúde da família (USF) do município de Jequié-BA. Foram incluídos no estudo indivíduos de ambos os sexos em acompanhamento pela equipe de saúde e excluídos os idosos que não concordaram em participar da pesquisa, e aqueles com déficit cognitivo que os impedisse de responder ou entender o questionário.

    Os dados foram obtidos mediante entrevistas realizadas nos domicílios, onde os participantes eram convidados e esclarecidos sobre a natureza do estudo. Após concordarem em participar do estudo, o informante assinava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e dava-se inicio a coleta de dados.

    Foram utilizados dois instrumentos para a coleta dos dados, o primeiro com questões sóciodemográficas e econômicas, hábitos de vida, acometimento por patologias e o segundo o WHOQOL-Bref que consta de 26 questões, que representam em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e do meio-ambiente.

    Para a mensuração da massa corporal foi utilizado uma balança portátil (Tech Line) e a altura (em centímetros) um estadiômetro compacto (E210-Wiso.).

    Os dados obtidos foram digitados em planilha do software Microsoft Excel, e a análise realizada no Statistical Package of Social Sciences (SPSS) versão 21.0. Realizou-se análise descritiva (frequência relativa e absoluta) para as variáveis categóricas e a média e desvio padrão para as variáveis numéricas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Protocolo CEP/UESB nº 135/2008).

Resultados

    Foram entrevistados 91 idosos acometidos por Diabetes Mellitus com a média de idade 65,1 anos (dp ±14,1).

    O estudo evidenciou a prevalência de indivíduos do sexo feminino, com renda mensal de 1 salário mínimo. Em relação aos hábitos de vida observou-se que 49,5% já consumiram tabaco, 63,4% já fizeram uso de álcool e 37,3% estavam acima do peso. Quanto à prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) 79,1% são acometidos pela doença. Entre os entrevistados 68,1% não praticavam atividades físicas regularmente.

Tabela 1. Distribuição das características sociodemográficas e hábitos de vida

dos diabéticos em valores numéricos e percentuais (Jequié-BA, 2012)

    Em relação os valores obtidos sobre a QV na análise dos domínios do Whoqol-bref, observou-se que apenas o domínio relações sociais alcançou a média acima de 70,0 pontos IC 95%(67,1-73,4) sendo o domínio de maior média. O domínio que apresentou a menor média foi o meio ambiente, 53,91 pontos IC 95% (51,8-56,0) Tabela 2.

Tabela 2. Distribuição dos domínios da QV em média e desvio padrão e intervalo de confiança, Jequié-BA, 2012

Discussão

    O estudo evidenciou que a média de idade foi de 65,1 anos. Segundo Brasil (2006), a idade é um fator de risco e grande contribuinte para a epidemiologia da DM.

    Quantos a renda mensal, observou-se que os indivíduos ganham em média 1 salário mínimo. De acordo Grilo e Gorini (2007) as precárias condições econômicas geram muitas vezes dificuldades no acesso ao serviço de saúde e limitam os pacientes no seu autocuidado afetando o seu estilo de vida e consequentemente a QV.

    Em relação ao uso de tabaco e álcool, observou-se que os indivíduos já fizeram consumo dessas substâncias. Estudos realizados com indivíduos com DCNT evidenciaram alta prevalência do uso do tabaco, como fator influenciador nas questões de estilo de vida da população, além disso, o consumo de álcool pode ocasionar o acumulo de gordura no organismo. Assim, é necessária a adoção de um estilo de vida saudável que proporcione o controle de doenças e melhorias na QV (Souza et al. 2009).

    Quanto à avaliação do IMC foi verificado que os diabéticos estão acima do peso, o que pode estar relacionado à falta de realização de atividades físicas regulares, prejudicando a QV do idoso. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (Carvalho et al, 1996) a saúde e QV podem ser melhoradas a partir da prática regular de atividade física permitindo uma maior longevidade.

    Foi possível evidenciar que 79,1% (n=72) dos diabéticos são acometidos por Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). No estudo de Gack-Ghelman; Souza; Machado (2009) demonstrou a presença de HAS em 66% dos pacientes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008), a presença de hipertensão em pessoas com o diagnóstico de diabetes é duas vezes mais comum do que em indivíduos não diabéticos.

    De uma forma geral, foi observado que os diabéticos pesquisados avaliam sua qualidade de vida como boa e sentem-se satisfeitos com sua saúde, indicando no domínio relações sociais com maior escore 70,2 pontos. Nos estudos de Beltrame (2008) e Miranzi (2008) foram encontrados resultados semelhantes, com o domínio de maior pontuação sendo relações sociais 75,1% e 71,4%.

Conclusões

    O estudo evidenciou a falta de cuidados de saúde dos idosos diabéticos, que podem estar relacionadas com as condições sociais em que vivenciam. Além disso, o estilo de vida dos idosos é composto predominantemente por hábitos de vida não saudáveis devido ao uso de tabaco, consumo de bebidas alcoólicas e não ter o hábito de praticar atividade física regular, o que é de suma importância para o controle da DM.

    Desta forma, apesar de tida como boa a QV dos entrevistados torna-se importante a adoção de hábitos de vida saudáveis associada à prática de atividades físicas, contribuindo para redução de complicações decorrentes da DM. Portanto é imprescindível o incentivo da educação em saúde por meio de políticas públicas.

Bibliografia

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  • Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). (2008). Consenso Brasileiro Sobre Diabetes 2002: Diagnóstico e Classificação do Diabetes Melito e Tratamento do Diabetes Melito do tipo 2. Rio de Janeiro: Diagraphic.

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