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A pintura corporal como recurso metodológico para o ensino 

da anatomia humana para estudantes de medicina 

da Universidade Federal do Amazonas, Brasil

La pintura corporal como recurso metodológico para la enseñanza de la anatomía 

humana para estudiantes de medicina de la Universidad Federal de Amazonas, Brasil

Body painting as a methodological resource for the teaching of human 

anatomy for medical students of the Federal University of Amazonas, Brazil

 

*Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Amazonas

**Professora de Anatomia do Instituto de Saúde

e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas

***Professora Especialista do Instituto de Saúde

e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas

****Professor/a Especialista de Anatomia do Departamento de Morfologia

do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas

*****Professora Mestre de Anatomia do Departamento de Morfologia

do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas

Larissa Goulart*

Klícia Martiniano Remijo**

Alessandra Araújo da Silva***

Nádia Gomes Batista dos Santos****

Lilian Regiani Merini*****

Luciana da Silva Brito*****

Elder Nascimento Pereira****

eldernasc@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O ensino de anatomia humana tem passado por muitas transformações, principalmente, na perspectiva do advento de alternativas para diminuir o uso do formol nas aulas práticas. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de um docente da Universidade Federal do Amazonas, sobre a utilização da pintura corporal como recurso metodológico para o ensino da anatomia humana para os estudantes de medicina. As semelhanças entre a arte corporal e as estruturas anatômicas foram significativas, pois os estudantes tiveram que levar em consideração as reais proporções das estruturas, as origens e os trajetos dos nervos, músculos e vasos. A confecção desse tipo de material leva em consideração a perspicácia do acadêmico em saber relacionar a estrutura com sua localização topográfica. A proposta da explicação também exigiu o estudo aprofundado do conteúdo. Espera-se que os resultados apresentados possam contribuir para o processo de construção do conhecimento aliado a prática médica.

          Unitermos: Pintura corporal. Ensino-aprendizagem. Anatomia humana. Estudantes de medicina.

 

Abstract

          The teaching of human anatomy has under gone many changes, mainly in alternative advent of perspective to reduce the use of formaldehyde in practical classes. The objective of this study is to report the experience of a teacher of the Federal University of Amazonas, on the use of body painting as a methodological resource for teaching human anatomy to medical students. The similarities between body art and the anatomical structures were significant because the students had to take into account the actual proportions of the structures, the origins and path ways of nerves, muscles and vessels. The making of this material takes into account the academic insight into the relationship knowing the structure with its topographical location. The proposed explanation also required in-depth study of the content. It is expected that the results may contribute to the process of knowledge construction combined with medical practice.

          Keywords: Body painting. Teaching-learning. Human anatomy. Medical students.

 

Recepção: 22/08/2015 - Aceitação: 02/10/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Ao longo da história das artes, podemos constatar diferentes intercâmbios entre arte e ciência. A combinação entre arte e anatomia era uma via de mão dupla, pois também os médicos recorriam aos artistas renascentistas, que registravam graficamente, e com especial precisão, as dissecações anatômicas (LOPES, 2005).

    A noção anatômica do corpo humano data de quinhentos anos antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto médico da escola hipocrática divulgou a anatomia do ombro logo que havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles citou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmas, que possivelmente eram figuras fundamentadas na dissecação animal (Montes, 2005).

    Artistas plásticos na idade média aplicavam princípios da matemática para conferir ilusão de volume, textura e proporção harmoniosos no intuito de reproduzir as feições anatomicamente corretas, em uma tentativa de retratar fielmente o corpo humano (Lopes, 2005).

    A lenta instauração de melhores técnicas influiu no desenvolvimento da ilustração científica de anatomia. A princípio os editores, com um critério genuinamente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam fazer grande número de desenhos de modo fácil e barato. Só mais tarde perfilharam a importância de que cada ilustração fosse análoga ao original (Persechini & Cavalcanti, 2004).

    Ramos et al. (2008) relatam que o processo ensino-aprendizagem se oferece complexo e difícil no que diz respeito ao ensino em anatomia, uma vez que a memorização de estruturas infindáveis e com nomes não muito fáceis, torna a tarefa uniforme e desestimulante para a maioria dos alunos quando não ministrado com jeito participativo.

    É fundamentalensinar os princípios básicos daanatomia desde o início do curso de medicina, e estes princípios sãoprevisivelmentemelhores assimiladosdurante as tecnicas de dissecação,e maisainda quando aplicadascoma ajudade outros recursosvisuais (Sugand & Krurama, 2010).

    A pintura do corpocomo uma ferramentapara o ensino deanatomiaestá se tornandocada vez mais popularcomo uma forma divertidade difundir o conhecimento e melhorarocontexto acadêmicoformal da disciplina.

    O presente trabalho tem por finalidade proporcionar aos acadêmicos do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas uma forma alternativa para aprender Anatomia Humana, através da utilização da arte como ferramenta integrante desse processo de construção do conhecimento, visto que está cada vez mais difícil conseguir cadáveres no estado do Amazonas/Brasil.

Materiais e métodos

    Para a pintura corporal, foram sugeridos temas que possuíam estruturas de difícil visualização nas peças cadavéricas já existentes no Laboratório de Anatomia, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas.

