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Efeito do treinamento de força resistido na redução da massa gorda

Efecto del entrenamiento de la fuerza resistido en la reducción de la masa grasa

Effect of resistance strength training in reducing fat mass

 

*Professor da Secretaria Municipal de Esportes de Indaiatuba

Indaiatuba-SP

(Brasil)

José Maria Ferraz Filho*

zemaferraz@gmail.com

Jackson Barsanufo Cardoso

Milton Salles Garcia

Humberto Aparecido Panzetti

Heleno da Silva Luiz Junior

jbcardoso01@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A obesidade é considerada um problema de saúde pública, devido aos prejuízos que o excesso de massa corporal gorda causa no organismo. O treinamento de força resistido é uma das atividades que promovem alterações morfológicas e funcionais em seus praticantes, melhorando a resistência muscular localizada e promove alterações na massa corporal. O objetivo deste estudo foi investigar o efeito do treinamento de força resistido na composição corporal em indivíduos sedentários. O presente estudo teve a participação 30 pessoas, de ambos os gêneros, com idade média de 28,83 ± 4,77 anos, massa corporal de 66,61 ± 13,01 kg e estatura de 165 ± 9,26 cm. Os mesmos foram orientados a treinarem três (3) vezes por semana, no total de 60 minutos de atividade para cada sessão de treinamento, durante 16 semanas. Para a análise estatística foi utilizado o teste de Student com nível de significância de p<0,05, para determinar a diferença entre o pré e pós-treinamento. O resultado demonstra que houve mudanças significativas estatística em todas as variáveis avaliadas no estudo. Sendo assim, concluímos que o treinamento de força resistido promove alterações na composição corporal.

          Unitermos: Treinamento de força. Composição corporal. Doenças metabólicas.

 

Resumen

          La obesidad está considerada un problema de salud pública, debido al perjuicio que el exceso de masa grasa causa al organismo. El entrenamiento de fuerza resistido es una de las actividades que proporcionan cambios morfológicos y funcionales en los practicantes, mejorando la resistencia muscular localizada y promueve cambios en la masa corporal. El objetivo desde estudio fue investigar el efecto del entrenamiento de fuerza resistido en la composición corporal en personas sedentarias. El presente estudio tuvo la participación de 30 personas de ambos sexos, con edad promedio de 28,83 ± 4,77 años, masa corporal de 66,61 ± 13,01 y altura de 165 ± 9,29 CM. Estas personas fueron orientadas para entrenar tres veces por semana, sumando un total de 60 minutos de actividad física por sesión de entrenamiento, durante 16 semanas. Para el análisis estadístico fue utilizada la prueba de Student con nivel de significancia de p<0,05, para determinar la diferencia entre el pre y el post-entrenamiento El resultado demuestra que hubo cambios significativos estadísticos en todas las variables evaluadas en el estudio. Por lo tanto, concluimos que el entrenamiento de fuerza resistido promueve cambios en la composición corporal.

          Palabras clave: Entrenamiento de la fuerza. Composición corporal. Enfermedades metabólicas.

 

Recepção: 03/02/2015 - Aceitação: 12/06/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 208, Septiembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos dias atuais a obesidade está sendo considerada como um problema de saúde pública a nível mundial, cerca de 10% da população mundial sofre desse mal e cerca de aproximadamente três (3) milhões de pessoas morrem por ano devido a complicações decorrentes do acumulo de gordura no organismo (Trayhurn, 2013).

    A obesidade está associada a doenças crônicas degenerativas onde podemos citar a diabetes tipo 2, doenças do fígado, doenças cardiovasculares, sarcopenia, câncer, entre outras, tudo devido a uma má alimentação, falta de um programa de exercícios e um estilo de vida inapropriado(Garcia-Unciti, Martinez et al., 2012; Milanese, Piscitelli et al., 2013; Samjoo, Safdar et al., 2013).

    Hoje uma das atividades físicas de grande aderência por parte da população é o treinamento de força resistido ou a musculação popularmente conhecida, onde podemos citar vários benefícios para quem a pratica, dentre elas adaptações neuromusculares, metabólicas, hormonais e de resistência aos próprios exercícios (Hass, Feigenbaum et al., 2001).

