efdeportes.com

A psicologia do exercício físico e esporte
na promoção e melhora da saúde

La psicología de la actividad física y el deporte en la promoción y mejora de la salud

The psychology of physical exercise and sport in promoting and improving health

 

*Doutorado em Biologia Experimental

Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia

Coordenador do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA)

Integrante do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal

**Graduando do Curso de psicologia da Universidade Federal de Rondônia

Integrante do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA) / UNIR

***Doutorado em Sociologia

Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia

Líder do grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal

****Professor de Educação Física

Integrante do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA)

*****Professora de Educação Física

Integrante do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA)

Integrante do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal

Prof. Dr. Ramón Núñez Cárdenas*

Yesica Núñez Pumariega**

Prof. Drª. Ivete de Aquino Freire***

Prof. Ms. Andrés Rodríguez Enríquez****

Xartala Cristina da Silva Sá*****

rnunezcardenas@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A psicologia do exercício físico e esporte é uma disciplina relacionada com a saúde, devido a que praticar exercícios físicos supõe um estado geral de bem estar físico e psicológico que aumenta conforme a atividade física realizada. O trabalho psicológico deve ser realizado a partir de uma atividade física que gere um maior benefício para a saúde individual e coletiva. Neste sentido o seguinte trabalho tem como objetivo estudar a psicologia do exercício físico e esporte na promoção e melhora da saúde.

          Unitermos: Psicologia. Exercício físico. Saúde.

 

Abstract

          The Psychology of physical exercise and sport is a discipline concerned with health due to which physical exercise assumes a general state of physical and psychological well-being that increases as the physical activity is performed. The psychological work must be done from a physical activity that generates a greater benefit to the individual and collective health. In this sense the following work aims to study the psychology of physical exercise and sport in promoting and improving health.

          Keywords: Psychology. Physical exercise. Health.

 

Recepção: 26/04/2015 - Aceitação: 04/06/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A Psicologia do Exercício Físico e Esporte é aquela disciplina que tem como objetivo a explicação biológica da conduta e da atividade mental dos seres humanos, no âmbito do exercício físico e esporte.

    Segundo Samulski (2002), “a Psicologia do Exercício Físico e Esporte analisa as bases e efeitos psíquicos das ações esportivas, considerando, por um lado, a análise de processos psíquicos básicos (cognição, motivação, emoção) e, por outro lado, a realização de tarefas práticas do diagnóstico e da intervenção”.

    São muitas as pessoas que praticam atividade física e esportiva através de programas públicos e privados, tendo como objetivo a melhora da saúde física. Assim, manter um determinado aspecto físico está intimamente relacionado com componentes psicológicos tais como: autoestima e qualidade das relações sociais; outras vezes o esporte é utilizado como antídoto a comportamentos aditivos diversos; finalmente e desde a perspectiva mais negativa, começa a ser alarmante o número de transtorno alimentar associados a um determinado padrão de personalidade, onde a atividade física joga um papel relevante.

    Nos programas de atividades físicas e esportivas que são desenhados para estas pessoas são cada vez mais freqüente a participação de psicólogos do exercício físico, que trabalham na melhora não só da saúde física, sino também na saúde mental das mesmas. São diversos os trabalhos que tem incidido na relação positiva existente entre a realização de atividade física e os benefícios da saúde física e mental de quem a realiza. Neste sentido Biddle (1992), apostava pela necessidade de que programas de atividade física foram seguidos de um número elevado de pessoas, com o objetivo de garantir a saúde mental da população. Márquez (1995) citou como efeitos imediatos da atividade física sobre a saúde os seguintes: aumento da confiança, estabilidade emocional, independência, satisfação sexual, eficiência no trabalho ou do bem-estar geral; assim mesmo, a autora constatava uma diminuição evidente nos seguintes aspetos: ansiedade, depressão, estresses, fobias, comportamentos psicológicos, entre outros. Outros autores que anteriormente já tinham mencionado efeitos similares são Collingwood (1972), Folkins e Sime (1989), De Vries (1981), Cox (1985), Gruber (1986), Steptoe e Cox (1988), e North, McCullagh e Tran (1990).

