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O estilo de vida de jovens e o risco de doenças 

relacionadas ao comportamento pouco ativo

Lifestyle youth and the risk of diseases related to little active behavior

 

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Mato Grosso do Sul/Três Lagoas – MS

FUNDECT - Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência

e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul

Alan Rodrigo Antunes

alan.antunes@ifms.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O trabalho apresenta os resultados do estilo de vida e atividades físicas habituais e a sua relação com o condicionamento físico de jovens de três escolas da cidade de Três Lagoas-MS. Durante o desenvolvimento do trabalho identificamos o estilo de vida e atividades físicas habituais por meio de questionários; avaliamos o nível de condicionamento físico dos estudantes; e por último comparamos o perfil do estilo de vida individual e atividades físicas habituais com o nível de condicionamento físico dos estudantes de duas escolas estaduais e uma escola do ensino médio técnico e tecnológico do IFMS. Participaram da pesquisa um total de setenta e quatro estudantes do último ano do ensino médio das escolas citadas. Na análise dos dados coletados consideramos que a indicação de um estilo de vida e de atividades físicas habituais positivo por meio de questionários, não correspondem a um bom condicionamento físico para a saúde.

          Unitermos: Estilo de vida. Atividades físicas habituais. Condicionamento físico. Percentual de gorduras. Estudantes.

 

Abstract

          The paper presents the results of lifestyle and habitual physical activity and its relationship to physical fitness of young people from three schools in Três Lagoas-MS. During the development work we identify the lifestyle and habitual physical activity by questionnaires; assess the fitness level of students; and finally compare the profile of the individual lifestyle and habitual physical activity with the fitness level of students from two public schools and a school of technical and technological high school IFMS. Participated in the survey a total of seventy-four students in their final year of high school the aforementioned schools. In analyzing the data collected we consider that the indication of a lifestyle and positive habitual physical activity by questionnaires, do not represent a good fitness to health.

          Keywords: Lifestyle. Regular physical activity. Fitness. Body fat percentage. Students.

 

Recepção: 28/08/2014 - Aceitação: 12/12/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Existe um entendimento geral que a obesidade vem aumentando e a atividade física diária diminuindo em crianças e adolescentes de forma significativa e que determinam várias complicações tanto na própria infância e adolescência quanto na idade adulta. Na infância, o manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos da obesidade. (Mello; Luft; Meyer, 2004)

    O presente projeto buscou identificar o condicionamento físico de estudantes do Ensino Médio e associar aos seus estilos de vida. A importância desse trabalho está na atenção as conseqüências do comportamento pouco ativo que, dentre outras conseqüências, acarreta o excesso de adiposidade corporal que vem acompanhada de níveis altos de lipídeos no sangue. Segundo McArdle, Katch e Katch (1998, p. 624) essa associação é semelhante à de adultos:

    À semelhança do que ocorre com adultos, associação entre adiposidade corporal e níveis séricos de lipídios se torna prontamente aparente nos indivíduos classificados como obesos; as crianças mais gordas em geral possuem os níveis mais altos de colesterol e de triglicerídeos.

    Assim, buscamos chamar a atenção para o risco de doenças relacionadas ao comportamento pouco ativo tendo como foco o condicionamento físico para a saúde. Referindo-se a prevenção de lesões e a prática regular de exercícios físicos, o conceito de condicionamento físico é de fundamental importância na promoção da saúde.

    Discutir sobre o excesso de adiposidade corporal com níveis altos de lipídios no sangue, abrange um dos elementos do condicionamento físico. Outro ponto está em identificar se o estudante realiza atividades físicas diariamente, relacionando o condicionamento físico com a atividade física, já que ser pouco ativo representa níveis baixos de condicionamento físico.

    O trabalho teve como objetivo identificar o estilo de vida, as atividades físicas habituais e analisar o nível de condicionamento físico de estudantes do ensino médio de 03 (três) escolas da cidade de Três Lagoas (duas estaduais e uma federal). Para avaliarmos o nível de condicionamento físico para a saúde utilizamos testes físicos de sentar e alcançar, abdominal e 9 minutos (PROESP-BR, 2009) e avaliação da composição corporal (método de dobra cutânea). Para avaliar o perfil do estilo de vida individual utilizamos o questionário do Estilo de Vida Individual proposta por Nahas, Barros e Francalacci (2010) e o questionário de Atividades Físicas Habituais desenvolvido originalmente por Russel R. Pate – Universiy of South Carolina/EUA, traduzido e modificado por M. V. Naha (2010).

    Contudo, os objetivos estão atrelados a hipótese na qual a utilização de questionários para avaliar as atitudes das pessoas frente a nutrição, atividade física, comportamento preventivo, dentre outros elementos do estilo de vida, devem vir acompanhado de métodos avaliativos complementares como: avaliação do condicionamento físico e exames laboratoriais. Tal hipótese ganha força na limitação dos questionários para a identificação de aspectos que estão atrelados ao treinamento físico, como os princípios do treinamento (continuidade, reversibilidade e individualidade biológica). Em um trabalho de incentivo ou intervenção na saúde de estudantes esses aspectos são primordiais, por exemplo, o tempo entre a prática de um exercício e outro para um pessoa, como de quatro dias, pode ser curto, mas para o organismo é um intervalo além do necessário e isso poderá comprometer os resultados em termos de continuidade. Nesse sentido, o estudante poderá responder que pratica exercícios físicos de duas a três vezes por semana, porém desconsidera o princípio da continuidade.

2.     Metodologia

2.1.     Estilo de vida, atividades físicas habituais e condicionamento físico

    No trabalho identificamos o estilo de vida e os níveis de atividade física dos estudantes por meio de questionários os quais geraram tabelas e, dessa forma, permitiu a construção de relações entre o condicionamento físico, o estilo de vida individual e as atividades físicas habituais, visando chamar a atenção da necessidade da realização atividades físicas para melhorar o condicionamento físico para a saúde, melhorando assim um ponto relacionado à saúde, já que na atualidade, saúde tem sido definida não apenas como a ausência de doenças, mas como uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltados a um estado de completo bem-estar físico, mental, social e psicológico, caracterizada por pólos positivo e negativo. A saúde positiva estaria associada com a capacidade de apreciar a vida e de resistir aos desafios do cotidiano,enquanto a saúde negativa estaria associada com a morbidade e, no extremo, com a mortalidade.

    Nessa perspectiva utilizamos o conceito de condicionamento físico definido pela American College of Sports Medicine (ACSM, 2003, p. 8):

    [...] o condicionamento físico relacionado à saúde refere-se à capacidade que seu coração, seus vãos sanguíneos, seus pulmões e seus músculos têm de resistir às tarefas diárias e ocasionais, assim como a desafios físicos inesperados, com um mínimo de cansaço e desconforto. Em outras palavras, é a posse das reservas de energia necessárias para fazer tudo o que se deseja – e ainda mais!

    E por conseguinte, temos as seguintes definições dos componentes do condicionamento físico para a saúde segundo ACSM (2003, p. 9):

  • Capacidade aeróbia – A capacidade de o corpo captar e utilizar o oxigênio para produzir energia.

  • Capacidade muscular – A força e a resistência de seus músculos.

  • Flexibilidade – A capacidade de flexionar as articulações e os músculos por meio de uma série de movimentos.

  • Composição corporal – A relação entre a quantidade de tecido adiposo e a de outro tecido no seu corpo.

    Neste sentido, o resultado dos questionários apresentariam uma relação direta com o condicionamento físico, isto é, escores positivos nos questionários corresponderiam a resultados dentro do esperado nos testes e avaliações do condicionamento físico.

3.     Resultados e discussões

    Os benefícios do exercício físico regular estão bem estabelecidos, e pesquisas continuam confirmando o papel importante do exercício habitual na manutenção da saúde e do bem-estar, porém o trabalho chama atenção para ações mais contundentes nos anos escolares e também cautela no uso de métodos simples para avaliar o hábito de vida e a atividade física regular, mesmo sendo instrumentos para o alcance de um n elevado.

    Por conseguinte, apresentamos os questionários aplicados e as discussões com os dados coletados considerando o problema de pesquisa.

Figura 1. Questionário de estilo de vida

Fonte: Questionário adaptado de http://pevi.brasilcooperativo.coop.br. Autor: Markus Nahas

    Analisando os questionários respondidos não foi encontrado nos dados uma relação direta com o condicionamento físico. Para uma amostra de 74 (setenta e 4 estudantes), cerca de 62% (sessenta e dois por cento) do último ano do ensino médio de 3 (três escolas de TL) com idade entre 16 e 17 anos, temos os seguintes resultados:

Tabela 1. Questionário “Estilo de Vida”

    Os resultados apontam que apenas 24% (vinte e quatro por cento) dos estudantes estavam com a classificação “inativo” e os demais, 76% (setenta e seis por cento) apresentaram classificações entre pouco ativo, moderadamente ativo e muito ativo.

    Os resultados dos questionários não correspondem aos resultados do teste de 9 minutos em campo e em esteira, de força-resistência abdominal e ao percentual de gordura. Apenas os testes de flexibilidade correlacionam-se de forma positiva aos escores dos questionários.

Tabela 2. Resultados dos componentes do Condicionamento Físico para a Saúde

    Neste sentido, o resultado dos questionários de “Atividades Físicas Habituais” apresentariam uma relação direta com o condicionamento físico, isto é, escores positivos nesses questionários corresponderiam a resultados dentro do esperado nos testes e avaliações do condicionamento físico (já apresentados).

Figura 2. Questionário de atividades físicas habituais

Fonte: Versão modificada para adequação aos objetivos da pesquisa. Desenvolvido originalmente por Russel R. Pate – Universiy of South Carolina/EUA. Traduzido e modificado por M. V. Nahas (2010)

    O mesmo aconteceu com os resultados dos questionários para as “Atividades Físicas Habituais”:

Tabela 3. Questionário “Atividades Físicas Habituais”

    Os resultados apontam que apenas 7% (sete por cento) dos estudantes estavam com a classificação “inativo” e os demais, 93% (noventa e três por cento) apresentaram classificações entre regular e ativo.

    Encontramos uma correlação positiva entre o que chamamos de medidas indiretas: os questionários e medidas de circunferência, peso e altura.

Tabela 4. Resultados do IMC e RCQ

    Na análise estatística, a tabela 5 apresenta o Teste T com p=0,05 para os índices positivos nos parâmetros analisados. Consideramos a hipótese 0 = Não há diferença significativa entre as médias dos resultados positivos dos parâmetros chamados de teste indiretos com os chamados testes diretos. Com a análise a hipótese nula foi descartada, i.e., há diferença significativa entre as amostras, os índices positivos nos testes chamados de indiretos não foram encontrados nos diretos no nível de significância de p=0,05.

Tabela 5. Resultado do teste t com p=0,05 nos índices positivos nos parâmetros analisados

4.     Conclusão

    O trabalho buscou chamar atenção para a necessidade da prática de atividade física dos estudantes, em especial do último ano do ensino médio. Um dos focos do trabalho estava em chamar a atenção sobre a associação do excesso de adiposidade corporal com níveis altos de lipídeos no sangue, o que abrange um dos elementos do condicionamento físico.

    O compromisso em realizar intervenções na da promoção da saúde por meio da educação está, entre outros motivos, nos benefícios da atividade física: “Evidências epidemiológicas e laboratoriais convincentes mostram que o exercício regular protege contra o desenvolvimento e a progressão de muitas doenças crônicas e que ele é um componente importante de um estilo de vida saudável”. (KENNEY,W. L. et al. 2000, p. 3-4).

    Por fim, analisar o estilo de vida individual e as atividades físicas habituais e relacionar com o condicionamento físico para a saúde, leva-nos a refletir sobre a necessidade de mudança de hábitos de vida: indicação de um estilo de vida positivo e de atividades físicas habituais moderadamente ativo, não correspondem a um bom condicionamento físico para a saúde, ou seja, faz-se necessário pensar na prática de exercícios físicos para o desenvolvimento dos elementos indispensáveis ao condicionamento para a saúde (flexibilidade, força e resistência muscular, capacidade cardiorespiratória e composição corporal).

Referências bibliográficas

  • ACSM. Programa de condicionamento física da ACSM. 2 ed. São Paulo: Manole Ltda., 2003.

  • DE FILHO, J.F. A prática da avaliação física. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

  • GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998.

  • KENNEY, W. L. et al. Manual do ACSM para teste de esforço e prescrição de exercício. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter Ltda, 2000.

  • LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

  • MATSUDO S. A; PASCHOAL V. C. A. , AMANCIO O. M. S. Atividade física e sua relação com o crescimento e a maturação biológica de crianças. Cadernos de Nutrição, v. 14, p. 01-12, 2003.

  • McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

  • MELLO, E.D.; LUFT, V.C.; MEYER, F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v. 80, n. 3, 2004.

  • NAHAS, M.V.; BARROS, M.V.G., FRANCALACCI, V.L. O pentáculo do bem-estar: base conceitual par avaliação do estilo de vida de indivíduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.5, n.2, p.48-59, 2000.

  • NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 5 ed. Londrina: Midiograf, 2010.

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