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A importância do esporte no processo educacional 

na visão dos futuros profissionais de Educação Física

The importance of sport in education process in view of future professionals of Physical Education

La importancia del deporte en el proceso educativo en la consideración de los futuros profesionales de la Educación Física

 

*Discente do Curso de Licenciatura em Educação Física

do Centro Universitário Moura Lacerda.

** Profissional de Educação Física e pesquisador, membro da equipe da USP

do Núcleo de Estudos, Ensino e Pesquisa do Programa de Assistência Primária

de Saúde Escolar – PROASE e Docente do Centro Universitário Moura Lacerda

Rithielle Tolentino*

Prof. Dr. José Eduardo Costa de Oliveira**

prof.zedu@usp.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A importância do esporte na educação está na realidade de que, cada vez mais os esportes vêm apresentando-se como um instrumento educacional, que visa o desenvolvimento integral das crianças, jovens e adolescentes, capacitando o sujeito a lidar com suas necessidades, desejos e expectativas, bem como, com as necessidades, expectativas e desejos dos outros, de forma que o mesmo possa desenvolver as competências técnicas, sociais e comunicativas, essenciais ao seu processo de desenvolvimento individual e social (Oliveira, 2013). Assim, na intencionalidade de conhecer e analisar como os futuros profissionais de Educação Física, formados nos cursos de Licenciatura vêem o esporte educacional. Se como um instrumento de auferir novos talentos esportivos futuros ou como instrumento de educação e formação humana? Para tanto, recorreu-se à abordagem qualitativa para o delineamento do estudo, baseando-se no interesse em analisar e compreender o fenômeno do esporte educacional, não vinculado apenas a dados estatísticos e quantitativos acerca deste fenômeno social (André, 1995); onde foram entrevistados 50 (cinqüenta) alunos de graduação, dos cursos de Licenciatura em Educação Física das diferentes instituições de ensino superior do município de Ribeirão Preto, SP, com um conjunto de questões elaboradas de forma semi estruturada, previamente agendadas com os atores sociais; posteriormente foram gravadas e transcritas, compostas por de perguntas destinadas a conhecer e analisar, como os futuros profissionais de Educação Física, formados nos cursos de Licenciatura vêem o esporte educacional. Por fim, depreendeu-se das análises realizadas, que o esporte, infelizmente, não é utilizado pelas instituições educacionais na proporção que deveria, deixando de promover a socialização, a rotina, o cumprimento de regras, o respeito, a persistência, o saber competir, o aguardar a sua vez, o romper limites, o saber ganhar, o saber perder e muitos outros conceitos éticos e morais tão importantes para a formação do indivíduo, sendo que o Professor de Educação Física, enquanto representante legítimo da única área do saber escolar que pode trabalhar com estas questões, muitas vezes desconhece a importância desses aspectos e acaba ratificando valores negativos durante suas práticas pedagógicas, reforçando a competição exacerbada, a segregação dos menos aptos às práticas esportivas.

          Unitermos: Esporte. Educação. Educação Física.

 

Resumen

          La importancia del deporte en la educación es la realidad de que más y más deportes se están presentando como una herramienta educativa, orientada al desarrollo integral de los niños, jóvenes y adolescentes, lo que permite al sujeto hacer frente a sus necesidades, deseos y expectativas así como con las necesidades, expectativas y deseos de los demás, de modo que pueda desarrollar la comunicación técnica, social y esencial para su proceso de desarrollo social individual y social (Oliveira, 2013). Por lo tanto, la intención es conocer y analizar cómo los futuros profesionales de la Educación Física, formados en cursos de grado ven a los deportes educativos. ¿Los ven como medio de obtención de futuros nuevos talentos deportivos o como una herramienta para la educación y el desarrollo humano? Para esto, se utilizó un enfoque cualitativo para el diseño del estudio, basado en el interés por el análisis y la comprensión del fenómeno del deporte educativo, no sólo vinculados a los datos estadísticos y cuantitativos sobre este fenómeno social (André, 1995). Se entrevistó a cincuenta (50) estudiantes de pregrado de los cursos de licenciatura en Educación Física de las diferentes instituciones de educación superior en la ciudad de Ribeirao Preto, SP, con un conjunto de preguntas semiestructuradas preparadas previamente acodadas con los actores sociales; más tarde fueron grabadas y transcritas, compuestas por preguntas diseñadas para comprender y analizar, como futuros profesionales de la Educación Física formados en Licenciatura consideran a los deportes educativos. Por último, se desprende del análisis realizado que el deporte, por desgracia, no se utiliza en las instituciones educativas en la proporción que debe, dejando de promover la socialización, la práctica, el cumplimiento de las normas, el respeto, la persistencia, el aprender a competir, aprender a esperar, romper límites, saber ganar, perder y saber muchos otros conceptos éticos y morales importantes para la formación de la persona, siendo el profesor de Educación Física, el representante legítimo de un área del conocimiento escolar que puede trabajar con estas cuestiones a menudo sin darse cuenta de la importancia de estos aspectos y sólo ratifica valores negativos durante su enseñanza, refuerza la competición exacerbada y la segregación de los menos aptos para los deportes.

          Palabras clave: Deporte. Educación. Educación Física.

 

Abstract

          The importance of sport in education is the reality that more and more sports are showing up as an educational tool, aimed at the comprehensive development of children, youth and adolescents, enabling the subject to deal with their needs, wants and expectations as well as with the needs, expectations and desires of others, so that it can develop the technical, social and communication essential to their individual and social development process (Oliveira, 2013). Thus, the intention to know and analyze how future professionals of Physical Education, formed in degree courses see the educational sports. If as a means of obtaining new future sports talent or as a tool for education and human development? Therefore, we used a qualitative approach to the study design, based on the interest in analyzing and understanding the phenomenon of educational sport, not only linked to statistical and quantitative data on this social phenomenon (André, 1995); were interviewed fifty (50) undergraduate students, the degree courses in Physical Education of the different institutions of higher education in the city of Ribeirao Preto, SP, with a set of prepared questions of semi-structured text, previously scheduled with the social actors; were later recorded and transcribed, composed of questions designed to understand and analyze, as future professionals of Physical Education, formed in Degree courses see the educational sports. Finally, inferred to the analyzes, the sport, unfortunately, is not used by educational institutions in the proportion that should, failing to promote socialization, routine, compliance with rules, respect, persistence, knowledge compete the wait for the turn, break boundaries, know win, lose and know many other ethical and moral concepts as important to the formation of the individual, and Professor of Physical Education, as the legitimate representative of one area of school knowledge that can work with these issues often unaware of the importance of these aspects and just confirming negative during their teaching, reinforcing the heightened competition, segregation of less apt to sports.

          Keywords: Sport. Educaton. Physical Education.

 

Recepção: 06/01/2015 - Aceitação: 18/03/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 203, Abril de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A importância do esporte na educação está na realidade de que, cada vez mais os esportes vêm apresentando-se como um instrumento educacional, que visa o desenvolvimento integral das crianças, jovens e adolescentes, capacitando o sujeito a lidar com suas necessidades, desejos e expectativas, bem como, com as necessidades, expectativas e desejos dos outros, de forma que o mesmo possa desenvolver as competências técnicas, sociais e comunicativas, essenciais ao seu processo de desenvolvimento individual e social (Oliveira, 2013).

    Mas, para tanto, o esporte, como instrumento pedagógico precisa se integrar às finalidades gerais da educação, ao desenvolvimento das individualidades, à formação para a cidadania e à orientação para a prática social. O campo pedagógico do Esporte é um palco rico para a exploração de novos sentidos e significados, permitindo que se explorem as ações dos educandos envolvidos nas diferentes situações, além de ampliar o campo experimental do indivíduo, pois cria obrigações, estimula a personalidade intelectual e física e oferece chances reais de integração social, pois, o esporte tem a capacidade de integrar o sujeito, independentemente de sua classe social, raça ou religião. Desenvolve no indivíduo a capacidade de trabalhar em grupo, de cumprir horário, de saber ouvir, de conhecer o próprio limite, de conhecer o próprio corpo, de admitir que precisa melhorar, respeitar as diferenças, respeitar as regras e as figuras de hierarquia (professor, árbitro), a lidar com a derrota, a vitória, o medo, as frustrações e tantos outros aspectos tão difíceis de serem conscientizados, além de evitar o sedentarismo tão comum nos dias de hoje (Bracht, 2003).

    Não obstante, esporte e educação devem ser aliados, pois, juntos promovem o desenvolvimento integral do sujeito social, de forma harmoniosa e sadia, despertando para a cidadania, e assim formando pessoas de bem, por funcionar como um diferencial na formação do cidadão e na construção de uma sociedade mais saudável em todos os sentidos.

    O corpo e a mente exercem influência mútua, e sendo assim, sempre se deve cuidar de um para manter o outro saudável. Vendo no esporte um futuro melhor para as crianças.

    O conceito de Esporte Educacional surge a partir da Carta Internacional da Educação Física, elaborada pela UNESCO, que renovou os conceitos do esporte em função da reação mundial pelo uso político do esporte durante a Guerra Fria; desenvolvido nos sistemas de educação formal e não formal de maneira desinstitucionalizada (não segue padrões das federações internacionais das modalidades esportivas), adaptando regras, estrutura, espaços, materiais e gestos motores, de acordo com as condições sociais e pessoais. O esporte educacional deve, portanto, procurar transcender a visão do esporte como performance e como busca por resultado, fundamentando-se em valores como coeducação, emancipação, participação e cooperação (Zaluar, 1991).

    Entre alguns de seus princípios estão o da - totalidade - que representa o fortalecimento da unidade do homem (consigo, com o outro e com o mundo), considerando a emoção, a sensação, o pensamento e a intuição, como elementos indissociáveis desta mesma unidade, favorecendo o desenvolvimento do processo de autoconhecimento, autoestima e auto superação; o princípio da - coeducação - que se baseia na concepção da educação que, como um processo unitário de integração e modificação recíproca, considerando a heterogeneidade (sexo, idade, nível socioeconômico, condição física, etc.) dos atores sociais envolvidos e, fundamentando-se nas experiências vividas de cada um dos participantes e estruturando a atuação pedagógica apoiada na ação e reflexão, emancipação.

    Outro princípio é o da - busca da independência – que deve conferir autonomia e liberdade ao homem, fundamentando-se nos princípios da educação transpessoal, pelo qual o aprendiz é encorajado a despertar a se tornar autônomo, a questionar, a explorar todos os cantos e frestas da experiência consciente, a procurar o significado, a testar os limites exteriores, a verificar as fronteiras e as profundidades do próprio eu; assim como o princípio da - participação – que valoriza o processo de interferência do homem na realidade na qual está inserido, fundamentado nos princípios de cogestão, corresponsabilidade e integração e favorecendo seu comprometimento como ator-construtor dessa mesma realidade; o princípio da – cooperação – fundamentado na união de esforços, no exercício constante da busca do desenvolvimento de ações conjuntas para a realização de objetivos comuns, motivada no potencial cooperativo e no sentimento comunitário de cada um dos participantes do processo; o princípio do - regionalismo – alicerçado no respeito, na proteção e valorização das raízes e heranças culturais, como sinergias constitutivas do todo, considerando a singularidade inerente aos diversos mundos culturais, surgidos da relação intrínseca entre seus elementos, de forma a resgatar e preservar a sua identidade cultural, no processo de construção do coletivo (Bracht, 2003).

    De acordo com as Nações Unidas, apesar do reconhecimento do impacto positivo que o esporte tem no desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens, a Educação Física, como a área de conhecimento responsável pelo seu fomento no ambiente escolar, está cada vez mais sendo marginalizada do sistema de educação. “Em 2003, 58.1% das escolas públicas estaduais no Brasil possuíam alguma instalação esportiva. Já na rede municipal de ensino, apenas 12% das escolas possuíam alguma instalação esportiva” e, com o término da Copa do Mundo de Futebol da FIFA, realizada no Brasil em 2014, ainda é possível observar que, especificamente nas capitais que sediaram jogos nas regiões Norte e Nordeste do país, apesar dos grandes investimentos nos estádios, 40% das escolas públicas, se quer possuem quadras poliesportivas ou qualquer ambiente adequado à prática de esportes em suas instalações físicas.

    Nesse sentido, é que urge a necessidade de que o esporte seja compreendido em suas três dimensões: educacional, de participação e lazer e de rendimento, e assim se compreender que o esporte escolar, na atual estrutura deve ser reformulado, tornando-se um questionador de valores sociais como o individualismo e a hipercompetitividade, que precisam ser constantemente combatidos (Coletivo de Autores, 1992).

    As manifestações da individuação (indivíduo em ação) e da competição a favor e não contra o humano devem ser incentivadas e promovidas de forma didática e educacional, garantindo-se a permanência de valores éticos no decorrer da vida, pois, o esporte escolar é ainda restrito a crianças e adolescentes, considerados talentos esportivos, sendo dominantemente compreendido como base para o esporte de rendimento e desenvolvido a partir desta compreensão (Bracht, 2003). Esta é uma realidade que distancia a prática do esporte da perspectiva educacional, gerando exclusão nas práticas escolares e desigualdade de oportunidades, pois é um processo que já se inicia sendo oferecido para poucos; sabendo que no decorrer dos anos haverá exclusão e desistência por uma série de fatores, chega-se ao esporte de rendimento com um número baixo de talentos esportivos (Betti, 2208).

    Portanto, compreender que o esporte escolar deve ser reformulado torna-se imprescindível, bem como destacar que tais princípios do esporte de rendimento podem se manifestar no esporte educacional, no nascimento do esporte na criança. Os professores de Educação Física conhecem tais princípios, entretanto, precisam compreendê-los melhor. O estranhamento no esporte pode ser muito forte na formação inicial das crianças, que poderia conduzi-las à passividade da mera torcida pelos colegas considerados mais “aptos”. Tais divisões e fragmentações estranham as possibilidades educacionais no esporte e precisam ser revistas pelos professores. O individualismo e a hipercompetitividade precisam ser constantemente combatidos, por serrem expressões máximas de quem deseja negar uma sociedade efetivamente fraterna e democrática. As manifestações da individuação e da competição a favor e não contra o humano devem ser incentivadas e promovidas de forma didática educacional, garantindo-se a permanência de valores éticos no decorrer da vida.

    Bracht, advogando princípios de uma pedagogia crítica para a área, enumera as seguintes posturas:

    “Os professores de Educação Física precisam superar a visão positivista de que o movimento é predominantemente um comportamento motor. O movimento é humano, e o Homem é fundamentalmente um ser social (...) precisam superar a visão de infância que enfatiza o processo de desenvolvimento da criança como natural e não social. Fala-se da criança em si, e não de uma criança situada social e historicamente (...) devem buscar o entendimento de que, o que determinará o uso que o indivíduo fará do movimento (na forma de esporte, jogo, trabalho manual, lazer, agressão a outros e a sociedade etc.) não é determinado em última análise, pela condição física, habilidade esportiva, flexibilidade, etc., e sim pelos valores e normas de comportamento introjetados, pela condição econômica e pela posição na estrutura de classes de nossa sociedade (...) Superar a falsa polarização entre diretividade e não-diretividade (...) um outro equívoco que precisa ser superado, é o de que devemos simplesmente ignorar a cultura dominante, que nesse entendimento não serve à classe dominada” (Bracht, 2003, p. 65).

    Ao superar uma série de condicionamentos pertinentes à formação tecnicista em Educação Física, os professores precisam entender que o esporte educacional e escolar deve ser o esporte da escola e não o esporte na escola. Da escola, por ser próprio de cada manifestação individual e coletiva, por ser próprio de cada localidade, e, principalmente, por carregar a perspectiva da autonomia. Não deve ser um esporte na escola, isto é, um esporte de rendimento, olímpico e de treinamento, injetado na escola por determinação de uma dada cultura dominante, televisiva e mercadológica. As interfaces entre o esporte na escola e o esporte da escola tornam se visíveis na medida em que o esporte puder ser democratizado, isto é, ensinado a todos. Reafirma-se a ideia de que não há por que ser contra o esporte de rendimento, afinal ele tem um porquê e um para quê, além do para quem de sua existência (Betti, 2208).

    Assim, as divisões entre Educação Física escolar e não-escolar contribuem para uma visualização da cultura corporal de forma ampla, complexa e dialética. Todas as manifestações dos jogos, das brincadeiras, do esporte, da dança, das lutas, da capoeira e de inúmeras formas de movimentar-se estão presentes nestas duas subáreas. Ocorre que as mudanças neoliberais da década de 1990 imputaram à educação formal um sentido restrito à Educação Física. Soma-se a isso o abandono e o sucateamento dos espaços públicos, dos equipamentos e da qualidade profissional que não pode ser imposta por um simples registro, mas deve ser formulada e articulada historicamente (Vaz, 1999).

    A atual estrutura do Ministério do Esporte está baseada na Constituição brasileira e sugere as seguintes divisões, de acordo com a constituição de um Ministério próprio com três Secretarias (Educacional, de Desenvolvimento, Participação e Lazer, e de Rendimento) ajudam a compreender o esporte como prática social historicamente construída e culturalmente desenvolvida. As nítidas fronteiras entre as três dimensões do esporte foram resultado das mudanças processadas na sociedade brasileira nos últimos trinta anos, bem como das mudanças internas na área de Educação Física (Bracht, 2003).

Objetivos

    Face ao exposto, fica evidenciada a necessidade da investigação, assim como uma melhor compreensão de alguns aspectos no momento de conhecer e analisar a importância do esporte dentro do processo educacional das crianças em idade escolar, e, para tanto, formulou-se os seguintes objetivos:

    Objetivo geral. Conhecer e analisar como os futuros profissionais de Educação Física, formados nos cursos de Licenciatura veem o esporte educacional. Se como um instrumento de auferir novos talentos esportivos futuros ou como instrumento de educação e formação humana?

    Objetivos específicos. Que, com término da presente proposta de investigação, que se possa compreender melhor a relação entre esporte e educação, e, fruto disto, propor ações que possam contribuir com a maximização dos aspectos que compõe as interfaces dessas duas importantes instituições (Esporte e Educação).

Metodologia

    Método. Na presente pesquisa, recorreu-se à abordagem qualitativa para o delineamento do estudo, baseando-se no interesse em analisar e compreender o fenômeno do esporte educacional, não vinculado apenas a dados estatísticos e quantitativos acerca deste fenômeno social (André, 1995). Essa mesma abordagem, segundo Minayo; Deslandes e Gomes (2007) visa uma maior proximidade do pesquisador para com a realidade que se quer conhecer, investigar e analisar, sendo ela capaz de aprofundar a complexidade de fenômenos, fatos, processos específicos de grupos, mais ou menos delimitados em extensão, e capazes de serem atingidos de forma mais intensa, sendo aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intenção, como inerentes aos atos, relações e às estruturas sociais, visando à transformação e a construção humana significativas. Este estudo foi configurado, também, como pesquisa estratégica, possibilitando entender à realidade e adequá-la aos objetivos propostos, pois, esta modalidade baseia-se em teorias oriundas das ciências sociais, tendo como finalidade principal lançar luz sobre determinados aspectos de uma realidade, utilizando-se de instrumentos básicos de qualquer pesquisa, tanto no que diz respeito aos aspectos teóricos, como os metodológicos, porém, almejando a ação como finalidade primária, portanto, adequada segundo ponto de vista do autor do presente trabalho (André e Lüdke, 1995).

    Procedimentos de pesquisa. Visando potencializar as chances de alcançar os resultados esperados, alguns procedimentos foram utilizados, sendo eles: a) a documentação indireta (pesquisa bibliográfica); b) a documentação direta (entrevista formal), pois o estudo qualitativo prevê maior flexibilização, capacidade de reflexão e de interação do pesquisador com os sujeitos e, portanto, direcionando ao processo de comunicação entre os sujeitos, estabelecendo estratégias e procedimentos que permitem considerar as experiências do ponto de vista do informador (ANDRÉ, 1995).

    As entrevistas. As questões da mesma foram elaboradas de forma semiestruturada, previamente agendadas com os atores sociais; posteriormente foram gravadas e transcritas, compostas por um conjunto de perguntas destinadas a conhecer e analisar, como os futuros profissionais de Educação Física, formados nos cursos de Licenciatura veem o esporte educacional. Para Minayo; Deslandes e Gomes (2007), a entrevista perfaz uma das estratégias mais utilizadas dentro dos processos de pesquisa de campo, sendo ela, sobretudo, uma conversa a dois, e/ou entre vários interlocutores, sempre realizada por iniciativa do próprio pesquisador, que por sua vez, deve ter por finalidade levantar informações pertinentes para um determinado objeto de pesquisa. No caso especifico da modalidade conhecida como - semiestruturada - utilizada no presente estudo, os mesmos autores asseveram ser nesta modalidade aquela que combina, concomitantemente, perguntas fechadas e perguntas abertas, sendo que o entrevistado, por sua vez, tem a possibilidade de discorrer e argumentar sobre o próprio tema, sem que necessariamente tenha que se prender apenas às questões que foram formuladas.

    As questões. 1) Como futuro Professor de Educação Física Escolar, qual a importância da prática esportiva na escola? 2) Você conhece quais são as três possibilidades de prática esportiva na sociedade, de acordo com o Ministério do Esporte brasileiro? 3) Que benefícios uma criança tem ao praticar esportes na escola? 4) Como a prática do esporte pode auxiliar as outras áreas do saber (disciplinas) na escola? 5) Quais são os valores positivos e os negativos que o esporte carrega consigo e que o Professor de Educação Física tem que estar atento para saber ratificar ou refutar, durante suas práticas pedagógicas?

    Os sujeitos de pesquisa. Segundo Bardin (1977); Minayo, Deslandes e Gomes (2007), a definição amostral em uma pesquisa qualitativa não se encontra vinculada à representatividade numérica, ou seja, neste tipo de abordagem metodológica preconiza-se a amostra capaz de indicar as irregularidades presentes nos enunciados, quer fossem eles escritos, falados ou observados, assim como que pudesse apontar suas peculiaridades, direcionando a atenção diretamente para o aprofundamento da compreensão do problema de pesquisa, e não com a generalização.

    Considera-se o fato de o cenário das Instituições de Ensino Superior, formadoras dos profissionais de Educação Física, que atuarão no ambiente de aprendizagem da escola, e, portanto, diretamente com o processo ensino aprendizagem e suas intefaces com o Esporte, o recorte será composto de 50 (cinquenta) alunos de graduação, dos cursos de Licenciatura em Educação Física das diferentes instituições de ensino superior do município de Ribeirão Preto, SP, pelo fato de se acreditar que eles poderão tornar-se importantes agentes, nos processos de fomento do processo educacional, após seus ingressos no mercado de trabalho escolar.

    Critérios de exclusão/inclusão dos sujeitos. Os sujeitos foram escolhidos aleatoriamente, tendo apenas como critério o fato de estarem matriculados em qualquer um dos períodos do Curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão, Preto; desconsiderando-se outros critérios como idade, período letivo cursado no momento da entrevista, gênero e etc.

    Riscos e benefícios da participação dos sujeitos de pesquisa. Riscos – Mesmo não havendo riscos previsíveis, todos os dados e informações coletadas serão confidenciais, visando à minimização de que qualquer dano, de qualquer natureza seja causado, principalmente relacionado a qualquer gasto financeiro com a participação, constrangimento ou exposição da pessoa, dados e informações. Benefícios – Facilitar o processo de formação profissional em Educação Física.

    A Análise de dados. Para a realização da análise dos dados encontrados, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo, modalidade de Análise Temática, que de acordo com Bardin (1977) é fundamentada no tema, o qual pode ser representado graficamente através da palavra, frase e resumo, além do fato de se definir tema como a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado, segundo certos critérios relativos à teoria e que serviu de guia à leitura. A Análise Temática de um determinado texto resume-se em descobrir os núcleos de sentidos que fazem parte da comunicação, estudam a tendência, valores, opiniões, atitudes cuja presença tem alguma representação para o objeto definido (MINAYO, 1996).

    Procedimentos éticos para a realização da pesquisa. A presente pesquisa foi norteada pelos procedimentos estabelecidos pelas recomendações da resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos em 06/11/2014, vide CAAE 37486614.4.0000.5659. Em relação aos sujeitos de pesquisa, foi utilizado um TCLE – Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (vide apêndice 2), alertando-os de todas as bases que norteavam a investigação, assim como da importância e dos riscos da participação de cada um, onde, uma via ficou em posse do pesquisador, e outra em poder dos sujeitos do estudo.

    O estudo fez parte do PIC 2014 - Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto, com bolsa institucional concedida.

Conclusões

    O Esporte Escolar é ainda restrito a crianças e adolescentes considerados talentos esportivos, sendo dominantemente compreendido como base para o esporte de rendimento e desenvolvido a partir desta compreensão. Esta é uma realidade que distancia a prática do Esporte da perspectiva educacional, gerando exclusão nas práticas escolares e desigualdade de oportunidades, pois é um processo que já se inicia sendo oferecido para poucos. Sabendo que no decorrer dos anos haverá exclusão e desistência por uma série de fatores, chega-se ao esporte de rendimento com um número baixo de talentos esportivos.

    No entanto, o esporte, infelizmente, não é utilizado pelas instituições educacionais na proporção que deveria, deixando de promover a socialização, a rotina, o cumprimento de regras, o respeito, a persistência, o saber competir, o aguardar a sua vez, o romper limites, o saber ganhar, o saber perder e muitos outros conceitos éticos e morais tão importantes para a formação do indivíduo, sendo que o Professor de Educação Física, enquanto representante legítimo da única área do saber escolar que pode trabalhar com estas questões, muitas vezes desconhece a importância desses aspectos e acaba ratificando valores negativos durante suas práticas pedagógicas, reforçando a competição exacerbada, a segregação dos menos aptos às práticas esportivas.

    Portanto, depreende-se das análises realizadas que a prática do Esporte é de extrema importância para a inclusão social, mas, como qualquer sujeito social pode ser incluído, praticando esporte e sem uma educação de qualidade? Fica esse questionamento!

    A ONU (Organização das Nações Unidas) em 2012 observou que o esporte, mesmo que tenha como princípio o desenvolvimento físico e o da saúde servem também para a aquisição de valores necessários para coesão social e mundial, pois, o esporte vai muito além das disputas dentro das arenas esportivas, e cada vez mais cresce a sua importância como ferramenta de educação e de inclusão social.

    O esporte aliado à educação é um poderoso instrumento na área da proteção social e resgate de crianças e jovens em situação de risco, pois este se manterá ocupado com atividades prazerosas e não estará ocioso nas ruas ocupando o seu tempo aprendendo o que não deve.

    Assim, a educação através da escrita, da leitura, da sala de aula, da arte, etc. tem essa capacidade de formar aquele que participa da vida política, econômica e social de sua comunidade e, consequentemente, de seu país. É neste ponto que se entende o papel decisivo do esporte, juntamente com a educação, na busca por princípios e valores sociais, morais e éticos.

    Ao aliar Esporte e Educação de qualidade é possível permitir crianças e jovens se sintam participantes da sociedade, além de possibilitar que eles desenvolvam habilidades de concentração e coordenação motora, fundamentais para o desenvolvimento físico, psicológico e para o processo educacional.

Bibliografias

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