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Injúrias não intencionais em crianças

Las lesiones no intencionales en los niños

 

*Enfermeira. Graduanda em Medicina pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas Gerais

Especialista em Enfermagem Obstétrica e Docência do Ensino Superior

**Enfermeira. Pós-graduanda em Gestão e Auditoria

***Enfermeira. Pós-graduanda em Saúde da Família

****Acadêmico do 8º período do Curso de Graduação em Enfermagem das Faculdades Unidas

do Norte de Minas – FUNORTE. Estudante vinculado ao Programa de Iniciação Científica - Bolsista

******Enfermeiro. Mestre em Ciências da Saúde da Unimontes. Professor do Curso de Enfermagem

das Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE), Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI)

Professor designado da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

******Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo

Professora do Curso de Graduação em Enfermagem das Faculdades Unidas do Norte

de Minas Gerais e Universidade Estadual de Montes Claros

Keila Jeanny Ferreira de Souza*

Bruna Mendes Nunes**

Priscila Martins Santos***

Renê Ferreira da Silva Junior****

Henrique Andrade Barbosa*****

Karine Suene Mendes Almeida Ribeiro******

henriqueabarbosa@ig.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: Conhecer as principais injúrias não intencionais em crianças. Materiais e métodos: Resultados: Realizou-se um levantamento nas bases de dados BDENF, LILACS e SciELO do mês de setembro de 2013 a julho de 2014. Os seguintes descritores foram utilizados: criança, acidentes domésticos e acidentes. Fizeram parte do estudo oito artigos científicos em português que disponibilizassem o resumo nas respectivas bases de dados e que fossem publicados no período de 200X a 201X. Resultados: Os dados extraídos das produções selecionadas são discutidos, configurando uma análise descritiva por categorização. Os achados referem-se às principais injúrias não intencionais na criança. Considerações finais: As injúrias não intencionais na infância repercutem grandemente como causa de morbimortalidade, constituindo assim um relevante problema de saúde pública, com isso é importante à inclusão de campanhas educativas e ações de prevenção na política de saúde adotadas no setor público, que ainda se mostram embrionárias.

          Unitermos: Criança. Acidentes domésticos. Acidentes.

 

Recepção: 27/08/2014 - Aceitação: 28/11/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 201, Febrero de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No Brasil, as injurias não intencionais são responsáveis por 5 a 6% do total das internações conveniadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), gerando gastos hospitalares de 8% do total de gastos com as internações (MARTINS, 2006).

    Embora seja antiga a preocupação acerca das injúrias não intencionais, só obteve seus conceitos incorporados à literatura médica a partir do ano de 1970 e atualmente, as injúrias não intencionais são consideradas passíveis de prevenção, no entanto seus índices são elevados (AMARAL et al, 2009).

    As injúrias não intencionais em ambiente domiciliar na infância tem grande representação como causa de morbimortalidade, constituindo assim um relevante problema de saúde pública. O que é necessário o aprofundamento de estudos e pesquisas sobre suas características, magnitude e o impacto na vida dos pais e da criança vitima (AMARAL et al., 2009).

    Considera- se criança, indivíduo com faixa etária entre zero a dez anos de idade (OMS, 2002). A literatura atual sugere que o termo “acidente” seja substituído por “lesões não intencionais evitáveis” ou “injúrias não intencionais” uma vez que este termo está relacionado com casualidade e imprevisibilidade e, neste caso, a maioria delas pode ser prevenida, por meio da educação, de modificações no meio ambiente e criação de cumprimento de legislação e regulamentações específicas (SANTOS et al., 2010). Portanto, neste presente estudo será utilizado o termo “injúrias não intencionais”, pois os diversos artigos pesquisados já aderem ao referido termo.

    As crianças apresentam maior risco para injúrias não intencionais. Nessa fase da vida de desenvolvimento, a criança é curiosa, inquieta, inexperiente, exploradora, ativa e é incapaz de identificar o perigo. O adulto disperso poderá facilitar as injúrias não intencionais em ambiente domiciliar (VIANA et al., 2009). O ambiente domiciliar é definido como o principal local de ocorrências de injúrias não intencionais, pois é o de maior permanência da criança. A interação entre os pais e a criança é considerada fator importante na proteção ou exposição da criança aos riscos (AMARAL et al., 2009).

    A mortalidade de crianças menores de dez anos de idade acometidas no Brasil durante o ano de 2006 apontam como as principais causas de óbito os atropelamentos (29,3%), os afogamentos (21,1%), os riscos á respiração (15,4%), as agressões (7,0%) e as quedas (5,1%) (MALTA et al., 2009).

    As injúrias não intencionais na infância são responsáveis não só por grande parte das mortes, mas também por traumatismos não fatais, como encefalopatia, anóxia por quase afogamento, cicatrizes e desfiguração devido a queimaduras. Causadores de grandes danos a indivíduos que se encontram em fase de crescimento e desenvolvimento (MALTA et al, 2009).

    A maioria das injúrias não intencionais em ambiente domiciliar que ocorrem em crianças podem ser evitadas, através de orientação familiar, como cuidados com tomadas, panelas quentes, alterações físicas do espaço domiciliar e guardar materiais de limpeza e medicamentos em locais fora do alcance de crianças (AMARAL, PAIXÃO, 2007). Com isso é importante à inclusão de campanhas educativas e ações de prevenção das injúrias não intencionais em ambiente domiciliar para pais e crianças (AMARAL; PAIXÃO, 2007). Dessa forma esse estudo, buscou conhecer as principais injúrias não intencionais em crianças.

Materiais e métodos

    Trata-se de um estudo descritivo realizado por meio de revisão integrativa de literatura. A busca bibliográfica ocorreu na bases de Dados Biblioteca Virtual em Saúde e Bireme, Base de Dados de Enfermagem, Literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), a partir dos descritores criança, acidentes domésticos e acidentes. A busca e a coleta bibliográfica foram realizadas na segunda quinzena de setembro de 2013 e atualizada na primeira quinzena de julho de 2014. O recorte temporal dos últimos XX anos. Para seleção dos textos foram considerados os seguintes critérios de inclusão: ser pesquisa primária, publicação científica em idioma português, disponível online, na íntegra na base de dados consultadas, abordar a temática de injúrias na criança no título, resumo e texto. Após leitura e análise minuciosa foram selecionados oito artigos, que permitiram a construção de sete categorias que caracterizam as principais causas de injúrias não intencionais na criança.

Resultados

    Partiu-se da sistematização de sete categorias que discorrem sobre o produto da discussão e sua articulação. A saber: Queimaduras, Quedas, Intoxicações exógenas, Penetração de corpo estranho em orifício em orifício natural e sua ingestão, Atropelamento, Afogamento e Medidas de Enfrentamento.

Queimadura

    As injúrias não intencionais representam um dos principais problemas de saúde pública, destacando-se entre essas a queimadura, da qual é considerada uma lesão causada por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos que agem no tecido de revestimento do corpo humano e pode destruir parcialmente ou totalmente a pele, seus anexos e até atingir camadas mais profundas, como os tecidos subcutâneos, músculos, tendões e ossos (VIANA, et al., 2009).

    Em diversos países estudos epidemiológicos indicam que as queimaduras representam a segunda causa de morte por injúrias não intencionais na infância. No Brasil, em 2001, ocorreu um milhão de injúrias não intencionais por queimaduras e aproximadamente 2.500 destes indivíduos foram a óbito. Ocorrem com maior suscetibilidade em crianças menores de três anos (VIANA et al, 2009).

    Estudos acerca das internações em hospitais privados ou conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS) revelaram um gasto médio das internações por queimaduras de R$ 649,43 para os casos não fatais e de R$1.620,27 para os casos que foram a óbito (MARTINS; ANDRADE, 2007). A considerável ocorrência de queimadura em crianças menores de cinco anos chama a atenção em diversos fatores como o sofrimento físico e psicológico produzido, além do elevado custo econômico e social, incluindo gastos hospitalares (MARTINS; ANDRADE, 2007).

    De acordo com pesquisas realizadas no Brasil e em diversos países, apontam que os principais agentes etiológicos das injúrias não intencionais por queimaduras em crianças são; escaldamentos por água quente, líquidos quentes e os produtos inflamáveis, sendo ocorridos na maioria das vezes na cozinha com o contato direto com esses agentes (PASCHOAL, 2007).

    As injúrias não intencionais por queimaduras têm grandes conseqüências como risco de morte, complicações como septicemia, falência renal e cardio-respiratória, podem induzir importantes modificações metabólicas, seqüelas físicas e psicológicas e são consideradas como traumas graves (VIANA et al, 2009).

Quedas

    Para a saúde pública, as quedas merecem destaque por configurarem entre as principais causas de morbimortalidade em todo o mundo, devido a sua alta freqüência (MALTA et al., 2012). Estimativas dos Estados Unidos mostram que as quedas são as causas principais de injúrias não intencionais para crianças e que, anualmente, cerca de 2,8 milhões de crianças ou mais são atendidos em serviços de emergência naquele país (MALTA et al, 2012). De acordo com as fontes oficiais de informação de saúde, no Brasil, as quedas têm impacto no perfil da mortalidade da população, porém têm maior relevância ainda na morbidade (MALTA et al, 2012). A proporção de quedas é uma das maiores causas de internações onde a faixa etária predominante é entre um a cinco anos de idade (AMARAL et al., 2009).

    Existem multi-fatores relacionados às quedas não intencionais, sendo assim, torna-se complicado restringir a um único fator de risco ou agente causal, porém, existem medidas preventivas das quais podem ser implantadas a partir de conhecimentos específicos sobre o problema evitando assim a sua ocorrência (MALTA et al, 2012).

Intoxicações exógenas

    Uma intoxicação exógena pode ser ocasionada por substâncias como medicamentos, produtos domissanitários e alimentos, entre outros, sendo as crianças particularmente vulneráveis à exposição a agentes tóxicos presentes no ambiente (NOGUEIRA et al., 2009)

    As crianças são particularmente vulneráveis à exposição a agentes químicos presentes no ambiente, por suas características fisiológicas: ingerem mais água e alimentos e respiram maior quantidade de ar por unidade de peso corporal que os adultos. Além disso, hábitos peculiares como levar constantemente a mão à boca e brincar e se locomover próximo ao solo, também contribuem para maior exposição. Assim, quaisquer agentes químicos presentes no ar, água, solo e alimentos têm maior probabilidade de serem absorvidos por crianças do que por adultos (NOGUEIRA et al., 2009).

    A exposição a produtos tóxicos, farmacêuticos ou não, é um evento comum na pediatria e constitui um grave problema de saúde pública, em virtude de ser, na grande maioria das vezes, passível de prevenção mediante esforços conjuntos da família, da equipe de saúde, de grupos da sociedade e uma ação governamental eficaz (NOGUEIRA et al, 2009).

    As intoxicações exógenas estão incluídas nas injúrias não intencionais mais freqüentes em crianças, principalmente as menores de cinco anos. Três fatores justificam esta grande incidência: os inerentes à própria infância, os relacionados à sociedade e os relacionados ao Estado. Entre os primeiros encontram-se a curiosidade natural das crianças, seu aprendizado pela colocação de tudo na boca, sua falta de noção do perigo e seu paladar pouco apurado (NOGUEIRA et al., 2009).

Penetração de corpo estranho em orifício natural e sua ingestão

    Entre as injúrias não intencionais infantis mais freqüentes, a penetração de corpo estranho em orifício natural e sua ingestão tem sido apontada por vários autores como sendo as cinco principais injúrias não intencionais que ocorrem na população infantil, atingindo principalmente os lactentes e menores de um ano, sendo potencialmente fatal por causar, muitas vezes, obstrução das vias respiratórias. Vários trabalhos nacionais e internacionais apontam a presença de corpo estranho como importante causa de morbidade e mortalidade entre as crianças (MARTINS; ANDRADE, 2008). Dados epidemiológicos apontam que os menores de cinco anos representam 84% dos casos, sendo 73% destes concentrados nos três primeiros anos de vida (AMARAL, 2009).

Afogamento

    Segundo dados do Datasus, no Brasil, os afogamentos e submersões não intencionais foram a 2ª causa geral de óbito em crianças na faixa etária entre um e nove anos de idade (BRASIL, 2012). Os afogamentos em ambiente domiciliar ocorre com muita freqüência em piscinas residenciais, banheiras e piscinas pequenas (portáteis) e são consideradas conseqüências dos descuidos dos responsáveis (AMARAL et al, 2009).

    Entre os afogamentos que ocorrem em piscinas pequenas portáteis e banheiras, as crianças menores de um ano de idade, são as principais vítimas. Já em crianças de um a três anos, as piscinas residenciais são as que representam grande risco de afogamento nesta faixa etária e é estimado que nela aconteçam, aproximadamente, 90% das mortes por afogamento (AMARAL et al., 2009).

    O risco de morte por afogamentos e por submersão não intencionais é muito alto. Assim, a orientação preventiva aos pais, responsáveis e/ou cuidadores devem incluir informações sobre o perigo de afogamento em banheiras e piscinas residenciais, pois os mesmos devem estar sempre atentos com a segurança das crianças, preocupando assim com a supervisão, com o ambiente, com os equipamentos e com a educação (AMARAL et al, 2009).

Atropelamento

    As injurias não intencionais por transporte destacam-se como a segunda causa de atendimentos de emergências. No que se refere á mortalidade por esta causa, ocupam a primeira posição entre crianças de um a nove anos de idade, sendo apontada pela Organização Mundial de Saúde como a causa mais importante de óbitos e lesões na população infantil mundial (MALTA et al., 2009). No Brasil o perfil da mortalidade por injurias não intencionais por transporte em menores de dez anos de idade apresenta o predomínio de atropelamentos (MALTA et al., 2009).

    As crianças nessa faixa etária são curiosas, inquietas, imprevisíveis e inocentes, elevando-se a probabilidade de casos desfavoráveis como o atropelamento. Muitas dessas injurias não intencionais ocorrem no próprio ambiente domiciliar tornando assim importante a reeducação do condutor e a supervisão adequada de crianças pequenas (MALTA et al., 2009).

Medidas para enfrentamento

    Para solucionar o problema da subnotificação de injúrias não intencionais no Brasil, o Ministério da Saúde implantou, a partir de 2006, o Sistema de Serviços Sentinelas de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), sendo que um dos componentes se destina a identificar e descrever o perfil dos atendimentos às vítimas de injúrias não intencionais atendidas em serviços de urgência e emergência da rede assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de uma estratégia de vigilância que pretende conhecer a distribuição, magnitude e tendência destes agravos e de seus fatores de risco, permitindo identificar condicionantes sociais, econômicos e ambientais da ocorrência das injúrias não intencionais e subsidiar o planejamento e aplicação de intervenções apropriadas de prevenção (MALTA et al, 2009).

    Estudos recentes mostram que a maioria das injúrias não intencionais pode ser prevenida, no entanto, os programas de prevenção de injúrias não intencionais são escassos no Brasil. A educação para a prevenção pode reduzir o risco de injúrias não intencionais na infância, mas, para isso, requer mobilização de vários segmentos da população. O aconselhamento na atenção primária à saúde, voltado para o aumento do conhecimento sobre segurança e à adoção de comportamentos mais seguros devem ser os pilares para a redução da incidência das injúrias não intencionais (PASCHOAL et al, 2009). Materiais impressos podem facilitar o aproveitamento e aprofundamento desses conhecimentos uma vez que reforçam as informações e discussões orais realizadas entre os educadores e a população (PASCHOAL et al, 2009).

    Sabe-se que a maioria dos atendimentos em pronto-socorro, especialmente os decorrentes de injúrias não intencionais, poderia ser evitada com medidas preventivas. Nesse contexto, estudar as causas e circunstâncias desses agravos junto à população infantil torna-se essencial para o desenvolvimento de estratégias de promoção à saúde e prevenção destes eventos (MALTA, et al, 2009).

Considerações finais

    As injúrias não intencionais na infância representam uma constante, pois a criança apresenta características inerentes que aumentam o risco de ocorrência de efeitos adversos, sendo as principais as queimaduras, quedas, intoxicações exógenas, penetração por corpos estranhos, atropelamento e afogamento.

    Medidas preventivas devem ser disponibilizadas tais como programas de educação e enfrentamento e uma maior sensibilidade nas notificações, estratégias que acarretarão visibilidade desse importante problema de saúde pública. Por conseguinte, esse estudo não encerra a temática, abrindo assim horizontes para outros estudos com abordagens variadas.

Referências

Outros artigos em Portugués

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 2015 | Buenos Aires, Febrero de 2015
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