    A mesma foi executada utilizando-se uma técnica artística de pintura corporal apelidada de “anatomical body paint”, na qual os acadêmicos delinearam as ilustrações anatômicas, conforme visualizadas no atlas de anatomia (Netter, 2011). Os desenhos foram feitos nas áreas onde as estruturas anatômicas se projetam na superfície, exigindo a precisão de todos para relacionar o que foi desenhado com a real estrutura (figuras 1, 2, 3 e 4).

Figura 1. Anatomia da cabeça e pescoço. Ilustra a circulação linfática da cabeça e pescoço na vista posterior

 

Figura 2. Anatomia da cabeça e pescoço. Ilustra a circulação linfática da cabeça e pescoço na vista anterolateral

    Para a realização da pintura foram utilizados materiais não tóxicos e apropriados para a pintura sobre o tecido tegumentar humano, conhecido como “cara pintada” da Faber-Castell®. Os alunos realizaram teste de sensibilidade, no dia anterior a execução do projeto, com as cores a serem utilizadas.

Figura 3. Anatomia do tórax. Ilustra a anatomia de superfície elucidando a projeção das vísceras torácicas e a musculatura da parede torácica. Vista anterior

 

Figura 4. Anatomia do tórax. Ilustra a anatomia da circulação linfática do tórax

Resultados e discussão

    As semelhanças entre a arte corporal e as estruturas anatômicas foram significativas, pois os estudantes tiveram que levarem consideração as reais proporções das estruturas, as origens e os trajetos dos nervos, músculos e vasos. A confecção desse tipo de material leva em consideração a perspicácia do acadêmico em saber relacionar a estrutura com sua localização topográfica. A proposta da explicação também exigiu o estudo aprofundado do conteúdo.

    A Anatomia tem sido de acordo com a história, um dos pilares na educação médica, independentemente do país ou especialidade. Até pouco tempo, a dissecção e palestras didáticas eram sua única estratégia pedagógica (Sugand & Krurama, 2010). Novos métodos de ensino da anatomia como a utilização das artes plásticas têm sido reconhecidos e avaliados.

    A dissecação do cadáver humano como prática complementar na formação médica é imprescindível para sedimentar à ciência teórica da anatomia humana (Nascimento et al., 2011). No entanto, o futuro do ensino de anatomia deve confiar mais em recursos visuais fora da sala de dissecação (Mcnulty et al., 2009).

    O docente deve estar de prontidão para essas novas alternativas que visem despertar no alunado o interesse em aprender. Buscar alternativas para o ensino requer acima de tudo engajamento e comprometimento com o ensino de qualidade. A pintura corporal traduz esse anseio e necessidade do aluno em relação ao ensino. Para Da Silva (2014), ao utilizar biscuit para confeccionar um modelo de sistema linfático, concluiu que seus alunos puderam construir seu próprio conhecimento e enfatizou que é fazendo que se aprende.

    Dessa forma, o exercício de desenhar as estruturas internas em um corpo ajuda a entender mais sobre a anatomia de superfície. Ao estudar nas peças anatômicas, normalmente o alunonão se preocupa em saber onde encontrar as estruturas em um corpo que não está dissecado (vivo). Isto não acontece no “body paint”, pois para renderizar é necessário um conhecimento prévio sobre anatomia, o que torna as projeções mais acuradas no corpo dos parceiros de estudo.

    Nanjundaiah & Chowdapurkar (2012) concluíram que o método de pintura corporal foi bem aceito por seus alunos como alternativa eficaz para o processo de ensino/aprendizagem de anatomia, principalmente quando aplicado à clínica. Corroborando com os estudos de McMenamin (2008) que sugeriu incisivamente, após estudo qualificado com seus alunos do curso de medicina da University of Western Australia, que a utilização da pintura corporal é uma excelente alternativa complementar para a anatomia de superfície e que favorece as habilidades clínicas dos estudantes em questão.

    O estudo de Finn & McLachlan (2010), que analisou a qualidade das respostas dos alunos de medicina em relação à pintura corporal, concluiu que a pintura corporal é um complemento útil à anatomia e habilidades clínicas no processo tradicional de ensino/aprendizagem e que o elemento diversão envolve os alunos a uma entrega nos trabalhos e desarma o contexto acadêmico, muitas vezes formal, e que por sua vez promove um ambiente de aprendizagem positivo.

    Num estudo para avaliar a cor e qualidade das estruturas desenhadas foi verificado que nesse quesito não houve perda ou interferência signiticativa no desempenho dos alunos no processo de estudo e aprensdizagem de estudantes de medicina (Finn et al., 2011).

    Estudos anteriores revelaram que a utilização da pintura anatômica sobre o corpo humano de estudantes de medicina que estavam matriculados na disciplina de semiologia médica foium meio de ensinar vários aspectos da anatomia em relação ao exame físico de forma bem sucedida e agradável (Akker et al., 2002).

Conclusão

    Acredita-se que os objetivos propostos para o presente trabalho tenham sido atingidos, em quanto estudo de métodos de aprendizagem. Espera-se que os resultados apresentados possam contribuir para o processo de construção do conhecimento aliado a prática médica. Pensa- se também que essa experiência possa ser utilizada como um método cotidiano eficaz no aprendizado da anatomia humana, pois a pintura corporal é uma forma de caracterizar o corpo e aliar a projeção das estruturas com a anatomia de superfície, e que se apresenta como uma alternativa para o uso de peças cadavéricas.

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados