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Disfunção da articulação temporomandibular
em universitários, Manaus, Brasil

Disfunción de la articulación temporomandibular en universitarios de Manaus, Brasil

Temporomandibular joint dysfunction in university students

 

*Fisioterapeuta. Mestre. Docente da Universidade Nilton Lins

**Fonoaudióloga. Especialista em Voz. Docente das Faculdades INTA

***Graduada em Fisioterapia pela Universidade Nilton Lins

(Brasil)

Vanessa Christina Costa da Silva*

Danielle Gonçalves Fernandes Vieira Barbieri**

danihit@hotmail.com

Lyenne Lima de Amorim***

Maria dos Prazeres Carneiro Cardoso*

vsilva@niltonlins.br

 

 

 

 

Resumo

          Justificativa e objetivos: As disfunções na articulação temporomandibular (DTM) têm ocupado um espaço cada vez maior, não somente na prática dos odontólogos, como também na atuação dos profissionais da fisioterapia. De fato trata-se de assunto muito importante e interessante para o profissional da saúde, que envolve uma miríade de queixas clínicas, incluindo dor e sensibilidade dos músculos da mastigação, pois através desta busca de informações sobre a prevalência na disfunção da articulação temporomandibular, os profissionais poderão se sensibilizar e compreender que é preciso conhecimento atualizado para evitar um problema maior. O objetivo deste trabalho foi observar a prevalência da disfunção temporomandibular em universitários. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo e quantitativo, realizado com 130 universitários do curso de fisioterapia de uma universidade em Manaus-AM, Brasil. As informações foram coletadas através de um questionário fechado, recomendado pela Academia Americana de Dor Orofacial, para avaliar a prevalência da disfunção temporomandibular em um grupo de universitários. Os resultados obtidos foram analisados através da pontuação do índice anamnésico de Fonseca. Resultados: Dos 156 elegíveis, 133 compuseram a amostra. Destes, 110 mulheres (84,6%). Os resultados mostraram uma prevalência de 66% para sintomatologia leve, moderada ou severa da articulação temporomandibular, sem diferença significativa entre os sexos. Conclusão: A aplicação de questionário não determina a presença de DTM, porém, identificou-se que os sinais e sintomas de disfunção da articulação temporomandibular são comumente apresentados por universitários.

          Unitermos: Disfunção temporomandibular. Temporomandibular articulacao. Sistema estomatognático.

 

Abstract

          Background and objectives: The temporomandibular joint dysfunctions have occupied an ever greater space, not only in the practice of dentists, as well as professionals in the performance of physiotherapy. In fact it is very important and interesting issue for health care, which involves a myriad of clinical symptoms, including pain and tenderness of the muscles of mastication, because through this search for information on the prevalence of TMJ dysfunction in the professionals may be sensitive and understand that and have updated knowledge to avoid a bigger problem. The objective of this study and observe the prevalence of temporomandibular disorders in university students. Methods: It is a qualitative and quantitative study, conducted with graduate student in physical therapy from a university in Manaus-AM. Information was collected through a closed multiple-choice questionnaire to assess the prevalence of temporomandibular disorders in university students. The results were analyzed by the score of Fonseca anamnesis index. Results: The results showed a prevalence of 65% for TMJ symptoms mild, moderate or severe. Conclusion: It is concluded that the signs and symptoms of temporomandibular joint dysfunction are commonly made ​​by university students

          Keywords: Temporomandibular joint. Temporomandibular dysfunction. Stomatognathic system.

 

Recepção: 07/06/2014 - Aceitação: 29/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 199, Diciembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O sistema estomatognático está ligado às funções fisiológicas do corpo, produz movimentos que podem ser funcionais, como falar, mastigar, deglutir; ou parafuncionais, que enfocam as atividades feitas de forma inconsciente2. A articulação temporomandibular é um conjunto de estruturas anatômicas, com participação de grupos musculares que possibilitam à mandíbula realizar diferentes movimentos durante a mastigação4. É um elemento do sistema estomatognático, capaz de realizar movimentos complexos. Qualquer alteração, principalmente sobre os dentes, tenderá a um desarranjo de todo sistema. A mastigação, deglutição, fonação e postura dependem muito da função, saúde e estabilidade das articulações temporomandibulares1.

    Para que a articulação funcione de forma adequada, precisa ter uma boa funcionalidade para ter um equilíbrio no sistema estomatognático, ter uma adequada oclusão dentária e um equilíbrio neuromuscular que devem relacionar-se harmonicamente3,11.

    As disfunções da articulação temporomandibular englobam varias desordens que envolvem alterações funcionais, podendo acometer a musculatura mastigatória e acarretar uma serie de características comuns, sendo a principal delas a dor10. Os distúrbios internos da articulação temporomandibular são modalidades que se manifestam por ruídos articulares e movimentos desarmônicos ou limitados 5,6,7.

    Para que a disfunção da articulação ocorra, há participação de fatores predisponentes, abrangendo importantes elementos funcionais, anatômicos e psicossociais considerados de origem multifatorial8,9.

    O objetivo deste estudo foi identificar sinais e sintomas de disfunção da articulação temporomandibular em um grupo de universitários de Manaus, Amazonas.

Materiais e métodos

    Todos os alunos matriculados regularmente no curso de fisioterapia de uma universidade particular de Manaus compuseram o universo amostral (N=156). Destes, 130 atenderam aos critérios e compuseram a amostra (taxa de participação=85,3%). Cada participante respondeu ao questionário auto-preenchível sobre sintomatologia da disfunção temporomandibular recomendado pela Academia Americana de Dor Orofacial (AADO) e assinou o termo do consentimento livre e esclarecido expressando sua anuência, conforme Resolução 196/96. Houve apenas um caso de questão incompleta e o participante foi procurado para o preenchimento. Seriam excluídos os menores de 18 anos de idade, caso houvesse.

    Após recebimento dos questionários preenchidos, foi realizada a análise dos dados. O instrumento é composto de 10 questões objetivas que versam sobre sinais e sintomas de disfunção temporomandibular, havendo pontuação às opções de resposta. Fonseca13 propõe, em português, o questionário da AADO um índice de classificação do grau de DTM: sem DTM, DTM leve, DTM moderada e DTM severa referindo-se, respectivamente, ao escore total de 15 ou menos pontos, 20 a 40 pontos, 45 a 65 pontos e 70 a 100 pontos.

    Foi adotado como critério de classificação da disfunção da articulação temporomandibular a denominação 13.

    Para análise deste estudo descritivo, seccional, utilizou-se a distribuição de freqüências e apresentação tabular.

    O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Nilton Lins.

Resultados

    Dos 130 participantes do estudo, 110 da população feminina (84,62%), o que reflete a participação majoritária das mulheres no curso. A média de idade foi de 24,5 anos (desvio-padrão = 6,34).

    A prevalência de sinais e sintomas da disfunção temporomandibular mostrou-se bastante comum. Quanto à classificação de Fonseca para severidade da DTM, 44 (33,85%) não apresentaram DTM, 52 (40%) apresentaram disfunção leve, 22 (16,92%) disfunção moderada e 12 (9,23%) disfunção severa. A tabela 1 apresenta a classificação da severidade de DTM, estratificada por sexo.

Tabela 1. Distribuição de freqüências da severidade de disfunção temporomandibular entre os participantes, estratificada por sexo

    Dentre as queixas mais freqüentes mais diretamente relacionadas à DTM estiveram: ruídos próximos ou localizados na articulação temporomandibular (39%); sensação de dentes mal encaixados (22,5%); dor na região cervical (21,54%) e incômodo ao ranger e/ou apertar os dentes (20%). A tabela 2 apresenta a distribuição de freqüências da sintomatologia de DTM na amostra.

Tabela 2. Prevalência de sinais e sintomas de DTM na população de estudo, estratificado por sexo

    O escore total no questionário aplicado pode variar até 100 pontos e, quanto mais alto, maior a severidade da disfunção. A população total de estudo apresentou média de 31,76 pontos (desvio-padrão=22,6) e mediana de 30, classificada em grau leve.

Discussão

    Pesquisas relacionadas à prevalência da disfunção temporomandibular indicam que grande parte dos indivíduos apresentam sinais e sintomas da disfunção em níveis subclínicos e clínicos3,8,14,16. Assim se encontra alta a prevalência da disfunção temporomandibular na população de não-pacientes, isto é, os indivíduos que não recorrem ao tratamento, e tem uma real necessidade de buscá-lo14,15.

    Garcia, Lacerda e Pereira17 avaliaram o grau de disfunção da articulação temporomandibular e dos movimentos mandibulares em adultos jovens, com 200 voluntários, e identificaram que 39% estavam livres da DTM; 83,60% apresentavam disfunção leve; 13,93% moderada e 2,45% severa. Segundo Santos (2010)18 os sintomas relacionados à dor estão diretamente ligados à disfunção leve e moderada e, devido ao trabalho intenso dos músculos da região ou sobrecarga da articulação temporomandibular, por exemplo, a disfunção temporomandibular pode se instalar. Em seu estudo, mostrou alta prevalência de sinais e sintomas de DTM entre os universitários avaliados18. No presente estudo, observou-se também alta prevalência para os sintomas relacionados a quadro álgico, estando 40% dos universitários avaliados em grau leve de DTM. Porém, 9,23% apresentaram-se com DTM severa. Valle-Corotti et al (2010) explicam que as disfunções severas podem apresentar-se dolorosas, principalmente na atividade de trabalho, na universidade, na escola, no sono e na alimentação, sendo o sintoma mais importante e incapacitante na população com disfunção temporomandibular19.

    Vários autores encontraram uma alta prevalência de disfunção temporomandibuar na população de jovens e adultos14,15,16,19,20. Os estudos destacam ainda que mesmo que esses sintomas sejam geralmente brandos, podem evoluir para severos, instalando-se a disfunção temporomandibular com o passar dos anos19,20. No presente estudo, somando-se a prevalência para algum grau de DTM, encontrou-se 66,15%. Isto reflete a necessidade de orientação e encaminhamento terapêutico, quando necessário, para tratamento da disfunção da articulação temporomandibular mesmo que ainda em curso subclínico.

Considerações finais

    Com base nos resultados dos questionários aplicados foi possível observar que 66% da população estudada apresentaram disfunção da articulação temporomandibular em grau leve, moderado ou severo. Entretanto, os presentes autores ressaltam a necessidade da avaliação clínica para diagnóstico de DTM. Observou-se a prevalência das queixas clínicas de disfunção temporomandibular, com destaque para os ruídos articulares e a mal oclusão dentária. A maior parte dos participantes apresentou-se com grau leve de DTM, segundo o índice aplicado, o que justifica maior esclarecimento e necessidade de orientação à população de jovens quantos aos hábitos prejudiciais à articulação temporomandibular a fim de prevenir danos maiores ao sistema estomatognático.

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