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Corrida de rua, esporte e qualidade de vida: um estudo bibliográfico

Carrera de calle, deporte y calidad de vida: un estudio bibliográfico

Street racing, sport and quality of life: a bibliographic study

 

*Faculdade Sudamérica

**Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova

(Brasil)

André Ivson Gomes de Oliveira**

Samuel Gonçalves Pinto* **

Graziella Pórfiro**

Valdilene Aline Nogueira*

Diego Marcos Aguilar**

Ronaldo de Andrade Allocca**

samuel.pto@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem por objetivo investigar a importância da corrida de rua para a melhoria da qualidade de vida, assim como os benefícios que esta atividade pode proporcionar aos praticantes e adeptos desta modalidade esportiva. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura baseada em artigos, monografias, dissertações e teses. Sendo esses nacionais, que abordam a temática corrida de rua e melhoria da qualidade de vida. A pesquisa desse trabalho foi desenvolvida a partir dos bancos de dados relacionados ao Portal Capes, como PubMed, Bireme, Scielo, Google Acadêmico, entre outros. Foram também utilizados livros que explanam sobre o assuntou que contivessem os descritores. A Educação Física, integrada a área da saúde e presente na área educacional na forma de disciplina curricular pode ter um papel importante na produção e utilização dos conhecimentos sobre qualidade de vida, especialmente porque o conceito de atividade física freqüentemente surge atrelado à melhoria da qualidade de vida.

          Unitermos: Corrida da rua. Esporte. Qualidade de vida.

 

Abstract

          The present study aims to investigate the importance of street racing to improve the quality of life, as well as the benefits that this activity can provide practitioners and enthusiasts of this sport. Therefore, a literature review was conducted based on articles, monographs, dissertations and theses. And these national, which address the issue of street racing and improving the quality of life. The research of this work was developed from the databases related to the Capes Portal, such as PubMed, Bireme, Scielo, Google Scholar, among others. Books were also used to explain about it or that contained the descriptors. Physical education, integrated with the health and present in education as a curricular subject may have an important role in the production and utilization of knowledge about quality of life, especially because the concept of physical activity appears often linked to improving the quality of life.

          Keywords: Street racing. Sport. Quality of life.

 

Recepção: 13/05/2015 - Aceitação: 25/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O atletismo é uma modalidade esportiva olímpica que faz grande sucesso no mundo todo. É notado que o número de adeptos da corrida praticada em ruas e avenidas está aumentando progressivamente, independentemente do objetivo adotado pelo indivíduo para realizar esta prática: qualidade de vida ou competição. No caso dos adeptos que tem o intuito de melhorar suas condições físicas e saúde, Fredericson e Misra (2007, apud Pereira, 2010) afirmam que a procura pela corrida se dá devido à facilidade da prática e do baixo custo para o praticante.

    Entre as diversas possibilidades, a corrida é uma excelente opção que se apresenta para esse público, haja visto que, além da praticidade - basta um bom par de tênis - os resultados podem ser notados em um período curto de tempo: diminuição e controle do estresse, do percentual de gordura corporal, melhora da qualidade do sono, diminuição do colesterol ruim, eficácia no controle do diabetes, dentre outros benefícios (Cogo, 2009).

    A corrida pode receber qualquer pessoa saudável e que busque uma atividade sem grandes limitações de espaço - pode ser realizada tanto ao ar livre quanto na esteira em dias de chuva - e o corredor iniciante não precisa ter uma habilidade específica, basta apenas o interesse em assumir um compromisso com o bem-estar.

    Vivemos num contexto atual onde estamos cada vez mais substituindo nossa atividade física em relação ao trabalho. Com a chegada da tecnologia estamos diminuindo nosso tempo de trabalho e aumentando a nossa produção. Atividades da vida diária como limpar a casa, lavar roupa e louça e abrir a porta da garagem requerem menos tempo que o habitual, podendo ser feitas em segundos, num apertar de botão ou através de alguma outra invenção tecnológica. Entende-se que com a conquista desta economia de tempo as pessoas realizariam atividades de lazer nos tempos livres. Infelizmente esta não é a realidade, a maioria das pessoas não se engaja em uma atividade física nas horas livres. (Heyward, 2004).

    O ser humano é um ser ativo, adaptado biomecânica e fisiologicamente para o movimento. Evoluímos de nômades e catadores para o homem moderno que devido sua adaptação às sociedade urbanizadas, onde as atividades físicas vigorosas antes fundamentais para a sobrevivência foram se tornando desnecessárias levando muitos ao sedentarismo. A atividade física atualmente serve para muitos como uma forma de resgatar e despertar esse estilo de vida ativo. Por isso, a corrida por ser uma atividade de fácil acesso, acaba por se tornar uma boa alternativa para aqueles que buscam um estilo de vida mais ativo (Pereira, 2010).

    Para o indivíduo que inicia na prática de uma modalidade esportiva é fundamental que sejam percebidas melhoras em suas valências físicas, ou seja, que possa ser notada uma evolução no seu condicionamento, pois isto servirá de estímulo para a continuidade nos treinamentos, em contrário, o atleta sente-se desestimulado e é grande a possibilidade de desistência.

    Hoje, cada vez mais espectadores se transformam em atletas. Não só porque se trata de um esporte simples – todo mundo sabe correr, é possível fazê-lo em qualquer lugar, a qualquer hora mas também graças ao incentivo cada vez maior à prática deste esporte, à crescente divulgação de informações sobre os benefícios que ele traz e, finalmente, à busca incessante por uma melhor qualidade de vida.No entanto, apesar de grande parte da população ter consciência desse benefício, ainda é pequena em nosso país a parcela dos praticantes regulares de exercícios. Talvez uma das razões para esse fato seja a tentativa de iniciação à prática de exercícios sem uma orientação adequada.

    Assim, a supervisão e acompanhamento durante esse processo se torna importante devido à heterogeneidade dos grupos e pela possibilidade de que com a existência do acompanhamento as expectativas do indivíduo sejam alcançadas e que essa prática não gere riscos.

    Portanto, o estudo tem por objetivo reunir informações para oferecer à grande maioria da população uma prática saudável e com resultados positivos, utilizando como metodologia uma revisão bibliográfica nos estudos feitos até o momento com a finalidade de coletar conhecimentos que possibilitem ao atleta amador uma prática com qualidade de vida.

    Para o levantamento dos artigos na literatura, rea­lizou-se uma busca nas seguintes bases de dados relacionados ao Portal de Periódicos CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), como PubMed, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Scielo (Scientific Electronic Library Online), Google Acadêmico, entre outros. Foram também utilizados livros que explanam sobre o assunto por conterem informações de melhor qualidade e compatíveis com a temática a ser desenvolvida.

    Segundo o DeCS os descritores tem a seguinte definição:

  • Corrida: Atividade em que o corpo é impulsionado por movimentos rápidos das pernas. A corrida é realizada em ritmo moderado a rápido, devendo ser distinguido de corrida moderada, que é realizado com ritmo muito mais lento. 

  • Atletismo: atividades ou jogos, geralmente envolvendo esforço ou habilidade física. Razões para aderir aos esportes incluem prazer, competição, e/ou retorno financeiro.

  • Qualidade de vida: conceito genérico que reflete um interesse com a modificação e a aprimoramento dos componentes da vida, ex. ambiente físico, político, moral e social; a condição geral de uma vida humana.

  • Atividade física: de um humano ou de animal como um fenômeno comportamental.

    Partindo dos descritores foram realizadas as buscas de informações nas bases de dados, para encontrar os artigos que irão contribuir com o desenvolvimento do projeto. No entanto, focar-se-á aqui na seleção de termos adequados para a elaboração da estratégia de busca pelo campo assunto do formulário avançado de busca, pois permitem a busca de informação por todos os campos da base de dados ou por campos específicos tais como: título do documento, tema e/ou resumo, periódico no qual o documento foi publicado, data de publicação, país de publicação, idioma de publicação, tipo de publicação (livro, anais de eventos, artigos de periódicos, teses e dissertações, etc.) e disponibilidade desde que atendam os objetivos do tema proposto. Além destas possibilidades, algumas bases de dados permitem a busca de documentos baseados no número de citações que tiveram, ou seja, pelo nível de relevância que possuem.

