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Olhares sobre o fenômeno do rotacismo

Enfoques sobre el fenómeno del rotacismo

Looks on the phenomenon of rhotacism

 

*Graduando do 5° período do curso de Letras - Português da Universidade Estadual

de Alagoas - UNEAL - Campus III - Palmeira dos Índios - AL. É bolsista do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES/UNEAL)

**Mestre em Educação pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL- é membro do grupo

de Pesquisa Trabalho, Educação e Ontologia Marxiana, liderado pela professora

Dra. Edna Bertoldo e atua como professor de Filosofia na Faculdade

São Tomás de Aquino – FACESTA, Palmeira dos Índios, AL

Max Silva da Rocha*

msrletras@gmail.com

José Bezerra da Silva**

jbcartorio@ibest.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo tem por objetivo analisar e compreender o fenômeno do rotacismo, ou seja, a troca entre a consoante líquida vibrante /ɾ/ e a lateral /l/. Nesse estudo observou-se essa troca de uma vibrante por uma lateral, como no exemplo, de [biciklƐta] e [bicikɾƐta]. São justamente esses traços fonológicos e distintivos que serão analisados neste trabalho. Para essa pesquisa quantiqualitativa foi imprescindível um corpus de amostra coletada entre cinco colaboradores, sendo três mulheres não alfabetizadas e dois homens alfabetizados, residentes em uma região da zona rural do município de Igaci. Alguns fatores sociais influenciaram fortemente nos dados da pesquisa. Esse trabalho tomou como base teórica os livros de Callou e Leite (2005), Henriques (2009), Bagno (2013), Taís (2007) e Cagliari (2010). Livros que foram essenciais durante toda pesquisa e realização desse estudo. Portanto, constatou-se que o rotacismo se dá pela aproximação dos dois fonemas na articulação já que só se diferenciam porque o /ɾ/ é vibrante e o /l/ é lateral. Sendo assim, iguais na maioria dos pontos articulatórios diferenciando-se apenas em um segmento.

          Unitermos: Rotacismo. Articulação. Consoante.

 

Abstract

          This article aims to analyze and understand the rhotacism the phenomenon, that is, the exchange between the vibrant liquid consonant / ɾ / and the lateral / l /. In this study we observed that exchange of a vibrating a side, as in the example of [biciklƐta] and [bicikɾƐta]. It is precisely these phonological and distinctive features that will be analyzed in this work. For this research was essential Quantiqualitative a sample corpus collected from five employees, three women illiterate and two literate men, living in a region of the rural municipality of Igaci. Some social factors influenced strongly in the survey data. This study examines the theoretical basis Callou Milk and books (2005), Henriques (2009), Bagno (2013), Thais (2007) and Cagliari (2010). Books that were essential for all research and this study. Therefore, it was found that the rhotacism is by bringing the two phonemes in the joint as only differ because the / ɾ / is vibrant and the / l / is lateral. Thus, in most equal articulation points differing only in one segment.
          Keywords: Rhoticism. Joint. Consonant.

 

Recepção: 16/04/2015 - Aceitação: 13/05/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este trabalho consiste em uma análise de dois fonemas que se distinguem em apenas um segmento articulatório, ou seja, porque um é vibrante e o outro lateral. Como se sabe, fonema é um conjunto de traços distintivos e é um som que tem um valor diferenciador, entre dois vocábulos, conforme Callou e Leite (p. 37, 2005).

    Por meio da comutação pode-se provar que determinada parte fônica é fonema, porque a comutação é usada para depreender os fonemas de uma língua determinada e consiste em substituir num vocábulo uma parte fônica por outra de maneira a obter um outro vocábulo da língua: pala, bala, fala, vala, (idem p. 42, 2005).

    Cabe à fonologia estudar esse contraste pertinente que ocorre entre o /ɾ/ e/l/ se opondo em apenas a uma característica. Pois a fonética se preocupa com todos os traços e especialmente os sonoros como entidades físico-articulatórias isoladas, segundo Henriques (p. 33, 2009).

    A variação lingüística é um fenômeno que ocorre entre os falantes de uma determinada região que também foi notória a presença lingüística entre os nossos entrevistados. Sabe-se que da forma que iremos ver adiante mesmo não estando todas as palavras na norma culta padrão não está errado o modo como os colaboradores pronunciaram as palavras, porque são apenas outras maneiras que a língua nos possibilita utilizar conforme Cagliari (2010).

    Nesse estudo iremos analisar o rotacismo, que é a troca da consoante líquida lateral, pela líquida vibrante, isto é, o /l/ pelo /ɾ/ já que ocorre por causa de um único aspecto fonológico porque são iguais nos pontos de articulação. Para estudar esse fenômeno foi feita uma pesquisa e entrevista com cinco colaboradores. Sendo três mulheres e dois homens residentes na zona rural do município de Igaci, AL.

    Na entrevista foram feitas perguntas direcionadas com o intuito de obter respostas condicionadas. O questionamento foi feito com perguntas previamente elaboradas e nas respostas de todos os colaboradores, foram detectadas várias palavras com o fenômeno estudado, pois a localidade influenciou fortemente nos resultados obtidos, já que está localizada na zona rural.

    O fenômeno estudado ocorre muito entre várias pessoas, especialmente na zona rural, mas o estudo aqui realizado mostrará que o rotacismo está bem evidente entre os falantes, já que durante toda entrevista ocorreu de forma repetitiva o mesmo tema estudado e com bons exemplos, porque várias palavras caracterizadas pelo fenômeno foram muito utilizadas no decorrer da entrevista por todos os colaboradores da pesquisa.

    A seguir, mostraremos como o rotacismo está cada vez mais vivo na linguagem e no dia a dia das pessoas já que ocorre uma grande aproximação entre os dois fonemas, /ɾ/ e /l/ deixando assim evidente a troca destes, sem percepção do falante ao discursar. Não há dúvidas de que esses fonemas apresentam pertinência uma vez que, possuem traços distintivos que os caracterizam serem fonemas por meio da comutação.

    De que maneira as pessoas da zona rural vêm fazendo uso desses dois fonemas tão aproximados que durante a fala troca-se um pelo outro sem se darem conta? Esse estudo mostrará por que ocorre o rotacismo, na prática, e como os falantes utilizaram esse fenômeno tão rotineiro em suas respostas durante toda a entrevista. Para tanto, a pesquisa de campo seguiu a um questionário (vide anexo) com a gravação das entrevistas.

Descrição sobre o modo de vida dos entrevistados

    Com relação ao modo de vida e o cotidiano dos colaboradores da pesquisa é imprescindível falar de alguns aspectos fundamentais influenciadores do uso do rotacismo. Os entrevistados são de uma determinada região rural com costumes e práticas culturais, crenças religiosas e um modo de vida diferenciado da zona urbana, destituídos das exigências de freqüentar a escola, bem como cuidar do uso da língua. Pode-se dizer, que cuidam mais da enxada do que da fala, por isso, o uso desenfreado do rotacismo se constitui em algo normal na convivência diária com outras pessoas, as quais também habituadas com as mesmas práticas do uso da língua com relação ao rotacismo.

    Os entrevistados não tiveram possibilidades de se instruírem, pois aproximadamente trinta anos atrás não se tinha escola e nem professores como nos dias de hoje, e mesmo os alfabetizados citados na pesquisa possuem muito mais contato com a agricultura, e o modo de vida rural do que com a própria linguagem em sua forma culta, fazendo assim muito mais uso da linguagem informal, que é predominante em sua localidade. Assim, o fenômeno do rotacismo se faz presente neste ambiente rico de exemplos, como será demonstrado por ocasião da apresentação dos dados da pesquisa.

    Não se pode negar o contato contínuo das pessoas entrevistadas com indivíduos que cultuam a língua de maneira lapidada. Alguns viajaram por outros estados brasileiros, especialmente São Paulo, mas não perderam suas raízes. Desse modo, essas convivências não eliminaram dos entrevistados o uso indevido da língua, que aparece e reaparece quando os fonemas /ɾ/ e /l/ se fazem presentes em seus discursos. Portanto, tem permanecido no meio rural, como será apresentado com os dados da pesquisa, o predomínio do rotacismo apesar das influências ditas cultas e infelizmente mesmo ouvindo a pronúncia correta de determinadas palavras não conseguem corrigir-se e pronunciá-las corretamente, por exemplo, se alguém pronunciar a palavra plantar, certamente será repetida por um dos nossos entrevistados por prantar.

    Também é visível a mesma problemática entre aqueles que freqüentaram a escola, sendo notório o rotacismo com os dois entrevistados que concluíram o ensino médio há alguns anos. Vê-se, pois, a presença de vestígios arraigados, condicionantes do uso da fala. Veremos a seguir, quando apresentarmos os dados da pesquisa, a permanente influência do fenômeno fonológico denominado rotacismo.

Quadro de dados da pesquisa

Tabela com os casos em que predominou a troca do fonema /ɾ/ pelo /l/

    Durante as entrevistas estabelecemos vários critérios estimuladores, por meio dos quais os entrevistados repetiam determinadas palavras, como prantar, bicicreta, prano, crima e frau. Mesmo provocando os entrevistados com perguntas previamente elaboradas, eles se sentiram à vontade, a ponto de responderem o que lhes foi perguntado, acrescentando comentários do cotidiano deles, repletos de bom humor, provocando não poucas vezes risos. Contudo, o fenômeno rotacismo em nenhum momento da entrevista foi superado, pois os entrevistados ouviam a pronúncia correta das palavras citadas e as pronunciavam sob o efeito do rotacismo.

    As comparações entre os cinco colaboradores são distintas, tanto no nível escolar como na idade de cada entrevistado. Os entrevistados 01, 02 e 03 são de idade entre cinqüenta e cinco e sessenta e cinco anos. Os entrevistados 04 e 05 são de idade entre vinte e trinta anos. Os três primeiros são analfabetos e os dois últimos são alfabetizados, um deles inclusive está cursando o ensino superior e é professor da rede estadual e o outro concluiu o ensino médio há alguns anos.

    Apesar das diferenças notadas acima, o rotacismo persistiu, provavelmente pela proximidade dos fonemas /ɾ/ e /l/, ou então por fatores culturais impregnados de tipo familiar e local, onde a presença do rotacismo é constante, capaz de com sua força condicionar a fala até daqueles que enveredaram pelo mundo da escolarização. Pode-se também se fazerem presentes outras causas que a pesquisa não conseguiu identificar. Quanto aos não alfabetizados é comum a troca de fonemas, bem como a pronúncia de palavras errôneas, como pode ser ouvido diretamente nas entrevistas.

    Por fim, deve-se evidenciar o fato de que o rotacismo descrito nesta pesquisa não se trata do não uso da norma culta da língua, mas simplesmente de verdadeira confusão entre o som dos dois fonemas /ɾ/ e /l/.

Considerações finais

    O ensino superior brasileiro tem como suporte o ensino, a pesquisa e a extensão. A pesquisa se constitui em elemento fundamental do ensino superior, por meio dela que adquirimos conhecimentos de natureza científica. In caso, discorremos sobre o rotacismo presente em indivíduos residentes no meio rural. Desse modo, atendemos as exigências do que pretendíamos como esse artigo e do que nos foi solicitado, e ainda despertamos para o significado e a importância da realização de pesquisa para a obtenção de conhecimentos, superando assim, algumas práticas rotineiras de se ensinar e de se aprender simplesmente em sala de aula. De agora em diante, através da satisfação obtida com esta pesquisa, podemos nos considerar estudantes pesquisadores.

    Os entrevistados foram fascinantes uma vez que, colaboraram entusiasmados e graciosamente com a nossa pesquisa, narrando fatos particulares de suas existências, como quando foram perguntados se tinham plano de saúde e eles entenderam ser o plano funerário. Cite-se ainda outras intervenções enriquecedoras como o cantar das galinhas e a chegada de vizinhos durante as entrevistas.

    Quanto à pesquisa realizada, vale salientar ter sido fascinante, sem a pretensão de querer esgotar o assunto aqui tratado. Constituindo-se num pontapé inicial para a realização de outros futuros estudos, inclusive destacando elementos discursivos atuais como os discursos políticos.

Bibliografia

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