    O treinamento de força a nível muscular promove várias adaptações morfológicas como à hipertrofia muscular, que é o aumento de massa magra livre de gordura, com proliferação de miofibrilas e o aumento da densidade da actina e miosina, componentes contráteis da musculatura, além de um aumento do número de mitocôndrias na muscular (Folland and Williams, 2007; Sakurai, Ogasawara et al., 2013).

    Uma sessão de treinamento de força resistido bem periodizada também auxilia em uma melhora da saúde, como o aumento da sensibilidade a insulina, diminuição dos níveis séricos de lipídios e glicose, como também a diminuição da massa corporal gorda, devido ao aumento de massa muscular, que melhora o transporte e a capitação da glicose e também da oxidação dos lipídios (Vasquez, Diaz et al., 2013).

    O objetivo deste estudo é observar o efeito do treinamento de força resistido e as alterações na composição corporal.

Metodologia

    Participaram do estudo, 30 voluntários de ambos os sexos com idade média de 28,83 anos ± 4, 77, alunos de uma academia localizada na cidade de Indaiatuba – SP. Os critérios utilizados para a inclusão dos voluntários foram: não serem ativos fisicamente, e estarem no mínimo 12 meses sem praticar atividade regular e apresentarem boas condições de saúde. Como critérios de exclusão da amostra, foram retirados da pesquisa, indivíduos com problemas cardíacos, os que faziam uso de qualquer medicamento ou apresentassem qualquer patologia que colocassem em risco a saúde dos voluntários.

    Todos os voluntários, após serem conscientizados sobre o objetivo da pesquisa, assinaram o consentimento livre e esclarecido e que continuassem suas vidas normalmente, sem restrições alimentares. Após a conscientização dos voluntários iniciou-se o processo de mensuração da estatura e da massa corporal, foram utilizados um estadiômetro de parede marca Sanny®, com escala em cm e precisão de 1 mm e uma balança mecânica da marca Filizolla®, com escala em quilograma e precisão de 100 gramas (Vianna, 2008).

    Na avaliação da composição corporal de dobras cutâneas, foi utilizado a protocolo de 7 dobras cutâneas: subescapular, tríceps, axilar média, peitoral, supra ilíaca, abdominal e coxa. Todas as medidas foram realizadas no hemicorpo direito mediante a utilização de um adipômetro marca Sanny®, com resolução decimal, faixa de medição de 0 a 78 mm e com tolerância de ± 5 mm em 78 mm (Vianna, 2008). Os dados da composição corporal foram introduzidos no software Physical Test 8.0.0 (© Terra Azul Informática Ltda.) para as devidas analises. A tabela a seguir, apresenta os dados antropométricos dos avaliados.

Tabela 1. Características antropométricas da amostra

    Após a coleta de dados, como estatura e massa corporal, aplicamos a formula para mensurar o IMC (Índice de Massa Corpórea IMC), que é a razão entre a massa corporal e a estatura ao quadrado (IMC= peso (kg/ estatura (m)²(Vianna 2008).

    As sessões de treinamento de força seguiram a orientação do Colégio Americano de Medicina do Esporte, sempre do maior para o menor grupo muscular, com uma periodicidade de três vezes semanais(Medicine 2009), durante 16 semanas. A tabela a seguir, apresenta a intensidade e a duração de cada um dos programas de treinamento.

Tabela 2. Programa de treinamento resistido

    Os dados foram expressos pela estatística descritiva, media ± desvio padrão. Para análises estatísticas do pré e pós teste, para comparação dos dados utilizou-se o teste t de Student, com nível de significância adotado de p< 0,05.

Resultados e discussão

    O gráfico1 apresenta os resultados da avaliação do peso corporal total, o peso gordo, peso magro da amostra, e os correlacionam com os resultados obtidos após um programa de treinamento de força de 16 semanas. É possível observar que todas as variáveis analisadas (peso total, peso gordo, peso magro) demonstraram significativas melhora.

