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Exercícios combinados no tratamento de lombalgia

Ejercicios combinados en el tratamiento de la lumbalgia
Combined exercises in the treatment of low back pain

 

Pós-graduandos em Biomecânica e Ergonomia – Fisiocursos

(Brasil)

Clemilson Oliveira da Mata

Daniele Alves Bernardo

Vitor Lima de Azevedo

badaniele@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Estudos afirmam que 80% da população sofrem ou sofrerá ao menos uma crise de lombalgia aguda e durante a sua vida. A hidroginástica facilita o movimento, o condicionamento físico e o treinamento de força. Atualmente as atividades aquáticas vêm destacando-se na área de reabilitação auxiliando na recuperação do sistema locomotor, respiratório e circulatório. O objetivo do estudo foi verificar a eficiência da hidroginástica, exercícios abdominais aquáticos e alongamentos pós-exercícios em individuas adultas acometidas de lombalgia. Foram selecionadas 3 mulheres, iniciantes de hidroginástica e portadoras de lombalgia crônica, sendo avaliadas através da ficha de avaliação - Instrumento de Avaliação da Coluna Vertebral, e realizaram três semanas de treinamento, quatro vezes por semana com duração de 65 minutos cada sessão. O treinamento consistia em exercícios de hidroginástica, fortalecimento muscular abdominal em ágüe seguida de alongamentos no solo. Após as três semanas houve melhora no quadro álgico de ambas participantes.

          Unitermos: Alongamento. Lombalgia. Hidroginástica.

 

Abstract

          Studies claim that 80% of people suffer or will suffer at least one acute low back pain crisis and during his lifetime. The aerobics facilitates the movement, physical conditioning and strength training. Currently aquatic activities are standing out with rehabilitation assisting in the recovery of locomotor, respiratory and circulatory system. The aim of the study was to verify the efficiency of the water aerobics, water abdominal exercises and post-exercise stretching in affected adult individual low back pain. 3 women were selected, water aerobics beginners and those with chronic low back pain and evaluated through the evaluation form - Column Vertebral Assessment Tool, and conducted three weeks of training four times a week lasting 65 minutes each session. The training consisted of water aerobics exercises, abdominal strengthening exercises in ague followed by stretching in the soil. After three weeks there was an improvement in painful episodes of both participants.

          Keywords: Stretching. Back pain. Aerobics.

 

          Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.

 

Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 10/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos uma crise de lombalgia aguda e durante a sua vida 80% dessas pessoas terão mais de um episódio (Lima et al., 2005). A lesão ou degeneração do disco acarreta uma discrepância na biomecânica da coluna vertebral, levando a estágios de hipermobilidade do segmento, com flexão/ extensão e translação para frente/ trás maiores que o normal do corpo vertebral, causando a instabilidade segmentar (Kisner, 2009; Colby, 2009). As causas da dor lombar estão normalmente relacionadas com falta de atividade da musculatura abdominal, com o sedentarismo e com a falta de orientação e conscientização dos indivíduos ao levantarem cargas pesadas (Netto, 2008).

    Segundo Muller (2008), a hidroginástica é uma atividade alternativa de condicionamento físico, constituída de exercícios aquáticos específicos baseados no aproveitamento da resistência da água como sobrecarga. Esses exercícios facilitam o movimento, o condicionamento físico e o treinamento de força com um menor impacto articular. Atualmente as atividades aquáticas são amplamente utilizadas nas mais diversas áreas, destacando-se a área de reabilitação, para ajudar na recuperação de atletas lesionados ou pessoas com problemas no sistema locomotor, respiratório e circulatório. A flutuabilidade é importante na maioria das atividades aquáticas, fazendo com que o indivíduo diminua seu peso hidrostático e consequentemente as forças compressivas que atuam nas articulações, reduzindo assim o estresse e provalmente as lesões articulares, principalmente os exercícios em águas profundas (Bonachela, 2004; AEA, 2008).

    Exercícios em águas profundas (Deep Water) são definidos como um programa de exercícios realizado suspenso na água em uma profundidade acima do tamanho da pessoa (Netto, 2008). O objetivo deste estudo foi verificar a eficiência da hidroginástica, exercícios abdominais aquáticos e alongamentos pós exercícios em individuas adultas acometidas de lombalgia.

Procedimentos metodológicos

    Este estudo foi realizado no Serviço Social da Indústria (SESI). Foram selecionadas 3 mulheres, iniciantes de hidroginástica, com idade variando entre 27 a 47 anos, portadoras de lombalgia crônica. Antes do início do trabalho, foram passadas orientações quanto ao período e procedimentos das atividades durante a pesquisa e solicitado o preenchimento de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para Avaliação Clínica, as alunas foram avaliadas através de uma ficha de avaliação validada “Instrumento de avaliação da coluna vertebral”, contendo identificação, aspectos posturais e ergonômicos, história de saúde, sinais e sintomas específicos, exames físicos específicos, aspectos posturais e ergonômicos. A avaliação também constava inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação e manobras especiais como sinal de Lasègue. As mulheres realizaram um treinamento com duração de três semanas com frequência de quatro vezes por semana com sessões de 65 minutos de duração cada.

    O treinamento consistiu em: Hidroginástica em piscina funda, exercícios abdominais aquáticos e alongamentos, sendo a sessão dividida em 35 minutos de hidroginástica em piscina funda, 10 minutos de exercícios abdominais na água e posteriormente 20 minutos de alongamentos estáticos dos músculos do quadríceps femoral, posteriores da coxa, posteriores da perna e flexores profundos do quadril. Na primeira semana de atividade de Hidroginástica, foram aplicados exercícios resistidos, exercícios de flutuação e Corrida em piscina funda. Para os exercícios Abdominais, priorizou-se exercícios para o transverso do Abdômen, combinados com exercícios respiratórios a fim de evitar apneia, associados com exercícios de compressão abdominal em decúbito dorsal e em pé, exercícios abdominais isométricos com duração de 10 segundos para cada isometria e exercícios de equilíbrio estático e dinâmico com baixa velocidade de execução. Na primeira semana o alongamento consistiu de três séries de 20 segundos com pausas de 10 segundos entre as séries, na segunda e terceira semana a duração dos exercícios de alongamentos aumentaram para 30 segundos em decorrência da maior predisposição das alunas. Na segunda semana, o treinamento de hidroginástica consistiu treinamento Intervalado (Interval Training), Resistência Muscular localizada e Treinamento de Força na Água. Para os exercícios Abdominais o treinamento consistiu em exercícios mistos de isometria combinada com compressão abdominal em posição de decúbito dorsal, em pé e sentada, leve elevação dos ombros antecipada por compressão abdominal em decúbito dorsal, leve flexão do tronco em pé com compressão abdominal com uso de aquatubo e exercícios de equilíbrio estático e dinâmico com baixa velocidade de execução. No entanto, na terceira semana de treinamento houve acréscimo de exercícios suspensórios, além dos alongamentos. A coleta de dados foi realizada ao inicio de cada semana do estudo, na qual eram solicitadas as alunas que classificassem a sensação de dor lombar. Todas as indivíduas relataram na entrevista que não faziam uso de medicamentos para dor. Materiais usados como: espaguete flutuador, macarrão Hidro Tubo para hidroginástica, banda elástica Thera Band.

Resultados

    Participaram desse estudo, três mulheres com idade média de 27 a 47 anos, com histórico de lombalgia crônica. Na avaliação da Escala de Dor, ao analisar aluna NGC, diagnosticada com protrusão discal de L4-L5, apresentou score inicial sete, na segunda semana apresentou uma redução significativa de dor, apresentando score um, permanecendo na terceira semana, conforme a tabela 1. A aluna apresentou episódio de parestesia na semana um não apresentando outros episódios nas semanas dois e três, conforme o quadro 2. Na mobilidade lombo-sacro, a aluna apresentou algia e restrição nos movimentos de flexão, extensão, inclinação à esquerda, rotação à esquerda na semana um, no entanto na semana dois e três não apresentou quadro álgico ou restrição de movimento conforme tabela 3,4.

    No segundo caso, SCOG, diagnosticada com protrusão discal em L4-L5, apresentou na escala de dor score nove na primeira semana. Na segunda semana apresentou diminuição expressiva no score para dois e reduzindo para um o score na terceira semana conforme tabela 1. A aluna apresentou um episódio de parestesia na semana um não mais apresentando nas semanas posteriores, conforme tabela 2. Na mobilidade sacral, a aluna apresentou dor ao realizar o movimento de inclinação à direita para todas as semanas, porém não apresentou restrições, conforme tabela 3,4.

    No caso de SBS, apresentando lombalgia, apresentou score de oito, na escala de dor, na primeira semana, no entanto na segunda e terceira semana score zero, não apresentando quadro álgico, conforme tabela 1. Ao avaliar a o quadro de parestesia, a aluna apresentou apenas um episódio na primeira semana de acordo com a tabela 2. Na mobilidade sacral, a mesma apresentou dor e restrição ao solicitar o movimento de rotação à esquerda na primeira semana, não mais apresentando qualquer sintomatologia na segunda e terceira semana de acordo com a tabela 3,4.

Tabela 1. Escala numérica de dor

 

Tabela 2. Parestesia

 

Tabela 3. Mobilidade lombo-sacral na 1° semana

 

Tabela 4. Mobilidade lombo-sacral na 2° e 3° semana

Discussão

    Segundo Silva (2013), idosos entrevistados que praticavam hidroginástica regularmente apresentavam grande melhora no quadro de dores na região lombar. Wachjemberg et al. (2002) em seu programa realizado em atletas com quadro de pós-operatório de hérnia discal lombar, aplicando na primeira semana exercícios de fortalecimento, força e flexibilidade para abdominais, paravertebrais e membros inferiores, utilizando a hidroterapia sugeriram bons resultados no tratamento dos atletas, proporcionando retorno dos mesmos às atividades esportivas em 9 semanas ou até 13 semanas após a cirurgia, o que demonstra e confirma a aplicabilidade do protocolo de treinamento da primeira e segunda semana de exercícios aplicados na água.

    A necessidade de exercícios concorrentes se dá, ou pela etiologia da lombalgia, ou pelas restrições de exercícios, seja pela eficácia dos mesmos. O desequilíbrio entre a força da musculatura dorsal e da abdominal pode criar um desvio pélvico, alterando a curvatura lordótica e subsequentemente sobrecarregando o disco vertebral. A flexibilidade da cintura pélvica e escapular deverá incluir as musculaturas agonitas e antagonistas, sem impor estresse na coluna lombos sacra e cervical durante o exercício. A flexibilidade limitada pode provocar dor, ou ser resultado da restrição de alongamento fisiológico devido à inatividade (Souza, 2008)

    Em adição às várias modificações fisiológicas que ocorrem durante a imersão em água aquecida, as propriedades físicas da água oferecem muitas vantagens em um programa de reabilitação; entre elas, promover relaxamento muscular geral, reduzir a sensibilidade à dor, reduzir espasmos musculares, facilitar a movimentação articular, aumentar a força e resistência muscular, reduzir a atuação da força gravitacional, aumentar a circulação periférica, melhorar a musculatura respiratória, melhorar a consciência corporal, promover equilíbrio e estabilidade proximal do tronco, entre outras (Bates apud Lamezon, 2005).

    Em relação à parestesia verificada durante as sessões de alongamento, Fernandes (2010) em seu estudo sobre a sintomatologia aguda da compressão do disco intervertebral, afirma que o paciente pode se queixar de formigamento e falta de força na perna afetada de acordo com a localização da compressão. Caso a compressão seja à direita, o sintoma será no membro inferior ipsilateral. Devido à compressão de raízes nervosas, a sensibilidade no membro inferior do lado acometido pode sofrer alteração além de apresentar dificuldade na marcha ou realizar determinado movimento por incapacidade muscular.

    A utilização da escala de dor escolhida para a pesquisa se baseia em Cunha e De Paula (2010) que afirma que a aplicação da escala de avaliação da dor é uma maneira de interpretar de forma mais eficaz a dor do paciente, facilitando a tomada de decisões e o planejamento da assistência ao enfermo, tal como melhora o acompanhamento do tratamento prestado tornando-o mais humanizado à assistência.

Conclusão

    Considerando os resultados obtidos na pesquisa atual e associando às pesquisas relacionadas ao assunto, podemos concluir que a aplicação de exercícios de hidroginástica, exercícios de fortalecimento abdominal na água e alongamentos musculares obtiveram relevada influencia na melhora do quadro álgico lombar das alunas estudadas. Além da eficiência na redução da dor lombar, observou-se também a eliminação da sensação de parestesias existentes em duas pacientes durante os alongamentos. Ao analisar a mobilidade lombar, houve redução significativa das dores.

Bibliografia

  • Bonachella, Vicente (2001). Hidro localizada. Rio de Janeiro, RJ: Sprint.

  • Cunha, Raíssa Forte Pires; Paula, Adriana Inês de (2015). Impacto da atividade aquática na percepção de dor de uma pessoa com deficiência motora. Instituto de Educação Física e Esportes - Universidade do Ceará. Ceará.

  • De Lima, Flávia Mafra; Quintiliano, Tatiane Roberta dos Santos (2005). A importância do fortalecimento do músculo transverso abdominal no tratamento das lombalgias. Monografia. Centro Universitário Claretiano, Batatais.

  • Fernandes, Juliana da Silva Valvassori (2012). Proposta de tratamento de fisioterapia aquática à sintomatologia aguda da compressão do disco intervertebral. Criciúma.

  • Kisner, Carolyn; Colby, Lynn. Allen (2009). Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 5ª Ed. Barueri, SP: Manole.

  • Lamezon, Ana Cristina; Patriota, A. L. V. F. (2005). Eficácia da fisioterapia aquática aplicada a gestantes para prevenção e tratamento da lombalgia-revisão sistemática. Terra e Cultura, v. 21, n. 41, p. 127-32.

  • Müller, Evelyn S.M. et al. (2005). Comparação eletromiográfica do exercício abdominal dentro e fora da água. Rev Port Cienc Desp, v. 5, n. 3, p. 255-265.

  • Netto, Eduardo; Alevatto, Leonardo (2008). Manual do profissional de fitness aquático. Associação de exercícios aquáticos. 5ª Ed. Rio de Janeiro, RJ: Shape.

  • Silva, Cecília Celma Dourado da (2013). Percepção de benefícios da hidroginástica de idosos participantes da cidade de Paranaiguara-GO.

  • Souza, Marcelo Cardoso de et al. (2008). Deep Water Running no tratamento da lombalgia mecânico-postural – relato de caso. Rev. Neurociencias, pag. 62-66. São Paulo.

  • Wajchemberg, Marcelo et al. (2002). Reabilitação precoce de atletas utilizando hidroterapia após o tratamento cirúrgico de hérnia discal lombar: relato preliminar de 3 casos. Acta Ortop Brás, v. 10, n. 2, p. 49.

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