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Principais lesões e fatores de risco em corredores recreacionais

Principales lesiones y factores de riesgo en corredores recreativos

Major injuries and risk factors in recreational runners

 

*Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade

Universidade do Estado do Amazonas – UEA

**Universidade Nilton Lins

***Centro Universitário do Norte – UNINORTE

(Brasil)

Mikael Seabra Moraes*

Juliane Cristine Lopes dos Santos*

Silas Nery de Oliveira**

Sheylane de Queiroz Moraes***

moraesmikael@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi identificar as principais lesões em praticantes de corrida recreacional e os fatores de risco para sua ocorrência. Foi realizada a busca livre de artigos, nos bancos de dados nacionais e internacionais: Lilacs, Scielo, Pubmed, Science Direct e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os termos “corrida" e “lesões”, bem como “run” and “injury”. Foram incluídos artigos científicos originais, textos completos disponíveis online, publicados entre 2010 e 2015, em português, inglês, espanhol e excluídos artigos que tratavam de lesões em esportes profissionais e no âmbito escolar e corridas em esteira. Com base nos critérios, treze artigos foram selecionados. Os principais tipos de lesões encontradas foram as tendinites e tendinopatias presentes em 55,5% dos artigos e síndromes tibiais e fraturas, ambas presentes em 44,4% dos achados. Os principais fatores para sua ocorrência foi o alto volume e intensidade do treino.

          Unitermos: Atividade motora. Corrida. Lesões.

 

Abstract

          The aim of the study was to identify the main injuries in recreational runners and the risk factors for its occurrence. Free search articles, on the banks of national and international data were: Lilacs, Scielo, Pubmed, Science Directorate and Virtual Health Library (BVS) using the terms "race" and "injury" and "run" and "injury." We included original scientific articles, full texts available online, published between 2010 and 2015 in Portuguese, English, Spanish and excluded articles dealing with injuries in professional sports and in schools and runs on a treadmill. Based on the criteria, thirteen articles were selected. The main types of lesions were tendinitis and tendinopathies present in 55.5 % of articles and tibial syndrome and fractures, both present in 44.4 % of the findings. The main reason for its occurrence was the high volume and training intensity.

          Keywords: Motor activity. Running. Injuries.

 

          Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.

 

Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 18/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática de corrida tem ganhado popularidade em todo o mundo. Por ser acessível e demandar baixo custo, esta tem sido uma atividade física que tem reunido muitos adeptos, em sua maioria, atletas amadores que almejam melhorar sua qualidade de vida.

    De fato as evidências indicam que a corrida promove diversos benefícios à saúde, sendo importante tanto para prevenção quanto para o tratamento de doenças crônicas como: hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, obesidade, osteopenia, osteoporose, hipercolesterolemia, insuficiência cardíaca, entre outras (Pileggi et al., 2010; Ishida et al., 2013).

    Mesmo trazendo muitos efeitos benéficos à saúde tem se observado uma elevada incidência de lesões musculoesquelética provenientes desta prática, principalmente nos membros inferiores: joelhos, quadril, tornozelos e pés. Alguns fatores de risco têm sido apontados para elevação da incidência dessas lesões como: falta de orientação profissional para a prática da corrida, Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, alto volume semanal de corrida, histórico de lesões prévias, além de falta de experiência na corrida (Buist et al., 2010).

    Corredores amadores possuem um perfil diferenciado quando comparados com atletas de elite, pois geralmente cumprem menores volumes de treinamento e competição e muitas vezes não buscam orientação profissional para iniciar a prática, além de preparação nutricional inadequada. De acordo com Goston e Mendes (2011), corredores recreacionais praticam treinos regulares com vários interesses que vão desde a promoção de saúde, a estética, a integração social, a fuga do estresse da vida moderna, e também pelo desejo de manterem-se competitivamente bem classificados.

    Portanto, é relevante investigar a incidência de lesões em corredores recreacionais não só pelas suas especificidades, mas também pela crescente quantidade de praticantes em todo mundo. Dessa forma, este estudo tem como objetivo identificar as principais lesões em praticantes de corrida recreacional e os fatores de risco para sua ocorrência.

Materiais e métodos

    Este estudo consistiu em uma revisão integrativa da literatura, com base na seguinte pergunta: Quais são as lesões e fatores de risco de maior incidência na pratica da corrida recreacional, no Brasil?

    Com base nessa perspectiva, foi realizada a busca livre de artigos, nos seguintes bancos e bases de dados nacionais e internacionais: Lilacs, Scielo, Pubmed, ScienceDirect e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os termos “Corrida" e “Lesões”, bem como “Run” and “Injuries”. Os artigos identificados pela estratégia de busca foram avaliados, de forma independente por quatro pesquisadores (autores), obedecendo rigorosamente aos critérios de inclusão: artigos científicos originais, texto completos disponíveis online, publicados entre 2010 e 2015, publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, e critérios de exclusão: lesões em práticas esportivas profissionais e no âmbito escolar, corridas realizadas em esteira e artigos sem especificação de tipo de corredor (profissional, amador, recreacional, entre outros). A busca primária dos estudos ocorreu em abril de 2015.

    Após a seleção da amostra foram realizadas as seguintes etapas: representação dos estudos selecionados em formato de tabelas; análise crítica dos achados; interpretação dos resultados.

Resultados

    De um total de 23 artigos encontrados, 13 estavam vinculados ao interesse do estudo, sendo que foram encontradas 2 na Lilacs, 1 na Scielo, 1 no Pubmed, 2 na ScienceDirect e 8 na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Após a leitura integral dos artigos, verificou-se a necessidade de excluir 4 artigos, pois apesar do título e resumo, abordavam temas divergentes do proposto, totalizando 9 artigos para análise.

    Entre os estudos selecionados encontram-se três relatos de casos, dois estudos transversais, dois estudos exploratório descritivo, um estudo de coorte prospectivo e um estudo de revisão de literatura, todos publicados entre 2010 e 2013, conforme descritos na tabela 1.

Tabela 1. Relação dos artigos selecionados com resultados principais

    Foram encontradas no total 23 lesões relacionadas à corrida recreacional. Os principais tipos de lesões encontradas foram as tendinites e tendinopatias presentes em 55,5% dos artigos e síndromes tibiais e fraturas, ambas presentes em 44,4% dos achados, conforme tabela 2.

Tabela 2. Incidência de lesões por tipo, área corporal expressa em valores absolutos e relativos

    Em relação aos fatores de risco, os autores supracitados descrevem alguns fatores os quais foram agrupados, afim de melhor compreensão em duas categorias, quais são: 1ª) Fatores relacionados ao volume e intensidade treino (carga excessiva do treino, variação do volume de prática, distância percorrida) e 2ª) Fatores anatômicos – arco do pé, largura da pelve, comprimento fêmur, grau de extensão de joelho, flexão plantar diminuído, desalinhamento do retropé). Dentre os fatores citados os fatores relacionados ao volume e intensidade, foram mais mencionados entre os autores.

Discussão

    Os dados obtidos mostraram que as principais lesões encontradas foram: 1) Tendinite/Tedinopatias (Tendão patelar, aquileana e calcâneo), 2) Síndromes Tibiais e Fraturas (Ligamento tibial, crista ilíaca e tornozelo).

    Ao estudar a prevalência de lesões desportivas e cutâneas em corredores de rua, Purim et al. (2014) percebeu que foi significativo o registro de lesões desportivas nas mulheres que corriam percursos menores de 25 km ou maiores de 95km. Entre as justificativas, estão as peculiaridades biomecânicas, hormonais e neuromusculares femininas que provavelmente influenciaram a ocorrência destas lesões, bem como, aspectos diretos ou indiretos relacionados à preparação e prática da corrida.

    Em relação à localização corporal, todas as lesões descritas nesta revisão referiam-se aos membros inferiores, sendo que a maioria delas referiam-se a tíbia. Segundo Luciano et al. (2013), a tíbia é o local mais comum de acometimento das fraturas de estresse em corredores, sendo a localização das fraturas mais comum na transição do terço médio/distal.

    Quanto aos fatores de risco os relacionados ao treinamento foram os mais prevalentes, e em seguida as questões de natureza anatômica. A intensidade e o volume do treino foram as principais causas apontadas para início dessas lesões. Para Ishida (2013) o aumento da intensidade, leva a um maior valor nas forças de reação com o solo a qual é transmitida para a estrutura funcional do corredor (ossos, ligamentos, músculos e tendões), fazendo com que as progressões nestas variáveis realizadas de modo incorreto, durante os treinos, ocasionem a lesão.

