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O polo aquático como recurso modificador 

comportamental a nível de pluralidade cultural

El waterpolo como recurso transformador del comportamiento en el nivel de pluralidad cultural
The water polo as a self modifier resource on a cultural plurality behavioral level

 

*Discente da graduação em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Discente da graduação em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

Bacharel em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)

***Co-orientadores. Graduandos em Educação Física pela Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

****Orientador. Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ. Docente da UCB/RJ

(Brasil)

Izabelita da Costa**

Laila Lapico*

Lucas de Alencar*

Simone Pontes Silva*

Thatiana de Souza*

Thamara Lima***

Rômulo Caccavo***

Sergio Tavares****

romulocaccavo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado. O acesso às atividades que envolvem a água é restrito, pois é exigida uma infraestrutura adequada. A referida pesquisa se distingue como uma pesquisa descritiva (ex-post-facto), sobre pluralidade cultural, sendo o público alvo 12 adolescentes, de faixa etária entre 14 e 16 anos, do sexo masculino participantes do projeto Vôlei do Futuro foi avaliado o nível de pluralidade cultural deste mesmo grupo em relação ao polo aquático, por meio de questionário ex-post-facto. A intervenção prática modificou o nível comportamental dos indivíduos em relação à pluralidade cultural.

          Unitermos: Atividades aquáticas. Cultura. Desporto. Pluralidade cultural. Polo aquático.

 

Abstract

          The dances, sports, fights, games and gymnastics compose a vast cultural heritage that must be known, enriched and used. The access to activities that involve water is restricted, because an appropriate structure is required. The referred research is defined as a descriptive research about cultural plurality. The targeted public is twelve adolescents, with ages between fourteen (14) and sixteen (16), males and participants of the project 'Vôlei do Futuro' (Future Volleyball). The level of cultural variety of this group was measured using the water polo as device, through an ex-post-facto questionnaire. The practice intervention modified the behavioral level of the persons in relation to cultural plurality.

          Keywords: Water activities, Culture, Sport, Cultural plurality, Water polo.

 

Recepção: 18/03/2015 - Aceitação: 10/05/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de influências está presente na vida cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado. Além disso, esse conhecimento contribui para a adoção de uma postura não preconceituosa e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte (Brasil, 1997, p.28-29).

    O ser humano nasce em uma cultura, cresce, vive e podem recriar as culturas. Todos os seres têm uma cultura própria, desenvolvida no meio em que vive. O ser pode optar por continuar no mesmo ambiente em que vive ou migrar de cultura, se achar ideal ele poderá viver em outro lugar, com culturas diferentes que se adaptar melhor ao seu modo de viver.

    Pluralidade cultural são as diferentes formas de culturas, as diferenças existentes entre os meios culturais.

    Estimar as diferenças étnicas e culturais não constitui concordar com os valores do outro, mas sim reverenciá-lo como demonstração da variedade, consideração que é, em si, devido a todo ser humano, por sua decência própria, sem qualquer discriminação (Brasil, 1998).

    O acesso às atividades que envolvem a água é limitado a determinado grupo social, pois exige infraestrutura, equipamento e acesso ao local adequado. A proposta é trazer um grupo que pratica outro esporte, para experimentar uma prática corporal no meio líquido como o polo aquático (FERREIRA, 2013), ampliando a pluralidade cultural em relação aos esportes aquáticos, sendo uma atividade prazerosa, a partir da adaptação ao meio líquido, segundo Gomes (1995):

    “A adaptação é uma das fases mais importantes da natação. Uma pessoa mal orientada terá maiores dificuldades para desenvolver a técnica dos nados. Ela dependerá do ritmo individual. Não adianta o orientador querer caminhar mais rápido do que o aprendiz. Esta fase é um momento de integração da pessoa com o meio, sendo importante estímulos variados que proporcionem o domínio do corpo na água. Para aprender, o aluno precisa resolver alguns problemas dentro do novo meio. O professor deve ser um estrategista na organização, criação de um ambiente favorável e seguro, facilitando, assim, a aprendizagem.” (Gomes, 1995)

    Apesar de não ser um esporte popular no Brasil, o polo aquático é disputado em Jogos Olímpicos desde 1900, nas Olimpíadas de Paris. Os brasileiros tiveram espaço na disputa nos Jogos de Antuérpia, em 1920, conquistando a sexta colocação. O polo aquático, oficialmente, teria surgido na Inglaterra durante o século XIX, mas há indícios de que ele já era jogado no século XVII na Escócia e na própria Inglaterra. Segundo CHRISPINO (2012), “Essa modalidade reúne duas características básicas: a ação de lançar a bola por cima da cabeça, preferencialmente com o membro dominante e a presença de gestos característicos do estilo livre na natação”.

    Diante desse cenário e entendendo que a Educação Física pode ser uma ferramenta para aumentar a possibilidade de diálogo a respeito de questões relacionadas à pluralidade cultural, será desenvolvida uma intervenção nas aulas de prática de desporto de quadra (voleibol), e nesta perspectiva, possibilitar aos adolescentes o conhecimento de outras práticas desportivas em ambiente aquático (polo aquático) que tanto influenciam nossa sociedade.

    A referida pesquisa se distingue como uma pesquisa descritiva (ex-post-facto), sobre pluralidade cultural, sendo o público alvo 13 adolescentes, de faixa etária entre 14 e 16 anos, do sexo masculino participantes do projeto Vôlei do Futuro. A mesma tem o objetivo de avaliar o nível de pluralidade cultural em adolescentes da Escola Municipal Fernando Barata Ribeiro beneficiários do projeto Vôlei do Futuro.

Desenvolvimento

    Foi realizada uma visita ao espaço onde o grupo focal se encontra para a prática de voleibol e houve uma abordagem por meio de roda de conversa. Os pesquisadores levaram a temática “Você conhece alguma universidade?” e os adolescentes puderam tirar dúvidas em relação à necessidade de permanecer estudando, ao espaço acadêmico, questionamentos sobre o acesso por meio de exames, programas de governo, bolsas, financiamento, cursos oferecidos e quais universidades estão mais próximas ao bairro de Campo Grande – RJ. Aplicado o questionário, houve orientação sobre a utilização obrigatória de traje de banho e alguns adolescentes tiveram resistência, alegando que não possuem sunga ou que se sentiriam constrangidos em ficarem expostos na piscina. Reforçamos que a participação dos mesmos seria de grande importância. Combinamos que levaríamos os mesmos para conhecer os espaços da Universidade Castelo Branco (Realengo/RJ), que compraríamos as sungas para quem não tinha e quem quisesse poderia usar toalha em torno do corpo até o momento de entrar na piscina, o que os motivou a participarem do evento.

  • Primeira etapa: No dia 05/11/2014 ás 9 horas e 30 minutos foram realizados exercícios de adaptação na água para facilitar o deslocamento dos mesmos para a realização da atividade.

  • Segunda etapa: No mesmo dia no horário das 10 horas, realizamos com o auxílio de um professor específico o ensino do Polo aquático. Ele iniciou demonstrando como pegar a bola, como se locomover com a mesma e como se manterem ‘’flutuando’’ durante o jogo.

    Após a atividade foi aplicado o mesmo questionário para a verificação do nível de pluralidade dos atletas após a intervenção de uma nova modalidade onde foram classificados como pouco plural, parcialmente plural, muito plural e total.

Metodologia

    Foi aplicada a Escala sobre Motivos para a Prática Esportiva (EMPE), validada por Barroso (2007), um tipo de escala de Likert, com as questões adaptadas pelos autores desta pesquisa para o tema pluralidade cultural. As afirmações da EMPE fazem paralelo com as questões elaboradas para este trabalho e, para investigar o nível de pluralidade cultural, foi desenvolvido um instrumento específico para o mesmo. As classificações “nada importante”, “pouco importante”, “importante”, “muito importante” e “totalmente importante” equivalem a “pouco plural” (“nada importante” e “pouco importante”), “parcialmente plural” (“importante”) e “muito plural” (“muito importante” e “totalmente importante”) em nosso trabalho. O motivo que levou os autores a elaborá-lo foi não ter sido encontrada nenhuma escala na literatura que atendesse ao objetivo de fazer tal investigação. Este instrumento foi organizado com embasamento nos estudos de Barroso (2007) pela Escala de Motivos da Prática Esportiva (EMPE), reduzido para dezesseis questões divididas em quatro blocos: A (Conhecer outros espaços para a prática esportiva), B (valorizar trabalho em equipe), C (conhecer outras atividades aquáticas) e D (conhecer o polo aquático). Cada bloco possui quatro afirmativas com possibilidade de cinco respostas cada: concordo plenamente (vale três pontos), concordo parcialmente (vale dois pontos), discordo parcialmente (vale um ponto), discordo totalmente (zero ponto) e não se aplica (zero ponto). Cada resposta será somada e o total entrará numa escala de pontuação, equivalendo a muito plural (de 32 a 48 pontos), parcialmente plural (de 16 a 32 pontos) e pouco plural (de 0 a 16 pontos). Cabe ressaltar que não houve validação do instrumento. O programa Microsoft Excel 2003 será utilizado para análise dos dados e produção de gráficos.

