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Percepção dos pais quanto à influência do andador 

infantil no desenvolvimento motor de seus filhos

La percepción de los padres sobre la influencia del andador infantil en el desarrollo motor de sus hijos

Perception of parents as to influence of babe walker motor development of their children

 

*Fisioterapeuta, Estudante de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica

Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Porto Alegre, Rio Grande do Sul

**Professor Assistente da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA

Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade e especialista em Fisioterapia Neurológica

Uruguaiana, Rio Grande do Sul

Pâmela Pissolato Schopf*

Christian Caldeira Santos**

pp.schopf@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Objetivou-se conhecer as percepções e crenças dos pais e/ou responsáveis quanto ao uso do andador infantil nos primeiros anos de vida de seus filhos. Foram entrevistados 20 pais, os quais responderam um questionário com perguntas estruturadas e semi-estruturadas quanto à utilização ou não do andador até os 18 meses pelos seus filhos. Posteriormente foram separados em dois grupos: crianças que utilizaram o andador infantil e crianças que não utilizaram. As respostas foram analisadas e submetidas à Técnica da Análise Temática de Bardin. Assim observou-se frequência similar diante da decisão de usar ou não do andador entre os pais, porém quando avaliou os motivos que levaram a tomarem tal decisão, percebeu-se uma forte relação das crenças sobre os efeitos de seu uso. Conclui-se dessa forma que os pais parecem ser influenciados por crenças e sentimentos e não pelo real significado do uso do dispositivo sobre o desenvolvimento motor dos seus filhos.

          Unitermos: Percepção. Desenvolvimento infantil. Equipamentos para lactentes.

 

Abstract

          This study aimed to understand the perceptions and beliefs of parents regarding the use of child walker in the first years of life of children. We interviewed 20 parents who answered a questionnaire regarding the use or not of the walker by 18 months of children. Subsequently were divided into 2 groups (children who used child walker X children who were not). We observed a similar frequency on the decision to use or not the walker, but when we analyzed the reasons to take such a decision, it was noticed a strong relationship of beliefs about the effects of its use. It follows thus that parents seem to be influenced by beliefs and feelings and not the actual significance of the use of the device on the motor development of the child.

          Keywords: Perception. Child development. Infant equipment.

          O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua realização.

 

Recepção: 18/05/2015 - Aceitação: 28/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O desenvolvimento sensório motor é enriquecido pela maturação neurológica, especificidade da tarefa e da interação da criança com os inúmeros estímulos externos do meio em que ela se vive. Ele é considerado como um processo sequencial e contínuo, onde se adquire uma enorme variedade de movimentos e consequente aprimoramento de habilidades, as quais migram de movimentos simples e descoordenados para habilidades complexas e organizadas, surgindo na direção céfalo-caudal e do plano proximal-distal, de uma forma não linear, porém previsível, ou seja, inclui períodos marcados por grandes aquisições motoras e outros tidos como platôs comportamentais, destinados ao aprimoramento e organização (Lima et al., 2001; Campos, 2003; Haywood, Getchell, 2004; Saccani, Valentine, 2010)

    Nesse sentido o desenvolvimento sensório motor acaba assumindo um papel coadjuvante no universo de crenças adotadas pelos pais, os quais acabam não possuindo noções de como tratar seus filhos e tendem a agir principalmente em função dessas crenças e experiências adquiridas, causando deste modo uma influência significativa na interação pais-bebê (Melchiori, Alves, 2001). Neste contexto, as crenças são tidas como noções sobre a natureza da realidade, as quais moldam nossas percepções e são adotadas com convicção e fé (Strout, Thorn, Jensen et al., 2001).

    Deste modo, esse conhecimento engloba diferentes convicções quanto aos períodos mais prováveis para a aquisição de certos marcos motores e habilidades cognitivas durante o desenvolvimento infantil (Moura, Ribas, Piccinini, 2004).

    Tendo em vista o desejo de ver o filho andando sozinho e rápido faz com que muitos pais recorram a estratégias, as quais “pulam” a sequência lógica dos marcos motores. Percebe-se que uma dessas estratégias utilizadas é o uso do andador infantil (Chagas, 2010). Um estudo publicado sugeriu-se que os pais não percebem o andador infantil como perigoso, e que mesmo a ocorrência de uma lesão relacionada com seu uso não impede a continuidade da utilização futura deste com a mesma criança ou seus irmãos; relata ainda que as lesões cranianas são a principal causa de morte e morbidade durante a infância e estima-se que 90% dessas lesões seriam evitáveis (Rehmani, 2010).

    Em países em desenvolvimento, as orientações por profissionais da saúde e/ou evidências científicas¹º não têm promovido efeito na opção das famílias por fazer uso ou não do andador infantil com seus filhos, o que incide na decisão são as crenças culturais, mitos ou interesses pessoais, como por exemplo, a facilitação da marcha, manter a criança entretida e lhes proporcionar uma exploração mais abrangente do meio em questão; ao contrário do observado em países desenvolvidos, como é o caso do Canadá onde a comercialização deste tipo de dispositivo foi proibida (Chagas, Mancini, Tirado, 2011).

    Com base no exposto e na deficiência de estudos sobre o andador infantil na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, associado ao não conhecimento dos reais motivos que levam os pais a optarem pelo uso ou não desse equipamento no município de Uruguaiana e também da necessidade do conhecimento das percepções dos mesmos, esta pesquisa se fez necessária.

    Dessa forma o presente estudo teve por objetivo conhecer as percepções e crenças dos pais e/ou cuidadores quanto ao uso do andador infantil nos primeiros anos de vida de crianças matriculadas em duas creches da cidade de Uruguaiana – RS.

Metodologia

    Partiu-se de um estudo transversal, qualitativo com abordagem exploratória, onde a população deste estudo foram os pais e/ou responsáveis por crianças matriculadas em duas escolas de educação infantil da área central e periférica do município de Uruguaiana. Eles foram convidados a responderem a um questionário com perguntas estruturadas e semi-estruturadas quanto à utilização ou não do andador infantil por seus filhos.

    A seleção dos locais para realização deste estudo foi intencional, de acordo com a população atendida nas referidas escolas infantis, onde as mesmas possuíam alunos com idade de aquisição de marcha.

    Para ser incluso no trabalho, os pais/responsáveis de crianças matriculadas nas duas escolas foram convidados a participarem da pesquisa, salientando que nenhum risco físico se aplica ao experimento. Foram excluídos da pesquisa os pais de crianças os quais relataram história em seus filhos de deficiência física, lesão encefálica, prematuridade, síndromes e os pais de crianças maiores de 18 meses de idade.

    Aos que aceitaram participar foi solicitado o preenchimento de um questionário na presença da pesquisadora, bem como assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, o qual explicava os objetivos da pesquisa. Neste foi assegurado total anonimato da identidade dos participantes.

    Os questionários após recolhidos foram separados em dois grupos: Grupo A, crianças que utilizaram o andador infantil, e Grupo B, crianças que não utilizaram. A partir das respostas dos questionários se verificou a frequência da utilização do andador infantil pelas crianças de 12 a 18 meses, das duas escolas de educação infantil do município de Uruguaiana.

    Para conhecer as percepções e crenças dos pais e/ou cuidadores quanto ao uso do andador infantil nos primeiros anos de vida da criança foram lidas e analisadas as respostas dos questionários e estas foram submetidas à Técnica da Análise Temática de Bardin. Esta permitiu a pesquisadora identificar eixos temáticos estabelecidos de acordo com as perguntas respondidas pelos pais sobre a utilização do andador infantil pelos seus filhos. Este estudo foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) sob Protocolo Nº 221.068 de 10/04/2013.

Resultados e discussão

    Um total de 20 questionários foi entregue pelos pais das crianças matriculadas nas duas escolas de educação infantil selecionadas para participarem do estudo. Nestes 10 pertenceram ao sexo masculino e 10 ao sexo feminino. Estes questionários foram subdivididos em dois grupos: A (pais que utilizaram o andador infantil em seus filhos) e grupo B (pais que não utilizaram o andador infantil em seus filhos). No final, obteve-se uma frequência similar para ambos os grupos, pois 50% dos pais optaram pelo uso do andador infantil com seus filhos e 50% preferiram não utilizá-lo.

    Os resultados do presente estudo não corroboram com o evidenciado por pesquisas publicadas em 2003, que ao realizarem uma entrevista com pais ou cuidadores de 291 crianças com idade entre 12 e 24 meses, obtiveram como resultado um número elevado de pais (68%) que optaram pelo uso do andador infantil, por acreditarem que ele contribuía para a aquisição da marcha e dava autonomia (Aburdene, Kukoc, 2005).

    A Sociedade Brasileira de Pediatria enfatiza que o andador infantil vem sendo utilizado por um número ainda maior de crianças que o evidenciado no estudo, apesar das recomendações contrárias dos profissionais da área da saúde, estima-se que 60 a 90% das crianças com idade entre seis e quinze meses façam seu uso.

    Frente às percepções dos pais dos dois grupos quando solicitados a definirem o andador infantil, eles não conseguiram conceituá-lo satisfatoriamente. Em suas respostas o consideraram-no apenas um recurso para a aquisição da marcha:

    “Maravilhoso, pois tem crianças que não tem esse “previlégio” [...] (mãe GA01)”; “Que pode ser usado em todos os bebês sempre respeitando os limites de cada um, e obtendo cautela e atenção nas utilizações (mãe GA07)”; “Que possibilita a criança a andar mais rápido e firme (mães GA04, GA10, GA06)”, “Fundamental no desenvolvimento da criança (mãe GA09)”.

    Por outro lado pais do grupo B definiram o andador infantil como sendo um recurso que:

    “Deve ser utilizado o menos possível, em caso de necessidade (mãe GB03)”; “Atrapalha o desenvolvimento muscular normal da criança (mãe GB04)”; “Possibilita locomoção; que pode proporcionar novas descobertas (mãe GB06, GB07)”; “Deve ser acompanhado passo a passo... em cada dia.... (mãe GB01)”.

    Embora se encontre uma diversidade quanto à definição do que é realmente o andador entre os grupos, pontos comuns foram expostos; como o fato de haver uma idade apropriada para sua inserção no cotidiano da criança se realmente necessário o seu uso, pois é indispensável que a criança apresente força muscular suficiente para manter seu peso contra a ação da gravidade e ser estável a ponto de compensar os desequilíbrios do corpo enquanto dá seus passos, bem como, a necessidade de total atenção e supervisão de um adulto no momento em que a criança esteja utilizando o equipamento, pois ao mesmo tempo em que confere certa independência à criança é também um dos maiores responsáveis por injúrias físicas, pois, as crianças nessa fase ainda não possuem a noção de perigo.

    Na literatura, define-se o andador infantil como sendo um recurso que contém uma base com rodas que suporta uma armação rígida que apoia um assento com aberturas para as pernas e geralmente possui uma bandeja plástica (Waksman, 2007), sendo utilizado como apoio por crianças que necessitam aprender a andar (Saccani, Valentine, 2010). Já nos relatos expressos pelos pais que compuseram o grupo A, houve dúvidas quanto à decisão de usar ou não o andador infantil com os seus filhos, na maioria das vezes essa dúvida era pautada por opiniões negativas que receberam e por experiências anteriormente vivenciadas:

    “Talvez por prejudicar a formação das pernas e pelos riscos de acidentes (mãe GA09)”; “Acho que faz com que a criança ande muito afobada (rápida) e impede seu equilíbrio normal (mãe GA03)”.

    Algumas mães do grupo A relatam a certeza quanto ao uso do andador infantil com seus filhos, declarando ser este um aliado importante para o desenvolvimento da criança:

    “Ele ajuda no equilíbrio, coordenar direção, independência de direção e escolha no ambiente (mãe GA06)”; “Ajuda a criança a ficar mais firme, confiante para dar os primeiros passos (mãe GA04)”.

    Nos relatos das mães pertencentes ao grupo B, se evidencia a certeza que não utilizariam o equipamento com seus filhos, essa certeza baseou-se nas observações diárias, nos ganhos motores da criança, bem como possíveis alterações no caminhar dos bebês:

    “Cada criança tem seu tempo e sua agilidade. Concluí que o andador não é recomendável, tem que se deixá-los ir adiante com seu esforço mesmo. (mãe GB05)”; “Proporciona a criança uma falsa estabilidade no caminhar e também anda nas pontas dos pés. (mãe GB06)”; “Atrapalha o desenvolvimento muscular normal da criança (mãe GB04)”.

    Duas mães deste mesmo grupo embora não houvessem utilizado o andador com seus filhos, argumentaram que seu uso pode ser positivo ao desenvolvimento, desde que os pais mostrem coerência com relação à escolha da idade do filho para a nova experiência proposta:

    “De acordo com a faixa etária deve ou não ser utilizado, principalmente quando a criança conseguir suportar o seu próprio peso e para adquirir confiança (mãe GB03)”; “Muitas vezes as mães põem seus filhos muito cedo no andador, sem mesmo perceber que a criança não está pronta para o que a mãe está lhes propondo (mãe GB09)”.

    Durantes os primeiros quatro trimestre da vida, a criança vai percorrer etapas importantes para seu desenvolvimento motor, as quais serão assimiladas por meio de tentativas, erros e repetições, e esses marcos motores vão permitir que a criança adquira capacidades, ganhando a experiência de controlar o corpo contra a gravidade, desenvolvendo e aprimorando então o equilíbrio, balanço e movimentos recíprocos, criando novas conexões cerebrais, representando aspectos de uma evolução neurológica (GOLDBERG, SANT, 2002), que se dá devido ao amadurecimento do mesencéfalo, parte do cérebro responsável pela remessa de mensagens ligadas a realização dos movimentos (Aranha, 2005).

    Frente à orientação profissional para o andador infantil, as respostas dos pais evidenciam que os pediatras salientaram possíveis efeitos negativos quanto ao uso do andador infantil, bem como seu posicionamento contrário ao uso:

    “Disse pra ter cautela e muita atenção, pois os acidentes gerados com o mesmo geralmente lastima muito a criança (mãe GB08)”; “Falou que era contra o uso, [...] que a criança não precisa (mãe GB02)”.

    Os resultados do estudo corroboram com os encontrados por Wasman (2006) onde em um grupo de 30 pais, apenas 3 durante as consultas com o pediatra receberam informações sobre o uso do andador infantil e acabaram por utilizar o equipamento sem saber as possíveis alterações no desenvolvimento da criança.

    Em contra partida em um estudo realizado na Inglaterra em 2003, cerca de 89% dos pediatras demonstraram que possuem conhecimentos dos riscos do uso do andador durante o desenvolvimento motor, porém ressaltam que as evidências são escassas a ponto de poderem influenciar na decisão dos pais, destes 74% recomendavam com frequência que os pais não optassem pelo uso do andador com seus filhos (Rhodes, Kendrick, Collier, 2003). No estudo realizado em Uruguaiana as informações recebidas parecem não haver influenciado na decisão dos pais quanto à utilização; uma vez que, apenas cinco (25%) dos pais receberam estas orientações, sendo que quatro optaram pelo uso e apenas um dos cuidadores fez a decisão de não utilizar o equipamento.

    Apesar de evidências inconclusivas sobre os reais efeitos do uso do andador infantil, os profissionais da área da saúde baseiam-se no fato que o padrão de marcha possa ser prejudicado pela alteração do centro de massa, dificultando desse modo o desenvolvimento adequado dos componentes neuromusculoesqueléticos (Chagas, 2010). Em um estudo realizado por Coelho (2006) mediante a observação de 110 prontuários médicos de crianças o andador pode trazer mais prejuízos que benefícios, pois constatou que a maioria das crianças que utilizaram o andador infantil desenvolveram alterações posturais e comportamentais, normalmente por este ser utilizado entre os sete e dez meses de idade, fase em que a criança encontra-se entre o engatinhar e os primeiros passos.

    Na grande maioria das vezes as crianças passam horas no andador sobre a ação muscular e da gravidade, as quais aplicam sobre os ossos forças que podem levar ao desalinhamento e trações anormais (Chagas et al. 2011; Hebert, Xavier, 2003).

    A decisão dos pais de permitirem que seus filhos usem ou não o andador infantil pode fundamentar-se em crenças culturais e interesses pessoais, as quais ilustram efeitos positivos e negativos ao desenvolvimento da criança:

    “Ajuda a criança a ficar mais firme e caminhar mais rápido (mães GA04 e GA08)”; “Eles se sentem mais independentes [...], estimula a caminhar e também estimula o bebê há estar um pouco mais independente da mamãe, ou seja, ir (mãe GA06)”.

