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Análise da influência do exercício físico na 

qualidade de vida de idosos da comunidade

Análisis de la influencia del ejercicio físico en la calidad de vida de personas mayores de la comunidad

Analysis of the influence of physical exercise on quality of life of local elderly

 

*Educador Físico. Graduado pela Universidade Regional Integrada

do Alto Uruguai e das Missões – URI Erechim, Erechim/RS

**Educadora Física. Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre/RS, Brasil. Docente dos Cursos de 

Educação Física Bacharelado e Licenciatura da Universidade Regional Integrada

do Alto Uruguai e das Missões – URI Erechim, Erechim/RS

***Educadora Física. Mestre em Envelhecimento Humano

pela Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo/RS

****Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Educação Física

e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo/RS

Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq

Lucas Rech Caovilla*

lucas.cao@hotmail.com

Adriane Carla Vanni**

adrideboni@yahoo.com.br

Camila Tomicki***

camitomicki@gmail.com

Luana Cecchin****

lucecchin@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: Cada vez mais a população idosa tem crescido mundialmente, isso se dá por diversos fatores, e um deles é a melhoria da qualidade de vida das pessoas. O exercício físico também tem uma influência muito forte sobre esse fato, a cada ano, surgem diversos estudos que comprovam ainda mais o resultado positivo que ele pode trazer para a vida das pessoas, benefícios que podem ser vistos no dia a dia e na saúde de quem tem uma vida ativa. Objetivo: Analisar a influência que o exercício físico exerce sobre a qualidade de vida de idosos da cidade de Erechim – RS. Metodologia: Foram aplicados dois questionários, um para analisar o nível de atividade física e o outro para avaliar a qualidade de vida dos participantes. Resultados: Foi possível identificar uma possível influência do exercício físico na qualidade de vida, principalmente nos domínios físicos, psicológicos e na percepção da qualidade de vida. Também foi identificada uma melhor qualidade de vida dos idosos ativos do gênero feminino sobre o masculino. Conclusão: O nível de atividade física das pessoas tem influência direta nas questões do domínio físico, trazendo benefícios em relação a dores, desconfortos, energia para as atividades de vida diária, sono, mobilidade, dependências de medicamentos e na capacidade para o trabalho.

          Unitermos: Exercício físico. Qualidade de vida. Idosos.

 

Abstract

          Introduction: Increasingly, the elderly population has grown worldwide. This is due to several factors, including the quality of life improvement. Physical exercise also has a very strong influence on this fact. Every year, there are several studies that show the positive results it can bring to people's lives. These benefits can be seen in everyday life, as well as in the health of who has an active life. Objective: To analyze the influence of physical exercise on the elderly quality of life in the city of Erechim - RS. Methods: Two questionnaires were used. One of them analyzed the level of physical activity and the other assessed the quality of life of the participants. Results: We could identify a possible influence of physical exercise on quality of life, especially in physical and psychological aspects, as well as in quality of life perception. We could also identify that active females have a better quality of life than the males. Conclusion: People’s physical activity level has a direct influence on their physical domain, which brings those benefits regarding pain, discomfort, energy for daily activities, sleep, mobility, drug dependencies and labor capacity.

          Keywords: Physical exercise. Quality of life. Elderly.

 

Recepção: 15/02/2015 - Aceitação: 26/03/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A população idosa vem crescendo cada vez mais. Em 1950, havia cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, em 1998, o número aumentou para 579 milhões de pessoas, quase 8 milhões a mais de pessoas idosas por ano. A projeção para 2050 é uma população idosa de 1900 milhões de pessoas, número igual à população infantil de 0 a 14 anos de idade (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000).

    Atualmente, o envelhecimento humano é definido como um processo gradual, universal e irreversível, que acelera na maturidade e aos poucos vai causando uma perda funcional e progressiva do organismo (Nahas, 2003).

    Existem efeitos negativos na aptidão física, funcional e na saúde do idoso. O Colégio Americano de Medicina Esportiva (American College of Sports Medicine, 2009) no seu posicionamento oficial sobre exercício físico e a atividade física para idosos relatou, a partir de evidências científicas, mudanças nas funções musculares, na função cardiovascular, pulmonar, nas capacidades físicas funcionais, na composição e no metabolismo corporal com o avanço da idade.

    As alterações que ocorrem na função muscular são a diminuição da força e potência muscular, fadiga, debilidade, equilíbrio, mobilidade, desempenho, controle motor, flexibilidade e amplitude de movimento articular, conseqüentemente, o declínio dessas funções está ligado às quedas e dificuldade na realização das tarefas de vida diárias (Matsudo, 2010), causando o aumento da dependência.

    Os benefícios da atividade física incluem aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais, de uma forma imediata ou médio prazo, proporcionando uma maior eficiência da capacidade aeróbia, manutenção ou menor perda da massa magra e níveis gerais de força e resistência, melhora da flexibilidade, assim como manutenção ou menor perda de equilíbrio, coordenação e velocidade de movimento. E psicologicamente causa relaxamento, redução da ansiedade, controle do estresse, percepção de bem estar melhorada, menor risco de depressão e melhora cognitiva também são percebidos em pessoas que praticam exercícios físicos, assim como um melhor convívio social (Nahas, 2003).

    Dessa forma, este estudo teve como objetivo analisar a influência do exercício físico na qualidade de vida de idosos residentes na comunidade.

Metodologia

    Trata-se de um estudo transversal, realizado em idosos resistentes no município de Erechim/RS, Brasil.

    A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Erechim, sob protocolo nº 506.965. Todos que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido atendendo à Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

    Foram incluídos indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 65 anos, de diversas etnias, efetivamente residindo no município e que concordavam em participar do estudo.

    Participaram do estudo 60 idosos, de comunidades, bairros, grupos sociais e projetos que envolviam o público alvo. Foi feito o convite pessoalmente e por meio de cartazes nesses pontos chaves. Após a seleção da amostra foram aplicados o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) (Craig et al., 2003) e o Questionário de Qualidade de Vida – WhoqolBref (Fleck et al., 2000), em forma de entrevista, na residência ou em um lugar estipulado para se encontrar, a entrevista foi realizada pelo autor do estudo.

    O IPAQ que é dividido em cinco sessões: a primeira relaciona-se a atividades no trabalho, é importante ressaltar que o trabalho compreendido nesta sessão, é aquele realizado de forma remunerada ou não como, por exemplo, o tempo gasto na escola, faculdade, excetuando-se o trabalho doméstico voluntário, pois este possui sessão própria. A segunda sessão trata das atividades de locomoção, sejam elas realizadas por meio de veículos automotores, bicicletas ou por meio de caminhada. Já a terceira sessão trata das atividades realizadas em casa. As atividades de lazer são relatadas na sessão quatro e a sessão cinco relaciona-se ao tempo gasto sentado. Os indivíduos foram classificados em ativos ou inativos, de acordo com o tempo gasto com as atividades físicas levantadas pelo IPAQ. A amostra foi classificada em 2 categorias: Ativo foi aquele que cumpriu as recomendações de pelo menos 3 dias da semana 20 minutos de atividade física vigorosa por sessão, ou 150 minutos por semana de caminhadas. Inativo foi o indivíduo que não realizou atividade física suficiente para ser classificado como ativo (Craig et al., 2003).

    O Whoqol-Bref é um questionário de 26 questões, onde duas buscam avaliar a percepção da qualidade de vida e a satisfação com sua saúde e as outras 24 são dividas em 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Ele é uma versão abreviada do questionário desenvolvido pelo Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde Whoqol-100, que contém 100 questões (Fleck et al., 2000).

    Para analisar os dados coletados, foi utilizada estatística descritiva (análise percentual) com o objetivo de verificar o percentual de idosos ativos e não ativos e relacionar, de forma descritiva, com os resultados da análise do questionário de qualidade de vida da amostra e comparar os resultados entre os gêneros.

Resultados e discussão

    A amostra deste estudo foi composta por 60 idosos da cidade de Erechim/RS, 44 do sexo feminino e 16 do sexo masculino, a média de idade foi de 71 anos. Destes, 40 (66,7%) foram classificados como ativos e 20 (33,3%) como não ativos.

    Quando analisadas as perguntas 1 e 2 do questionário Whoqol-bref, relacionadas à percepção da qualidade de vida e saúde dos idosos, e também analisadas as perguntas referentes aos domínios físicos, psicológicos, relações pessoais e ao meio ambiente do mesmo questionário, os idosos classificados como ativos obtiveram notas maiores que os não ativos. A figura 1 mostra as notas médias dos domínios, saúde e qualidade de vida dos idosos ativos e não ativos.

Figura 1. Médias dos idosos ativos e não ativos

    Lacourt e Marini (2006) apontam a sarcopenia, que é uma diminuição da função muscular e do tecido muscular, como um fator que influência sensivelmente a qualidade de vida de idosos, citam também fatores metabólicos, hormonais, o aumento da qualidade de tecido não contrátil, como o conjuntivo e adiposo, a perda da funcionalidade e a dependência que podem acarretar problemas psicológicos e emocionais como itens que comprometem a qualidade de vida dos idosos como um todo. Mas, programas direcionados de treinamento podem diminuir todos esses efeitos, conseqüentemente, melhorando a qualidade de vida dessas pessoas.

    Em um estudo feito com idosos, submetidos a 12 semanas de um treinamento de condicionamento físico, observou-se que a prática de exercícios físicos tem relação direta com a qualidade de vida (Amorin, Dantas, 2002). Já Carvalho et al. (2001) evidenciaram que a prática regular de atividade física pode ser um indicador de melhoria de qualidade de vida, desde que outros fatores importantes e básicos como subsistência, segurança e outros sejam preservados.

    Uma grande variedade de evidências científicas tem mostrado que o hábito da prática de atividade física se constitui não apenas de um instrumento fundamental para a promoção da saúde, evitando o aparecimento de muitas alterações fisiológicas que se associam ao processo degenerativo, mas também na reabilitação de várias patologias (Macedo, 2003). O que pode ser relacionado com a nota regular obtida nesta pergunta, pensando que algumas pessoas buscam no exercício físico uma maneira de reduzir essas patologias.

    Esses resultados vão de encontro com um estudo feito com 20 idosos sedentários, com idades entre 65 e 81 anos, submetidos a 8 semanas de treino, 2 sessões por semana com duração de 45 a 60 minutos cada uma. Foi possível detectar melhorias em componentes físicos de força, flexibilidade, equilíbrio e coordenação desses idosos (Faria, Marinho, 2004).

    Mazo et al. (2008), em seu estudo, constataram que mulheres idosas mais ativas, são mais satisfeitas com a sua autoimagem e autoestima e, consideram que a sua vida tem muito sentindo. Assim como Matsudo et al. (2000) também afirmaram que a atividade física melhora a autoestima, o autoconceito, a imagem corporal e as funções cognitivas diminuindo estresse e ansiedade.

    Estudo feito com 197 homens e 160 mulheres, submetidos a um programa aeróbio de caminhada/corrida com intensidades de 60% a 73% da freqüência cardíaca máxima, com duração de 30 minutos, 3 a 5 vezes por semana, mostrou diminuição significativa dos níveis de estresse e melhoraram a autoestima, a aparência e o humor quando comparados com o grupo controle (Nunomura et al., 2004).

    Mazo et al. (2008) detectaram que no seu estudo não houve associação entre atividade física e o domínio das relações sociais, no entanto, ao praticar exercícios físicos as voluntárias eram vistas com bons olhos pela família e amigos produzindo um bem-estar e uma melhora da autoestima.

    As relações sociais são importantes para a adesão em um programa de exercícios físicos. Segundo estudo de Freitas et al. (2007) que buscava saber os motivos de adesão e permanência de idosos na prática de exercícios físicos, foi possível identificar que 85,8% achavam importante ou importantíssimo a construção de amizades, 79,2% o aumento do contato social, 90,8% receber atenção do professor e 87,5% receber incentivos do professor.

    Quando comparados os gêneros feminino e masculino, é possível perceber que dos 16 homens que participaram do presente estudo, 87,5% eram ativos e 12,5% não ativos, e das 44 mulheres 59,1% eram ativas e 40,9 não ativas.

    As mulheres ativas obtiveram notas maiores que os homens na maioria das questões, como mostra a figura 2.

Figura 2. Notas médias por domínios dos idosos ativos

    Enquanto que as mulheres não ativas tiveram notas maiores apenas em 3 questões em relação aos homens, como mostra a figura 3.

Figura 3. Notas médias por domínios dos idosos não ativos

    Quando comparada a variável sexo com o domínio ambiente físico, o sexo feminino tem uma melhor qualidade de vida neste domínio, assim como foi apontado por Silva (2007) em um estudo com alunos, funcionários e professores da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).

    No estudo feito por Cardoso et al. (2008) verificou-se o nível de atividade física de 1652 idosos participantes de 37 grupos de convivências, as mulheres se mostraram mais ativas que os homens. A diferença que eles encontraram entre os gêneros se dá, principalmente, pelo fato de as mulheres participarem mais das tarefas domésticas.

    Foi possível verificar que ambos os grupos ficaram com uma nota considerada regular na pergunta relacionada à percepção de sua saúde. Acredita-se que esse fato ocorra, para os idosos ativos, por eles buscarem no exercício físico uma forma de melhorar suas condições de saúde, sendo que grande parte da população do estudo relatou realizar atividades físicas por indicações médicas.

    Com base nos resultados, sugere-se que sejam realizados mais estudos sobre o assunto, utilizando questionários que possam avaliar as condições socioeconômicas da amostra e também classificar os idosos em ativos e não ativos com base em questionários que avaliem o nível de exercício físico realizado, sendo que o IPAQ é um questionário que avalia o nível de atividade física, incluindo atividades como forma de trabalho, transporte e tarefas domésticas.

Conclusão

    Conclui-se que, no presente estudo, os idosos ativos apresentam resultados mais positivos em todos os fatores que o questionário WHOQL-BREF avalia, principalmente, que o nível de atividade física das pessoas tem influência direta nas questões do domínio físico, trazendo benefícios em relação a dores, desconfortos, energia para as atividades de vida diária, sono, mobilidade, dependências de medicamentos e na capacidade para o trabalho.

Bibliografia

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados