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Avaliação da incidência de dor em pianistas após prática extensa

Evaluación del impacto de dolor en los pianistas después de la práctica extensa

Evaluation of the incidence of pain in pianists after extensive practice

 

*Graduada em Fisioterapia pelo Claretiano

Centro Universitário, Batatais-SP

**Graduando em Fisioterapia pelo Claretiano Centro Universitário

Laboratório de Biomecânica do Movimento. Labim, Batatais-SP

***Graduanda em Fisioterapia pelo Claretiano Centro Universitário

Laboratório de Biomecânica do Movimento. Labim, Batatais-SP

****Docente do Claretiano Centro Universitário

Laboratório de Biomecânica do Movimento. Labim, Batatais-SP

(Brasil)

Leticia Fernandes Moraes*

moraes1805@hotmail.com

Saulo Fabrin**

saulo.fabrin@gmail.com

Nayara Soares***

naya_lmn@hotmail.com

Prof. Ms. Edson Donizetti Verri****

edverri@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A atitude do músico em relação ao estudo cria hábitos que podem contribuir para o início de problemas físicos. O movimento, força, coordenação e motricidade fina ao tocar, resultam na técnica individual do instrumentista, elaborada no decorrer de anos e fixada na memória sensitivo-motora, porém em muitas ocasiões origem importante na causa de dores. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o local e nível de dor de pianistas por meio da escala visual analógica. Metodologia: Participaram do estudo 15 pianistas, de ambos os gêneros, com tempo de prática superior a 3 anos e cinco horas semanais de prática. O desenvolvimento da avaliação ocorreu após um dia de prática extensa no piano, de forma que os participantes foram questionados sobre o valor da dor nos parâmetros da escala visual analógica, atribuindo-se assim uma nota após atividade ao piano. Resultados: O estudo sugere que houve incidência de dor bilateral, com maior predomínio na face extensora do punho e intensidade alta de valor nove. Conclusão: Concluí-se, portanto, que os que pianistas apresentaram um predomínio de dor bilateral para os extensores de punho devido à posição incorreta adotada ao executar as notas musicais, desta forma é necessário o aperfeiçoamento do movimento e melhor preparo físico específico ao efetuar as notas musicais de maneira equilibrada e sem intercorrências.

          Unitermos: Escala visual analógica. Pianistas. Dominância. Dor. Música.

 

Abstract

          Introduction: The attitude of the musician on the study creates habits that may contribute to the onset of physical problems. The motion, strength, coordination and fine motor skills to play, result in the individual technique instrumentalist, developed in the course of years and fixed in sensory-motor memory, but on many occasions important source in the cause of pain. Objective: The objective of this study was to evaluate the site and pianists pain level using a visual analogic scale. Methodology: Participants were 15 pianists, of both genders, with time more than three years and five hours a week of practice. Developing evaluation occurred after a day of extensive practice on the piano, so that participants were asked about the value of pain in the parameters of the visual analogic scale, thereby taking up a note on the piano after activity. Results: The study suggests that there were incidences of bilateral pain, with greater predominance in the extensor side of the wrist and high intensity value nine. Conclusion: We concluded, bearing, the pianists who submitted a predominance of bilateral pain to the wrist extensors due to incorrect position adopted by performing the musical notes, so it is necessary to improve the movement and better specific fitness to perform the musical notes in a balanced way and uneventful.

          Keywords: Visual analogic scale. Pianists. Dominance. Pain. Music.

 

Recepção: 16/06/2015 - Aceitação: 29/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O exercício da música passa a impressão de harmonia entre o ser humano e o instrumento tocado. Porém acima dos fatores prazerosos a música requer esforço, concentração, processamento multissensorial e memória, exigindo um empenho excepcional referente à flexibilidade, coordenação e motricidade fina (Frank; Muhlen, 2007). O músico é exposto a uma carga abrangente, que consequentemente pode causar alterações a saúde, devido aos efeitos que determinado instrumento exerce na dinâmica corporal (Stallof et al., 1991).

    A atitude do músico em relação ao estudo do piano cria hábitos que podem contribuir para o início de problemas físicos, como: falta de aquecimento, tempo de estudo prolongado, pouco ou nenhum intervalo, dedilhados complexos praticados em excesso e falta de atividades compensatórias (Frank; Muhlen, 2007). Sugere-se ainda que a prática excessiva de algumas técnicas específicas como oitavas, arpejos, passagens extensas, passagens em fortíssimo e longas sequências de acordes podem gerar dor no membro superior exigido (Sakai, 2002).

    O movimento, força, coordenação e motricidade fina ao tocar, resultam na técnica individual do instrumentista, sendo elaborada no decorrer de anos e fixada na memória sensitivo-motora, podendo ser ou não bem desenvolvida na sequência de movimentos e tensões musculares fisiológicas, podendo ser importante origem de dores (Frank, 2007).

    Muitos conservatórios não se preocupam com a postura ideal ao desenvolver as habilidades dos pianistas, proporcionando o aumento da incidência de queixas dolorosas nesta população, desta forma a Escala Visual Analógica é um instrumento simples, sensível e reprodutível, que permite análise contínua da dor, consiste em uma linha reta, não numerada, indicando-se em uma extremidade a marcação de “ausência de dor’ e na outra, “pior dor imaginável” (Souza; Hortense, 2004).

Objetivo

  • O objetivo deste estudo foi avaliar o local e nível de dor de pianistas por meio da escala visual analógica.

Material e métodos

    Participaram do estudo 15 pianistas, de ambos os gêneros, com tempo de prática superior a 3 anos e cinco horas semanais de prática. Que consentiram em participar da pesquisa após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi desenvolvido de acordo com as normas estabelecidas na resolução no. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, com parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do Claretiano Centro Universitário, aprovado sob o número 012/2010.

    O desenvolvimento da avaliação ocorreu após um dia de prática extensa no piano, de forma que os participantes foram questionados sobre o valor da dor nos parâmetros da Escala Visual Analógica (EVA), atribuindo-se assim uma nota após atividade ao piano. Esta nota foi determinada entre duas variáveis (0 = sem dor e 10 = dor extrema), por consequência também foram determinados o local de ocorrência da dor, lateralidade e dominância, caracterizando assim os aspectos de mensuração avaliados na EVA.

Resultados

    Após a aplicação do questionário foi possível observar na Tabela 1 os resultados referentes à dominância, lado da dor, local de dor (ponto específico) e EVA (após prática extensa).

Tabela 1. Caracterização da dor quanto à dominância, lateralidade, local e nota atribuída

    Os resultados indicam que a maioria dos pianistas avaliados têm dominância à direita, não sendo um fator predominante para a dor, pois esta se manteve bilateral na maioria dos casos e maior à esquerda em quatro dos músicos. Entretanto, considerando-se que o membro superior esquerdo faz a base musical com acordes ou seguindo a clave de fá, pode ser mais exigido em posição estática em relação ao membro superior direito, a depender da música executada.

    Na avaliaçao de dor subjetiva à sensação do indivíduo após um período de prática extensa, foi verificado o predomíno bilateral de dor nos extensores de punho apresentando uma média de 9 pontos na escala EVA, este fato pode ter relação com a posição a qual a maioria dos pianistas adotam na prática, sendo errôneo manter em posição estática a extensão de punho, pois na ação pianística o correto é manter o punho em neutro. Três pianistas relataram dor em face flexora de punho, mais especificamente no local de passagem do túnel do carpo, podendo ter relação com a compressão do nervo mediano. Apenas um pianista relatou dor em polegar sendo maior do lado esquerdo, este achado pode ser decorrente do fato do indivíduo ter a mão pequena e pouco alongada para efetuar o trabalho de base musical, sendo necessário algum preparo. Um pianista relatou ter dor no 4º e 5º dedos bilateral, devido à fragilidade destes dedos em relação aos outros, considerando a mecânica pesada do piano.

Discussão

    Alguns autores presumem que menor força muscular e menor amplitude de movimento podem ter influência na causa de dor, podendo ainda acrescentar como fator de risco o tensionamento muscular causado pela pressão e expectativa com o trabalho (Fishbein; Middlestadt, 1989; Pak; Chesky, 2001). Segundo Wristen (1998) as dores no membro superior podem ser causadas por distribuição incorreta de trabalho entre os músculos e o equilíbrio postural na execução do movimento.