    Algumas mães ainda salientaram que consideram essa uma forma de manter a criança entretida e podendo assim realizar suas tarefas:

    “Era muito agitado e chorão, foi um meio de distração (mãe GA01)”; “Comecei a usar pra manter a criança entretida [...] (mães GA02, GA03, GA08, GA10)”.

    As mães pertencentes ao grupo B salientaram implicações negativas ao uso:

    “Proporciona a criança uma falsa estabilidade no caminhar e também anda nas pontas dos pés (mãe GB06)”; “É preciso que desenvolvam os músculos corporais para que se adquira equilíbrio e motricidade, o que deixa de acontecer naturalmente com o andador (mãe GB04)”; “Proporciona perda da autoconfiança, e forma-se dependente do mesmo (mãe GB02)”.

    As mães que optaram pelo uso do andador infantil, citam os benefícios que o mesmo proporcionou a criança, merecendo destaque o desenvolvimento, independência e confiança, além da aquisição da marcha e ganho nos componentes musculares e ósseos dos membros inferiores, contrariando as expectativas negativas impostas pelas crenças quanto ao uso do andador infantil, onde a criança perderia a chance de engatinhar, desenvolver noções de espaço e testar seu equilíbrio. O que também é observado por Chagas et al. (2011), quando comparou os benefícios versus malefícios do uso do equipamento e conclui que a própria experiência do uso do andador com os filhos, fez com que os pais tivessem modificado o conteúdo das crenças que possuíam, pois consideraram positivo o seu uso.

    A relação das crenças sobre os efeitos do uso do andador infantil interferiram e basearam as decisões de cada grupo, sendo responsáveis desse modo pelas condutas maternas adotadas. Em estudo realizado nos Estados Unidos da América (EUA), trouxe como resultado que o principal motivo que levou as mães a não utilizar o andador (79% de todos os casos) estava ligado ao risco de acidentes (Dilillo, Damashek, Peterson, 2001), o que não se observou no presente estudo, onde apenas uma das responsáveis relacionou o não uso ao risco de acidentes, enquanto as demais acreditavam que a criança precisa de estímulos ambientais e possuem uma sequência evolutiva que lhes proporcionará aprimoramento das aquisições motoras adequados para cada trimestre de vida. Com relação aos motivos citados pelas mães que optaram em utilizar o andador infantil do estudo acima citado, foram semelhantes aos encontrados nesse estudo, incluindo: ser um meio de diversão para a criança, acreditar que o uso ajudaria na aquisição da marcha e estimularia o desenvolvimento infantil.

    O período da coleta dos dados e o número de escolas participantes do estudo contribuíram para o reduzido número da amostra, sendo vistos como limitantes para a pesquisa, pois não se observou um valor acentuado de pais que optassem pelo uso do andador infantil com seus filhos como era esperado, outro ponto a ser ressaltado foi à utilização dos questionários onde os pais expunham suas percepções de forma mais simples e objetiva. Acredita-se que se a entrevista fosse feita diretamente e gravada em sua integra haveria melhor abordagem sobre as crenças dos pais.

Conclusão

    Neste estudo não se observou um valor acentuado de pais que optassem pelo uso do andador infantil por seus filhos.

    A decisão em permitir que o filho vivenciasse ou não a experiência do uso do andador infantil, bem como, seu real significado sobre o favorecimento para o desenvolvimento da marcha e autonomia da criança, acabou ilustrando pensamentos distintos entre os diversos pais participantes do estudo, os quais pareceram ser mais influenciados por crenças e sentimentos.

    Outro fator quanto à utilização do andador se dá pelo fato que muitos pais não receberam informações e qualquer tipo de orientações adequadas por parte dos pediatras quanto à utilização ou não deste dispositivo, reforçando atitudes empíricas (crenças) contidas em seu cotidiano.

    Assim sugere-se novos estudos quanto à utilização do andador infantil, enfocando-se áreas dentro deste tema, para comprovação dos dados obtidos, e informações para os pais que ainda mantêm-se desinformados em relação ao assunto discutido nesta pesquisa.

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