    Pastre et al. (2004), afirmam que além da sobrecarga de treinamento, fatores como idade, gênero, tempo de treinamento contribuem para a instalação de lesões desportivas. Esse autor realizou um estudo sobre lesões em atletas de atletismo e observou que as tendinopatia são as mais freqüentes nos participantes de sua pesquisa.

    A síndrome do estresse iliotibial também se fez presente destacando como principal razão as características extrínsecas e intrínsecas, particulares a cada situação. Hino et al. (2009) afirmam que as variáveis relacionadas ao treino são as causas de grande parte das lesões relacionadas ao “excesso de uso” em corredores. Diz ainda que a corrida é uma das atividades em que há mais ocorrência de lesão que outras práticas, em especial nos membros inferiores. Evidências constatam que o aumento do número de dias de treino e da distância percorrida por semana são fatores preditivos para lesões de membro inferior. (Pileggi et al, 2010).

Conclusão

    Com base nos artigos a tendinite e tendinopatia foi a lesão mais incidente, sendo que a região corporal mais afetada foi tíbia e o fator causador de lesão mais citado foram os relacionados à volume e intensidade do treino. Logo, a corrida recreacional apresenta-se como uma prática esportiva benéfica a saúde, porém diante da alta incidência de lesões osteomioarticulares relacionados à sua prática é necessário que seus praticantes sejam alertados sobre os fatores de risco observados, além do emprego de esforços para prevenção dessas lesões.

Bibliografia

  • Buist, I.; Bredeweg, S.W., Lemmink, K.A., van Mechelen W., Diecks R.L. (2010). Predictors of running-relate injuries in novice runners enrolled in a systematic training program: a prospective cohort study. Am. J. Sports Med.; v.38, p.273-80.

  • Falótico, Guilherme Guadagnini et al. (2013). Síndrome da banda iliotibial proximal: Relato de caso. Rev. bras. ortop., São Paulo, v. 48, n. 4, p.374-376, ago.

  • Ferreira, Alberto Cantídio et al. (2012). Prevalência e fatores associados a lesões em corredores amadores de rua do município de Belo Horizonte, MG. Rev. Bras. Med. Esporte, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 252-255, ago.

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  • Hespanhol, J.R. et al. (2012). Perfil das características do treinamento e associação com lesões musculoesqueléticas prévias em corredores recreacionais: Um estudo transversal. Rev. Bras. Fisioter., São Carlos, v. 16, n. 1, p. 4653, jan./fev.

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  • Ishida, Jaqueline de Castro et al. (2013). Presença de fatores de risco de doenças cardiovasculares e de lesões em praticantes de corrida de rua. Rev. bras. educ. fís. esporte, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 55-65, mar.

  • Luciano, A. P. et al. (2013). Fratura por estresse segmentária na tíbia em corredora recreacional. Rev. Bras. Ortop., São Paulo; v.48 (6), p. 574–577.

  • Pastre, Carlos Marcelo et al. (2004). Lesões desportivas no atletismo: comparação entre informações obtidas em prontuários e inquéritos de morbidade referida. Rev. Bras. Med. Esporte, Niterói, v. 10, n. 1, p. 01-08, feb.

  • Pileggi, Paula et al. (2010). Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um estudo de coorte prospectivo. Rev. bras. educ. fís. esporte (Impr.), São Paulo, v. 24, n. 4, p. 453-462, dez.

  • Pinto, R. Z. A.; Lopes, F. A. S.; Dias, B.F. (2010). Bilateral stress fractures of the ankle in runners: report of 2 cases. RBM Rev. Bras. Med.; 67(supl. 11), dez.

  • Purim, Kátia Sheylla Malta et al. (2014). Sports injuries and skin lesions in adepts of street racing. Ver. Bras. de Med. do Esporte, v. 20, n. 4, p. 299-303.

  • Ribeiro, Ana Paula et al. (2011). Rearfoot alignment and medial longitudinal arch configurations of runners with symptoms and histories of plantar fasciitis. Clinics; v. 66(6), p.1027-1033.

  • Souza, C. A. B. et al. (2013). Principais lesões em corredores de rua. Rev. Digital EFDeportes. Buenos Aires, n. 185, out. http://www.efdeportes.com/efd185/principais-lesoes-em-corredores-de-rua.htm

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