    Muitos métodos de instrumentos de teclado oferecem recomendações quanto ao posicionamento das mãos e do corpo na execução musical, recomendações estas apenas baseadas em intuições e observações, sem qualquer base científica (Freire, 2006), porém atualmente existem métodos que condizem com a melhor forma de execução da técnica e controle postural, determinando que a posição ideal é manter os punhos em posição neutra, articular bem os dedos e prepara-los com alongamentos e exercícios no próprio piano, de forma que é importante observar estas normas para evitar descondicionamento e consequentemente dor.

    Entre alguns pesquisadores há uma concordância quanto aos movimentos mais adequados para a ação pianística, referindo-se a movimentos curvos com participação de todos os segmentos do membro superior e com um mínimo possível de fixações musculares, quando os padrões são contrários a estes a performance é dificultada e torna-se fonte de lesões (Osada, 2009). Os pianistas com o decorrer do tempo adquirem falsetes que facilitam a música à sua habilidade e não o contrário. Sendo assim, para amenizar os riscos de dor, períodos prolongados de prática devem ser divididos em pequenas seções advindas de intervalos (Watson, 2002).

    Os intervalos visam a recuperação física dos tecidos que estão sobrecarregados, podendo tornar os músculos resistentes e capazes de efetuar maior trabalho (Robinson; Zander, 2002). Durante as pausas podem ser inclusos exercícios de alongamentos da musculatura exigida na performance como um todo (Watson, 2002). Os exercícios efetuados no próprio piano devem ser acrescentados a prática com inuito de melhor o preparo de punho e dedos, utilizando as próprias teclas como treinamento de fortalecimento, progredindo em sua dificuldade, assim como realizado em atletas. A academia do músico é próprio instrumento bem executado.

Conclusão

    Concluí-se, portante, que os pianistas apresentaram um predominio de dor bilateral para os extensores de punho devido à posição incorreta adotada ao executar as notas musicais, desta forma é necessário o aperfeiçoamento do movimento e melhor preparo físico específico ao efetuar as notas musicais de maneira equilibrada e sem intercorrências. Há necessidade de realização de novos estudos sobre o tema abordado com intuito de conscientização da postura e prevenção de quadros álgicos.

Bibliografia

  • Frank, A., Muhlen, C.A.V. (2007). Queixas Musculoesqueléticas em Músicos: Prevalência e Fatores de Risco. Revista Brasileira de Reumatologia. 47 (3), 188-196.

  • Stallof, R.T., Brandfonbrener, A.G., Lederman, R.J. (1991). Textbook of performing arts medicine. New York: Raven Press.

  • Sakai, N. (2002). Hand pain attributed to overuse among professional pianists: A study of 200 cases. Medical Problems of Performing Artists. 17 (4), 178-180.

  • Sousa, F.A.E.F., Hortense, P. (2004). Mensuração da dor. In: Chaves LD, Leão ER, editores. Dor: 5º sinal vital, reflexões e intervenções de enfermagem. 75-84.

  • Fishbein, M., Middlestadt, S.E. (1989). The prevalence of severe musculoskeletal problems among male and female symphony orchestra string players. Med Probl Perform. 4, 41-8.

  • Pak, C.H., Chesky, K. (2001). Prevalence of hand, finger and wrist musculoskeletal problems in keyboard instrumentalists: the University of North Texas Musician Health Survey. Med Probl Perf. 16, 7-23.

  • Wristen, B.G. (1998). Overuse injuries and piano technique: A biomechanical approach. 1998. 291 f. PhD Thesis (Doctor in fine arts), Texas Tech University.

  • Freire, J. (2006). Aplicação do Balanceamento Muscular como ferramenta para uma melhor performance pianística. XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM).

  • Osada, M. The Lister-Sink method: A holistic approach to Injury-preventive piano technique. (2009). 90 f. Thesis (Doctor of Musical Arts), Faculty of The Graduate School at The University of North Carolina, Greensboro.

  • Watson, A.H.D. (2009). The biology of musical performance and performance-related Injury. Lanham, ML: Scarecrow Press.

  • Robinson, D., Zander, J. (2002). Preventing musculoskeletal injury (MSI) for musicians and dancers: a resource guide. Vancouver: Safety and Health in Arts Production an Entertainment. 56-79.

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