Gráfico 1. Média pré e pós-treinamento das variáveis peso total, peso gordo, e peso magro

*Estatisticamente significativo (p<0,05)

    Pode-se observar pelo gráfico 1 que, se reduziu o peso total em 2,18 kg da primeira para a segunda avaliação. Tal achado vai ao encontro do verificado por Williset al. (Willis, Slentz et al., 2012) que em um estudo com 37 sujeitos obesos de ambos os sexos e média de idade de 47,0 ± 10,3 anos uma redução de 2,5 kg que realizaram 72 sessões de treino com o método combinado (treinamento de força e aeróbio). Tal achado também é confirmado pelos resultados obtidos por Lee et al. (Lee, Bacha et al., 2012) que em seu estudo com 27 adolescentes diabéticos divididos em dois grupos (um controle e um praticante de exercícios resistidos) com média de idade de 14,8 ± 1,5 anos uma redução de 3,2 kg do peso corporal total do grupo praticante de exercícios resistidos em relação ao grupo controle, além de uma melhora significativa na sensibilidade a insulina do grupo. Desse modo, a hipótese defendida pelo presente estudo no que tange ao peso corporal total foi comprovada e corroborada por outros autores, como os supracitados.

    O peso gordo e o peso magro também foram influenciados pelas 16 semanas de treinamento de força, o peso gordo reduziu significativamente, enquanto o peso magro também foi elevado significativamente. Tal fato vai ao encontro do preconizado por autores como Miller et al. (Miller, Fraser et al., 2013) que em seu artigo de revisão sobre exercício de força e obesidade concluiu que “esta revisão evidenciou que os treinos forneceram importantes benefícios para os adultos obesos passando pela restrição energética em relação à aptidão cardiovascular, força muscular e com posição corporal”.

Figura 2. Gráfico com a média pré e pós-treinamento das variáveis do percentual de 

gordura (% de gordura) e IMC (índice de massa corpórea). *Estatisticamente significativo (p<0,05)

    Dois outros importantes indicativos da composição corporal que podemos observar que sofrem significantes alterações após as 16 semanas de treino de força foram o IMC (Índice de Massa Corporal) e o percentual de gordura, como podemos ver na figura 2, conforme valores na tabela 1.

    Tais reduções nos índices mencionados vão ao encontro de um estudo de Panissa et al. (Panissa, 2009), que em seu artigo de revisão verificou após analisar diversas pesquisas que o treinamento de força é eficiente na redução da gordura corporal e no decréscimo do percentual de gordura corporal.

    Como verificou-se, todos os valores avaliados sofreram significativas alterações após o treinamento de força, tais significâncias são corroboradas em outros artigos por autores como Miller et al. (2013), Williset al. (2012), Lee et al. (2012), Panissa et al. (2009), entre outros.

Conclusão

    Os resultados deste estudo mostram que o treinamento de força resistido bem elaborado com intensidade e freqüência certa podem trazer vários benefícios em relação à diminuição de peso gordo. O treinamento de força resistido é indispensável para uma melhora de qualidade de vida em relação à saúde e prevenção de doenças.

    Está bem documentada que a diminuição de peso gordo contribui com variáveis importantes de saúde, como o perfil lipídico diminuído, um melhor controle glicêmico de diabetes, diminuição de pressão arterial em repouso, ganho de força muscular e resistência aeróbia, melhorando a capacidade funcional em um todo.

    Este estudo sugere que o treinamento de força resistido bem elaborado possa servir de tratamento não farmacológico para as doenças plurimetabólicas e que as variáveis achadas nesta pesquisa sirvam de orientações para profissionais da Educação Física prescreverem seus treinos de forma correta e com bases cientificas.

    Mais pesquisas são necessárias neste sentido, utilizando indivíduos com síndrome metabólica e de toda a camada populacional, a fim de buscarmos mecanismo para prevenção contra as doenças crônico-degenerativas e uma melhora na qualidade de vida.

Bibliografia

  • Folland, J. P. and A. G. Williams (2007). "The adaptations to strength training : morphological and neurological contributions to increased strength." Sports Med, 37(2): 145-168.

  • Garcia-Unciti, M., J. A. Martinez, et al. (2012). "Effect of resistance training and hypocaloric diets with different protein content on body composition and lipid profile in hypercholesterolemic obese women." Nutr Hosp, 27(5): 1511-1520.

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  • Vianna, M. V. A. S., Ignacio A.Seixas; Gomes, Andre Marques (2008). "The correlation between waist circunference level and physical activity degree." Revista da Educação Física, 142: 42-49.

  • Willis, L. H., C. A. Slentz, et al. (2012). "Effects of aerobic and/or resistance training on body mass and fat mass in overweight or obese adults." J Appl Physiol, 113(12): 1831-1837.

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