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Análise do desenvolvimento motor e do ambiente 

de crianças filhas de mães soropositivas para o HIV

Análisis del desarrollo motor del entorno de las niñas hijas de madres seropositivas con HIV

 

*Discentes do curso de fisioterapia da Universidade

Federal do Pampa (UNIPAMPA), Rio Grande do Sul

**Docente do curso de fisioterapia da Universidade Federal

do Pampa (UNIPAMPA), Rio Grande do Sul

(Brasil)

Chayene Luiz dos Santos*

Laura da Rosa Quoos*

Christian Caldeira Santos**

christiancaldeirasantos@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo apresentou como objetivos avaliar o desenvolvimento motor de crianças filhas de mães soropositivas para o HIV e o ambiente, no qual elas estão inseridas e orientar as famílias quanto à estimulação adequada para o desenvolvimento motor dessas crianças. Os lactentes foram avaliados através da Infant Motor Scale of Alberta (AIMS) e para as mães aplicou-se o questionário Affordances in the Home Environment for Motor Development - Infant Scale (AHEMD-IS), bem como um questionário para caracterização da amostra, além de um questionário socioeconômico. Das dez crianças avaliadas, todas apresentaram sorologia indefinida para o HIV e obtiveram normalidade quanto aos scores do desenvolvimento motor. Em relação à avaliação do ambiente, apenas três crianças obtiveram escore de média oportunidade, enquanto as outras sete crianças apresentaram pontuação indicativa de baixa oportunidade. A classificação socioeconômica demonstra que as famílias enquadravam-se entre classes econômicas C e D. Embora nosso estudo tenha apresentado ausência de comprometimento motor nos menores avaliados, é de suma importância o acompanhamento desses, uma vez que eles apresentam fator de risco biológico, ou seja exposição ao vírus HIV.

          Unitermo: Desenvolvimento infantil. HIV. Crianças. Habilidade motora. Meio ambiente.

 

Abstract

          The present study had as objective to evaluate the development of children born to seropositive mothers motor for HIV and the environment in which they operate and guide families on appropriate stimulation to the motor development of these children. The infants were evaluated through of Alberta Infant Motor Scale (AIMS) and for mothers applied the questionnaire Affordances in the Home Environment for Motor Development - Infant Scale (AHEMD-IS) as well as a questionnaire to characterize the sample, as well a socioeconomic questionnaire. Of the ten children evaluated, all showed undefined HIV status and how to obtain normality scores of motor development. Regarding the assessment of the environment, only three children had an average score of opportunity, while the other seven children had scores indicative of low opportunity. The socioeconomic classification demonstrates that families framed between economic classes C and D. Although our study has shown the absence of motor impairment in children evaluated, it is very important to follow these, since they exhibit biological risk factor, i.e. exposure to HIV virus.

          Keywords: Child development, HIV, Child, Motor Skills, Environment.

 

Recepção: 09/10/2014 - Aceitação: 12/11/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O desenvolvimento motor é um processo seqüencial e contínuo. É relacionada à idade cronológica, trazido pela interação entre os requisitos das tarefas, a biologia do indivíduo e as condições ambientais, sendo inerente às mudanças sociais, intelectuais e emocionais (GALLAHUE e OZMUN, 2005).

    É o resultado da contínua interação entre os potenciais individuais, e as circunstâncias ambientais, recebendo assim constante influência dessas interações entre o indivíduo e o meio em que está inserido (WILLRICH, 2009).

    No processo do desenvolvimento motor pondera-se que o ambiente apresenta um efeito estimulador que através da interação com a biologia humana é capaz de produzir comportamento. É justamente nos primeiros anos de vida que as crianças podem desenvolver suas potencialidades ao explorarem todas as possibilidades de aprendizagem através da plasticidade neural (BALTIERII, 2009).

    De acordo com Smith (2006) e Chase (2000) fatores ambientais, como abuso materno de drogas ilícitas, álcool, pobreza, educação materna baixa, e ambiente domiciliar precário estão associados aos atrasos no desenvolvimento motor infantil (CHASE, 2000; SMITH, 2006).

    Há também fatores maternos, como no caso de algumas doenças, que podem contaminar a criança no período pré, peri e pós natal e acarretar alteração no desenvolvimento motor da criança. Cita-se a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) como sendo uma delas.

    A AIDS foi reportada pela primeira vez em 1982, sendo a transmissão vertical, a principal via de infecção nessa população. O período exato em que o vírus HIV da mãe é transmitido para a criança ainda não é bem definido, no entanto sabe-se que a transmissão vertical pode ocorrer no período intrauterino, durante o parto e pós-parto, através do aleitamento materno, mas na maioria dos casos, cerca de 60%, ocorre no trabalho de parto e durante o parto (ANDREATTA e SAMMARCO, 2012).

    A maior parte das crianças infectadas pelo HIV inicia as manifestações clínicas nos três primeiros anos de vida, com evolução até os 8 a 10 anos, porém um grupo de aproximadamente 20% morre dentro dos primeiros dois anos de vida, com sinais de imunodeficiência grave e/ou encefalopatia. Esse curto período de incubação sugere lesão do sistema imune fetal durante a gestação (ORTIGÃO, 1995).

    No entanto, quando se menciona o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (DNMP) em crianças expostas ao vírus da AIDS, o HIV, os fatores de risco biológicos não são a sua única causa (RESEGUE, 2007). É conhecido que crianças filhas de mães HIV positivo, muitas vezes estão também expostas a riscos ambientais, como os citados anteriormente e, por exemplo, condição de pobreza (WALKER, 2007; BOUTAYEB, 2009) ou estão inseridas em orfanatos (JELSMA, 2011; DOBROVA-KROL, 2010).

    As manifestações neurológicas e complicações mais freqüentes são a microcefalia, o retardo no desenvolvimento neuropsicomotor, o atraso de linguagem, rebaixamento cognitivo, encefalopatia, sinais piramidais, deficiência mental, distúrbios do humor e do comportamento. Antes do surgimento da terapia anti-retroviral essas crianças apresentavam complicações ainda mais graves com elevados índices na taxa de mortalidade. (ROCHA et al., 2005; SEIDL et al., 2005).

    Hoje, a prevalência exata das complicações neurológicas em crianças infectadas com HIV é desconhecida, variando de 8% a mais de 60%, destacando-se o atraso do neurodesenvolvimento como complicação mais freqüente. (NOCYZE, 2006)

    Uma vez que conhecer sobre as etapas do desenvolvimento motor normal é de fundamental importância na criança típica, reitera-se essa importância na criança que apresente fatores de risco biológicos, visto que ele se caracteriza como um fator de morbidade infantil. De posse dessas informações, identificam-se assim precocemente crianças em risco ou já em atraso motor. Posteriormente as encaminham para intervenção com intuito de minimização dos problemas atuais e futuros na vida da criança (HALPERN et al., 2000). Sendo assim, a identificação precoce de fatores de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor, bem como uma adequada intervenção, são medidas de fundamental importância para a saúde da criança exposta ao vírus HIV (WILLRICH, 2009).

    Com base nisso, o objetivo geral desse estudo foi avaliar o desenvolvimento motor de crianças filhas de mães soropositivas para o HIV e o ambiente, no qual elas estão inseridas, tendo como objetivos específicos identificar as oportunidades oferecidas no domicilio e orientar as famílias quanto á estimulação adequada para o desenvolvimento motor dessas crianças.

2.     Metodologia

    Este estudo tem caráter transversal, descritivo e intencional, onde foram incluídas no estudo crianças na faixa etária de 0-18 meses de idade cadastradas no programa de DST/AIDS do município de Uruguaiana/RS. Desse estudo foram excluídas as crianças que apresentassem más formações congênitas; déficits auditivos ou visuais; encefalopatia crônica não progressiva da infância; qualquer outra doença que interfira no desenvolvimento motor normal. As mães foram esclarecidas sobre a pesquisa, tendo assinado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), previamente a avaliação. E foi obtida autorização para sua realização juntamente a Secretária de Saúde do município de Uruguaiana/RS.

    Com o objetivo de caracterizar a amostra foi aplicado um questionário contendo informações como o gênero, idade gestacional, peso ao nascer, utilização de medicamentos, história gestacional, bem como o histórico materno e a relação com o vírus HIV/AIDS. A condição socioeconômica foi avaliada através do questionário socioeconômico da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (ABEP) - Critério 2014.

    Os instrumentos utilizados para a avaliação das crianças foram a Infant Motor Scale of Alberta (AIMS) e o questionário Affordances in the Home Environment for Motor Development - Infant Scale (AHEMD-IS).

    A AIMS é uma escala validada para a população brasileira, que possui caráter observacional, criada para avaliar a evolução do desenvolvimento motor de recém-nascidos a termo e pré-termo, a partir de 38 semanas de idade gestacional até 18 meses de idade corrigida, quantificando em 58 itens os padrões motores e posturas da criança. Esses itens são agrupados em quatro sub-escalas, as quais descrevem o desenvolvimento da movimentação espontânea e as habilidades motoras nas posições prona (21 itens), supina (9 itens), sentada (12 itens) e de pé (16 itens), sendo que o examinador observa a presença de movimentos em cada uma dessas posições. Cada item consiste em uma descrição detalhada de três aspectos da performance motora – suporte do peso, postura e movimentos antigravitacionais (SACCANI, 2009).

    Sendo assim, essa escala permite investigar o desempenho motor da criança através do escore bruto, percentil e categorização do desempenho. O escore bruto é a soma dos itens nas 4 posturas, e varia de 0-58 pontos. O percentil é obtido a partir da relação entre o escore bruto e a idade, através dos percentis é possível categorizar os resultados de acordo com os seguintes critérios: 1) acima de 25% na curva percentílica, corresponde ao desenvolvimento motor normal/esperado para idade; 2) quando o resultado estiver entre 25% - 6% da curva percentílica, consideramos como suspeito; 3) e o desempenho anormal quando o resultado for igual ou inferior a 5% (VENTURELLA et al, 2013).

    A aplicação da escala foi realizada por duas avaliadoras na própria residência da criança, porém quando não permitido a visita domiciliar por parte da mãe e/ou responsável, a avaliação realizou-se na sede do serviço DST/AIDS. As avaliações motoras foram registradas através de filmagens, apenas para fins da pesquisa, e com a preservação da imagem dos participantes.

    A fim de conhecer o ambiente domiciliar, no qual a criança está inserida, bem como as oportunidades que lhe são oferecidas, foi aplicada com as mães e/ou responsáveis o questionário AHMED-IS. Este questionário é destinado aos pais das crianças com idade entre 3-18 meses, composto pelas dimensões espaço físico interno e externo (14 itens), atividades diárias (13 itens) e brinquedos de motricidade fina e grossa (21 itens) existentes no domicilio. O escore de cada dimensão é calculado pela soma dos pontos obtidos para todas as questões dentro de cada dimensão. Um escore total é obtido pela soma dos escores das três dimensões (BATISTELA, 2010).

    Para o cálculo do escore do AHMED-IS foi utilizado o seguinte critério de pontuação: para a faixa etária de 3 a 12 meses foi considerada classificação “Baixa” quando ≤ 37 pontos, “Média” quando entre 38 e 49 pontos e “Alta” quando ≥ 50 pontos (DEFILIPO et al, 2012).

3.     Resultados

    No início do ano de 2014 estavam cadastradas no serviço de DST/AIDS do município de Uruguaiana/RS 29 crianças de 0-18 meses. Porém, com doze famílias não foi possível realizar contato, uma vez que seus cadastros estavam desatualizados junto ao serviço municipal, com o restante das dezessete famílias foi realizado contato, primeiramente por telefone, e todas foram convidadas a participar de uma reunião para explicação do projeto e da importância da avaliação motora da criança. Dessas, dez famílias aceitaram participar do estudo e assinaram o TCLE.

    A tabela 1 apresenta a caracterização clínica e epidemiológica das crianças cadastradas no serviço. Das dez crianças avaliadas, todas apresentavam sorologia indefinida para o HIV com predominância do sexo masculino (sete crianças), e a média de faixa etária foi de 6,3 meses, variando de um mês a doze meses de idade, sendo duas das crianças prematuras.

    Em relação à escolaridade materna, a maioria (sete) apresentou ensino fundamental incompleto, duas das mães entrevistadas são etilistas e fumantes, porém não fazem uso de drogas ilícitas, todas vivem com os respectivos pais dos menores avaliados, e três delas apresentaram infecções urinárias durante a gestação.

    Todas as mães descobriram ser soropositivas antes da gestação e realizaram a terapia antirretroviral durante o pré-natal, a exceção de uma mãe. Nenhuma das mães amamentou a criança após o parto, e quanto ao tipo de parto, quatro mães realizaram o parto normal e seis realizaram cesárea.

    Pela classificação socioeconômica as famílias enquadravam-se entre classes econômicas C e D, segundo o critério da ABEP.

Tabela 1. Caracterização das crianças cadastradas no serviço DST/AIDS de Uruguaiana – RS

    Na tabela 2, caracterizam-se quanto ao desenvolvimento motor dos participantes através da análise do escore bruto e do percentil da AIMS e também a avaliação do ambiente segundo a AHMED-IS. Assim todas as crianças apresentavam percentil acima de 25, o que as categorizam dentro do desenvolvimento motor normal ou esperado para a idade. Quando se referiu as crianças prematuras levou-se em consideração sua idade corrigida. Visualiza-se quanto aos scores da AHMED-IS que apenas três das crianças obtiveram escore de média oportunidade, enquanto que para as outras sete crianças, a pontuação indicou baixa oportunidade.

Tabela 2. Caracterização do desenvolvimento motor através da escala Infant Motor Scale

of Alberta (AIMS) e das oportunidades do ambiente através do AHMED-IS

4.     Discussão

    O principal objetivo desse estudo foi avaliar o desenvolvimento motor de crianças filhas de mães soropositivas para o HIV, uma vez que estas, segundo Lemes et al. (2000) apresentam maior freqüência de atraso no seu desenvolvimento neuropsicomotor, em relação às crianças nunca expostas ao vírus. Para Negrini (2004) as crianças infectadas pelo HIV apresentam além do fator de risco biológico para o atraso motor, também os riscos ambientais e estabelecidos.

    Embora haja estas afirmações, nesse estudo nenhuma das crianças avaliadas apresentaram desenvolvimento motor anormal ou de risco para sua idade, todas demonstraram desenvolvimento motor satisfatório para a faixa etária, o que difere do estudo de Lemes et al (2000), onde ao avaliarem dois grupos de crianças, sendo um grupo filhos de mães soropositivas e o outro de mães soronegativas, quando comparados, no grupo das mães portadoras do vírus HIV, as crianças apresentaram maiores riscos para o desenvolvimento, bem como apresentavam maiores índices de prematuridade. Acredita-se que pelo fato das crianças de Uruguaiana apresentarem sorologia negativa para o HIV, o atraso motor não foi evidenciado.

    Ao analisar os questionários respondidos pelas mães, observamos que a maioria delas possui baixa escolaridade, e enquadram-se segundo o critério da ABEP - 2013 nas classes C e D, nenhuma das mães amamentou seu filho após o nascimento, substituindo o leite materno pelo leite artificial ou humano pasteurizado conforme as normas do Consenso Nacional - DST/AIDS (2010).

    O Aleitamento materno tem efeito protetor a curto e a longo prazo, prevenindo problemas do trato respiratório, desnutrição, infecções, além de promover a imunidade à criança, a amamentação influencia o desenvolvimento motor (NOBRE et al 2010). Segundo Halpern et al (2000), crianças que nunca mamaram tiveram uma chance 88% maior de apresentar suspeita de atraso motor, quando comparadas aquelas que mamaram por mais de seis meses.

    No estudo de Hokjindee et al (2010), 15,3% das crianças filhas de mães soropositivas e desfavorecidas economicamente apresentaram desenvolvimento motor como suspeito ou anormal, em nosso estudo embora as crianças não apresentassem suspeita ou anormalidade no seu desenvolvimento, foi possível perceber que aquelas cujas mães apresentavam uma condição socioeconômica mais desfavorável, obtiveram escores bruto na AIMS mais baixos, em relação às crianças em que as mães eram pouco mais favorecidas economicamente.

    De acordo com os escores obtidos no presente estudo através do AHEMD-IS, a maiorias das crianças avaliadas encontram-se com baixa oportunidade de desenvolvimento e estimulação, corroborando com o fato de pertencerem á famílias mais desapoiadas e a escolaridade das mães também apresentarem baixo nível, o que segundo Engle et al. (2007) em situação de recursos financeiros escassos, há uma menor oferta de brinquedos, livros, investimentos em viagens e educação complementar, configurando assim um ambiente menos estimulante para o desenvolvimento.

    Em nossa pesquisa a maioria das crianças apresentou baixa pontuação no que se referia ao quesito brinquedos e também nas atividades diárias, o que acaba evidenciando que o risco para o desenvolvimento motor dessas crianças esteja mais relacionado ao ambiente ao qual elas estão expostas. Ao observar o questionário de AHMED-IS, podemos perceber que ele representa diversas possibilidades que influenciam o desenvolvimento da criança no seu ambiente familiar; o tamanho do espaço físico interno e externo da residência interfere no quanto de liberdade para locomoção e movimentação o lactente terá, já os brinquedos irão possibilitar diferentes estímulos sensoriais, bem como, estimular as habilidades motoras fina e grossa e as atividades diárias nas quais ele é submetido são imprescindíveis, pois elas irão determinar as oportunidades ao desenvolvimento motor (FREITAS, 2011).

    Uma vez que essas crianças claramente se enquadram nos fatores de risco para atraso no desenvolvimento motor é importante programar o monitoramento das mesmas, por profissionais da saúde, juntamente com o apoio dos familiares. Considerando o exposto por Richter (2010), em que a família tem papel fundamental em assegurar a saúde e o bem estar da criança, antes e depois de uma intervenção realizada por equipe de saúde, todas as mães que aceitaram participar do estudo receberam orientações quanto à estimulação motora adequada, baseando-se no desempenho de cada criança durante os testes, bem como foram realizados esclarecimentos de questionamentos a cerca do desenvolvimento do lactente.

    O serviço especializado de atendimento DST/AIDS foi informado dos achados da pesquisa, o que permitiu aos gestores conhecer mais amplamente a característica dessa população, além de embasar as propostas futuras que visem à intervenção motora com nessa população específica.

5.     Considerações finais

    Sabe-se que as complicações decorrentes da exposição ao vírus HIV podem ser de caráter definitivo, uma vez que não diagnosticados e tratados precocemente, podendo assim trazer comprometimentos mais sérios, que quando não abordados podem levar á óbito. Quando falamos em crianças filhas de mães soropositivas, a atenção deve ser redobrada, uma vez que esses lactentes estão expostos ao fator de risco biológico, sendo de suma importância a avaliação e detecção precoce de possíveis atrasos no desenvolvimento motor normal, o que possibilitará a intervenção profissional imediata caso identificado algum comprometimento.

    Embora nosso estudo tenha apresentado ausência de atraso motor em todas as crianças avaliadas, é fundamental acompanhar o desenvolvimento desses lactentes, uma vez que até o terceiro ano de vida podem ocorrer as primeiras manifestações clínicas em crianças infectadas pelo vírus HIV.

    Dessa forma, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar juntamente à família, é uma importante ferramenta para compreender o contexto social em que a criança está inserida, sendo imprescindível provocar aos pais e/ou responsáveis a importância de assistência especializada no tocante do desenvolvimento motor infantil, obtendo-se assim êxito no tratamento, e minimizando possíveis problemas futuros.

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