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Era uma vez o voleibol na escola...

Érase una vez el voleibol en la escuela...

 

*Mestre em Educação (UFBA)

Docente do curso de Educação Física, Campus IV – Universidade do Estado da Bahia

Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Cultura e Saúde (GEPEECS)

**Professora da Educação Básica

Discente do curso de Educação Física – Plataforma Freire, polo Jacobina

Universidade do Estado da Bahia

Angelo Maurício de Amorim*

angeloamorim@live.com

Maria Lúcia Santana Oliveira da Silva**

marylucia10@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O texto em tela é fruto de um relato de experiência oriundo de uma atividade avaliativa de um curso de Formação de Professores em exercício em Educação Física. A extensão dos conhecimentos acadêmicos às escolas que tanto necessitam ser revigoradas com conhecimentos que possam contribuir para uma maior compreensão do indivíduo enquanto cidadão ocupante de espaço único e privilegiado numa sociedade em constante transformação deve acontecer paralelamente às atividades concebidas durante o processo de formação. O presente relato possui como objetivo descrever os procedimentos adotados para ministrar aulas de voleibol na escola e refletir sobre as possibilidades pedagógicas do trato do voleibol no espaço escolar. Os depoimentos mostram a satisfação dos alunos em participar de aulas diferentes que despertem neles curiosidades e desafios o que justifica os procedimentos adotados ao longo do processo de formação em Educação Física, onde podemos materializar no “chão da escola” as proposições teóricas apresentadas pelos professores-formadores e contribuir para ressignificar o cotidiano das aulas de Educação Física nos diversos locais de atuação.

          Unitermos: Voleibol. Avaliação. Pedagogia universitária.

 

Resumen

          El presente artículo es el resultado de un relato de experiencia producto de una actividad de evaluación de un curso de formación del profesorado de Educación Física. La transferencia de los saberes académicos a las escuelas que tanto necesitan ser revitalizadas con conocimientos que pueden contribuir a una mayor comprensión del individuo como ciudadano de un espacio único y privilegiado en una sociedad en constante transformación debe tener lugar en paralelo con actividades diseñadas durante el proceso de formación. Este informe tiene como objetivo describir los procedimientos adoptados para impartir clases de voleibol en la escuela y reflexionar sobre la pedagogía del voleibol en el espacio escolar. Los testimonios muestran la satisfacción de los estudiantes de participar en diferentes clases que les despiertan la curiosidad y los desafíos que justifican los procedimientos seguidos en el proceso de formación en Educación Física, en el que podemos materializar en la escuela proposiciones teóricas presentadas por profesores que contribuyen a replantear la vida cotidiana de las clases de Educación Física en los diferentes lugares de trabajo.

          Palabras clave: Voleibol. Evaluación. Pedagogía universitaria.

 

Recepção: 20/12/2014 - Aceitação: 12/03/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este relato de experiência atende a necessidade de unir a realidade das instituições públicas e o meio acadêmico. Revela a experiência de uma professora da rede municipal e aluna do curso de Licenciatura em Educação Física, do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica - PARFOR sobre os procedimentos avaliativos adotados ao longo do componente curricular Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Voleibol.

    O PARFOR é um programa criado em 2009 para atender ao artigo 11, do Decreto nº 6755, de 29 de janeiro de 2009 com objetivo de "Induzir e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para professores em exercício na rede pública de educação básica" (CAPES, 2013, p. 1).

    Partindo da compreensão que a formação acadêmica só se torna completa com a inserção dos acadêmicos na comunidade que lhes subsidia a formação, em particular na comunidade escolar, foi proposto aos alunos matriculados no componente curricular Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Voleibol como proposta de avaliação que planejassem, executassem, registrassem e refletissem sobre as atividades realizadas.

    A extensão dos conhecimentos acadêmicos às escolas que tanto necessitam ser revigoradas com conhecimentos que possam contribuir para uma maior compreensão do sujeito enquanto cidadão ocupante de espaço único e privilegiado numa sociedade em constante transformação deve acontecer paralelamente às atividades concebidas durante o processo de formação.

    Assim, o presente relato possui como objetivo descrever os procedimentos adotados para avaliar os discentes matriculados no componente curricular Voleibol de uma turma do PARFOR em Educação Física e refletir sobre as possibilidades pedagógicas do trato do voleibol no espaço escolar.

Educação Física e o processo de iniciação esportiva

    O esporte ganha cenário nas discussões nacionais e não pode ser negligenciado no espaço escolar, contribuindo tanto para o aprendizado dos alunos tanto para as reflexões críticas oriundas das contradições sociais manifestadas em sua prática.

    Existem alguns mal-entendidos em relação às críticas realizadas ao esporte, de acordo com Bracht (2000, p. 16). O primeiro diz respeito à questão de que quem critica o esporte é contra o esporte. “A negação do esporte não vai no sentido de aboli-lo ou fazê-lo desaparecer ou então negá-lo como conteúdo das aulas de Educação Física”. Ao contrário, pretende-se modificá-lo e para isto é preciso tratá-lo de forma pedagógica.

    Outro mal-entendido reside no fato de que tratar criticamente o esporte nas aulas de Educação Física não deve ser confundido com estar contra a técnica esportiva. O esporte de alto rendimento (com o fim no resultado), não se preocupa com os processos. A técnica é voltada para o melhor resultado possível. Bracht (2000, p. 16) cita o exemplo de que, num jogo da Copa Davis e numa partida de frescobol, existe a técnica (movimento aprendido para determinado fim) sendo empregada, mas a questão é o valor relativo da técnica empregada; o sentido e o resultado social das técnicas são diferentes. A proposta recai sobre o “ensino das destrezas motoras esportivas dotadas de novos sentidos, subordinada a novos objetivos a serem construídos juntos com um novo sentido para o próprio esporte”.

    O terceiro equívoco apresenta aspetos da chamada “contraposição maniqueísta”, que afirma que a lógica de alto rendimento não é crítica e, por outro lado, a perspectiva que emerge tem características lúdicas e de criticidade. O quarto mal-entendido refere-se ao fato de que as críticas ao esporte não se opõem às experiências de movimento, muito pelo contrário, a partir dos movimentos, deve-se refletir e criticá-los, tendo em vista uma melhor apropriação do tema abordado.

    As problemáticas nas discussões do esporte recaem sobre os valores que emergem de sua prática e, no âmbito escolar, independentemente dos objetivos que as práticas apresentem, o professor será a referência que constituirá os valores destinados aos esportes para as crianças/adolescentes, a partir de suas atitudes frente aos diversos aspectos do fenômeno. A questão não é reinventar conteúdos para as aulas de Educação Física, é dar um novo trato pedagógico a esses conhecimentos.

    O processo de ensino-aprendizagem dos esportes deve ser realizado respeitando as fases de aprendizado dos elementos que compõem o jogo. Paes e Oliveira (2004) sinalizam três fases para a iniciação esportiva. Na primeira, as atividades de caráter lúdico devem fazer parte do rol de vivências iniciais dos alunos, nos primeiros anos de contato com a modalidade, por se considerar que são condicionantes característicos desta fase do desenvolvimento motor. A faixa etária de 7 a 11 anos, aproximadamente, é considerada a fase sensível aos estímulos motores, assim, devem ser características deste momento de aprendizado vivências que possibilitem estímulo às capacidades coordenativas.

    A segunda fase, compreendida entre 12 e 13 anos, representa o momento de oportunizar aos jovens a vivência de elementos de todas as modalidades, ampliando seu repertório motor, a partir da variabilidade de atividades, sem a especialização em uma modalidade esportiva, mas aprendendo a conhecer a lógica interna de cada uma.

    A terceira fase, correspondente à faixa etária aproximada de 13 a 14 anos, conclui as etapas da iniciação esportiva para os autores e possui, como características, automatização e refinamento das aprendizagens anteriores, considerando-se as aproximações do jovem com uma ou algumas modalidades esportivas de seu interesse (Paes e Oliveira, 2004).

    Para fins deste relato, as considerações dos autores sobre a segunda fase são os mais aplicáveis. Na fase II se introduz as particularidades da modalidade. A escola é o melhor local para a aprendizagem, pois são inúmeros os motivos nos quais crianças e adolescentes procuram os desportos, entre eles: encontrar e jogar com outros garotos, diversão, aprender a jogar e ainda na escola, o professor terá controle da freqüência e idade dos alunos, facilitando as intervenções pedagógicas (Paes e Oliveira, 2004).

    Esta fase é marcada por oportunizar os jovens o aprendizado de várias modalidades esportivas, atendendo as crianças e adolescentes da 5ª a 7ª séries do ensino fundamental, com aproximadamente de 11 a 13 anos, correspondendo à primeira idade puberal.

    Para fins deste estudo, toma-se como base a modalidade esportiva Voleibol. Este esporte foi criado em 1896, pela Associação Cristã de Moços nos Estados Unidos. Apareceu como um novo esporte para ser praticado em ginásio ou quadras, mas também em outros espaços ao ar livre. O seu objetivo consistia em manter a bola em movimento sobre uma rede, de um lado para o outro, misturando dois outros tipos de jogo: O tênis e o basquetebol.

    Cada equipe é constituída por 12 jogadores: 6 jogadores efetivos; 6 jogadores suplentes e 3 credenciados, podendo ser 1 técnico, um auxiliar, um roupeiro ou massagista. É o saque que dará início a uma partida, sendo realizado com o atleta fora da quadra, no espaço denominado zona de saque, e deve golpear a bola de forma tal que esta ultrapasse a rede. Hoje a regra permite que a bola bata na fita da rede e, se ultrapassá-la, estará em jogo (FIVB, 2010).

    O primeiro contato com a bola após o saque é denominado recepção ou passe, e seu objetivo primordial é evitar que ela atinja uma área válida do campo. Segue-se então usualmente o levantamento, que procura colocar a bola no ar de modo a permitir que um terceiro jogador realize o ataque, ou seja, acerte-a de forma a fazê-la aterrissar na quadra adversária, conquistando deste modo o ponto. Após o ataque adversário, o time procura interceptar a trajetória da bola com os braços ou com outras partes do corpo para evitar que ela aterrisse na quadra. Ao se obter sucesso, diz-se que foi feita uma defesa, e seguem-se novos levantamento e ataque. O jogo continua até que uma das equipes cometa um erro ou consiga fazer a bola tocar o campo do lado oponente. (FIVB, 2010)

Planejamento da avaliação na pedagogia universitária

    Após anos preocupados em temas que estão para além de seus muros, um grupo de docentes e pesquisadores (Soares e Borba, 2012; Soares, 2009; Cunha, 2009; Masetto, 2003; Zabalza, 2004; Tardif, 2002; Anastasiou e Pimenta, 2008; Rezer, 2010; Amorim, 2011; dentre outros) que estão na universidade vem se dedicando a compreender as relações estabelecidas no seu cotidiano para, quem sabe, ressignificar algumas práticas que encontram, ainda, ancoradas em núcleos densos da concepção tradicional de educação na formação inicial de professores.

    Para Soares (2009), as ações potencializadas no atual contexto é consequência do movimento originado na década de 1980, quando da redemocratização do país e da necessidade de serem pensadas outras maneiras de estabelecer a relação do processo de ensino e aprendizagem.

    No que se refere à Educação Física, Rezer (2010, p. 28) sinaliza que "investigar as temáticas que se estabelecem no trabalho da docência na Educação Superior, tomando o campo da Educação Física (EF) como lócus investigativo, trata-se de uma importante e complexa empreitada para a própria EF".

    Zabalza (2004, p. 40) apresenta alguns equívocos ao se pensar a formação, tendo a idéia de modelar que seria a buscar “dar forma”. Os alunos são “transformados no tipo de produto que se toma como modelo [...] O que marca a identidade é sempre um fator externo que se quer ‘incultar’ nos indivíduos que formam”. Outro aspecto é a idéia de pensar a formação como sinônimo de conformação, que tem a intenção de “fazer com que o indivíduo aceite e conforme com o planejamento de vida e de atividades para o qual foi formado”.

    A formação profissional não se dá apenas na universidade, sendo necessário o estabelecimento de uma relação entre o que é vivido no cotidiano e nos espaços universitários, a ser ressignificado ao longo de toda uma trajetória profissional. Os discentes já chegam com experiências do campo de intervenção que devem ser consideradas (Zabalza, 2004).

    "Como consequência deste cenário - e tendo em vista o exercício da docência - são constituídos outros olhares sobre as atribuições docentes, mudando-se a rotina de planejamento e os sistemas de mediação" (Amorim, 2012, p. 283). Neste sentido, foi proposto aos discentes matriculados no componente curricular Fundamentos Teóricos do Voleibol como atividade avaliativa, tomando como base as experiências adquiridas ao longo das aulas que planejassem, intervissem e registrassem em fotografias uma experiência do processo ensino-aprendizagem do voleibol de uma sequencia pedagógica mínima de duas aulas nas turmas em que atuam como professores.

    De posse do registro, proceder a reflexão coletiva no módulo de aulas posterior relatando os riscos, os benefícios, as dificuldades, as potencialidades, as sensações e retornos obtidos sobre a experiência pedagógica. No desejo de relatar de forma mais abrangente as diversas produções, na sequencia será descrito os procedimentos adotados por uma professora-aluna.

Relatando a experiência

    Ao final do ciclo de intervenções com os discentes (professores-alunos) do eixo temático em questão, foi proposto que elaborassem, executassem e refletissem sobre uma intervenção no local de atuação, com registro fotográfico e depoimento dos alunos envolvidos, com duração mínima de duas aulas em progressão pedagógica

    O Local escolhido para intervir foi em uma escola municipal, no município de Várzea da Roça - BA, com alunos do 7º ano. Após a apresentação da avaliação do componente curricular F. T. M. do voleibol, baseado nas referencias discutidas ao longo das aulas e nas demandas dos alunos chegou-se ao seguinte planejamento, com duração de duas aulas:

Conteúdos

  • História do voleibol.

  • Fundamentos básicos do vôlei (saque, manchete e toque).

Objetivo geral

    Aproximar vivências do voleibol do aluno de forma lúdica, participativa e criativa dentro de uma perspectiva histórico crítico e social, entendendo e usando o jogo de forma pedagógica capaz de propiciar não só experiências motoras, mas, além disso, sociais, afetivas e cognitivas. Compreendendo o aluno de maneira integral e contribuindo para a formação de pessoas melhores capazes de aperfeiçoar o que foi aprendido, significando e ressignificando o conhecimento.

Objetivos específicos

  • Conhecer o contexto histórico do vôlei por meio de problematizarão através de vídeo e experimentação prática da bola leve e pesada.

  • Vivenciar e identificar fundamentos do vôlei: saque, toque e manchete através de jogos da cultura popular e práticas corporais.

  • Reconhecer habilidades e dificuldades em si e nos colegas, a fim de melhorar o desempenho em outras oportunidades, aprendendo a conviver com as diferenças físicas, psicológicas, sociais e cognitivas.

Material necessário

  • Bolas grandes, pequenas, bolas de vôlei, bexigas, rede de vôlei, fita adesiva, jornal.

Procedimentos metodológicos

    A estrutura de aula descrita abaixo foi baseada em Freire e Scaglia (2010) que são serão divididas em três momentos:

  • 1º momento: Roda de conversa entre alunos e professor sobre o que será feito na aula, contribuindo assim para tomada de consciência por parte dos alunos e sondagem de forma oral sobre o que sabem a respeito do assunto, para depois fazer um paralelo com o que conseguiram aprender.

  • 2º momento: Vivência prática do que foi proposto como conteúdo da aula.

  • 3º momento: Outra roda de conversa sobre o que foi feito na aula, contribuindo para a compreensão dos alunos sobre suas práticas.

Avaliação

    Em forma de roda de conversa no final de cada aula retomar o que os alunos mencionaram saber e avaliar o que eles conseguiram adquirir. Nesse contexto na 1ª fazer uma análise falando dos momentos de dificuldades e acertos nas aulas assim como do que compreenderam a cerca do contexto histórico do voleibol e como foi o início do tipo de bola usado para o de hoje. 2ª Outra roda de leitura para avaliar os momentos durante a atividade que foi utilizada os fundamentos do vôlei (saque, manchete e toque). E quais as dificuldades encontradas na hora de vivenciar o vôlei sentado. Assim como os avanços da turma em relação aos fundamentos realizados.

Reflexão sobre a experiência do voleibol da escola

    Após ter planejado as aulas, chegou a hora da execução, inicialmente foi feito alguns questionamentos aos alunos sobre o voleibol para diagnosticar o que eles já sabiam a respeito, a maioria disse não saber nada tanto ao ato de jogar quanto ao surgimento ou história. Em seguida assistimos um vídeo da turma da Mônica sobre voleibol com o objetivo de ser o “disparador” do assunto. Em seguida fiz a reflexão juntamente com os alunos a respeito da temática do vídeo e fiz alusão de como foi o surgimento do vôlei de forma geral, enfatizando o tipo de bola usado naquela época.

    Para propiciar momentos de vivências com a bola, distribuem-se bexigas para cada aluno, de forma bem natural, começaram a manusear a bola, e logo perceberam que era muito leve. Na sequência, foram acrescentados reafirmando que no início a bola de vôlei era uma câmara de bola de basquete.

    Daí foi feita a proposta de tornar a bola de bexiga um pouco mais pesada, com jornal e fita, passamos então para a confecção da bola, que foi muito divertido. Notou-se que alguns alunos que não costumam participar das aulas começaram a fazer a bola, demonstraram muito entusiasmo. Com esta atividade objetivou em termos práticos que eles percebessem que a bola no início era um pouco leve que tornou um pouco mais pesada a exemplo da bola de vôlei atual.

    Optou-se por trabalhar os fundamentos (saque, manchete e toque) através de 2 jogos. O primeiro Mãe de rua, os alunos tinham que passar pela mãe de rua sem ser pego com a bola fazendo manchete e toques, só com a mão esquerda direita e etc. O segundo foi o Jogo de vôlei adaptado sentado, os alunos jogavam só que sentados com o auxílio do professor na hora que a bola caia longe do alcance deles.

    Após a experiência foi solicitado aos alunos que pudessem relatar suas sensações sobre o ocorrido, dos quais destaco as falas ligadas a prática do voleibol sentado, contribuindo para que, a partir da experiência, os alunos possam perceber as diferenças para vir a respeitar as crianças com determinadas patologias.

    “Foi divertido pois a gente sentou no chão como os deficientes e jogamos volei adaptado e eu gostei muito. E foi muito mesmo divertido” (aluna 2)

    “Foi muito legal a brincadeira de volei para deficientes físicos foi o que eu mais gostei além de fazer nossa própria bola de vôlei” (aluna 1)

    “E hoje foi uma das melhores aulas nós usamos nossa bolas na brincadeira Mãe de Rua.E também um volei adaptado para deficiente físico, fizemos uma rede humana e jogamos sentado.Com certeza o volei para deficientes físico foi a melhor brincadeira.” (aluna 3)

    Como se pode observar em alguns depoimentos, eles apreciaram as atividades, declarando a importância de fazer atividades também para deficientes físicos, que foi o caso da aula, e a construção do próprio material de aula.

