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Efeitos do treinamento de força no diabetes mellitus tipo 2

El efecto del entrenamiento de la fuerza con diabetes mellitus tipo 2

 

*Pós graduando em Treinamento Esportivo

pela Universidade Estadual do Ceará

**Graduado em Educação Física

pela Universidade Federal do Ceará

(Brasil)

Abraham Lincoln de Paula Rodrigues* **

Danilo Rodrigues Cavalcante Feitosa**

Fábio Andrade de Sousa**

Pablo Arthur Mazulo**

Victor Rodrigues de Souza**

lincoln7777@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Nos dias atuais, sabe-se que o Diabetes Mellitus é uma das doenças crônicas que mais afeta a população mundial. A musculação, como alvo de inúmeras pesquisas, pode ser utilizada no complemento ao tratamento medicamentoso da doença, auxiliando na melhora do quadro geral do paciente portador de DM2, trazendo benefícios que contribuirão diretamente na melhora da sua qualidade de vida. O objetivo do estudo foi atualizar acerca dos efeitos do treinamento de força, através da musculação sobre o tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2. Foram utilizados estudos de outros autores como base teórica, dando ênfase em estudos relacionados à prática da musculação, e não na atividade física por um todo. O resultado mostrou que a prática da musculação pode aumentar a sensibilidade à insulina, assim como gerar uma melhora na taxa metabólica em portadores de diabéticos tipo 2. Recomenda-se que os indivíduos diabéticos procurem um profissional de Educação Física capacitado e pratiquem ao menos dois dias de treinos com pesos na musculação, adequando sempre volume e intensidade as suas características e necessidades biológicas individuais, visando obter uma melhoria da saúde, pois a prática errônea poderá implicar em resultados negativos e agravamento do estado patológico.

          Unitermos: Benefícios. Musculação. Diabetes Mellitus.

 

Recepção: 23/07/2014 - Aceitação: 11/10/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 199, Diciembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, sabe-se que o Diabetes Melitus (DM2) é uma das doenças crônicas que mais afeta a população no mundo, e que, em sua maioria ocorre no Tipo 2 (deficiência na produção de insulina). O diabetes tipo 2 perfaze-se cerca de 90% dos casos de diabetes (GROSS et al., 2001). A musculação vem sendo alvo de inúmeras pesquisas, e os resultados destas, demonstram cada vez mais que a incorporação de um programa de treinamento com pesos, por meio da musculação pode vir a complementar o quadro de benefícios gerados pelo exercício físico para o controle do quadro diabético. Desta forma, e diante da importância da realização de um trabalho multidisciplinar, a realização do estudo teve como objetivo principal, atualizar acerca dos benefícios que a prática da musculação pode vir a trazer aos indivíduos portadores de DM2.

Metodologia

    O estudo realizado foi uma revisão bibliográfica, realizada, através da busca e leitura de artigos científicos relacionados ao assunto, encontrados nas bases de dados eletrônicas Google Acadêmico e Scielo. Foram utilizados os seguintes descritores na realização da busca que foi realizada no período que compreendeu os meses de março e abril do ano de 2014: musculação; diabetes mellitus tipo 2. Os dados foram coletados e analisados através da leitura minuciosa de cada um dos artigos encontrados, e inseridos no trabalho à medida que os mesmos se enquadraram dentro do objetivo do estudo.

Respostas do treinamento de força no Diabetes Mellitus tipo 2

    O praticante de musculação pode ter como objetivos o aumento da força e da massa muscular, diminuição do peso e percentual de gordura corporal, melhoria do condicionamento físico e do desempenho esportivo, aumento da resistência muscular. Contudo, os resultados dependem da freqüência e grau de envolvimento nos treinos, da alimentação, e até mesmo da suplementação.

    Além dos benefícios citados, que em si já merecem especial atenção, um efeito importante que a atividade física, neste caso a musculação, possui, é a efetiva contribuição à prevenção da DM2 em pessoas com predisposição à doença. Explicações deste fenômeno não estão totalmente esclarecidas, mas evidências apontam para o aumento da sensibilidade celular à insulina, agindo no glicotransportador GLUT4 (transportadores insulina-dependente, mais abundante nas membranas celulares do músculo esquelético, cardíaco e tecido adiposo), para a diminuição da gordura corporal, diretamente associada à maior resistência à insulina*, e também para a diminuição do estresse. (ARAÚJO, MAIA e HARTANN, 2010)

    Ao se falar do Treinamento de Força, também se deve lembrar que, para se iniciar uma atividade física devemos sempre realizar uma atividade de alongamento. Partindo deste pressuposto, para Colberg (2003), os exercícios de alongamento são importantes, pois os diabéticos produzem mais produtos finais de glicolização do que os não diabéticos; ou seja, suas moléculas de glicose aderem a várias estruturas do corpo, incluindo a cartilagem e o colágeno, fazendo com que elas endureçam e percam sua flexibilidade normal mais aceleradamente que em pessoas normais. Portanto, os diabéticos são mais propensos a lesões como a tendinite e a capsulite adesiva, que se caracteriza por movimentos dolorosos e limitados do ombro. Nota-se que o exercício físico traz inúmeros benefícios já citados, tais como a diminuição do processo inflamatório crônico, aumento do tamanho da fibra muscular, diminuição da secreção hepática de glicose e etc.

    É visto que o diabético deve praticar o exercício com um freqüência de 1 a 2 vezes por semana, variando a intensidade do mesmo entre 8 a 10 exercícios que envolvam os maiores grupos musculares, inicialmente com um volume com série de 10 a 15 repetições máximas (RM), o que geralmente ocorre nos exercícios em circuito, progredindo para três séries de 8 a 12 RMs. Os treinamentos de força para os diabéticos devem ser de intensidade moderada (Associação Americana de Diabetes - ADA). Os exercícios de força devem ser combinados de 3 a 5 vezes por semana, com séries de 3, variando de 8 a 10 repetições entre 75 e 85% de 1 RM.

    Todo exercício físico direcionado ao diabético deve ser composto de trabalho aeróbico, força, flexibilidade e relaxamento. A orientação deve ser sempre individualizada com relação à duração, intensidade, modalidade e freqüência. Um programa de exercício resistido ideal seria uma sessão de 8 a 10 repetições, 2 a 3 vezes por semana, por várias semanas, dependendo de cada caso. Progredindo para três sessões de 8 a 10 repetições, dependendo de cada caso. (Atualização em Atividade Física, 2009).

    Tratando-se das respostas fisiológicas que o treinamento resistido pode trazer, observa-se em vários estudos de diferentes autores que com determinados tempos de aplicação de seus estudos, notou-se respostas diferentes aos exercícios. Para Ramalho et al (2006 apud BARROS E CATUZZO, 2009), após aplicar um estudo sobre o efeito do treinamento aeróbico versus o efeito do treinamento resistido sobre o controle metabólico em pacientes, notou-se que o grupo aeróbico após 12 semanas de caminhada só ocorreu uma mudança de circunferência da cintura e na glicemia capilar. O grupo de treinamento resistido não apresentou mudanças avaliadas. Ambos, porém, tiveram a dose de insulina reduzida.

    No estudo de Brooks (2006 apud BARROS e CATUZZO, 2009) com DM2 num programa composto de 16 semanas de treinamento de força padrão, houve uma redução da resistência da insulina, mostrando que o treinamento de força deve ser considerado um fator importante no tratamento de DM2. O estudo de Shaibi et al (2006 apud BARROS e CATUZZO, 2009), em que foi organizado um programa de treinamento de resistência, com duas sessões por semana, durante 16 semanas e com a participação de 11 adolescentes (MODY), mostrou que esse tipo de programa de exercício pode aumentar significativamente a sensibilidade à insulina em adolescentes não insulinodependentes, obesos, apresentando também mudanças na composição corporal.

    Já Marcus et al (2008 apud BARROS e CATUZZO, 2009), comparou um programa combinado de exercício aeróbico e anaeróbico com um programa composto apenas de exercício aeróbico, concluindo que o programa combinado apresentou uma melhora mais significativa na taxa metabólica dos diabéticos tipo 2. A musculação realizada com cargas leves, em um tempo total de treinamento que fique entre 20 e 60 minutos de duração por sessão, é a mais recomendada para a melhoria na qualidade de vida dos diabéticos (Fox, 2000). Como pode observar, a atividade física produz alterações significativas no contexto glicêmico, mesmo em curto prazo. Mas não são apenas estes os benefícios produzidos pelos exercícios. Existem também os benefícios tardios, que necessitam de algum tempo para serem notados, normalmente 3 a 4 semanas, dependendo da adaptação orgânica ao esforço.

    Além dos benefícios citados, que em si já merecem especial atenção, um efeito importante que a atividade física, neste caso a musculação, possui, é a efetiva contribuição à prevenção da diabetes mellitus tipo 2 em pessoas com predisposição à doença. Explicações deste fenômeno não estão totalmente esclarecidas, mas evidências apontam para o aumento da sensibilidade celular à insulina, agindo no glicotransportador GLUT4 (transportadores insulina-dependente, mais abundante nas membranas celulares do músculo esquelético, cardíaco e tecido adiposo), para a diminuição da gordura corporal, diretamente associada à maior resistência à insulina*, e também para a diminuição do estresse. (ARAÚJO, MAIA e HARTANN, 2010)

    Após analisar quais foram as principais alterações fisiológicas devido a intensidade dos exercícios, notou-se quais seriam as formas de exercícios mais eficazes no tratamento do DM2, podendo citar os que são realizados em circuito, alterando o volume do treinamento, aumentando a duração da sessão e ativando mais o sistema aeróbio, acarretando em um maior gasto energético durante o exercício, porém ainda dentro das características dos exercícios de força (FLECK; KRAEMER, 2006). Segundo GETTMAN et al (1978 apud OLIVEIRA, 2005), o circuito pode trabalhar com maior predominância o sistema anaeróbio (podendo ser mais intenso) ou trabalhar bem o sistema aeróbio ou trabalhar ambos os sistemas em momentos distintos da mesma sessão de treino.

    O treinamento com pesos em circuito consiste no desempenho de conjuntos de exercícios com séries de 12 a 15 repetições, com cerca de 40% a 60% de 1AVMD (ação muscular voluntária dinâmica), esta terminologia segundo Souza Junior et al (2005) e Pereira; Souza Junior (2004) representa melhor essa terminologia aplicada ao teste de carga máxima, na qual avalia a maior força gerada intencionalmente por uma ação muscular dinâmica, com cerca de 15 a 30 segundos de intervalo entre as séries. Para Guedes Jr. (2003), o circuito de musculação deve conter de 6 a 12 exercícios, com séries de 15 a 20 repetições ou por tempo de 45 segundos a 1 minuto, com intervalo de 45 segundos entre as séries.

    Para McArdle (1998), deve-se usar entre 8 e 15 exercícios com intensidade de 45% a 55% de 1AVMD por 30 segundos e com intervalo de 15 segundos entre as séries. Como é visto, existem várias formas diferentes de montar e aplicar o circuito. Isso é possível, porque variáveis que podem ser alteradas na elaboração do programa, como: o tipo e o tempo de intervalo, o tempo de duração e a carga utilizada dentro de cada estação, o intervalo entre as passagens, o número de passagens entre outras. (SIMÃO, 2003)

    Atividades que variam a intensidade do exercício, ora mais intensos (como ocorre nas estações) ora menos intensos (intervalos de recuperação) é o melhor caminho para aperfeiçoar o gasto energético (KRAVITZ; VELLA, 2002). Com relação à prática do circuito de força para pessoas que apresentam complicações como os cardiopatas e hipertensos (muitos obesos apresenta estas patologias), o circuito parece ser um treinamento seguro e eficiente, desde que os indivíduos estejam devidamente medicados e liberados pelos médicos a praticarem atividade física (BERMUDES et al., 2003; DEGROOT et al., 1998; HARRIS; HOLLY, 1986).

Conclusão

    Conclui-se a partir da realização do estudo que se constatou a importância da realização de exercícios físicos, em indivíduos portadores de DM2, em especial da musculação. Verificou-se que a realização do treinamento de musculação pode desencadear uma série de respostas fisiológicas importante, especialmente para os diabéticos como promover um aumento o consumo da glicose, diminuição da concentração basal e pós-prandial da insulina, aumento da resposta dos tecidos à insulina, melhora dos níveis da hemoglobina glicosilada, melhora do perfil lipídico, diminuição dos triglicerídeos, contribui para diminuir a pressão arterial, aumento do gasto energético, favorecimento da redução do peso corporal, diminuição da massa total de gordura, preservação e aumento da massa muscular, melhora do funcionamento do sistema cardiovascular, aumento da força e elasticidade muscular e promoção de uma sensação de bem-estar e melhora da qualidade de vida. Portanto a incorporação de um programa de exercícios físicos com a utilização da musculação é importante para diabéticos para a manutenção de um padrão de vida mais saudável e aumento da longevidade.

Referências

  • BARROS, M.V.G. e CATUZZO, M.T. Atualização em Atividade Física. Recife, 2009.

  • COLBERG, S.R. Atividade Física e Saúde; ED. MANOLE, 2003

  • FLECK S. e SIMÃO R. Força: Princípios metodológicos para o treinamento. Editora Phorte, São Paulo, 2008.

  • FOX et al. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

  • GROSS et al. Diabetes Melito: Diagnóstico, Classificação e Avaliação do Controle Glicêmico, Porto Alegre, 2001.

  • GUILHERME, J.P.L.F. e JÚNIOR, T.P.S. Treinamento de força em circuito na perda e no controle do peso corporal. Santos, 2006.

  • SCHIMID, H. e PINHEIRO, F. Alongamento é útil? Para pacientes diabéticos? Com que finalidade? Disponível em: http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/atividades-fisicas/1614-alongamento-e-util-para-pacientes-diabeticos-com-que-finalidade. Acesso em: 12 de abril de 2014

  • OLIVEIRA, R.J. Saúde e Atividade Física. Rio de Janeiro, 2005.

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