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Características epidemiológicas de acidentes
de trânsito em município brasileiro

Características epidemiológicas de los accidentes de tránsito en un municipio brasileño

 

*Psicóloga. Especialista em Psicologia do Trânsito pela UNIP

**Enfermeira. Especialista em Enfermagem do Trabalho

pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão

***Enfermeira. Servidora da UTI Neonatal do Santa Casa de Misericórdia da Bahia

****Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pela UFBA,

*****Odontólogo. Doutor em Ciências da Saúde, FAMED/UFAL

******Psicólogo. Doutor em Saúde Pública, FAMED/UFAL

(Brasil)

Márcia Maria Pantoja Corrêa*

Louise Lisboa de Oliveira Villa**

Samira Vieira Cézar Matos***

Josielson Costa da Silva****

Daniel Antunes Freitas*****

Jorge Luís de Souza Riscado******

danielmestradounincor@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou identificar o perfil epidemiológico de acidentes de trânsito na cidade de Paragominas, Pará, Brasil, no período entre os anos de 2010 a 2012, a partir do número de vítimas, sexo dos envolvidos, meios de transporte mais relacionado em acidentes de trânsito e outros. 3921 vítimas de acidentes de trânsito no período estudado; as motos prevaleceram às taxas de acidentes, índice elevado para o sexo masculino, a população negra sobressaiu em relação às demais, quanto à idade prevaleceu à média entre 20 a 29 anos de idade. Conclui-se que o perfil dos acidentes de trânsitos nas cidades brasileiras se assemelham em vários aspectos.

          Unitermos: Acidente de trânsito. Tipos de acidente de trânsito. Epidemiologia.

 

Recepção: 13/08/2014 – Aceitação: 16/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A morbimortalidade por acidentes de trânsito o Brasil tornou-se caso de saúde pública. As lesões e as mortes no trânsito configuram-se, atualmente, como uma grave e complexa questão de Saúde Pública, pois acompanham o desenvolvimento econômico e tecnológico das sociedades modernas e, ao mesmo tempo, ocasionam um elevando número de mortes e sequelas1,2.

    Ao tratar sobre vítimas no trânsito os números são preocupantes, chegando assemelhar-se aos estragos causados por uma guerra, em quantidade de acidente, vítimas fatais, perdas financeiras, esses prejuízos são incalculáveis principalmente pelas perdas de vidas humanas.

    No Brasil, em 2010, houve 145.920 internações de vítimas de acidentes no trânsito, nos hospitais financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com custo aproximado de 187 milhões de reais. Os homens representaram 78,3% dos hospitalizados e as mulheres, 21,7%3-5.

    No estado do Pará, o incremento da situação de morbimortalidade por acidente de trânsito é bastante significativo.

Gráfico 01. Distribuição espacial dos acidentes de trânsito. Pará, 2000-2010

Fonte: DATASUS, 2013.

    Como podemos observar no gráfico acima sistematizado, a partir de 2000 a prevalência de casos notificados vai tomando corpo. Há uma ligeira queda no ano 2009, de forma atípica e incorporando um aumento a partir de 2010. Cabe investigar o que levou o fator preditivo à queda em 2009. Possivelmente, subnotificações, uma não qualidade na análise das notificações.

    Ao olharmos para a cidade de Paragominas/PA, o gráfico 03 sistematizado, vem apontar também, uma irregularidade ao longo da série histórica, 2000-2010, nos casos notificados dos acidentes de trânsito, extraídos do DATASUS/2013. Sinalizam uma variação que inferimos para a possibilidade de subnotificações e/ou comprometimento na qualidade nas informações dos dados.

    O estado do Pará acomoda uma fatia significativa de acidentes de trânsito na zona norte do nosso País.

Gráfico 02. Distribuição espacial dos acidentes de trânsito. Paragominas/PA, 2000-2010.

Fonte: DATASUS, 2013.

    Nosso objeto de estudo é o perfil epidemiológico de acidentes de trânsito na cidade de Paragominas/PA.

    Os objetivos do presente trabalho estiveram pautados na perspectiva de estabelecer um quadro epidemiológico por acidentes de trânsito na cidade de Paragomia, PA. Especificamente buscou eleger variáveis: sexo, faixa etária, raça/cor, tipos de acidentes, ano em série (2010 a 2012); caracterizar a prevalência quanto aos tipos de acidentes - e motocicleta /motonetas, os acidentes relacionados com a própria moto, abalroamento com outra moto, com automóveis, ciclistas, pedestres e animais.

Metodologia

    Estudo descritivo, transversal, espacial dentro da perspectiva quantitativa, feito com dados epidemiológicos de acidentes de trânsito ocorridos na cidade de Paragominas, Pará, Brasil, no período de 2010 a 2012, cuja amostra por conveniência permeia as informações obtidas a partir do Hospital Municipal de Paragominas.

    Os dados foram tabulados num banco de dados e analisados a partir do software Microsoft Office Excel 2010. A partir desse momento foram transformados em gráficos e analisados em conformidade com o que apresentou o referencial teórico.

Resultados e discussão

    O trânsito da cidade de Paragominas/PA é reconhecido no estado por ser um dos mais organizados em relação às vias, sinalização e fiscalização. Atualmente a cidade possui uma frota aproximada de 23.552 veículos. O maior número de veículos licenciados é a motocicleta correspondendo a 43% da frota, em seguida vem o automóvel com 22%, a motoneta com 14%, a caminhonete com 8% e o ônibus 1%.

    Dentre as cidades de Pará, o município de Paragominas é uma das poucas em que as autoridades governamentais mantêm esforços conjuntos para reduzir o número de acidentes de trânsito na cidade, mantendo uma fiscalização efetiva e dando condições de tráfego na cidade, entretanto, entende-se que estas ações ainda não são suficientes, pois os acidentes ainda ocorrerem num volume acentuado.

Gráfico 03. Distribuição da prevalência dos casos de acidentes de trânsito. Paragominas, PA: 2010 a 2012

Fonte: DETRAN/Paragominas, PA. 2013

    Verifica-se um incremento no número de acidentes ao longo dos anos. Dessa forma, percebe-se um crescimento nas taxas de acidentes de trânsito, nem mesmo a rigidez da chamada Lei Seca, com tolerância 0% de álcool no sangue dos condutores de veículos foi capaz de reduzir esses índices.

    Quando estratificamos, pontuando pela característica do veículo, os resultados apontam para uma ascendência, ano a ano, das motocicletas sobre os demais veículos.

Gráfico 04. Distribuição da prevalência dos casos de acidentes de trânsito por carro e moto. Paragominas, PA: 2010 a 2012

Fonte: DETRAN/Paragominas, PA. 2013

    Esses dados apresentam resultados idênticos aos estudos realizados por outros pesquisadores6,7 em que o maior número de acidentes de trânsito ocorreu por meio de motocicletas, em que as taxas relativas a acidentes de motocicletas projetaram uma elevação de 42,2% no período de 2005 a 2008.

    Em relação à freqüência de acidentes por faixa etária houve a predominância de acidentes no grupo de 20 a 29 anos. Esses dados correspondem ao estudo anteriormente realizado8, onde é relevante considerar que as faixas de 20 a 29 e de 30 a 39 anos possuem um maior risco de se envolver em acidentes, pois ao comparar o número de vítimas com a população dos respectivos grupos podemos perceber uma concentração maior de pessoas envolvidas.

    Em comparação à freqüência por sexo, ao longo de todo o período analisado, o sexo masculino esteve no topo dos índices de acidentes de trânsito. Isso pode estar vinculado ao conceito hegemônico de masculinidade, onde ser homem é ser viril, forte, audacioso, ser desafiador, incorrer no risco9.

    Quanto à distribuição de freqüência por raça/cor, foi elevado o índice de acidentes pelos indivíduos na cor parda, que acrescido à preta temos uma população negra bastante exposta, isto quer dizer que, discrepâncias ainda são visíveis, a que esse segmento populacional se mostra, quando comparado a outros.

Considerações finais

    O estudo apresentou que, de alguma forma, os índices de acidentes por automóveis mantiveram-se estáveis, essas informações são relevantes, uma vez que o objetivo principal é a queda desses números, mas por outro lado, os acidentes com motocicleta cresceram num contínuo assustador. Esses dados merecem atenção das autoridades públicas, pois além dos motociclistas serem mais vulneráveis a acidentes, geralmente os danos são muito mais graves e as seqüelas irreversíveis.

    Esses dados demonstram a necessidade de um estudo no âmbito do trânsito voltado para o público de motociclistas, considerando os aspectos que implicam no uso correto da condução deste meio de transportes, através de instrumentos de segurança, condições do veículo, comportamentos do motociclista e legislação de trânsito.

Referências

  1. ALMEIDA, N.D.V. Promoção e divulgação de medidas educativas em circulação humana: em questão o fenômeno trânsito. Psicol. Argum., Curitiba, v. 24, n. 46 p. 45-53, jul./set. 2006.

  2. BACCHIERI, Giancarlo; BARROS, Aluísio J D. Acidentes de trânsito no Brasil de 1998 a 2010: muitas mudanças e poucos resultados. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 45, n. 5, Oct. 2011.

  3. BASTOS, Y. G. L.; ANDRADE, S. M.; JUNIOR, L.C.; Acidentes de trânsito e o novo Código de Trânsito Brasileiro em Cidade da Região Sul do Brasil. Inf. Epidemiol. Sus [online]. 1999, vol.8, n.2, pp. 37-45.

  4. FREITAS, I.; NORA, E. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência: Perfil epidemiológico dos acidentes de trânsito com vítimas de motocicleta. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V.5 - N.2 - pp. 1008-1017. Nov./Dez. 2012.

  5. MAGALHAES, Andréa Fernandes et al. Prevalência de acidentes de trânsito auto-referidos em Rio Branco, Acre. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 45, n. 4, pp. 738-744. Aug. 2011.

  6. MARIN, L.; QUEIROZ, M. S.A. Atualidade dos acidentes de trânsito na era da velocidade: uma visão geral. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 16(1):7-21, jan-mar, 2000.

  7. MASCARENHAS, M. D.M. et al. Epidemiologia das causas externas no Brasil: mortalidade por acidentes e violências no período de 2000 a 2009. Secretaria de Vigilância em Saúde/MS – pp. 225-248.

  8. QUEIROZ, M. S.; OLIVEIRA, P.C.P. Acidentes de Trânsito: uma análise a partir da perspectiva das vítimas em Campinas. Psicologia & sociedade; 15 (2): 101-123; jul./dez.2003.

  9. RISCADO et al. A construção social da masculinidade e a repercussão na saúde do homem. In: RISCADO, JLS e OLIVEIRA, MAB. Quilombolas, guerreiros alagoanos: aids, prevenção e vulnerabilidades. Maceió: Edufal, 2012.

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