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Motivos que levam os professores a (des) considerarem 

a luta como conteúdo de Educação Física escolar

Motivos que tienen los profesores para (des) considerar la lucha como contenido de la Educación Física escolar

 

*Acadêmico de Educação Física Bacharelado

da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC

** Mestre em Educação e Professor Orientador

da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC

Gabriela Eyng Venson*

Rômulo Luiz da Graça**

gabi-eyng@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este presente trabalho tem o objetivo de compreender se os professores de Educação Física Escolar estão utilizando a prática das lutas como conteúdo da disciplina. Para tanto foi utilizada uma abordagem quanti-qualitativa, a amostra foi composta por 20 professores de escolas do sul de Santa Catarina, que responderam um questionário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas. Podemos concluir conforme os resultados do questionário que a maioria dos professores não utiliza as lutas por falta de um esclarecimento maior quanto ao seu uso, Também foram identifica à falta de cursos de atualização e recursos mas, todos concordam que seria possível, já, aqueles que usam as lutas na sua maioria o fazem através de atividades recreativas.

          Unitermos: Educação Física escolar. Lutas. Professores.

 

Abstract

          This present study aims to understand whether teachers of Physical Education are using the practice of fights as subject content. For both a quantitative and qualitative approach was used, the sample consisted of 20 teachers from schools in the south of Santa Catarina, which answered a semi-structured questionnaire with open and closed questions. We can conclude according to the results of the questionnaire that most teachers do not use the struggles for lack of a better explanation as to its use were also identified lack of refresher courses and resources, but all agree that it would be possible, since those who use the fights mostly do so through recreational activities.

          Keywords: Physical Education. Fights. Teachers.

 

Recepção: 11/07/2014 - Aceitação: 03/10/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As lutas também fazem parte dos conteúdos da Educação Física escolar sendo o professor, o responsável pela abordagem prática desta atividade em suas aulas.

    Porém é fato que dificilmente encontramos professores que trabalhe este conteúdo em suas aulas. Geralmente os professores que trabalham a lutas são aqueles que, tiveram uma vivencia paralela. Muitos são os fatores que contribuem para o professor não trabalhar as lutas nas aulas, segundo Carvalho (2012), muitos tem uma visão que a luta estimula a violência, outros citam falta de domínio do assunto por parte do professor.

    Algumas possibilidades que um professor de Educação Física dispõe a se negar a trabalhar a luta é a falta de espaço físico ou de materiais, comunidade violenta, já outros simplesmente se negam alegando não possuir o conhecimento técnico de nenhuma luta, como se fosse necessário saber lutar para se ministrar uma aula com este conteúdo (CARTAXO, 2011, p.165).

    O fato é que as lutas têm sido compreendidas erroneamente no meio escolar, mas elas devem servir como instrumento pedagógico no fazer profissional do professor de Educação Física, contribuindo para a emancipação dos alunos, e desenvolvimento físico, psíquico e social.

    Entretanto, como tem sido mais fácil trabalhar com os esportes onde há a presença da bola, muitos se negam a estudar, investigar e trabalhar com este conteúdo.

    Não há dúvidas de que as lutas fazem parte da cultura corporal de movimento, e é justamente essa discussão que se pretende abordar neste artigo. A decisão pela escolha deste estudo deu-se, durante minha formação acadêmica, onde percebi durante os estágios obrigatórios que tal conteúdo não era trabalhado.

    Segundo Cartaxo (2011, p. 17) “No curso de graduação em Educação Física, o formando não traz consigo todos os ensinamentos teóricos e práticos de lutas necessários para ser trabalhada na escola como disciplina na Educação Física Escolar”.

    O professor não precisa ser um lutador profissional, é importante conhecer a luta em todos os aspectos, não somente a sua historia aplicabilidade técnica, mais também sua historia e sua cultura, a luta sempre fez parte do cotidiano do homem desde a pré-história.

Objetivo geral

  • Identificar os principais motivos que levam os professores a (dês) considerarem a luta como conteúdo na disciplina de Educação Física.

Objetivos específicos

  • Compreender através do referencial teórico a importância da inclusão das lutas na percepção dos professores de Educação Física.

  • Verificar quais os principais motivos que levam os professores a considerarem a luta como conteúdo na disciplina de Educação Física.

  • Propor as lutas como alternativas pedagógicas para uma Educação Física inovadora.

Relação entre as lutas, artes marciais e educação física

    Existem muitas definições sobre o que seriam as lutas, corroboramos com a definição proposta nos PCNs - Educação Física (BRASIL, 2001).

    As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do karatê. Para o PCN (BRASIL, 2001) a luta como cultura corporal permite ao aluno experimenta e expressar um conjunto de características de sua personalidade e de seu estilo (agressivo, irreverente, obstinado, elegante, cerebral, ousado, retraído, entre outros).

    As luas se originam por necedade do homem primitivo de defesa e foram evoluindo com o homem, eram praticadas por instinto de sobrevivência. Conforme o passar dos séculos Os monges indianos deram origem ao combate à mão desarmada.

    Na atualidade existem inúmeros sistemas de luta no mundo. As chamadas artes marciais como: Kung Fu, Tai-Chi-Chuan, Karatê, Judô, jiu-jítsu, Aikido, Tae-Kwon-Do, Jet-Kune-Do, Kendo, entre outras. Também existem aquelas consideradas lutas ocidentais como: o boxe, a esgrima, o Kick-Boxe, etc.

    Nos jogos olímpicos estão presentes o Judô, o Tae-Kwon-Do, a Esgrima, o Arco e flecha, o Boxe, a Luta livre e a Luta greco-romana. O Karatê, que há muito pleiteia uma vaga nos jogos, já é considerado esporte olímpico, participando efetivamente do circuito promovido pelo Comitê Olímpico Internacional, como os Jogos Pan-Americanos, Sul-Americano, Asiático e Europeu.

    No Brasil, a Educação Física deve resgatar também a capoeira como parte da manifestação cultura dos negros no período escravocrata. Esta modalidade de luta envolve dança, musica e gestual carregado de historicidade.

    Porém, a Educação Física é uma disciplina obrigatória no currículo escolar e tão importante quanto às demais disciplinas. De acordo com o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2009), “a Educação Física Escolar é o componente curricular da educação básica identificada por conceitos, princípios, valores, atitudes e conhecimentos sobre o movimento humano na sua complexidade, nas dimensões biodinâmica, comportamental e sócio-cultural”.

    O termo “Educação Física” vem da idéia de controle do corpo ou, ainda de controle do físico. Segundo Mattos e Neira (2007, p. 25) as competências da educação física são:

    Conhecimento do corpo, aptidão física e saúde; aprofundar-se no conhecimento do funcionamento do organismo humano de forma a reconhecer e modificar as atividades corporais, valorizando-as como recurso para melhoria de suas aptidões físicas; [...] refletir sobre as informações especificas da cultura corporal, sendo capaz de discernir e reinterpretá-las em bases cientificas, adotando uma postura autônoma na seleção de atividades e procedimentos para a manutenção ou aquisição da saúde e adotar uma postura ativa de praticante de atividade física e consciente da importância das mesmas na vida do cidadão nos jogos de combate: define-se como atividades que envolvem técnicas de lutas com características lúdicas ou jogos de estratégias em que dois ou mais oponentes se colocam em atitudes de oposição, com igualdade física para combater, sobrepondo o espírito de combate e esportivo.

    Tais competências podem ser trabalhadas através dos Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, p.1998):

    A Educação Física tem uma história de pelo menos um século e meio no mundo ocidental moderno. Possui uma tradição e um saber-fazer ligados ao jogo, ao esporte, à luta, à dança e à ginástica, e, a partir deles, tem buscado a formulação de um recorte epistemológico próprio.

    Contudo torna-se fundamental ter bem esclarecido as distinções entre os objetivos da educação escolar e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica e das lutas profissionais, uma vez que todas podem ser trabalhadas na educação física.

Pedagogia das lutas aplicada a Educação Física escolar

    “As lutas, como um ramo da Educação Física Escolar, reúnem um conjunto de conteúdos e oportunidades que contribuem para o desenvolvimento integral do educando.” (LANÇA NOVA, 2007 p. 04)

    As lutas devem servir como instrumento de auxílio pedagógico ao profissional de educação física: o ato de lutar deve ser incluído dentro do contexto histórico-sócio-cultural do homem, já que o ser humano luta, desde a pré-história, pela sua sobrevivência. (FERREIRA, 2006, p. 37).

    Conforme as atividades de lutas em aulas desenvolvem no aluno a capacidade de auto perceptivo e colocando dificuldades motoras e psicológicas, desenvolve a solução e a compreensão dos problemas.

    “É preciso que a luta tenha um significado na aprendizagem. E, para isso, o professor deve planejar antecipadamente o que irá fazer e definir seus objetivos com clareza, para que a aula com lutas não se torne enfadonha e desestimulante.” (LANÇA NOVA, 2007 p.31)

    Na prática de luta na Educação Física Escolar, o professor deverá encará-la apenas como conhecimento no qual o aluno deverá aprender a vencer desafios, respeitar o próximo e outras questões de cidadania, enaltecendo os valores éticos, morais, cristãos e culturais. (CARTAXO, 2011 p. 165)

    Esta prática pode trazer inúmeros benefícios ao usuário, destacando-se o desenvolvimento motor, o cognitivo e o afetivo-social. No aspecto motor, observamos o desenvolvimento da lateralidade, o controle do tônus muscular, a melhora do equilíbrio e da coordenação global, o aprimoramento da idéia de tempo e espaço, bem como da noção de corpo. No aspecto cognitivo, as lutas favorecem a percepção, o raciocínio, a formulação de estratégias e a atenção. No que se refere ao aspecto afetivo e social, pode-se observar em alunos alguns aspectos importantes, como a reação a determinadas atitudes, a postura social, a socialização, a perseverança, o respeito e a determinação. (FERREIRA, 2006 p. 40)

    Ainda para Cartaxo (2011 p. 113), “a prática da luta é muito mais abrangente do que se pensa; para o ensino-aprendizagem são despertadas nos alunos potencialidades ainda desconhecidas, como a velocidade de raciocínio, habilidades motoras, controle das emoções e relacionamento social”.

    Já a construção do gesto nas lutas, ainda sobre o prisma dos PCNs (BRASIL, 1998) requer: a vivência de situações que envolvam perceber, relacionar e desenvolver as capacidades físicas e habilidades motoras presentes nas lutas praticadas na atualidade; vivência de situações em que seja necessário compreender e utilizar as técnicas para as resoluções de problemas em situações de luta (técnica e tática individual aplicada aos fundamentos de ataque e defesa); vivência de atividades que envolvam as lutas, dentro do contexto escolar, de forma recreativa e competitiva.

    Esquecemos muitas vezes que além das técnicas, as lutas proporcionam aos praticantes a disciplina e valores tais como respeito, cidadania, buscam ainda o autocontrole emocional, o aprendizado da história da humanidade, a filosofia que geralmente acompanha sua prática e acima de tudo o respeito pelo seu próximo. (JUNIOR E SANTOS, 2010).

    “Lutar não é somente aprender técnicas para eliminar seus oponentes; ao contrário, tem o objetivo de anular a violência e cultivar amizades, que vão além de uma mera vitória num combate.” (CARTAXO, 2011 p. 166)

    Segundo Junior & Santos (2010) o objetivo educacional deve ser coerente com a realidade do aluno, onde este é levado a vivenciar as mais diversas manifestações da cultura corporal de maneira crítica e consciente, estabelecendo relações com a sociedade em que vive. Deste modo o papel do Educador é levar o aluno a um conhecimento de si mesmo e do mundo através da prática de várias atividades. Partindo deste pressuposto, as lutas devem ser inseridas no contexto escolar, pois propicia além do trabalho corporal, a aquisição de valores e princípios essenciais para a formação do ser humano em um aspecto mais ampliado.

Metodologia

     A pesquisa realizada é descritiva do tipo estudo de caso, na qual procura analisar e compreender, aspectos referentes ás lutas esportivas e artes marciais. “O pesquisador utiliza o questionário para obter informação pedindo aos sujeitos que respondam às questões em vez de observarem seu comportamento” (THOMAS E NELSON, 2002, p. 280).

    A classificação dessa pesquisa, quanto à abordagem, determina que ela seja uma pesquisa do tipo quanti-qualitativa, por que através da analise dos dados obtidos nos questionário que serão realizados podemos obter as respostas acerca das idéias que desenvolvemos durante a investigação.

    A população é composta por 20 professores de ambos os sexos com idade mínima de 21 anos e com no mínimo seis meses de prática, das escolas da região do sul de santa Catarina.

    Como instrumento de pesquisa, utilizou-se um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas e também de múltipla escolha. Dividido em duas partes, sendo: A) dados de perfil; e B) questões de cunho perceptivo relacionadas à luta na escola. Os questionários foram respondidos individualmente, após serem concluídos. Os dados foram analisados através da estatística descritiva, onde foram organizados em tabelas e posteriormente realizou-se a discussão dos resultados em consonância com a literatura existente.

    O presente estudo foi classificado de acordo com os procedimentos utilizados na coleta de dados como uma pesquisa de campo, segundo Heert e Leonel (2005, p. 86) “estudo de campo é um tipo de pesquisa realizada basicamente por meio da observação direta das atividades dos grupos estudados e de entrevistas com informantes que captam as explicações que ocorre naquela realidade”.

Análise dos dados e resultados

Com relação aos dados pessoais dos professores

Tabela 1. Sexo dos professores

Fonte: Autoria própria, jun.2014

    Os participantes da pesquisa são em maior parte do sexo feminino no total de 60%, enquanto 40% são do sexo masculino.

Tabela 2. Qual sua idade?

Fonte: Autoria própria, jun. 2014

    Quando questionados a respeito da idade dos professores, observamos na tabela que 45% tem idade entre 20 e 30 anos, e outros 45% entre 31 a 40 anos, as opções 41 a 50 anos e mais de 51 anos ficaram com 5% cada.

Quanto á utilização de elementos das lutas

Tabela 3. Você utiliza as lutas em suas aulas de Educação Física

*Os participantes citaram mais de um motivo

Fonte: Autoria própria, jun. 2014

    Conforme os dados acima 45% dos professores usam a luta de forma recreativa ou lúdica. Pensamos ser esta a forma melhor de trabalharmos lutas na escola uma da maneira usada é através de vídeos educativos.

    Na prática de lutas esportivas na educação física escolar, o professor deverá encará-la apenas como conhecimento no qual o aluno deverá aprender a vencer desafios, respeitar o próximo e outras questões de cidadania, enaltecer os valores éticos, morais e culturais. (CARTAXO, 2011).

    Os que responderam negativamente afirmaram que o motivo de não utilizarem as práticas das lutas deram como justificativa: não possuir embasamento teórico suficiente; falta de material apropriado na escola; falta de local apropriado; e falta de interesse e motivação da escola.

    Mas, segundo Santomauro (2012) para trabalhar com esse assunto, o professor não precisa ser um atleta que saiba lutar judô, por exemplo. O essencial é estudar o assunto - tal como se faz com outros, como futebol e alongamento e se dedicar para que as informações apresentadas sejam compreendidas pela turma com clareza.

Tabela 4. Você considera que as lutas são apenas as formas pré-existente, como karatê, 

boxe, capoeira ou acha que cabo de guerra e braço de ferro também são formas de lutas

Fonte: Autoria própria, jun.2014.

    Na tabela 4 observamos que 15% consideraram que luta, seriam somente as técnicas pré-existentes, enquanto que 85 afirmaram que qualquer atividade em que dois oponentes se enfrentam pode ser um tipo de luta.

    Sabendo que as lutas fazem parte do bloco de conteúdos da Educação física, determinado pelo PCN-EF, surgiu a idéia de compreender a importância da inclusão das lutas na escola na percepção dos professores de educação física. Portanto, conteúdos relacionados às lutas devem ser ministrados nas aulas de Educação Física Escolar, ressaltando-se que as lutas não são somente as técnicas sistematizadas do caratê, judô e capoeira, o PCN-EF cita ainda, as brincadeiras de cabo-de-guerra e o braço-de-ferro. (BRASIL, 2001)

Tabela 5. Que tipo de luta ou atividade você acha ideal a ser trabalhada na escola

*Os participantes citaram mais de um motivo

Fonte: Autoria própria, jun. 2014

    Podemos ver na tabela que a mais citada é a capoeira com 60%.

    Desenvolvida para ser uma defesa, a capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeita, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e musicas africanas para que parecesse uma dança. Assim, como no surgimento das lutas orientais, cercada de segredo, a capoeira pôde se desenvolver como forma de resistência. (CARTAXO, 2011, p. 158).

    Já o judô com 15 %, segundo Sugai (2000, p. 30):

    O Judô, assim como outras artes marciais, é uma proposta sincera a contribuir para a formação do homem integral, do homem de um futuro bonito e promissor, que construirá um mundo muito humano, ponte para a transcendência, um mundo digno de um ser entre as espécies é o que possui o privilégio da consciência e da lucidez de se perceber como parte integrante das infinitas e múltiplas manifestações de uma mesma Inteligência Universal.

    O Karatê também foi citado por 15% dos professores, para a Confederação Brasileira de Karatê (2012), o Karatê é uma arte altamente cientifica, fazendo o mais eficaz uso de todas as partes do corpo para fins de autodefesa. O maior objetivo do Karatê é a perfeição do caráter, através do árduo treinamento e rigorosa disciplina da mente e do corpo. O Karatê (cultor de Karatê) utiliza como armas às mãos, os braços, as pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo.

    Estas modalidades de lutas envolvem dança, musica e gestual carregado de historicidade, na Educação Física Escolar pode-se trabalhar com uma ou mais modalidades de luta, por exemplo: Karatê e Judô, Jiu-Jítsu e Taekwondô, Judô e Capoeira, Karatê e Jiu-Jítsu etc., incluindo também os jogos de combate. (CARTAXO, 2011, p. 167)

    Conforme Darido & Rangel (2005 p. 247):

    Independente da modalidade de luta, algumas características são comuns aos praticantes, como, pôr exemplo, o envolvimento com a disciplina e o respeito pelo adversário. Na escola, principalmente, o professor deve estar atento a estes itens, inclusive incentivando os alunos a tomarem posturas de confraternização, respeito às diferenças e ao adversário, entre outros valores. Além disso, outras características, como o desenvolvimento das habilidades motoras e capacidades físicas, como agilidade, flexibilidade, forca também são importantes, outras possibilidades de trabalho corporal podem ser atingidas com a prática das atividades de luta, como o trabalho de respiração e audição e o tato, e o trabalho postural, dentre outros.

Tabela 6. É possível trabalhar com a luta na forma de jogo e brincadeiras

Fonte: Autoria própria, jun. 2014

    Conforme o resultado acima todos os professores entrevistados confirmam que é possível trabalhar a luta na forma de brincadeira.

    Algumas possibilidades que um professor de Educação Física não se dispõe a trabalhar a luta, “é a falta de espaço físico ou de materiais, comunidade violenta, já outros simplesmente se negam alegando não possuir o conhecimento técnico de nenhuma luta como se fosse necessário saber lutar para se ministrar uma aula com este conteúdo”. (CARTAXO 2011, p.165)

Tabela 7. Você considera que a prática da luta gera violência?

Fonte: Autoria própria, jun. 2014

    Observando a tabela podemos constatar que 1 professor entrevistado, afirma que as lutas geram violências. Eles justificam dizendo que na comunidade onde estamos inseridos algumas ações práticas tem que ser apreciadas com maior atenção.

    Já 50%dos professores, entrevistados acham que as lutas não geram violência, pelo contrario, trabalham o que há de melhor nos alunos, mas enfatizam que, devem ser trabalhadas por um profissional qualificado.

    Observamos também que 45% relatam que depende do professor, “Na prática de luta na Educação Física Escolar, o professor deverá encará-la apenas como conhecimento no qual o aluno deverá aprender a vencer desafios, respeitar o próximo e outras questões de cidadania, enaltecendo os valores éticos, morais, cristãos e culturais”. (CARTAXO, 2011, p. 165).

Tabela 8. Você acha que seus alunos se tornariam mais agressivos ao praticarem lutas

Fonte: Autoria própria, jun. 2014

    Conforme a tabela 8, 70% dos professores afirmam que a luta não deixaria os alunos agressivo. Conforme Larousse (1992, p. 365). “A disciplina é um conjunto de regulamentos destinados a manter a boa ordem em qualquer organização; submissão ou respeito a um regulamento; sendo regime de ordem a que se obedece por imposição ou voluntariamente”. Já 25% falam que depende a forma que o professor passa o conteúdo luta para os alunos, precisaria de um especialista ou capacitações para os professores.

Considerações finais

    O ensino com qualidade torna a luta em esporte notável. A luta trabalha o corpo e mente das crianças tendo uma vida mais saudável. Com isso o professor tem um papel importante na formação da criança.

    O trabalho com as luta marciais na escola deve ser colocado de acordo com que esta proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (2001), que é levar os alunos a participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilíbrio e construtivas uns com os outros, reconhecendo e respeitando característica física e de desempenho de si próprio e dos outros, sem descriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais, bem como adotar atitudes de respeito mutuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, repudiando qualquer espécie de violência, a fim de tornar as aulas de luta alegres, divertidas e satisfatória para o ensino-aprendizagem (CARTAXO, 2011).

    As lutas na disciplina de Educação física escolar são pouco utilizadas, porém, aqueles que usam na sua maioria o fazem através de atividades recreativas, mas, a maioria dos professores não utiliza as lutas por falta de um esclarecimento maior quanto ao seu uso, também foram identificados à falta de cursos de atualização e recursos, mas, todos concordam que seria possível. Na pratica o professor deve passar a luta onde o aluno deve aprender a vencer desafios, respeitar o próximo e outras questões de cidadania, exaltar os valores éticos, normas, cristãos e culturais.

    As aulas de luta na Educação física deveram ser lúdicas, criativas e divertidas, levando os alunos às diversas formas de lutas conforme citado no referencial deste artigo. Afirmamos então que a luta só é violenta quando se pratica sem respeito um contra o outro, e sem cuidado de preserva a integridade física sua e do outro.

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