O encontro com os dados: desenvolvimento do estudo

    Para realizar a pesquisa proposta foram identificados os artigos científicos e os livros relacionados ao tema proposto. Para a localização de artigos científicos foi utilizada a ferramenta de busca disponibilizada nas bases de dados escolhidas como: Scielo, que disponibiliza acesso a uma biblioteca eletrônica, contendo, coleções de artigos, títulos, que possam ser utilizados como materiais de pesquisas; o Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que capacita seus usuários, na utilização de seus acervos; e por fim Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), que através de pesquisas visa desenvolvimento da saúde da população.

    Após a primeira seleção do material realizou-se uma leitura com o intuito de identificar informações, estabelecer relações entre as informações obtidas, analisar a consistência das informações. Após a leitura passou-se a redação desta revisão, a qual observou as normas exigidas pelo Curso de Educação Física e da Faculdades Sudamérica, assim como as normas da ABNT.

    Estas fontes de pesquisa foram escolhidas pelo grande acervo de periódicos, que contribuíram nas buscas dos descritores. Os descritores a serem trabalhados, foram os seguintes: corrida, atletismo, qualidade de vida e atividade física.

    Os resultados encontrados são muitos, por isso foi feita uma pesquisa mais específica, como: periódicos dos últimos 13 anos, periódicos que estivessem na língua portuguesa (Brasil). Acompanhe os resultados da busca destes nas tabelas abaixo:

Tabela 1. Resultados encontrados

Descritores

Base de Dados

Scielo

Portal Capes

Biblioteca Virtual da Saúde

Corrida and qualidade de vida

23

54

37

 

Tabela 2. Principais artigos, autores, ano e instituição

 

Artigo/livro

Autor

Ano

Instituição

1.

Qualidade de vida definição, conceitos e interfaces com outras áreas de pesquisa

Almeida, Marco Antonio Bettine de; Gutierrez, Gustavo Luis; Marques, Renato. 

2012

Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo

2.

Treinamento Intervalado para Atletas Amadores praticantes de corrida de rua: buscando a intensidade ideal

Cogo, Antonio César.

2009

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

3.

Corrida de rua: um estudo sobre os motivos de adesão e permanência de corredores amadores de Porto Alegre

Gonçalves, Gabriel Henrique Treter.

2011

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

4.

Qualidade de vida – aspectos conceituais

Kluthcovsky, Ana Cláudia Garabeli Cavalli; Takayanagui, Angela Maria Magosso.

2007

Revista Salus -Guarapuava, Paraná

5.

Qualidade de Vida do Idoso: Elaboração de um instrumento que privilegia sua opinião

Paschoal, Sérgio Márcio Pacheco.

2000

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

6.

Os benefícios da prática regular de exercícios físicos como contribuição para qualidade de vida

Rodrigues, Anderson Jones Duran.

2013

Fundação Universidade Federal de Rondônia

7.

Corrida de rua: análise do crescimento do número de provas e de praticantes

Salgado, José Vítor Vieira; Chacon-Mikahil, Mara Patrícia Traina.

2006

Faculdade de Educação Física/UNICAMP

8.

Educação Física e Qualidade de Vida: reflexões e perspectivas

Santos, Ana Lúcia Padrão dos.

2009

Universidade de São Paulo Escola de Educação Física e Esporte

9.

Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos

Seidl, Eliane Maria Fleury; Zannon, Célia Maria Lana da Costa.

2004

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro

10.

Lesões em corredores de rua: uma revisão de literatura

Souza, Ananda Silza Venam de.

2011

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG

 

Tabela 3. Tipo de estudo

 

Autor

Tipo de estudo

1.

Almeida, Marco Antonio Bettine de; Gutierrez, Gustavo Luis; Marques, Renato. 

Bibliografia

2.

Cogo, Antonio César.

Revisão de literatura

3.

Gonçalves, Gabriel Henrique Treter.

Pesquisa exploratória de natureza descritiva

4.

Kluthcovsky, Ana Cláudia Garabeli Cavalli; Takayanagui, Angela Maria Magosso.

Pesquisa descritivo-reflexiva

5.

Paschoal, Sérgio Márcio Pacheco.

Revisão de literatura

6.

Rodrigues, Anderson Jones Duran.

Revisão expositiva através de análise documental

7.

Salgado, José Vítor Vieira; Chacon-Mikahil,Mara Patrícia Traina.

Coleta de dados em arquivos oficiais e sites especializados da internet dos organizadores em provas de pedestrianismo

8.

Santos, Ana Lúcia Padrão dos.

Pesquisa descritivo e exploratório

9.

Seidl, Eliane Maria Fleury; Zannon, Célia Maria Lana da Costa.

Revisão de literatura

10.

Souza, Ananda Silza Venam de.

Revisão de literatura

Atividade física: considerações gerais

    A evolução biocultural dos seres humanos foi caracterizada com uma série de interações complexas entre os indivíduos e o ambiente, e as mudanças adaptativas associadas ao seu entorno social. Durante o processo de adaptação o ser humano passou por uma transição de um estilo nômade para um estilo de vida mais estável. Embora o tempo destas mudanças tenha variado, o ser humano apresentou diversas respostas biológicas e comportamentais em função das condições ambientais em que se encontrava.

    A espécie humana utilizou sua capacidade de movimentar-se para conseguir feitos extraordinários ao longo do seu processo evolutivo, porém hoje os indivíduos ignoram esta capacidade e passam a adotar um estilo de vida sedentário, o que causa sérias conseqüências de um modo geral e em particular na área da saúde (Santos, 2009).

    Para combater o sedentarismo, o estilo de vida ativo vem sendo cada vez mais valorizado pela sociedade em geral e a mídia tem salientado a importância do combate a inatividade na prevenção de doenças e na promoção de saúde.

    Neste sentido, pode-se afirmar que assuntos relacionados a atividade física de uma maneira geral tomaram uma nova dimensão no cotidiano dos indivíduos e os valores relativos a tais práticas passaram a ter uma importância vital, a ponto de se tornar condicionantes da própria evolução humana. Porém, para compreender um fenômeno é crucial que seu conceito seja adequadamente estabelecido.

    “Atividade física é todo movimento corporal voluntário humano, que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso,caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos exercícios físicos.Trata-se de comportamento inerente ao ser humano com características biológicas e socioculturais.

    No âmbito da Intervenção do Profissional de Educação Física, a atividade física compreende a totalidade de movimentos corporais, executados no contexto de diversas práticas: ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação,lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais.” (CONFEF, 2002)

    Após a regulamentação da Educação Física em 1998 como profissão, alguns documentos surgiram para nortear tanto a prática profissional quanto a formação profissional e em alguns casos o tema “qualidade de vida” é mencionado. De certa forma, tais documentos e seus autores tornam-se referên­cias para a sociedade contemporânea.

    Assim, seja por vontade própria, seja por indicação médica, é cada vez maior a quantidade de pessoas que buscam a melhoria da qualidade de vida e isso se dá por meio da participação em alguma modalidade esportiva.

    Juntamente a essa mudança de mentalidade em relação à prática esportiva, estão associados os benefícios que essa proporciona aos seus praticantes, seja fisiologicamente, socialmente ou psicologicamente. Segundo Souza (2011) “[...] observa-se o desenvolvimento de atividades físicas ao ar livre, como as caminhadas e as corridas, também denominadas como atividades de pedestrianismo”.

Corrida de rua: de que prática falamos?

    As Corridas de rua surgiram e se popularizaram na Inglaterra no século XVIII. Posteriormente, a modalidade expandiu-se para o restante da Europa e Estados Unidos. No final do século XIX, após a primeira Maratona Olímpica, as Corridas de Rua ganharam difundiram-se ainda mais, particularmente nos Estados Unidos (Salgado, 2006).

    O ato de correr está instalado em uma grande teia de significados que pode ser observado na atualidade e nos diferentes momentos da existência humana conhecida. São encontrados registros desta ação nos mais antigos e variados materiais arqueológicos, sugerindo que a prática da corrida perdura desde as civilizações mais primitivas, seja por necessidade ou expressão. Mesmo sendo uma prática muitas vezes considerada nobre, a maior parte das referências traz consigo a presença da dor, da superação, do risco ao fracasso e até da ocorrência da morte. Na famosa e legendária façanha que dá origem a maratona, a morte encerra a narrativa sobre um soldado que percorreu mais de 35 km entre as cidades de Maratona e Atenas com intuito de avisar a vitória dos gregos sobre os persas na guerra (Gonçalves, 2011).

    Paralelamente ainda na década de 70 surgiram provas onde era permitida a participação popular junto com os corredores de elite – cada grupo largando nos respectivos pelotões. 

    Atualmente, o critério da Federação Internacional das Associações de Atletismo/IAAF (2005) define as Corridas de Rua, as chamadas provas de pedestrianismo, como as disputadas em circuitos de rua, avenidas e estradas com distâncias oficiais variando entre 5 e 100 Km. (Salgado, 2006, p. 92).

    Pertencer ao contexto esportivo e se apresentar como “atleta” ou “corredor” passou a ter valor simbólico de superioridade física, disciplina e outros valores que, em geral, dão ao indivíduo um lugar de respeito na comunidade. Esta relação de “correr” com a “superioridade física” pode ter sido reforçada pela teoria do médico norte-americano Kenneth Cooper, criador do "Teste de Cooper", que prega a prática de corridas (Salgado, 2006).

O crescimento e a expansão da corrida

    Desde a década de 70, no mundo inteiro, e principalmente, nos últimos anos, no Brasil, houve um grande aumento na procura por esse tipo de atividade (Gonçalves, 2011).

    A princípio, a busca pela prática da corrida de rua ocorre por diversos interesses, que envolvem desde a promoção de saúde, a estética, a integração social, a fuga do estresse da vida moderna, a busca de atividades prazerosas ou competitivas.

    Referindo-nos a última perspectiva, ser competitivamente bem classificado tornou-se um atrativo, visto que isso se associa ao grande número de provas com premiações, dos mais variados valores, em dinheiro ou em bens, patrocínios, prestígio social, ou ainda, o estar em evidência (Salgado, 2006).

    Somado a isso, (Souza, 2011) revela que a possibilidade de participação de amadores juntamente com atletas de elite na corrida fez com que a modalidade crescesse de maneira extraordinária, com a criação de mais provas e reconhecimento do mesmo como esporte.

    Assim, existem basicamente três tipos de público para esse tipo de corrida (Salgado, 2006):

  1. os que correm e procuram apenas seu próprio tempo e posição;

  2. os que conferem os resultados para ver como foi o seu desempenho, de seus amigos ou apenas para descobrir o vencedor; e

  3. os diretores de provas, que vêem os resultados como dados estatísticos e de investimentos.

    Esse crescimento se deve a algumas peculiaridades do esporte como: fácil acesso da população apta, baixo custo para organizadores, assim como para o treinamento e participação, caracterizando-se por ser uma atividade física popular ou de massa e, inclusive, por ser considerada uma atividade relevante na perspectiva do lazer (Gonçalves, 2011).

Corrida e qualidade de vida

    Desde a Grécia antiga, as primeiras competições se resumiam basicamente às corridas; este fato ilustra a importância dada á modalidade pelos atletas e treinadores da época, sabedores do seu valor na formação de um corpo forte, resistente e bem proporcionado esteticamente, haja visto a perfeição em todos os planos ser uma busca constante daquela civilização (Cogo, 2009).

    Segundo Rodrigues (2013) o ato de andar, pedalar, nadar, dançar, correr em velocidade moderada são exemplos de atividades aeróbias que por sua vez estimulam os pulmões, o coração, a circulação, para levar o oxigênio aos músculos,desde sejam realizados com movimentos não muito rápidos. Esta categoria de exercício é a que traz mais benefícios ao organismo, diminuindo a chance de doenças cardiovasculares e melhorando qualidade e expectativa de vida, pois somente os exercícios aeróbios de longa duração utilizam as reservas de gordura do corpo humano como fonte de energia.

    Após vários testes e estudos comparativos, verificou-se, à época de Cooper, que a corrida era a atividade onde ficavam mais evidenciadas as adaptações provocadas pelo treinamento aeróbio; além disso, devido à praticidade e simplicidade que a modalidade oferece, é a ideal para ser praticada por todos, cada um segundo seu nível de condicionamento.

    Seu método chegou ao Brasil na década de 70, e a associação do seu nome às corridas foi tanta que, naquela época, corrida era sinônimo de Cooper, no sentido literal da palavra: as pistas de corrida nos parques eram chamadas de “Pistas de Cooper”.

    Cooper (1983, apud, Cogo, 2009) enfatiza que o nosso organismo necessita regularmente, para seu desenvolvimento, de exercícios e que estes não são apenas úteis para satisfazer a vaidade da aparência física, mas, principalmente, contribuem de modo decisivo para a manutenção da saúde e para o prolongamento da vida útil.

    Conforme Machado (2009, apud Cogo, 2009) boa parte da população tem uma variedade de tarefas complexas, envolvendo raciocínio e criatividade, o que, conseqüentemente, acarreta uma diminuição do gasto energético e o surgimento de doenças crônico-degenerativas, ao contrário da sociedade antiga, onde o ser humano tinha como atividades diárias a corrida e a caminhada.

Considerações finais

    Dessa forma, por tudo que foi acima exposto, a adoção do hábito de praticar atividade física regular, especificamente a corrida de rua, pode e deve ser utilizado por corredores iniciantes, posto que, em virtude dos resultados apresentados, baseados em pesquisas acadêmicas, pode-se afirmar que são claros os benefícios para a qualidade de vida do individuo nos seus diversos aspectos (físicos, psicológicos, sociais ou fisiológicos), desde que sejam corretamente orientadas por um professor de Educação Física que é capacitado para exercer atividades por meio de intervenções, de avaliação, de prescrição e orientação de sessões de atividades físicas com fins educacionais, de treinamento, de prevenção de doenças e promoção da saúde.

Bibliografia

  • Almeida, M., Bettine, A., Gutierrez, G. L. e Marques, R.(2012). Qualidade de vida definição, conceitos e interfaces com outras áreas de pesquisa. São Paulo: Edições Each.

  • Azevedo, L. F. et al (2010). Recomendações sobre Condutas e Procedimentos do Profissional de Educação Física. Rio de Janeiro: CONFEF.

  • Cogo, A. C. (2009). Treinamento Intervalado para Atletas Amadores praticantes de corrida de rua: buscando a intensidade ideal. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

  • Gonçalves, G. H. T. (2011). Corrida de rua: um estudo sobre os motivos de adesão e permanência de corredores amadores de Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

  • Heyward, V. H. (2004). Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. (4ª ed.) Porto Alegre: Artmed.

  • Paschoal, S. M. P. (2000). Qualidade de Vida do Idoso: Elaboração de um instrumento que privilegia sua opinião. Universidade de São Paulo, 252.

  • Pereira, J. L. R. (2010). Lesão em corredores: Aspectos Preventivos através de uma abordagem epidemiológica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Nov. 2010.

  • Pitanga, F. J. G. (2002). Epidemiologia, atividade física e saúde. Revista Brasileira de Ciências e Movimento, 3, 49-54.

  • Rodrigues, A. J. D. (2013). Os benefícios da prática regular de exercícios físicos como contribuição para qualidade de vida. Fundação Universidade Federal de Rondônia Núcleo de Saúde.

  • Salgado, J. V. V., Chacon-Mikahil, M. P. T. (2006). Corrida de rua: análise do crescimento do número de provas e de praticantes. Conexões, Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp, n. 1, 90-99.

  • Santos, A. L. P., Simões, A.C. (2012). Educação Física e Qualidade de Vida: reflexões e perspectivas. Saúde Soc. São Paulo, n.1, 181-192.

  • Santos, A. L. P. (2009). A relação entre a atividade física e a qualidade de vida. Universidade De São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte, 174.

  • Seidl, E. M. F., Zannon, C. M. L. C. (2004). Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Caderno de Saúde Pública, n. 2, 580-588.

  • Souza, A. S. V. (2011). Lesões em corredores de rua: uma revisão de literatura. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG.

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