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Distúrbios alimentares e autopercepção 

da imagem corporal em bailarina clássica

Trastornos alimenticios y autopercepción de la imagen corporal en bailarina clásica

Eating disorders and self-perception of body image in classical dancer

 

Universidade do Estado do Amazonas - UEA

(Brasil)

Demmy Cristina Ribeiro de Sousa

Raíssa Caroline Brito Costa

demmy.h@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo traz como diálogo os distúrbios alimentares em bailarinas clássicas, levando em consideração que durante os séculos XIX e XX, houve um aumento ao culto do corpo. Na dança, esta apreciação ocasionou uma grande disputa entre as intérpretes para os papeis principais, ocasionando a obsessão pela magreza absoluta. Vale ressaltar que a dança exige um bom condicionamento físico, uma busca excessiva pela perfeição nas bailarinas clássicas, e a exigência de seus professores faz com que elas fiquem mais fragilizadas tanto fisicamente quanto psicologicamente, pois muitas compreendem o fato de ser magras de forma equivocada restringindo-se de alimentos importantes e privando-se deles. O que ocasiona uma fragilidade corporal prejudicando a performance artística. O objetivo do estudo foi encontrar relatos e comprovações da recorrência destes distúrbios alimentares e distorções da imagem corporal em bailarinas clássicas.

          Unitermos: Dança. Distúrbios alimentares. Bailarina.

 

Abstract

          The present study as eating disorders dialogue in classical dancers, taking into account that during the nineteenth and twentieth centuries, there was an increase to the cult of the body. In dance, this assessment led to a major dispute between the interpreters for the main roles, leading to absolute obsession with thinness. It is noteworthy that the dance requires a good physical condition, and the excessive pursuit of perfection in classical dancers, and the requirement of their teachers make them look more vulnerable both physically and psychologically, as many understand the fact that lean in error restricted to major food and depriving yourself of them. What causes a bodily weakness impairing performance art. The objective of the study was to find reports and evidence of recurrence of these eating disorders and distortions of body image in classical dancers.

          Keywords: Dance. Eating disorders. Dancers.

 

          Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics, do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.

 

Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 25/06/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este artigo vem abordar uma problemática que atinge uma em cada cinco bailarinas clássicas, levando-as a ter problemas de distúrbios alimentares (Monteiro e Correa, 2013, p. 397). O que é comum entre as bailarinas clássicas é desenvolverem a Anorexia nervosa, ou a bulimia nervosa. Ambas são consideradas doenças que causam danos ao corpo, mas possuem diferença enquanto a sua prática.

    No período da Era Romântica do Balé surgiu um aumento excessivo ao cultivo da aparência física na arte. Era relevante que a bailarina tivesse um corpo magro e esbelto para se considerada dentro dos padrões. Fato comum quando se tornam profissionais, sendo necessário manter o peso adequado para os moldes clássicos.

    Pela exigência de bom condicionamento físico, e de que estejam nos padrões físicos, o balé clássico se tornou mais competitivo, e a busca incessante pelos corpos ‘perfeitos’ ocasionou o aumento e a freqüência dos distúrbios alimentares neste meio artístico.

    A pesquisa foi realizada através de uma revisão bibliográfica de artigos encontrados em banco de dados, utilizando-se de verbetes como: anorexia, bulimia e auto percepção corporal em bailarinas clássicas.

    Em seu estudo, Marconi e Lakatos (2012, p.71) propõem como pesquisa bibliográfica, a pesquisa que “[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo [...]. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo em que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]”. Desta forma, com base nos artigos foi realizada uma análise referente à temática.

    Sendo assim, o objetivo do estudo foi encontrar relatos e comprovações da recorrência destes distúrbios alimentares e distorções da imagem corporal em bailarinas clássicas.

Distorção da auto-imagem

    A preocupação com a auto-imagem surgiu em meados do século XIX e XX, pois o corpo passou a ser supervalorizado como instrumento de beleza e até mesmo como status na sociedade. O que na Idade Média era considerado algo inadequado, nos períodos atuais passou a ser assinada, uma questão de personalizar e poder optar sobre as práticas corporais.

    Para muitos pensadores no final do século XIX, o corpo era um pedaço de matéria, um feixe de mecanismos que era dominado pela sociedade. O século XX restaurou e aprofundou a questão da carne, isto é, a questão do corpo assinado (Merbau-Ponty, apud Coutrine, 2013, p. 287).

    Esta mudança em relação ao tratamento com corpo ocasionou as doenças do corpo, pois a própria sociedade vende um corpo magro, dentro dos padrões que se desenvolve dentre as pessoas fazendo-as pensar que para serem aceitos na sociedade devem tomar medidas drásticas para serem aceitas por um determinado grupo, por exemplo. Muitos que sofrem com essas doenças ‘modernas’ sofrem repressão e uma auto punição referente ao corpo.

    Os Transtornos Alimentares são caracterizados por comportamento alimentar anormal, quando o indivíduo tem elevada preocupação com alimentação e peso, deixando de alimentar-se, o que, conseqüentemente, interfere no seu estado nutricional e desencadeia em complicações danosas à saúde (Monteiro e Correa, 2013, p. 397).

    O distúrbio alimentar trata-se de uma distorção e um distanciamento da autoimagem, causando enfraquecimento e debilitando-as.

    Segundo Haas, Garcia e Bertoletti (2010) independentemente da modalidade, qualquer manifestação artística na forma de dança traz consigo a preocupação do bailarino com sua estética corporal, levando-a a buscar sempre um corpo magro.

    Esses distúrbios são comuns em bailarinas clássicas, devido à exigência de seus professores por manterem o corpo e peso adequado, pois manter um corpo magro dentro dos padrões estéticos causa uma boa harmonia nos movimentos, trazendo leveza e uma beleza estética.

    Logo muitas delas se submetem a privação de alimentos importantes para manter um bom condicionamento físico, já que as próprias aulas exigem muito das bailarinas e exige que tenham um bom rendimento na sua performance.

    O que é mais comum nas mulheres de modo geral é o uso de dietas, que dizem ser milagrosas. É um pretexto para que futuramente possa se transformar em um transtorno alimentar. Powers & Howley (2000), complementam em seu estudo que essas dietas estimulam a incidência de anoréxicas, pois submetem as pessoas substituírem, ou privarem-se de determinados alimentos.

Doenças do corpo: anorexia e bulimia

    Essas doenças modernas atingem a maior parte do grupo feminino, pois é responsável por perca de nutrientes importantes para manter um bom condicionamento físico e psicológico. Alguns fatores que podem ocasionar essas doenças são problemas familiares e pressão no ambiente de trabalho, caso este, das bailarinas clássicas, que sofrem com as constantes cobranças em relação ao seu físico pelos professores. Fiates e Salles (2001) complementam que também podem ser causadas a partir de sentimentos como depressão, baixa autoestima, ansiedade, traumas, doenças, separação, distúrbios da imagem corporal.

    A Anorexia Nervosa trata-se da recusa por alimentos, o indivíduo auto se priva deles, podendo ficar até dias sem se alimentar e beber água. Cada caso é restrito, varia de pessoa para pessoa.

    A AN caracteriza-se pela restrição voluntária de alimentos, desencadeando grave perda de peso na busca incessante pela magreza. Existe elevada preocupação com a forma física, além de grande desgaste físico e psicológico. A perda de peso é o grande objetivo a ser alcançado e, para atingi-lo, além das alterações alimentares (dietas e períodos de jejum), é comum a prática de exercícios físicos em exagero e o uso de laxantes, diuréticos e inibidores de apetite (Monteiro e Correa, 2013, p. 397).

    Já a Bulimia Nervosa não leva as mesmas reações do que a Anorexia Nervosa. Eles mantêm o peso normal, a diferença é que vomitam o alimento ingerido quando acham que exageraram e que este alimento os trará o kg o mais indesejado.

    A BN não leva ao estado nutricional seriamente depletado visto na AN. Os bulímicos geralmente se mantêm próximos ao peso normal ou mesmo com um leve sobrepeso, alternando crises de hiperfagia com métodos purgativos ou compensatórios impróprios para prevenir o ganho de peso (Monteiro e Correa, 2013, p. 397).

    A distorção da imagem é menor enquanto comparada com a anorexia. Pois o bulímico come de tudo. Porém vomita quando se sentem culpados.

    O cotidiano de uma bailarina envolve inúmeras situações que as deixam mais vulneráveis a terem esses distúrbios alimentares. Esses comportamentos buscam alcançar um melhor desempenho na performance, buscando oportunidades na vida profissional. Essa pressão em fazer o ‘belo’ prejudica, e muitas vezes meche com o emocional, o que acaba desenvolvendo uma distorção corporal.

    Segundo Monteiro e Correa (2013), em estudo realizado com bailarinas clássicas, constatou-se que 83% delas se encaixariam no diagnóstico de algum transtorno alimentar. Dessas, 6,9% tinham NA, 10,3% apresentavam BN e em 10,3% havia uma combinação de BN e NA.

    Trata-se de uma obsessão elevada com a aparência física, é comum nas bailarinas clássicas a carga de exercícios elevada e uma má alimentação, pois para elas o importante é ver o corpo magro sem se importar se estão saudáveis ou não. Desta forma, o peso diminui em relação ao peso esperado para altura e idade.

Conclusão

    Os distúrbios alimentares são comuns entre as bailarinas clássicas, pois exige um corpo magro para a realização de seus movimentos. Essa busca pelo corpo perfeito faz com que elas tentem ser bem aceitas pela sociedade da dança, pois até as que não utilizam essas dietas da magreza acabam sendo estimuladas para fazerem o mesmo.

    O sentimento de culpa nas bailarinas referente à comida é um fator comum, para elas, é como se estivessem dando as boas vindas para perda do corpo perfeito. A grande maioria faz regimes que não são saudáveis, vomitam o que comem sem necessidade e ingerem remédios como laxante. E mesmo assim fazendo essas dietas da magreza quando se deparam em frente ao espelho se vêem gordas.

    A exigência é grande, pois os professores clássicos são rígidos e fazem questão de expressar que elas devem ser magras e leves para que o movimento saia com uma perfeita harmonia, sofrendo pressão tanto física quanto psicológica, pois essa busca da perfeição parece ser necessária para a profissão.

    A saída mais prática e acessível para elas é recusar a comida, e exercícios excessivos de atividades físicas. Essa é a formula para se manterem magras e leves, ou seja, perfeitas para a dança. O que é mais comum é anorexia nervosa, onde possuem uma autoimagem distorcida. Esses são padrões de falsa beleza, uma beleza alienadora e totalmente distorcida do magro saudável.

Bibliografia

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