    Souza e Vago (1999, p. 23-24) desafiam os professores de Educação Física a estabelecerem uma prática educativa da cultura de movimento, que seja inovadora:

    As práticas corporais trazem consigo possibilidades de ser apropriadas, manipuladas e subvertidas pelos sujeitos que delas fazem usos diversos nas aulas de Educação Física, não previstos e muitas vezes não autorizados; que inventam maneiras próprias de organizá-las; que elaboram, enfim, um outro conhecimento acerca delas, ao atribuir-lhe outros sentidos e significados éticos e estéticos. Esse é um dos movimentos de produção de uma cultura escolar de Educação Física [...].

    A satisfação e o compromisso com as aulas de Educação Física são representadas na fala da aluna 3: “a aula de ontem foi muito boa, pois a professora chegou com uma proposta diferente.” Para Freire (2007) é indispensável a convicção de que a mudança é possível. A proposta de iniciação ao voleibol contemplando as múltiplas possibilidades de tratar o fenômeno esporte no espaço escolar nas ações do planejamento por eixo temático de duas aulas sinaliza que é possível avançarmos e rompermos com os ranços historicamente constituídos nas aulas de Educação Física.

    Para a professora-aluna envolvida na proposta as atividades foram bem recebidas pelos alunos,

    pena que o tempo foi curto para poder vivenciar cada atividade com mais calma. Como profissional a atividade me acrescentou muito em perceber e confirmar que ainda existe uma disparidade muito grande entre o planejar e o executar, pois as aulas são imprevisíveis aparecendo elementos surpresa como a não participação dos alunos nas aulas ou até mesmo a participação dos não esperados, a motivação para a atividade ou não, as observações curiosas dos alunos enfim não dá pra prever a aula por completa, às vezes temos surpresas boas ou até não. Mas o importante é que a todo o momento estejamos refletindo sobre nossa ação em sala de aula para melhor ajudar o aluno em seu desenvolvimento (Relato verbal professora-aluna)

    Após a socialização das experiências foi possível identificar as potencialidades e limitações do exercício da docência, bem como a relação entre o planejado e o executado no cotidiano pedagógico.

Considerações finais

    Pode-se reafirmar, a partir de tudo que foi posto, que é possível e prazeroso trabalhar o voleibol na escola dentro de uma perspectiva lúdica, pedagógica e iniciação inclusiva. Indo além das experiências motoras, contemplando as áreas afetivas, sociais e cognitivas.

    Vale considerar também que mesmo ainda sem materiais adequados para a prática do voleibol na escola, é possível adaptar os materiais e confeccioná-los como fizemos a bola de jornal e fita e adaptamos o vôlei para deficientes físicos.

    O planejamento e execução das vivências nos permitem também socializar, com os colegas e com o professor na universidade, as experiências vividas no “chão da escola” através de exposição oral das experiências adquiridas e sugestões diversas de vivências práticas com o voleibol para ser aplicado na escola.

    Enfim, os depoimentos mostram a satisfação dos alunos em participar de aulas diferentes que despertem neles curiosidades e desafios o que justifica os procedimentos adotados ao longo do processo de formação em Educação Física, onde podemos materializar no “chão da escola” as proposições teóricas apresentadas pelos professores-formadores e contribuir para ressignificar o cotidiano das aulas de Educação Física nos nossos locais de atuação.

    E a proposta de avaliação atrelada a uma intervenção, registro e socialização representa uma perspectiva impar de contribuir para o processo de construção de outras competências profissionais para os professores que estão em exercício que se dedicam aos programas de formação inicial.

Bibliografia

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados