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Relato de experiência sobre ações pedagógicas de 

inclusão social: entre Educação Física e Língua Portuguesa

Relato de experiencia sobre acciones pedagógicas de inclusión social: entre Educación Física y Lengua Portuguesa

Experience report on teaching actions for social inclusion: from Physical Education and Portuguese Language

 

*Licenciatura Plena em Educação Física

**Licenciatura em Língua Portuguesa e Inglês

(Brasil)

Giane Gonçalves de Sales Falseti*

Meire Cristina Fiusa Canal**

Evandro Antonio Corrêa*

prof.evandrocorrea@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo é de ordem exploratória, resultado de um trabalho interdisciplinar iniciado nas aulas de Português e Educação Física, e tem como objetivo descrever ações desenvolvidas por dois projetos interligados, “De Carta em Carta” e “Quem acredita sempre alcança”, os quais visam despertar nos alunos o debate e vivências ligadas às pessoas com deficiência, estrutura física da escola e da cidade, o envolvimento da comunidade local e o Poder Público Municipal em ações que propiciasse a inclusão social. As atividades foram desenvolvidas entre 2007 e 2011, com alunos do 9º ano Ensino Fundamental, 2º e 3º anos do Ensino Médio de uma escola pública do Estado de São Paulo em parceria com uma instituição educacional que atende pessoas com deficiências. Entre as atividades planejadas e vivenciadas destacaram-se as físicas-esportivas, dança, música, leitura, escrita, inclusão digital, com intuito de resgatar e debater sobre os direitos e deveres do cidadão na sociedade contemporânea. Por fim, estas ações fazem parte do envolvimento das pessoas (alunos, professores, instituições públicas e privadas, família, comunidade, equipe gestora da escola) com as políticas públicas, uma vez que o cidadão começa a compreender qual seu papel e contribuindo para a quebra de paradigmas e preconceitos que ainda estão presentes em nossa sociedade.

          Unitermos: Inclusão. Protagonismo juvenil. Interdisciplinaridade.

 

Abstract

          This article is of order exploratory result of interdisciplinary work started classes in Portuguese and Physical Education, and aims to describe actions taken by two interlinked projects, "De Carta em Carta" and "Quem acredita sempre alcança", which aim arouse students' discussion and experiences related to people with disabilities, physical structure of the school and the city, the involvement of the local community and municipal government in actions that would enable the social inclusion. The activities were developed between 2007 and 2011, with students from 9th grade elementary school, 2nd and 3rd year of high school in a public school in the State of São Paulo in partnership with an educational institution that serves people with disabilities. Among the activities planned and lived stood out the physical-sports, dance, music, reading, writing, digital inclusion, with the aim of rescuing and debate about the rights and duties of citizens in contemporary society. Finally, these actions are part of the involvement of people (students, teachers, public and private institutions, family, community, school management team) with public policies, once the citizens begin to understand what their role and contributing to breaking paradigms and prejudices that are still present in our society.

          Keywords: Inclusion. Youth protagonist. Interdisciplinary.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este trabalho trata-se de estudo exploratório e descritivo, que tem por objetivo descrever ações desenvolvidas, com alunos da educação básica, tendo como base a abordagem interdisciplinar que envolve dois projetos, “De Carta em Carta” e “Quem acredita sempre alcança”, os quais visam despertar nos alunos a sensibilidade para debater questões ligadas às pessoas com deficiência, estrutura física da escola e da cidade, bem como o envolvimento da sociedade (comunidade local) e o Poder Público Municipal em ações pedagógicas que propiciassem a inclusão social.

    As atividades foram desenvolvidas entre 2007 e 2011, e que se encontram num processo continuum, com alunos do 9º ano Ensino Fundamental, 2º e 3º anos do Ensino Médio de uma escola pública do Estado de São Paulo (identificada com a sigla E.E.E.C.M.F.) em parceria com uma instituição educacional (IE) que atende pessoas com diferentes deficiências (físicas e intelectuais).

    As ações pedagógicas iniciadas no ambiente escolar, que ultrapassaram seus “muros”, tiveram como intuito oferecer a comunidade o exercício de cidadania, de forma participativa, com o envolvimento em diferentes atividades, como as físicas-esportivas, a dança, a música, o vídeo, a leitura, a inclusão digital, resgate dos direitos do cidadão, entre outros.

    No âmbito da educação, podemos verificar várias iniciativas voltadas ao enfrentamento das desigualdades, no entanto, muitas acabam por ficar somente no discurso. Dessa maneira, este trabalho vem apresentar situações reais desenvolvidas a partir da necessidade de criar na comunidade escolar um espaço para discutir temas como a ética, saúde, pluralidade cultural e, especificamente, a inclusão e a deficiência.

    Nesse sentido, os projetos tiveram a intenção de favorecer a criação de situações de aprendizagem capazes de motivar os alunos a participarem das ações, procurando desencadear um possível processo de mudança de hábitos acerca da inclusão e deficiência. Esta proposta está em consonância com a legislação, planos e programas do Governo (Federal, Estadual e Municipal) voltados ao enfrentamento das desigualdades, como a deficiência e outras, bem como ao Projeto Pedagógico da escola, contemplando a preocupação em desenvolver atitudes de iniciativa e participação ativa, que estimulem o protagonismo juvenil.

Metodologia

    Buscou-se, por meio de relato de experiência, detalhar a ações realizadas nas aulas de Língua Portuguesa e Educação Física na escola e em atividades promovidas na instituição educacional. Este tipo de técnica permite uma análise do evento estudado e pode ser representativo de outros casos análogos.

    Esta pesquisa tem no paradigma do construtivismo social o seu ponto de partida, pois se entende que é necessário compreender as particularidades dos indivíduos participantes, seu histórico, sua identidade social e seu locus no grupo social em que vive. Complementando este trabalho escolheu-se como técnica a fonte documental (projetos, Projeto Político Pedagógico da Escola etc.) e a pesquisa bibliográfica, esta compreendeu a leitura e análise de algumas das fontes secundárias de informação (livros, periódicos etc.) com a finalidade de embasar a revisão de literatura. Por fim, procurou desenvolver uma estrutura descritiva que ajude a identificar a existência de padrões de relacionamento entre os dados coletados e a literatura.

    Nesse itinerário, o recorte descritivo visa oferecer um panorama de uma determinada situação, assim o estudo apresenta as etapas e atividades desenvolvidas durante o período de análise. O projeto inicial foi consequência de uma atividade permanente desenvolvida desde 2005 na escola, denominada “Clube de Correspondência” nas aulas de Língua Portuguesa. Nas reflexões realizadas a partir da análise anual e contínua dos resultados da atividade com alunos do ensino fundamental 6º e 7º anos, verificou-se que era possível articular o “Clube de Correspondência” a um trabalho temático e de cunho social. Neste ponto observou-se a necessidade de criar na comunidade escolar um espaço para discutir os temas transversais (Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e Orientação Sexual) e, devido uma constante observação neste projeto, verificou-se a interação e a motivação dos alunos ao participar de propostas que incluam temas de seus interesses.

    Assim, o trabalho foi orientado pelos princípios da “pesquisa-ação” (ALVES-MAZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998); e o estudo de caso descritivo procurando apresentar um quadro detalhado de um fenômeno (atividades desenvolvidas nos projetos mencionados) para facilitar a sua compreensão, lembrando que não se tem a intenção de testar ou construir modelos teóricos.

    Após a reflexão destas premissas foi dado seguimento ao trabalho junto aos alunos trazendo à luz o debate acerca da cidadania do Brasil, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, hoje significa apontar a necessidade de transformação das relações sociais nas dimensões econômica, política e cultural, para garantir a todos a efetivação do direito de ser cidadãos. Portanto, quando abordamos a temática desse trabalho levamos em consideração alguns princípios que orientam a educação escolar, conforme os textos constitucionais: a dignidade da pessoa humana; a igualdade de direitos; a participação; e, a corresponsabilidade pela vida social.

    Estes princípios contribuem com o desenvolvimento integral do indivíduo e, se respeitados, podem levá-los a mudanças de relacionamento com outros. A fim de garantir em parte estes princípios durante o trabalho, os alunos mantiveram contato com pessoas com diferentes deficiências, com a meta de fomentar pontos de vista sobre a convivência dessas pessoas na sociedade.

    No que se refere aos alunos são, em sua maioria, filhos de comerciante e trabalhadores da indústria. Muitos deles almejam cursar a universidade. Alguns pais, desses alunos, cursaram o ensino médio, mas há também uma parcela de pais que não concluíram o ensino fundamental e, somente, uma minoria teve a formação no ensino superior. A Escola Estadual destaca-se na região por apresentar ótimos conceitos nas avaliações externas, no ENEM, nas aprovações em vestibulares das universidades públicas e privadas.

    Cabe destacar a participação de segmentos que se organizam dentro da escola, a exemplo, o conselho escolar, o qual apóia as atividades desenvolvidas para melhorar a qualidade de ensino dos alunos.

    Contamos, também, com a participação dos alunos do Grêmio Estudantil, que se envolveram com os projetos, além de acompanhar o desenrolar dos procedimentos deste trabalho, colaboraram, ainda, com a divulgação das atividades na escola, visitando todas as salas de aula explicitando os objetivos do projeto e como seria atividade final.

    Nesta perspectiva participativa os alunos sentem-se acolhidos no espaço escolar, o que faz com que se envolvam em atividades promovidas pela escola. Portanto, diante das possibilidades oferecidas no ambiente escolar e com a constante iniciativa de oferecer novas oportunidades de valorizar a autoestima, e, sobretudo, valorizar o ser humano muitos dos alunos, ao concluírem o ensino médio retornam, posteriormente, à escola como profissionais ou mesmo como voluntários.

Os Projetos em questão

    O objetivo geral do projeto foi despertar na comunidade escolar (alunos do 9º ano Ensino Fundamental Ciclo II e alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio) a capacidade de acreditar e lutar pelos seus projetos de vida e diretos garantidos por Lei.

    No entanto, no decorrer do processo o trabalho tornou-se um Projeto de Sustentabilidade Social, o qual passou a ter como objetivo específico a inclusão social dos deficientes (físicos, intelectuais, outros), apresentar aos indivíduos com necessidades especiais que eles gozam de direitos, e que estes devem ser respeitados. Tendo como premissa despertar nos indivíduos senso crítico acerca das suas responsabilidades enquanto cidadão e a reivindicação de melhores condições de vida, principalmente, a inclusão destas pessoas na sociedade, assim como o a reivindicação por políticas públicas que garantam seus direitos.

    Para atingir este objetivo, algumas competências foram trabalhadas, a fim de desenvolver nos alunos algumas habilidades específicas, que seguem:

  • Discutir questões que envolvem a relação entre ética e direitos humanos;

  • Incentivar a autonomia na constituição de valores de cada aluno, ajudando-o a se posicionar nas relações sociais dentro da escola e da comunidade como um todo;

  • Instigar o desenvolvimento do caráter dos alunos, a fim de manifestar em seu comportamento virtudes tradicionalmente reconhecidas e respeitadas, tais como a solidariedade e o respeito ao próximo.

    Após a definição dos objetivos houve o planejamento, aplicação/intervenção das atividades na E.E.E.C.M.F., na IE e na cidade de Bariri/SP, a fim de demonstrar como a quebra de rotinas pode trazer benefícios aos participantes. Por fim realizou-se uma análise conjunta e divulgação dos resultados obtidos.

    O planejamento das atividades foi realizado por meio de reuniões semanais, com a participação do docente de Educação Física e Língua Portuguesa e alunos do Ciclo II e Médio, bem como, distribuição das tarefas por segmentos (recreação, sala de informática, contação de história etc.).

    Outro ponto de destaque que registramos na aplicação deste projeto está na forma como foram distribuídas as tarefas, de acordo com o levantamento prévio feito pelos alunos e professores que seguem adiante na descrição das atividades. Dessa forma, para uma melhor compreensão procuramos apresentar os termos-chave (voluntariado, inclusão) que o estruturaram, bem como a referência teórica. Assim, buscamos envolver os alunos com noções teóricas e a sua aplicabilidade nas atividades.

    Todavia, destacamos a importante participação dos alunos e professores da E.E.E.C.M.F. e da IE, assumindo uma de suas funções como cidadão, o voluntariado. Assim, para uma rápida análise do significado da palavra voluntário, recorremos ao dicionário Houaiss, discorrendo em relação sua etimologia, a qual deriva do latim voluntárius, a, um 'que age por vontade própria'.

    Dentre as acepções relacionadas podemos incluir a figura do estudante “que é admitido num curso em condições diferentes daquelas que se aplicam aos estudantes regulares” ou, ainda, “aquele que se dedica a um trabalho sem vínculo empregatício, prestando ajuda quando necessário” (HOUAISS, 2003).

