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Esporte de alto rendimento na escola

High sport performance at school

 

Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina

com ênfase no ensino dos esportes na escola

Especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade Gama Filho

Especialista em Nutrição Esportiva pela Faculdade Integrada A Vez do Mestre

Professor do curso de Educação Física do Instituo de Ensino Superior da Grande Florianópolis

Moacir Pereira Junior

moacirpj@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os esportes são vistos como uma fonte na formação humana e é preciso saber introduzir os esportes na escola de forma que alcance os objetivos planejados pelo professor. Geralmente o esporte na escola é tratado por meio do alto rendimento sem buscas nos valores que possam ser absorvidos nas práticas esportivas. Não precisa ser tematizado com vistas ao rendimento, mas com intuito de desenvolver competências imprescindíveis na formação de sujeitos livres e emancipados. Os maiores problemas desse esporte tratado como rendimento são: formação escolar deficiente, a unilateralização de um desenvolvimento que deveria ser plural, reduzida participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo infantil que são indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância, além de problemas relacionados à saúde. O esporte na escola deve ensinar mais que do as características técnicas do esporte, deve ir mais além que apenas “treinar” o homem, deve proporcionar uma criação de critérios que o leve a torná-lo mais reflexivo e autônomo. Nas aulas de Educação Física é possível transformar os esportes para que o aluno possa aprender não só o movimento em si, mas sim todos os valores que possam estar inseridos, como cooperação, coletividade, respeito, entre outros. A Educação Física propicia aos alunos a capacidade de repensar, refletir, organizar, entre outras vertentes, o esporte e todos os conteúdos da Educação Física, de modo a auxiliar na formação humana dos alunos.

          Unitermos: Esportes. Alto rendimento. Escola. Educação Física.

 

Abstract

          Sports are currently seen as a source in the human formation and you need to know to introduce sports in school that meets the objectives stated before. Generally the sport in school is treated through high performance without searching the values ​​that can be absorbed in sports. It need not be themed with high performance, but with the aim of developing essential skills in the formation of free and emancipated subject. The biggest problems of this sport treated as high performance are: poor schooling, the poor development that should be plural, reduced participation in activities, plays and the world of childhood plays that are indispensable for the development of childhood personality, and health problems. Sport at school must have the proposal to teach more than the characteristics of technical movements, must go further than just "train" the man, should provide a creation of criteria that lead to make it more reflective and autonomous. In Physical Education classes is possible to transform the sports that prevail especially the playful, so that the student learn not only the movement itself, but all the values ​​that can be inserted such as cooperation, community, respect, among others. Physical Education provides students with the ability to rethink, reflect, organize, among other aspects, the sport and all contents of Physical Education, in order to assist in the human formation of the students.

          Keywords: Sports. High performance. School. Physical Education.

 

Recepção: 16/04/2015 - Aceitação: 11/05/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os esportes atualmente são vistos como uma fonte essencial na formação humana e é preciso saber introduzir os esportes na escola de uma forma que alcance os objetivos planejados pelo professor (Kunz, 2001).

    O que se refere especialmente à escola é o esporte tratado por meio do alto rendimento sem buscas nos valores que possam ser absorvidos nas práticas esportivas. Ele não necessariamente precisa ser tematizado com vistas ao rendimento, mas desenvolver competências imprescindíveis na formação de sujeitos livres e emancipados (Kunz, 1998; 2001).

    O esporte é realizado de forma cada vez mais normatizada e padronizada visando atender o rendimento cobrado pelas sociedades modernas e o que mais se percebe na aula de Educação Física é que os esportes são desenvolvidos como um ensaio para o esporte formal e técnico (Bracht, 2000; Kunz, 1998).

    Na maioria dos casos, o contexto o qual a escola está inserida não é levado em consideração nas aulas de Educação Física. É importante trazer as questões antropológicas dos alunos para dentro da aula na tentativa de criar elementos para o desenvolvimento da aula mais “palpável”, para que o aluno se sinta dentro da escola como se estivesse brincando na rua, por exemplo. Evidente que o alto rendimento não é negado, porém o grande enfoque é a sistematização do esporte, tratá-lo apenas como repetitivo. O esporte não deve ser algo apenas para ser praticado e sim para ser estudado (Pereira Junior, 2010).

    O objetivo desse estudo é possibilitar a transformação didático-pedagógicas e por meio dessa transformação didático-pedagógica do esporte o aluno pode ter uma melhor organização da realidade da modalidade em questão e proporcionar vivências que não se restrinja apenas à mecanização dos movimentos.

O esporte como conteúdo da Educação Física dentro do âmbito escolar

    O que mais interessa aqui, na proposta de Kunz (1998) é a relação do tratamento dado ao conteúdo esporte como um conhecimento pedagogicamente transmitido nas escolas pela Educação Física. O autor comenta ainda que o esporte é uma prática de origem histórico-cultural definida e que deve ser questionada como conteúdo pedagógico. Para que isso ocorra é necessário no contexto escolar desmitificá-lo, com conhecimentos que dêem aos alunos a possibilidade de criticá-lo dentro de um contexto sócio-ecônomico-político-cultural específico.

    Além do mais o esporte de alto rendimento dentro do contexto escolar é vítima de críticas por vários estudiosos, que são, verdadeiramente interessados em analisar a situação do esporte como treinamento especializado para crianças e jovens (Kunz, 1998; Bracht, 2000; Betti e Zuliani, 2002).

    Os maiores problemas desse esporte tratado como rendimento, Kunz (1998), salienta alguns pontos imprescindíveis, como: formação escolar deficiente, a unilateralização de um desenvolvimento que deveria ser plural, reduzida participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo infantil que são indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância, além de problemas relacionados à saúde.

    É evidente que existem fatores positivos do esporte dentro do âmbito escolar, todavia é necessário salientar que o esporte tratado com ludicidade, com o intuito de desenvolvimento das características de formação humana (Kunz, 2001).

    Ainda, os aspectos positivos para quem leva o esporte de maneira saudável e coerente são: estimulação do desenvolvimento corporal, psicológico, social, valorização das capacidades individuais, vivências coletivas e ampliação de vivências e experiências enquanto atividades de tempo livre (Kunz, 2001).

    Bracht (2000) afirma que no esporte de alto rendimento as ações são julgadas simplesmente pelos resultados finais, pela derrota e pela vitória, pelo máximo e pelo mínimo, tudo é medido por resultados. A prática e o processo que levam a esses resultados não assumem importância significativa para o sistema.

    Nesse sentido, tratarei o esporte na abordagem de ensino que vai além da prática do movimento por si só, mas o movimento que é fruto de um contexto social e histórico do homem que o pratica. Por meio da prática esportiva no âmbito escolar é possível empregar outras dimensões que não somente mecânico-motoras.

    O esporte possibilita um grande repertório de possibilidades e objetivos que estão associados ao conteúdo da Educação Física escolar e com isso evolui cada vez mais, devido ao progresso científico e tecnológico que se junta com o avanço dos meios de comunicação e com a influência da mídia. O interesse da ciência sobre os movimentos praticados no esporte é o aperfeiçoamento do gesto com a finalidade de melhorar cada vez mais o rendimento no esporte (Kunz, 1998; Kunz e Trebels, 2006).

    Contudo o ensino da Educação Física, na maioria das vezes, se concentra nos elementos técnicos dos esportes, possibilita-se a compreensão de que a aula de Educação Física existe os fracos e os fortes, os erros e os acertos e o aluno não tem a capacidade e a oportunidade de interpretar suas ações dentro das aulas (Santos, 2002; Silva e Molina Neto, 2012).

Jogos e brincadeiras: Educação Física para quê?

    Para refletir sobre esse assunto é necessário fazer uma análise da Cultura Corporal de Movimento e/ou Cultura de Movimento que abordo para explicar os fenômenos que ocorrem antes, durante e depois de uma prática corporal.

    Cultura do Movimento são todas as atividades do movimento humano, sejam elas no esporte ou nas atividades extra-esporte e pertencem ao mundo do “se-movimentar” humano, o que o homem por esse meio cria e produz, de acordo com suas características de comportamento. Esse ser humano que se movimenta é carregado de intencionalidade e expressividade nos seus movimentos e ele se comunica subjetivamente com o mundo através dos movimentos que o faz (Carlan, Domingues e Kunz, 2009).

    A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar um cidadão crítico e emancipado diante de novas formas de movimentos corporais. Como componente curricular deve integrar e introduzir o aluno nas mais diversas possibilidades de movimentos e exploração corporal, para que o aluno possa usufruir nas demais vertentes da área da Educação Física, resultando em benefícios da qualidade de vida (Kunz, 1998; Betti e Zuliani, 2002). Para isso o aluno precisa aprender se organizar para praticar o esporte socialmente, precisa compreender as regras como elemento que torna o jogo possível, aprender a respeitar o adversário como companheiro e não um inimigo, pois sem ele não há competição esportiva (Betti e Zuliani, 2002).

    Nessa abordagem, Betti (1992), fala que os mais variados objetivos são dados à Educação Física, essa especificidade ganhou muita importância nos últimos anos, afinal o trabalho da Educação Física possui caráter pedagógico por fazer parte do contexto escolar e através dos movimentos e habilidades motoras desenvolve-se a afetividade, cognição e as qualidades físicas.

    Os jogos e as brincadeiras satisfazem uma necessidade básica da criança que é viver a brincadeira, pelo brinquedo e pelo jogo, a criança interage com o mundo, o mundo real, dos objetos, e com os outros. O brincar torna-se para a criança a sua forma de expressão. No seu brincar a criança constrói simbolicamente sua realidade e recria o existente (Kunz, 1998).

    Sendo assim, nos jogos e brincadeiras podem-se trabalhar qualidades como: agilidade, velocidade, força, resistência, flexibilidade além de características que não cabem somente ao físico como cooperação, criatividade, espontaneidade. O jogo dá a possibilidade de interação num ambiente agradável e descontraído que é chamado de ambiente lúdico (Santos, 2002). A prática de jogos e brincadeiras deve envolver aspectos lúdicos, de prática e sucesso pela maioria, explorando a cultura de movimento inserida naquele grupo de alunos, naquele contexto escolar, enfatizando o autoconhecimento de suas reais possibilidades e condições (Kunz, 2002).

Funções do esporte

    Os profissionais de Educação Física se preocupam em aplicar o esporte como aquele esporte formal que vimos na televisão, nos jornais e na internet. As atividades dos alunos ficam condicionadas às condições materiais e às suas pré-condições físico-esportivas (Kunz, 2001).

    Portanto, é esse esporte, com vistas ao rendimento e à competição, que se pretende ensinar para os alunos? Será que as brincadeiras infantis, os jogos, as danças tradicionais, não poderiam ser um tipo de esporte?

    O esporte não tem sentido na formação do homem que se movimenta, o homem que tem a necessidade de relacionar-se com o mundo à sua volta, constituído de vida e não um ser abstrato, possuidor de uma história, de uma classe social ou de uma condição psicológica e o esporte tem um compromisso educacional, um papel de encenação, ele pode ser encenado em qualquer lugar a qualquer momento. E sempre que o esporte é encenado, independentemente do motivo, possui um caráter educacional (Kunz, 1998).

    O que se vê nas escolas é a dificuldade que o profissional de Educação Física tem ao tratar o esporte com esse aspecto educacional. A escola serve justamente para relacionar o esporte nas suas mais variadas possibilidades de encenações, constituindo um espaço pedagógico. Ainda, Kunz (1998) fala que tem uma função de não apenas auxiliar o aluno a melhor organizar e praticar o esporte.

    Santin (1987) ressalta que o esporte é desenvolvido em caráter competitivo porque a sociedade é altamente competitiva e por isso a criança deve aprender desde logo que se não souber competir não vencerá na vida. Conforme o autor, os esportes então assumem códigos, são pré- determinados, com o intuito de entrar na escola com o simples fato de repassá-los aos alunos desmerecendo totalmente todos os fatores extra-esporte.

    Assim, Bracht (1997) diz que a criança (o aluno) é ensinada a competir, como se fosse um ensaio para a vida “pós escola”. Nessa linha de raciocínio Santin (1987) afirma que a ideia da competição atiça o desejo de vencer, aliada às imposições dos princípios da supremacia ideológica, o esporte facilmente se transforma num campo de batalha, onde os companheiros não são apenas adversários, mas são visualizados como inimigos a serem destruídos, o jogo torna-se luta e guerra e não mais lazer ou diversão.

    Se por um lado, o esporte é tratado como ensaio para a “competição na vida”, tornando-o uma prática com fim de superar o adversário, ele pode, por outro lado, tornar-se prazeroso aos praticantes, que estes não apenas joguem contra si, mas se organizem de uma forma que todos possam vivenciar suas habilidades, possibilidades, desejos e vontades.

    Aquele aluno que aprende o esporte de uma forma crítica, reflexiva, estará carregado de intenções positivas para as suas práticas, estando flexível a mudanças com o intuito de que o sucesso através da prática esportiva esteja ao alcance de todos os seus companheiros e adversários (Bracht, 1987).

Como “transformar” os esportes?

    Então, como romper a barreira do esporte de alto rendimento na escola? Como aplicar o esporte “da” escola ao invés do esporte “na” escola? Existem possibilidades de trabalhar o esporte de forma introdutória, colocando a técnica em segundo plano, que a técnica não fosse tão exigida?

    Relacionar o esporte na perspectiva de trabalho, interação e linguagem, é explorá-lo na experimentação de todas as possibilidades de movimento de uma modalidade, trabalhar coletivamente, explicando a importância dos adversários e o diálogo entre professor aluno e aluno-aluno, promovendo reflexões sobre os movimentos dos esportes e possíveis mudanças (Kunz, 1998; Pires e Neves, 2002).

    O esporte é o componente mais forte que a Educação Física tem como conteúdo e, evidentemente que não pode ser tirado da escola, portanto o que falta é o esporte ser “reinventado” e transformado pedagogicamente. Para tanto, são formuladas propostas conceituais e metodológicas que visam um “esporte da escola”, uma manifestação pedagogicamente modificada dessa específica cultura de movimento produzida para a escola a partir das dimensões de rendimento e o de lazer (Pires e Neves, 2002).

    Então, fica a grande dúvida: como ensinar os esportes transformados didático-pedagogicamente de acordo com as categorias de trabalho, interação e linguagem para promover sucesso pela maioria dos alunos?

    Dando um exemplo do Basquetebol, um esporte muito praticado em todas as escolas, uma possível transformação é por meio de pequenos jogos colocando os fundamentos do esporte através das propostas dos alunos em relação às suas necessidades e possibilidades de mudança.

    Por exemplo, o jogo dos “10 passes”, muito comum nas aulas de Educação Física, quando o tema é Basquetebol. Pode-se dividir em duas equipes, com a intenção de chegar ao limite de dez (10) passes, sem qualquer restrição, com o objetivo de marcar um ponto quando chegasse ao 10º passe, enquanto a outra equipe tentasse recuperar a bola.

    Isso trabalha o passe e a defesa, fundamentos essenciais e básicos do Basquetebol sem qualquer aplicação técnica e que todos possam fazer sem nenhuma dificuldade, encaixando na categoria de trabalho, o “saber-fazer”. O professor media a situação com a comunicação entre ele e os alunos, ele torna os alunos criadores de possibilidades de mudanças para levar o jogo adiante.

    Alguns alunos inicialmente não tocariam na bola devido a pouca habilidade, então deve-se colocar uma proposta de reflexão para os alunos quanto a essa situação. Eles podem concluir, a partir de reflexões próprias e coletivas que, para marcar o ponto através dos dez (10) passes só é possível quando todos da mesma equipe efetuassem no mínimo um passe para que a equipe computasse um ponto.

    A categoria interação e linguagem são visíveis, uma vez que necessita a cooperação e coletividade para fins do objetivo (o ponto marcado através dos passes) e a comunicação entre os alunos para se organizarem para que todos da equipe efetuassem um passe no mínimo para chegar ao mesmo fim.

    No andamento desse jogo ocorrem situações de necessidade de um objetivo maior e não somente um ponto quando se chegasse aos dez (10) passes completos. Novamente o professor media a situação impondo reflexões críticas de como melhorar esse jogo. Possibilidades podem ser lançadas entre alunos e o professor como: depois que efetuar dez (10) passes, colocar um cone no fundo da quadra, somente acertando-o é que a equipe marca um ponto. Nesse caso, outro fundamento, sem quaisquer necessidades técnicas já seria trabalhado, o arremesso.

    Outras propostas que com certeza são lançadas, ao invés de um cone, colocar três ou mais, para tornar mais atrativo o acerto no cone. Ao invés de dez (10) passes, reduzir ou aumentar o número de passes, de acordo com as necessidades dos alunos, propostas por eles mesmos, para tornar o jogo oportunizado por todos.

    Um esporte tradicional na cultura brasileira é o Futebol, outra modalidade muito praticada dentro e fora das escolas em todo o país. E como se pode trabalhar esse esporte da mesma forma que o Basquetebol?

    Novamente a introdução por meio da cultura de movimento, de pequenos jogos e brincadeiras é a melhor forma de se trazer o Futebol, assim como qualquer outra modalidade, para dentro da aula. Nesse sentido Laging (2006) afirma que os alunos trazem o seu “esporte” e suas “atividades de movimento” para dentro da escola e esperam que ela ofereça os espaços adequados para sua realização, sendo a escola desafiada a reagir diante das mudanças do esporte e das atividades de movimento.

    Portanto, toda a introdução do esporte deve ser aplicada de acordo com as características sociais, culturais e históricas dos alunos e da escola, promove-se dessa forma um melhor aproveitamento da cultura de movimento dos alunos.

    Uma proposta para proporcionar vivências do esporte por todos os alunos é delimitar um espaço físico com quatro cones, que ilustrariam duas pequenas traves, com um espaço de 2 metros entre um cone e outro e dividir os alunos em duas equipes. A meta é simplesmente o gol por parte de cada equipe.

    Aqueles que detêm uma destreza motora um pouco maior já se destaca, entretanto aquele que não a possui já ficaria isolado. O professor atento deve lançar propostas de como solucionar esse problema (MEDINA, 2006).

    Ao invés de ser jogado individualmente, esse jogo poderia ser transformado de modo que os alunos se organizassem em duplas e de mãos dadas, sendo assim o gol só é válido quando os alunos estivessem nas suas respectivas duplas.

    E assim o jogo se torna coletivo e cooperativo, independente de padrões esportivos, causando modificações promovidas pela reflexão dos próprios alunos (emancipação). É possível verificar que os alunos praticam diversas características da modalidade esportiva como: o passe, o chute, o drible, além da cooperação, do coletivismo, entre outras características importantes.

    Se os alunos não conseguirem refletir sobre a mudança do jogo para torná-lo mais dinâmico e próximo do jogo real o professor pode propor ideias junto com os alunos e é importante ressaltar que o professor é um agente da educação e não um “tirano”.

    Kunz (1998) ressalta que o professor tem o objetivo de esclarecimento, entretanto não deve tirar a alegria do aluno em praticar os movimentos na aula. Nesse caso o autor cita que resgatar essa comunicação entre alunos e o professor é uma das tarefas mais difíceis da Educação Física.

    Fazer os alunos falarem sobre suas necessidades também é difícil, contudo, se o professor tem o hábito de desenvolver suas aulas na proposta crítico-emancipatória e didático-comunicativa tem tudo para tornar os alunos capazes de explorar seus movimentos e relatar sobre suas necessidades. Para isso o professor deve constantemente desafiar os alunos ao diálogo, deve constantemente perguntar e esperar uma resposta individual ou coletiva. Como vocês aprenderam isso? O que foi útil para que as dificuldades pudessem ser superadas? Como vocês podem me descrever isso? Como se poderia chegar a outras soluções? (Kunz, 1998).

    Toma-se o caso do Basquetebol e do Futebol, por serem esportes coletivos, comuns em todas as escolas, são ricos na possibilidade de transformação didático-pedagógica por meio de jogos e brincadeiras, que possibilitem a proposta de sucesso pela maioria e vivências do esporte.

    Todos esses jogos, brincadeiras e movimentos que introduzem o esporte para os alunos de maneira não tecnicista não dependem necessariamente de um espaço físico e/ou materiais adequados para a prática. Podem-se aplicar as transformações das modalidades esportivas em qualquer espaço praticável, desde que haja uma cooperação entre alunos e o professor e criatividade na elaboração do planejamento de aula (Kunz, 1998).

Conclusão

    O esporte no âmbito escolar deve ensinar mais que do as características técnicas do esporte, deve ir mais além que apenas “treinar” o homem, deve proporcionar uma criação de critérios que o leve a torná-lo mais reflexivo e autônomo, em outras palavras, sujeitos livres e emancipados.

    Nas aulas de Educação Física é possível transformar os esportes para que o aluno possa aprender não só o movimento em si, mas sim todos os valores que possam estar inseridos, como cooperação, coletividade, respeito, entre outros. A Educação Física propicia aos alunos a capacidade de repensar, refletir, organizar, entre outras vertentes, o esporte e todos os conteúdos da Educação Física, de modo a auxiliar na formação humana dos alunos.

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