    Na literatura observam-se escassos trabalhos que tratem o exercício físico e o esporte como terapia para fazer frente aos transtornos de caráter psicológico, entretanto apreciam-se alguns estudos que mostram as claras vantagens da atividade física regular para a diminuição de problemas tais como a ansiedade (Petruzzello, Landers, Hartefield, Kubitz e Salazar, 1991), a autoestima (Kane, 1993) e depressão (Velázquez, 1996).

    Ao enfatizar a relação que se desenvolve entre realizar exercícios físicos e melhorar a saúde mental e física do indivíduo, se tem costume fazer referência ao estresse como síndrome que origina e canaliza boa parte do deterioro da saúde e, conseqüentemente, síndrome contra a qual se procura combater mediante o exercício físico e o esporte. De fato recentemente, fora do âmbito esportivo e contextualizado na relação que se observa entre estresse, saúde mental e física, Sánchez, 2002 não somente fundamenta que as doenças causadas ou relacionadas com a conduta e os estilos de vida são as que maiores afetam aos sistemas de saúde, sino que, também, afirma que as emoções relacionadas com a origem do estresse podem causar, entre outros, os seguintes transtornos físicos:

  • Transtornos cardiovasculares: doença coronária, hipertensão arterial.

  • Transtornos respiratórios: asma branquial, síndrome de hiperventilação.

  • Transtornos endócrinos: hipertiroidismo, hipotireoidismo, diabetes.

  • Transtornos gastrointestinais: transtorno esofágico, dispepsia na ulcerosa, úlcera péptica, síndrome do intestino irritável.

  • Transtornos dermatológicos: hiperhidrosis urticaria; dermatites.

    O autor conclui em quatro direções:

  • As emoções constituem um risco para a saúde.

  • As emoções negativas afetam a saúde.

  • Os episódios emocionais agudos podem agravar a enfermidade.

  • As emoções podem alterar a conduta do indivíduo doente.

    Em relação a esta última conclusão resulta muito significativa como, maiormente, as pessoas que têm sofrido algum problema cardiovascular de gravidade tendem alterar sua conduta, no sentido de diminuir sua atividade física e esportiva por temor a uma possível recaída; entretanto, é observado que quando estas pessoas realizam uma atividade física e/ou esportiva razoável não somente se sentem melhor física e psicologicamente, sino que também diminui a probabilidade de que aconteçam novos episódios da enfermidade.

    Voltando à temática da atividade física, são muitas as pesquisas que demonstram a relação existente entre realizar atividade física e a diminuição dos indicadores do estresse e, conseqüentemente, das doenças associadas, Gonzáles, Monterrey e Cuevas (1989), enfatizam grandes efeitos positivos sobre a saúde do indivíduo que realizam atividades físicas; são os seguintes:

  • Melhora o estado psíquico geral. A prática de atividade física incidiu no estado de saúde psicológica geral do indivíduo em aspectos tais como o aumento da satisfação (sentir-se bem), o aumento do autoconceito, o aumento da confiança em si mesmo e suas possibilidades (autoconfiança), no aumento do equilíbrio psicológico (generalização das sensações de estar bem ao resto de planos vitais da pessoa).

  • Maduração psicológica. A prática regular do exercício físico pode incidir no desenvolvimento de característica da personalidade.

  • Desenvolvimento psicomotor. Si existe uma característica claramente e diretamente saudável, como conseqüência da prática esportiva, é a elaboração de esquemas e condições psicomotrizes como conseqüência da repetição sistemática dos diferentes gestos técnicos que compõem esta prática. Este desenvolvimento psicomotor conduz, entre outras coisas, benefícios musculares, esqueléticos ou cardiovasculares.

  • Entretenimento. O esporte bem realizado deve ter basicamente divertimento, é de entretenimento, o que incide na sensação psicológica geral de estar bem, que como é sabido é um bom precursor da saúde psicológica e, também da física.

  • Identificação e aprendizagem. Os praticantes de esportes mais jovens identificam-se com esportistas profissionais, procurando imitar seus comportamentos.

Programas de promoção e melhora da saúde

    Sem duvida, uma das opções mais claras para comprovar de uma maneira aplicada como pode ajudar a psicologia no âmbito do exercício físico e o esporte, na busca de uma maior e melhor saúde global das pessoas que o praticam , é desenhando e desenvolvendo programas que permitam a promoção e prevenção da saúde. Neste sentido, os autores Caballero e Garcés (2002) mostram programas específicos de promoção e melhora da saúde, em populações concretas e onde tem se observado dados significativos sobre afetação da saúde, assim como resultados esperançosos acerca de como promocional a melhora da mesma desde a atividade física e esportiva, sem olvidar os componentes psicológicos, tão necessários segundo têm vindo comprovando.

    Concretamente, são os seguintes:

  • Hábitos alimentares. Descreveram-se os principais resultados encontrados em jovens praticantes e não praticantes de esporte sobre as condutas alimentares que apresentam, e em que direção apontava os autores quanto a medidas de prevenção dos principais problemas de saúde que se derivam.

  • Pessoas idosas. Foram analisados os resultados encontrados num grupo de pessoas idosas quanto à melhora da saúde física e psicológica, trás a realização de um programa de atividade física concreto. O programa foi mostrado como um elemento a valorar na promoção e manutenção da saúde global em indivíduos que por sua idade possam necessitá-lo.

  • Lesões em esportistas. Quando um esportista é machucado todo o enfoque de melhora da sua saúde é centrado no tratamento médico para cada lesão, não se tendo em consideração como a incidência dos fatores psicológicos pode ajudar a retrasar ou encurtar o tempo da lesão. Os autores descreveram propostas, desde uma perspectiva psicológica, para melhorar o processo da lesão e sua recuperação posterior.

  • Transtornos cardiovasculares. São mostrados os principais resultados obtidos do programa realizado com um grupo de pessoas com transtorno cardiovascular de tipo instável, no que se poderá apreciar como um programa de atividade física específico, acompanhado de outras estratégias psicológicas, pode proporcionar perspectivas esperançosas para o desenvolvimento vital destas pessoas.

  • Burnout em esportistas. Finalmente os autores adentraram nos principais fatores que deverão ser considerados no momento de estabelecer programas de intervenção e prevenção em esportistas com a síndrome de burnout, com a finalidade de que sua saúde física e mental não seja afetada por este transtorno.

    Cada um destes programas é descrito a continuação, e são oferecidas as principais propostas que os autores expõem:

Hábitos alimentares

    È difícil encontrar entre os jovens o corpo ideal como símbolo do equilíbrio pessoal, o que obviamente ocasiona diferentes transtornos de caráter psicológico. Esta realidade motivou aos autores Caballero e Garcés (2002) a estudar quais eram as características da relação que se estabelecia entre os jovens (esportistas e não esportistas) e as percepções de seu próprio corpo, e que papel desenvolve em esta relação a pratica de atividade física e esportiva.

    Partiram dos seguintes objetivos:

  • Conhecer as demandas e preocupações dos adolescentes, intentando averiguar suas metas, preferências e hábitos.

  • Constatar si existe ou não preocupação pelo próprio aspecto físico dos adolescentes.

  • Averiguar si existem diferenças relacionadas com a própria imagem corporal entre homens e mulheres, e ao mesmo tempo entre esportistas e não esportistas.

  • Observar si existem similitudes entre a população de jovens que realizam atividade física e pessoas que padecem algum tipo de transtorno alimentar.

  • Analisar a existência entre os adolescentes, esportista e não esportista; similitude dos rasgos vulneráveis para desenvolver alguma alteração da conduta alimentaria.

  • Desenvolver, num futuro próximo, programas de informação e prevenção dos transtornos da conduta alimentaria que se adaptem as características dos jovens.

  • Informar e formar aos profissionais da educação, e também do esporte, sobre esta temática.

    O estudo realizou-se sobre uma amostra de 1000 jovens (500 que não realizavam nenhum tipo de atividade física, e 500 que si a desenvolviam). Entre os principais dados e propostas que os autores Caballero e Garcés (2002) propõem em futuros programas de promoção da saúde, através da correção de hábitos alimentares negativos, encontramos os seguintes:

  • Praticamente a metade das mulheres que participaram mostrou uma clara insatisfação com seu corpo.

  • Maiormente as mulheres realizam algum tipo de dieta.

  • Em homens foram encontrados resultados contrários ás mulheres; assim, fazem menos dieta, praticam, mas esporte e estão satisfeito com seu corpo.

  • Outros indicadores das mulheres são certas dimensões associadas aos transtornos relativos à alimentação: Impulsividade, inseguridade social e ineficácia.

  • Os homens apresentam pontuações elevadas em outras dimensões associadas com a aparição de problemas psicológicos relacionados com a alimentação: perfeccionismo e ascetismo.

Pessoas idosas

    È um fato absolutamente conhecido que a esperança de vida está aumentando, trazendo consigo que as pessoas consideradas idosas dispõem de uma grande quantidade de tempo para o ócio que não sempre aproveitam bem; por outra parte, considerar-se idoso e “pouco útil” incidem diretamente numa saúde psicológica e física de inferior qualidade. Para combater este aspecto alguns autores mostram programas de exercícios físicos que abrem caminho com resultados esperançoso. Esses programas são denominados “Programas ocupacionais Gerontológicos de Atividade Física” e são definidos como uma atividade física regular e planejada que simultânea os fine recreativos com a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades específicas, dirigida às pessoas idosas. Alcántaras, Ureña e Garcés (2002), desenharam e desenvolveram um destes programas, que junto à atividade física foram introduzidos aspectos tais como: exercícios respiratórios, ginástica leve, expressão corporal e dança. Com tal programa se pretendia lograr os seguintes Objetivos:

  • Que foram praticados por todas as pessoas idosas consideradas aptas por profissionais médicos.

  • Incidir na melhora da saúde integral e qualidade de vida das pessoas, desde uma perspectiva ampla biológica, psicológica e social.

  • Propiciar o bem estar dos sujeitos, mediante a diversão e distensão psicológica através do relaxamento.

  • Estimular as implicações cognitivas nas atividades requerendo processos de atenção, compreensão, sínteses, memória e aprendizagem, observação, percepção, análises, decisão e controle de condutas.

  • Estimular a relação social e afetiva entre os membros do grupo.

  • Potenciar os recursos motrizes dos sujeitos em beneficio da sua saúde biopsicosocial, e da sua autonomia no desempenho das atividades da vida diária.

  • Incidir sobre os hábitos da vida dos sujeitos, promovendo e formado-los, principalmente, no autocuidado da saúde através da pratica autônoma de atividade física saudável, e do desenvolvimento de hábitos higiênicos e de alimentação.

  • Fomentar a prática regular de atividade física saudável.

    Entre os principais resultados e conclusões que os autores oferecem trás a realização do programa mencionado, com um total de 28 pessoas idosas, destacam os seguintes:

  • A atividade física prevê do aumento de peso associado ao envelhecimento.

  • O inicio do programa de atividade física moderada diminui um 23% de todas as causas de mortalidade.

  • O desenvolvimento da força resistência dos músculos flexores do tronco e quadril tem sido um objetivo principal do programa, dado que é uma forma de prevenir a dor lombar e alterações posturais.

  • A melhora cardiorrespiratória tem sido tratada como um objetivo prioritário, devido que a atividade física regular pode incidir beneficamente sobre os sistemas cardiorrespiratório e metabólico, facilitando o controle de enfermidades de essa índole entre os participantes e que constituem a principal causa de morte nas sociedades desenvolvidas.

  • Apreciam-se efeitos benéficos da atividade física regular sobre a sintomatologia depressiva e autoestima.

  • Potencia-se a melhora psicossocial de maneira específica através de seus conteúdos e relação de grupo possibilitado pelos participantes no programa.

  • A melhora da saúde orgânica e sua sintomatologia (valores de tensão arterial, glicemia, colesterol, dor músculo-esqueléticos), e da aptidão física nas atividades cotidianas (subir e descer escadas, sentasse, acostasse e levantasse; variadas tarefas domésticas, melhora no descanso noturno, favorece a distensão psicológica, melhora a autoimagem, etc.), contribuem ao bem-estar psicológico e melhora da relação e integração social.

Lesões em esportistas

    Um fator freqüente nos esportistas é a ocorrência de lesões que atrapalham o desenvolvimento físico e técnico adquirido. O impacto psicológico, ademais do físico, é enorme, devido a que de repente pode verse afetados aspectos psicológicos tais como a segurança, a autoconfiança ou a motivação. Olmedilla e Gonzáles (2002), a partir da análise dos fatores associados à lesão esportiva, recomendam uma serie de medidas de intervenção e prevenção que podem ajudar a diminuir a incidência das lesões. Assim, entre outras, propõem as seguintes estratégias de intervenção e prevenção de lesões:

  1. Atender sempre os fatores relacionados com a lesão, relativos a:

    • As situações potencialmente estressantes, próprias do treinamento e a competição, os câmbios no entorno esportivo, os acontecimentos vitais tanto positivos quanto negativos, ou a excessiva atividade quantitativa ou qualitativa que suportam os esportistas.

    • As variáveis pessoais, referidas a aquelas que aparecem claramente associadas com as lesões (ansiedade) como os recursos adaptativos que apresenta o esportista.

  2. Entre as estratégias de prevenção que propõem os autores, encontramos as seguintes: eliminação de situações potencialmente estressantes, modificar variáveis pessoais relevantes, controlar as manifestações prejudiciais do estresse.

  3. Como medidas de intervenção indireta sobre as potenciais lesões destacam as seguintes: habilidade de comunicação, técnicas de relaxamento, pratica imaginada e estabelecimento de objetivos.

  4. Consideram que os objetivos gerais a serem enfocados durante as intervenções psicológicas trás a lesão são os seguintes:

    • Controle das repostas emocionais associadas à lesão.

    • Desenvolvimento da motivação e autoconfiança em relação ao programa de reabilitação.

    • Recuperação do tempo de inatividade.

    • Intervenção específica dos esportistas que evitam a recuperação.

    • Intervenção com os esportistas que devem competir estando lesionados.

    • Intervenção específica com os esportistas que devem retirar-se como conseqüência da lesão.

Transtornos cardiovasculares

    As doenças cardiovasculares constituem o primeiro problema de saúde pública dos países industrializados. As enfermidades coronárias, segundo a organização Mundial da Saúde (Fernández e Martín, 1995) é a principal causa de mortalidade nos países industrializados. Ademais, as pessoas que sofrem algum tipo de transtorno cardiovascular tendem a apresentar câmbios em seu estilo de vida, normalmente de caráter negativo (provocado pelo medo à recaída). Garcés, Valandrino, Conesa e Ortega (2002), desenvolveram um programa de intervenção psicológica em consonância com a atividade física como um elemento básico do mesmo, com a finalidade de restabelecer os componentes psicológicos e físicos que insidiam num padrão de vida caracterizado pelo medo a recaídas.

    O programa foi aplicado a um total de 26 pacientes com problemas cardiovasculares tipo instável (esforço de recente começo, esforço progressivo e repouso), e desenhado de acordo aos seguintes parâmetros:

  • Modulo de exercícios físicos: caminhar uma hora ao dia, exercício de natação em piscina coberta dois dias à semana em seções de 60 minutos, aquecimento, exercício moderado e divagar para finalizar.

  • Modulo de relaxamento e respiração: Uma seção semanal de media hora de durabilidade de treinamento e aplicação do relaxamento muscular progressivo, durante oito semanas consecutivas.

  • Modulo informativo: Informação aos pacientes através de uma conversa sobre os seguintes temas: causa e origem da doença coronária, fatores de risco cardiovascular, benefícios gerais do exercício físico, benefícios do relaxamento, benefícios da respiração, e do consumo de alimentos anticolesterol, saudáveis e reguladores da tensão.

  • Modulo de processos cognitivos: Se realizavam seções relacionadas com o funcionamento cognitivo das pessoas; assim, se destacaram como temas relevantes os seguintes: nossa maneira de pensar, a conduta sexual, a conduta de fumar e as situações de raiva e hostilidade que põem em perigo o coração.

    Após aplicar durante vários meses o programa anteriormente citado, os autores descrevem melhoras nos pacientes nas seguintes áreas: estão sensibilizados com a doença, menos hostilidade, menos ansiedade, menos sintomas depressivos, melhores relações familiares, melhores relações sociais, melhores relações sexuais, diminuição do consumo de café, menor consumo de álcool, descenso do consumo de tabaco, aumento da prática de atividade física e esportiva, diminuição da pressão sanguínea e maior compensação da pressão arterial, descenso dos níveis de obesidade, e diminuição de novas hospitalizações.

Burnout em esportistas

    Uma síndrome que começa a ser analisado com sistematicidade é o burnout em esportistas. O burnout é um transtorno caracterizado por esgotamento emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal; um problema que leva de maneira aguda à aparição de situações especialmente estressantes para o esportista, como conflitos com as pessoas no meio esportivo, transtornos psicossomáticos diversos, até o abandono da pratica esportiva, por citar alguns exemplos. Após diferentes estudos, Garcés e Medina (2002), propõem uma serie de medidas de intervenção e prevenção da síndrome:

  • Sistema de avaliação. A avaliação ajudará não só a identificar a existência do burnout, sino também sua intensidade.

  • Identificação das áreas de intervenção.

  • Coordenação com o psicólogo do esporte.

Conclusões

    Desta forma pode-se concluir que a prática de exercício físico regular e esporte com acompanhamento de especialistas em psicologia do exercício físico, pode contribuir para melhoria na qualidade de vida das pessoas. Assim como também poderia ajudar no bem estar psicológico dos sujeitos durante a realização do esforço físico.

Bibliografia

  • Alcántara, P., Ureña, F. y Garcés, E.J. (2002). Repercusiones de un programa de actitud física gerontológica sobre la aptitud física, autoestima, depresión y afectividad. Cuadernos de Psicología del Deporte.

  • Biddle, S. (1992). Psicología del ejercicio y calidad de vida. Conferencia presentada en el Congreso Científico Olímpico. Málaga.

  • Collingwood, T.R. (1972). The effects of physical training upon self-concepts and body attitude. Journal of Clinical psychology, v. 28.

  • Cox, R.H. (1985). Sport psychology: Concepts y applications. Dubuque, IA: W.C. Brown.

  • Caballero, J. y Garcés, F., E.J. (2001). Estudio de conductas alimentarias y actividad física en la Región de Murcia. Murcia: ADANER.

  • De Vries, H.A. (1981).Tranquilizer effect of exercise: A critical review: The physician and Sportmedicine, v. 9.

  • Folkins, C.H y Sime, W.E. (1989). Fitness training and mental health. American Psychologist, v.36.

  • Gruber, J.J. (1986).Physical activity and self- esteem development in children: A meta-analysis. En G. Stull y H. Eckert (Eds.). Effects of physical activity on children. Champaign, Illinois: Human Kinetics.

  • González de Juan, J.I. (1989). El estrés en la competición: Posibles fuentes y algunos métodos de control. Psiquis, v. 10.

  • Márquez, S.(1995). Benefícios psicológicos de la actividad física. Revista de psicologia General y aplicada v. 48.

  • North, T.C. McCullagh, P. y Tran, Z.V. (1990). Effect of exercise on depression. Exercise and Sport Sciences Reviews, v.18.

  • Samulski, D. (2002). Psicologia do esporte: um manual para a educação física, fisioterapia e psicologia. São Paulo: Manole.

  • Steptoe, A. y Cox, R.H. (1988). Acute effects of aerobic exercise on mood. Health Psychology, v.7.

  • Velázquez, R. (1996). Actividad físico-deportiva y calidad de vida: Una respuesta educativa. Revista Española de Educación Física y Deportes, v.2.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 205 | Buenos Aires, Junio de 2015  
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados