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Qualidade de vida e os exercícios físicos resistidos para idosos

Calidad de vida y ejercicio físico resistencia a la tercera edad

Quality of life and physical exercise resistance to elderly

 

Fisioterapeuta, Acadêmico do curso de Medicina

UEPA, Campus Santarém, Pará

(Brasil)

Reli José Maders

relimaders@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A qualidade de vida (QV) possui um caráter multifatorial e é influenciada por todas as dimensões da vida, e o treinamento resistido (TR) influência de forma positiva na vida do idoso, melhorando-a significativamente. Sendo assim o objetivo da pesquisa foi analisar os benefícios que a prática de exercícios físicos resistidos traz par a qualidade de vida dos idosos. Observou-se que o TR para idosos atua diretamente na melhoria da QV, visto que age nas variáveis que deterioram a QV do idoso, como força muscular, equilíbrio, autonomia funcional e outros, proporcionando a este maior independência. Justifica-se assim, a introdução e manutenção dos idosos em programas de TR, com o objetivo de melhorar e manter íntegra a qualidade de vida dos gerontes.

          Unitermos: Idosos. Exercícios reistidos. Qualidade de vida.

 

Abstract

          Quality of life (QOL) has a multifactorial and is influenced by all the dimensions of life, and resistance training (RT) positively influence the life in the elderly, improving it significantly. Therefore the aim of the research was to analyze the benefits that aprática of resistance exercise even bring the quality of life for seniors. It was observed that the RT for elderly acts directly on improving QoL, whereas acts on variables that deteriorate the QOL of the elderly, such as muscle strength, balance, functional autonomy, and others, providing this greater independence. So is justified, the introduction and maintenance of the elderly in TR programs, with the goal of improving and maintaining the quality of life full of gerontes.

          Keywords: Seniors. Exercises. Quality of life.

 

Recepção: 24/06/2014 - Aceitação: 20/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introducão

    Com o envelhecimento, surgem as alterações fisiológicas decorrentes da idade, e com estas as complicações, as quais afetam diretamente o cotidiano do idoso implicando em mudanças na qualidade de vida.

    O interesse pela qualidade de vida ainda é insipientes e fragmentados no Brasil e em outros países em desenvolvimento, justificado pela emergência da velhice como fenômeno social ser ainda recente (REBELATTO; MORELLI, 2007).

    Desta forma o desafio dos promotores de saúde é envelhecer com saúde e qualidade de vida, modificando o significado da vivência na terceira idade. Estudos vêm mostrando a importância da adoção de um estilo de vida ativo (prática de exercícios físicos regulares) para o idoso, servindo não só como mecanismo de melhora no bem estar, autoestima e qualidade de vida, mas também na prevenção de enfermidades (ELBAS; SIMÃO, 2004).

    A prática regular de atividades físicas, quando respeitada a intensidade, duração e freqüência mostram-se significativamente benéfica à saúde do ser humano acarretando melhora de sua qualidade de vida. O treinamento resistido, nesse sentido, é visto como o mais importante por especialistas.

    Neste contesto o estudo tem por objetivo analisar os benefícios que a prática de exercícios físicos resistidos trazem par a qualidade de vida dos idosos.

Metodologia

    Trata-se de um estudo de revisão narrativa com informações levantadas em artigos científicos publicados em periódicos disponíveis em bases de dados on line e em livros que abordam a temática. Os dados foram rastreados entre 15 de Março a 20 de Junho de 2014.

    Foram utilizadas palavras-chave correlatas ao tema em foco para a obtenção de artigos, a saber: Idosos, Exercícios resistidos, Qualidade de vida. Com base nas informações obtidas foi possível desenvolver uma fundamentação teórica sobre a temática.

Resultados e discussão

Idoso e Terceira Idade

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é considerado idoso, em países desenvolvidos, indivíduos com faixa etária acima de 60 anos. A legislação brasileira, em concordância com a OMS, diz que “são considerados idosos as pessoas maiores de 60 anos, de ambos os sexos, sem distinção de cor, raça e ideologia” (HARDT et al. 2006).

    Do ponto de vista científico não existe uma definição para a terceira idade, porém a maioria dos pesquisadores costuma usar a idade de 65 anos como limite conveniente (ROSEMBERG, MOORE. in PICKLES, et al. 2000).

    O Brasil vivencia o processo de envelhecimento populacional à semelhança dos países desenvolvidos, caracterizando-se por um aumento significativo de pessoas idosas, atingindo a sexta posição no que diz respeito à população de idosos no planeta (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2004).

Envelhecimento

    O envelhecimento não tem início repentinamente aos 60 anos, mas consiste no acúmulo de interações de processos sociais, biológicos e comportamentais no transcorrer da vida humana (GALISTEU et al. 2006).

    Sendo este marcado por uma perda progressiva de massa magra, assim como mudanças na maioria dos sistemas corpóreos, levando a modificações estruturais e funcionais nos tecidos do organismo (FRANK; SOARES, 2004).

    O processo de envelhecimento sofre influências dos fatores genéticos, como pelo estilo de vida, nos quais influencia diretamente na autonomia funcioal, definida como a capacidade de poder executar independente e satisfatoriamente suas atividades do dia-a-dia, continuando suas relações e atividades sociais, e exercitando seus direitos e deveres de cidadão (CERQUEIRA; OLIVEIRA, 2002).

    Dentre os principais fatores prejudiciais a autonomia funcional a destacar são as perdas sensoriais como déficit visual e auditivo, os problemas ósteo-articulares, os déficits cognitivos, dentre outros (ASSIS, 2002). Portanto, a autonomia pode ser uma das principais perdas com o avançar da idade (POSNER et al. 1995), influenciando riretamente na perda da qualidade de vida (AMORIM & DANTAS, 2003).

    Este fato se reflete em imagem corporal negativa e auto-estima baixa, interferindo de forma negativa na qualidade de vida dessas pessoas (MONTEIRO & ALVES, 1995), principalmente após os 75 anos de idade (TERRA, et al, 2008).

    O sedentarismo é um fator marcante, o que contribui para que o idoso se torne dependente mais cedo, criando, dessa forma, um ciclo vicioso: o idoso tende a se tornar menos ativo, por conseguinte, suas capacidades físicas diminuem, desencadeando o sentimento de velhice que, por sua vez, pode causar estresse, depressão e levar a uma redução da atividade física e, conseqüentemente, à aparição de doenças crônico-degenerativas que, por si só, contribuem para o envelhecimento e perda da qualidade de vida (BENEDETTI, PETROSKI, 1999; MATSUDO; MATSUDO; NETO, 2000).

Qualidade de vida e o exercício resistido

    O conceito de qualidade de vida (QV) tem que ser compreendido como influenciado por todas as dimensões da vida (TOSCANO & OLIVEIRA, 2009). Varia de acordo com a visão de cada individuo, sendo considerada como unidimensional para uns e como multidimensional para outros. Baseia-se em três princípios fundamentais: capacidade funcional, nível sócio-econômico e satisfação, além de poder ser vinculada a componentes como capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica e auto-proteção de saúde (GALISTEU et al. 2006).

    Assim, a qualidade de vida relacionada com a saúde refere-se não só à forma como as pessoas percebem seu estado geral de saúde, mas também o quão física, psicológica e socialmente estão na realização de suas atividades diárias (TOSCANO & OLIVEIRA, 2009).

    Neste contexto o treinamento resistido (TR) vem sendo mencionado e utilizado em amplo aspecto no sentido de otimizar a autonomia funcional de pessoas idosas (VALE et al. 2006;). Os exercícios resistidos, conforme Polito e Farinatti (2006), são aqueles realizados de forma dinâmica, mediante o uso de implementos específicos ou cargas livres, com o objetivo de aumento das adaptações neurais e hipertróficas, sendo portanto, indicados para idosos (ACSM, 2002; NELSON et al. 2007; CAPO, SOBRINHO, SILVA, 2014).

    Pesquisas apontam que o treinamento resistido para idosos aumenta o desempenho das atividades cotidianas (JUNIOR, PIOVEZANA, 2014). Isso pode contrabalançar a fraqueza e fragilidade muscular e melhorar a mobilidade do geronte (VALE et al. 2006).

    Junior e Piovezana (2014) destacam inúmeros beneficios do treinamento resistido para idosos a saber, aumento da capacidade funcional, melhoria da postura geral, diminuição de lesões causadas por quedas decorrentes à perda do equilíbrio e força, diminuição dos níveis de dor, melhoria dos fatores neurais, aumento da densidade óssea, além de várias doenças crônicas que podem ser controladas e até mesmo evitadas, como diabetes, hipertensão, diversos tipos de câncer, dentre outras, que influenciam de maneira direta e positivamente a qualidade de vida de pessoas idosas.

    A relação entre treinamento resistido e ganhos em qualidade de vida e para idosos também foram sugeridos por Morais et al. (2004), em estudos realizados com idosos do município de Maringá – Pr, justificado pelo ganho de forma muscular proporcionado pelo treinamento resistido, que por conseguinte há melhora do equilíbrio, aumento da autonomia funcional, diminuição de quedas, entre outros.

    Percebe-se assim, que inumeras variáveis estão diretamente correlacionadas a qualidade de vida, que possui um carater multifatorial e que a melhora de seus fatores leva a uma aumento da qualidade de vida para os gerontes.

Considerações finais

    De acordo com o objetivo da pesquisa foi possível observar um número significativo de evidências que sustentam a relação entre o treinamento resistido e a melhora na qualidade de vida de idosos. Em função dos ganhos diretos e indiretos neuronais, das valencias físicas e sociais perdidas no decorrer do processo de envelhecimento que estão correlacionadas diretamente a qualidade de vida.

    Assim, o treinamento resistido para idosos deve ser encorajado, respeitando suas particularidades e características físicas, para que possa disfrutar de todos os benefícios adivindos de tal prática esportiva.

Referências

  • AMORIM, FS & DANTAS, EHM. Autonomia e resistência aeróbica em idosos: efeitos do treinamento da capacidade aeróbica sobre a qualidade de vida e autonomia de idosos. Fitness & Performance Jornal, v. 1, n. 3, 2003.

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