    O grupo que será entrevistado é composto por 12 praticantes de voleibol com faixa etária entre 14 a 16 anos, todos do sexo masculino e moradores do Bairro de Campo Grande na Zona Oeste do Rio Janeiro.

Resultado e discussões

    Como foi apresentado na metodologia, o grupo de 12 integrantes, todos do sexo masculino entre 12 a 16 anos, respondeu dois questionários (um antes da intervenção e outro depois). O primeiro avaliou o nível de pluralidade em que eles se encontravam antes da atividade e o segundo avaliou o nível de pluralidade depois da atividade.

    O pré-teste apresentou a amostra com 15% de indivíduos pouco plurais, 54% de indivíduos parcialmente plurais e 31% muito plurais. Mais de 50 % concorda plenamente que “É interessante conhecer outros locais para prática de esportes”; “Preciso sair do meu bairro para conhecer o voleibol”; “Gosto do voleibol, pois conheço outras pessoas”; “Quero conhecer outros esportes coletivos”; e; “Gostaria de praticar atividades esportivas na piscina”.

    O pós-teste apresentou uma diferença nos percentuais de indivíduios muito plurais (42%) e parcialmente plurais (58%), deixando em 0% a quantidade de indivíduos pouco plurais. Mais de 50% dos indivíduos concordam plenamente com as afirmações: “É interessante conhecer outros locais para prática de esportes”; “Preciso sair do meu bairro para conhecer o voleibol”; “Preciso sair do meu bairro para conhecer outros esportes”; “Já saí de meu bairro para conhecer esportes praticados na piscina”; “Quero conhecer outros esportes coletivos”; “Já pratiquei atividades esportivas na piscina”; “É importante todos conhecerem atividades esportivas do meio aquático”; e; “Tenho curiosidade em conhecer o polo aquático”.

Considerações finais

    Antes da intervenção, foi aplicado o questionário, onde observamos que os indivíduos apresentaram dificuldades em relação à utilização de traje de banho e após as atividades realizadas na piscina (adaptação e polo aquático), houve maior aceitação por parte do grupo em utilizar o traje de banho e sem a toalha de banho, constatando a existência de respeito aos colegas de grupo.

    O grupo focal teve pequena dificuldade em permanecer na piscina, mas os adolescentes conseguiram se adaptar ao meio aquático. Apenas um adolescente não se sentiu seguro e utilizou tubo água para se apoiar. Com a orientação do professor convidado, as habilidades utilizadas em quadra, pelo grupo, foram adaptadas ao meio aquático, associando os gestos do polo aquático ao do voleibol.

    Além das atividades realizadas na piscina, o grupo conheceu o espaço universitário e o Centro Esportivo da Castelo Branco (CECB) ganhou maior visibilidade, fazendo com que o grupo se interessasse a conhecer outros esportes oferecidos pelo CECB.

    Assim sendo, observamos que foi aumentado o nível de pluralidade cultural, trazendo ao grupo novos horizontes, permitindo a vivência em um esporte diferente do voleibol (que habitualmente praticam) que é polo aquático e não perderam a sua essência de desporto de quadra.

Referências bibliográficas

  • Barroso, Mario Luiz Couto (2007). Validação do Participation Motivation Questionnaire adaptado para determinar motivos de prática esportiva de adultos jovens brasileiros. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID), Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis/SC.

  • Brasil (1997). Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física.

  • Chrispino, Thaís Camasmie (2012). Estimativa do volume muscular de atletas de polo aquático em membros dominante e não dominante. Arquivos em movimento. Revista eletrônica da Escola de Educação Física e Desportos – UFRJ. Rio de Janeiro.

  • Ferreira, Bruno Nunes (2013). O polo aquático como recurso pedagógico para o ensino da natação: um relato de experiência. Trabalho de Conclusão de Curso. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • Gomes, Wagner Domingos Fernandes (1995). Natação, uma Alternativa Metodológica. Rio de Janeiro: Editora Sprint.

  • Smith, H. (1998). Applied physiology of water polo. Sports Medicine - 26(5), 317-334.

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