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Concordância entre dois métodos de avaliação da distribuição 

das pressões podais em mulheres jovens saudáveis

Similitudes entre dos métodos de evaluación de la distribución de la presión del pie en mujeres jóvenes saludables

Agreement between two methods of evaluation of the distribution of foot pressure in healthy young women

 

*Fisioterapeuta graduada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) – Cascavel/PR

**Mestre em Biociências e Saúde da Unioeste. Docente do curso de Fisioterapia da Unioeste

***Mestre e doutorando em Ciências do Movimento Humano pelo Programa de Pós Graduação

em Ciências do Movimento Humano da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal

do Rio Grande do Sul (UFGRS); Docente do curso de Fisioterapia da Unioeste

****Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Docente do curso de Fisioterapia da Unioeste

*****Doutor em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor pela Faculdade de Medicina

de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (USP). Docente da graduação em Fisioterapia

e do Mestrado em Biociências e Saúde da Unioeste

(Brasil)

Aline Pinheiro de Almeida*

Ana Paula Tosin*

Mariana Paula Vazatta*

Rodolfo Tozeto Chiqueleiro*

Thaís Eduarda Carvalho Guerra*

Marieli Araujo Rossoni Marcioli**

Alberito Rodrigo de Carvalho***

José Mohamud Vilagra****

Gladson Ricardo Flor Bertolini*****

gladson_ricardo@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: Há várias formas de avaliar a distribuição de descarga de peso plantar, porém o principal empecilho no uso de recursos mais sofisticados é o alto custo. Objetivo: Verificar a concordância entre dois métodos para avaliar a distribuição de descargas plantares, sendo um quantitativo, por meio da baropodometria, e outro qualitativo, por avaliação clínica, em mulheres saudáveis. Metodologia: Estudo do tipo quantitativo descritivo com amostra composta por 79 indivíduos do sexo feminino, com idades entre 17 e 27 anos. Foram incluídas voluntárias que tivessem disponibilidade de participação nos dias e horários pré-determinados. Não foram incluídas as voluntárias que apresentavam quadro álgico em membros inferiores e/ou coluna, distúrbios vestibulares, distúrbios cognitivos e fraturas em membros inferiores no último ano. As voluntárias passaram por duas análises: a) uma qualitativa, denominada de avaliação clínica, marcando em um esquema gráfico dos pés onde elas percebiam maior descarga de peso plantar; b) outra quantitativa por meio de avaliação baropodométrica. Resultados: A concordância encontrada entre a avaliação clínica e a baropodometria foi de 56,32%, com índice de kappa ponderado igual a 0,298 com p<0,05, o que pode ser interpretado como uma concordância regular. Conclusão: Concluiu-se que a correlação entre a percepção da distribuição das pressões podais obtidas por avaliação clínica e aquela dada pela baropodometria é apenas regular.

          Unitermos: Modalidades de fisioterapia. Avaliação. Equilíbrio postural.

 

Abstract

          Introduction: There are several ways to evaluate the podalic distribution of weight-bearing, but the main obstacle in the use of more sophisticated features is the high cost. Objective: To determine the agreement between two methods to evaluate the distribution of plantar discharges, being a quantitative, through baropodometry, and other qualitative clinical evaluation in healthy women. Methodology: Quantitative, descriptive study with a sample of 79 female subjects, aged 17 to 27 years. The volunteers were included if they had availability of participation in the days and pre-determined schedules. Were not included volunteers who presented pain in the lower limbs and / or spine, vestibular disorders, cognitive disorders and fractures of the lower limbs in the last year. The volunteers underwent two analyzes: a) qualitative, called clinical evaluation, scoring on a graphic scheme foot where they perceived greater podalic weight bearing; b) through a quantitative assessment baropodometric. Results: The correlation found between clinical assessment and baropodometry was 56.32%, with kappa index equal to 0.298 with p <0.05, which can be interpreted as a regular agreement. Conclusion: It was concluded that the correlation between perceived podalic pressure distribution obtained by clinical evaluation and the one given by baropodometry is just regular.

          Keywords: Physical therapy modalities. Evaluation. Postural balance.

 

Recepção: 03/08/2014 - Aceitação: 29/10/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O pé é essencial para uma boa postura, visto que é capaz de se adaptar as irregularidades do próprio corpo e do meio externo (1). Na cadeia cinética inferior, o pé tem relevante importância já que alterações no apoio podal podem resultar em desequilíbrios biomecânicos ascendentes determinados por estratégias motoras compensatórias (2). A distribuição plantar do peso corporal sofre grande influência quando ocorrem sobrecargas no corpo (3) produzindo aumento na atividade muscular (4).

    Atualmente, existem várias ferramentas capazes de quantificar o equilíbrio postural, tais como plataformas de força, baropodômetros e sensores eletromagnéticos tridimensionais. No entanto, sua aplicação é restrita, principalmente devido aos elevados custos e a necessidade de mão de obra especializada, tanto na aquisição quanto na análise dos dados, o que faz com que exista uma carência no emprego dessas ferramentas na prática (5).

    A baropodometria é um recurso eletrônico para diagnóstico e avaliação da pressão plantar, tanto em posição quase estática de repouso, como em movimento (6). É um exame objetivo e quantitativo que analisa as pressões podais sobre uma plataforma composta por sensores capazes de captar, comparar e mensurar as pressões nas diferentes regiões da superfície plantar, podendo demonstrar a eficácia de intervenções, procedimentos conservadores ou cirúrgicos das afecções dos pés (7). É um instrumento bem definido e seguro, auxiliando na elaboração de terapêuticas (8).

    A avaliação da distribuição das pressões podais pela baropodometria tem sido utilizada em vários estudos para analisar as descargas de peso em pacientes com hanseníase (9), vestibulopatas (10), pacientes com disfunção sacro-ilíaca (11). Contudo, assim como ocorre com outros recursos de avaliação, tais como biofotogrametria (12, 13), flexicurva (14), a condordância dos achados obtidos por essas medidas com aqueles de avaliações essencialmente clínicas ainda é dúbio ou pobremente conhecido.

    Desta forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a concordância entre dois métodos para avaliar a distribuição de descargas plantares, sendo um quantitativo, por meio da baropodometria, e outro qualitativo, por avaliação clínica, em mulheres saudáveis.

Materiais e métodos

    Este estudo foi caracterizado como sendo quantitativo descritivo. A amostra foi composta por 79 voluntárias, do sexo feminino, com idades entre 17 e 27 anos.

    Os critérios de inclusão adotados foram: a disponibilidade para participar das avaliações nos dias e horários pré-determinados. Não foram incluídos no estudo, indivíduos que apresentassem: qualquer quadro álgico em membros inferiores e/ou coluna, distúrbios vestibulares, distúrbios cognitivos ou tivessem sofrido fraturas em membros inferiores no último ano.

    Depois do convite formal e esclarecimento a cerca dos objetivos e procedimentos do estudo, as voluntárias foram submetidas à avaliação de triagem para o registro de dados e para identificação de possíveis fatores de não inclusão. Após ter sido constatada a elegibilidade para o estudo, as voluntárias assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Avaliação clínica

    A avaliação clínica seguiu aquela proposta por Bienfait (15), para verificação de descarga de peso estática em membros inferiores.

    A avaliação consistiu inicialmente no posicionamento e conscientização da voluntária a respeito de seus apoios plantares. A voluntária foi orientada a permanecer em pé, com os pés separados aproximadamente na largura dos ombros, boca entreaberta, em posição fisiológica com a cabeça ereta, sem inclinação ou rotação, os braços ao longo do corpo e os pés despidos de calçados e meias. Para ajudá-la a manter a cabeça neste posicionamento foi fixada, na parede, uma marca na altura de seus olhos e a voluntária foi instruída a manter seu olhar fixo nesta marca.

    Em seguida, a participante, com auxílio do terapeuta, vivenciava os apoios extremos em antepé, mediopé e retropé, e também em membro inferior esquerdo e direito, ao ser orientada a deslocar seu corpo para frente, trás ou qualquer um dos lados, o máximo possível. Em seguida foi orientada a ficar atenta aos pontos com maior descarga de peso durante a manutenção da postura quase estática ereta por um período de vinte segundos. Passado este tempo a participante indicava em um esquema gráfico dos pés onde ocorreram as maiores descargas de peso.

Avaliação no Baropodômetro

    Para a avaliação barométrica das pressões podais foi utilizado o Baropodômetro Footwork Pro AM Cube® (AM3) por uma plataforma com 4098 (64x64) sensores ativos em uma superfície ativa 490 mm x 490 mm, acoplado ao programa footwork®. Na rotina do teste as voluntárias foram convidadas a tirar os calçados e as meias e subir na plataforma. A examinada permaneceu em posição confortável, com os pés posicionados livremente lado a lado. Durante o registro dos dados, tempo padrão de aquisição de 20 segundos e frequência de amostragem de 20 frames/segundo, os braços foram mantidos ao longo do corpo, o olhar voltado para um ponto fixo e a boca semiaberta durante toda a coleta.

    Antes do início dos registros foi permitido um período de acomodação da voluntária à plataforma por 10 segundos. A avaliação foi realizada em uma sala silenciosa e bem iluminada para que não interferisse na concentração.

Análise estatística

    A concordância nos exames foi estimada pela medida estatística Kappa ponderado. Foram considerados como estatisticamente significantes testes com α inferiores a 5%. No caso de concordância utilizou-se a interpretação: < 0 – nenhuma concordância; 0 a 0,19 – concordância insignificante; 0,20 a 0,39 – concordância regular; 0,40 a 0,59 – concordância moderada; 0,60 a 0,79 – concordância importante; e entre 0,80 a 1,00 – concordância quase perfeita.

Resultados

    Das descargas de peso analisadas pela baropodometria e pela avaliação clínica, a maioria foi classificada como descarga em antepé com predominância da descarga sobre o membro inferior direito. A distribuição entre os achados para cada uma das avaliações usadas para determinar a concordância pode ser visualizada nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Distribuição de freqüência dos achados, tanto na avaliação clínica quanto na avaliação baropodométrica, 

quanto à distribuição em relação à porção do pé em que a pressão podal foi considerada maior

Tabela 2. Distribuição de frequência dos achados, tanto na avaliação clínica quanto na avaliação baropodométrica, 

quanto a distribuição em relação ao membro inferior no qual a pressão podal foi considerada maior

    A concordância observada entre avaliação clínica e a baropodometria foi de 56,32% apresentando significância estatística (p-valor<0,05) e índice de kappa igual a 0,298, o que foi interpretado como uma concordância regular.

Discussão

    Não foram encontrados na literatura estudos que tenham avaliado a concordância ou confiabilidade da baropodometria em relação aos testes clínicos utilizados neste estudo com intuito de fundamentá-lo. Entretanto, estudos que avaliaram a concordância entre a baropodometria com outras modalidades de avaliação clínica foram encontrados.

    O estudo de Cantalino e Mattos (1), com 28 indivíduos de ambos os sexos, objetivou analisar as impressões plantares obtidas por meio da plantigrafia e da baropodometria, não ocorrendo concordância significativa entre os resultados encontrados nas duas formas de avaliação. Tais achados foram diferentes dos encontrados no presente trabalho, mas, salienta-se que naquele estudo foi correlacionado a baropodometria com um exame estático subjetivo. Em contrapartida, quando comparada à confiabilidade entre a plantigrafia, podoscópio e baropodometria na verificação dos diferentes tipos de pés, o podoscópio e a baropodometria, segundo o teste de Kappa ponderado, apresentou leve concordância (16).

    No presente estudo pode-se observar que os dois métodos analisados, baropodometria e exame clínico subjetivo, obtiveram, pelo índice de kappa ponderado, uma concordância regular. Isso sugere que talvez, o método clínico não seja capaz de identificar de maneira adequada a distribuição das pressões podais. Isso se torna relevante já que muitos profissionais planejam seu tratamento fisioterapêutico baseado em avaliações clínicas e, caso, de fato, a avaliação clínica seja insuficiente para diagnosticar a disfunção apresentada pelo paciente, novas abordagens deverão, necessariamente, ser propostas. Portanto, se torna necessária a execução de novos estudos, objetivando a confirmação científica do resultado encontrado neste trabalho.

    Conclui-se, assim, que houve concordância considerada regular entre os métodos de avaliação clínica e baropodométrico quanto à distribuição das pressões podais.

Referências

  1. Cantalino JLR, Mattos HM. Análise das impressões plantares emitidas por dois equipamentos distintos. Conscientiae Saúde. 2008;7(3):367–72.

  2. Sacco ICN, Tromboni-Souza F, Ribeiro AP, Gomes AA, Roveri MI, Silva DRMV, Cadamuro LG, Cagliari MF, Souza PS. Alinhamento frontal estático do joelho e cargas plantares durante a marcha de adultos jovens assintomáticos. Fisioter Pesqui. 2009;16(1):70-5.

  3. Schulze C, Lindner T, Woitge S, Finze S, Mittelmeier W, Bader R. Effects of wearing different personal equipment on force distribution at the plantar surface of the foot. The Scientific World Journal [Internet]. 2013;2013:1–8.

  4. Lindner T, Schulze C, Woitge S, Finze S, Mittelmeier W, Bader R. The effect of the weight of equipment on muscle activity of the lower extremity in soldiers. The Scientific World Journal [Internet]. 2012;2012:1–9.

  5. Carneiro JAO, Santos-Pontelli TEG, Colafêmina JF, Carneiro AAO, Ferriolli E. Analysis of static postural balance using a 3d electromagnetic system. Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76(6):783–8.

  6. Gama MC da S, Fernandes LFRM, Benites EG, Rodrigues S, Teodori RM. Avaliação de um treinamento estático de carga parcial de peso. Acta Ortop Bras. 2008;16(5):301–4.

  7. Alfieri FM. Distribuição da pressão plantar em idosos após intervenção proprioceptiva. Rev Bra Cineantropom Desempenho Hum. 2008;10(2):137–42.

  8. Stebbins JA, Harrington ME, Giacomozzi C, Thompson N, Zavatsky A, Theologis TN. Assessment of sub-division of plantar pressure measurement in children. Gait Posture. 2008;22(4):372–6.

  9. Peres CPA, Almeida AP. Analysis of pressures pedal in individual by leprosy by baropodometric. The FIEP Bulletin, 2012; 82:520-4.

  10. Rubira APFA, Martins MSE, Dentf CBS, Gerlin NG, Tomaz C, Rubira MC. Eficiência da estabilometria e baropodometria estática na avaliação do equilíbrio em pacientes vestibulopatas. Neurobiologia. 2010;73(2):57-64.

  11. Peres CPA, Risso L, Oliveira LU. Efeito da manipulação do ilíaco na descarga de peso no retropé em indivíduos com disfunção sacro-ilíaca. Ter Man. 2011;9(42):150-4.

  12. Sacco ICN, Alibert S, Queiroz BWC, Pripas D, Kieling I, Kimura AA, et al. Confiabilidade da fotogrametria em relação a goniometria para avaliação postural de membros inferiores. Rev Bras Fisioter. 2007;11(5):411–7.

  13. Silva RLF, Coelho RR, Barreto GA, Aguiar JP, Dantas EHM. Comparação entre a avaliação da amplitude articular estática do cotovelo por meio de três diferentes métodos: goniometria, biofotogrametria e goniometria da imagem radiológica. Fisioter Bras. 2009;10(2):106–12.

  14. Teixeira FA, Carvalho GA. Confiabilidade e validade das medidas da cifose torácica através do método flexicurva. Rev Bras Fisioter. 2007;11(3):199–204.

  15. Bienfait M. Os desequilíbrios estáticos. 3. ed. São Paulo: Ed Summus; 1995.

  16. Cantalino JLR, Mattos HM. Comparação dos tipos de pé classificados por determinadas formas de avaliação clínica. Ter Man. 2006;4(16):76–81.

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