    Este voluntariado pode ser aplicado no momento em que o chamado “Estado de Bem Estar Social” entra em crise, as práticas comunitárias, ganham em importância estratégica e disseminadora de posturas de responsabilidade social e, principalmente, buscar caminhos mais sólidos para a articulação com o Ensino e a Pesquisa (HUNGER, 1998). Neste caso, devemos considerar importante o envolvimento do professor com o aluno, para tal entrosamento possa ser efetivado no ambiente escolar.

    Nesse itinerário, o projeto justifica-se pela necessidade de criar na comunidade escolar um espaço para discutir temas transversais. Observamos com o convívio diário que os alunos sentem-se mais motivados ao participar de propostas que incluam temas de seus interesses.

    Dessa forma, o projeto pedagógico da E.E.E.C.M.F. contempla e se preocupa em desenvolver atitudes de iniciativa e participação ativa, que estimulem o protagonismo dos jovens. Sendo assim, muitas das ações da escola são pautadas na premissa do protagonismo juvenil.

    Nesse sentido Corti e Souza (2007, p. 40) assinalam que garantir a participação dos alunos nos espaços de decisão da escola é importante “para compreender o que os jovens possuem como expectativa em relação à instituição. Ao mesmo tempo, é uma forma de fazer com que a escola seja um espaço de vivência, de praxes democráticos”. As autoras acreditam

    [...] que não há apenas um, mas vários caminhos. Há meios mais conhecidos de participação dos estudantes na escola, como o grêmio estudantil, mas há também outros, pouco considerados, como os representantes de classe e o próprio conselho de escola. Há ainda iniciativas que, por vias diferentes, ampliam a participação dos estudantes. Todos esses caminhos, no entanto, dependem de um posicionamento político da escola, em querer se tornar um espaço mais democrático e mais participativo (CORTI; SOUZA, 2007, p. 40).

    Neste contexto, a escolha do tema teve como premissa o interesse dos alunos. Após a definição do tema aproveitou-se do ensejo para motivá-los a viver melhor, com o intuito de que descobrissem quão prazeroso é viver e compartilhar com outros indivíduos do mesmo prazer.

    Diante deste quadro, procurou-se desenvolver a motivação a partir da temática dos projetos. Porém, este caminhar não é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de autoestima, medos, insegurança, fracasso pessoal e profissional, solidão, entre outros.

    De acordo com Sposito (2007, p. 13) foram pesquisados pela fundação Perseu Abramo, em 1999, jovens “predominante otimistas quanto ao seu futuro pessoal, embora esse otimismo decresça nos seguimentos sociais com renda mais baixa”, pois “acreditavam que, como esforço pessoal promoveriam a melhoria das suas condições de vida, reiterando o imaginário liberal em torno da importância do êxito individual”. A autora acrescenta que naquele período, os jovens,

    [...] demonstravam-se mais pessimistas diante do futuro do país. Mas a confiança no futuro pessoal era permeada por certa insegurança, pois, ao examinar a frase o “o futuro traz mais dúvidas que certezas”, 53% concordaram totalmente e 26%, em parte, com a afirmação (p. 13).

    No âmbito desse debate, durante seu desenvolvimento em 2007, o projeto “Quem acredita sempre alcança” tomou dimensões maiores do que as previstas, pois as atividades desenvolvidas neste ano foram capazes de sensibilizar os alunos de toda escola para a realidade do deficiente na sociedade. Neste caminhar e a pedido dos próprios alunos, sua continuidade foi estendida e garantida em 2008, 2009, 2010 e 2011. No entanto, lembramos que para cada ano o foco do trabalho foi a inclusão de pessoas com necessidades especiais (físico, intelectual etc.), garantia dos direitos e diminuição de preconceitos estabelecidos pela sociedade. A partir deste momento passamos a descrever nos quadros as etapas e as atividades desenvolvidas, separadas por ano, de forma resumida a fim de ilustrar o trabalho realizado.

Descrição das atividades e foco de trabalho

Quadro 1. Atividades desenvolvidas em 2007

Foco do trabalho: motivação pessoal a partir de um exemplo de vida

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Convite aos alunos para a participação no projeto:

O convite foi feito na sala de aula e como ponto de partida um relato pessoal, a respeito do paraatleta J. A. P., cujo exemplo de vida poderia despertar as discussões, e sua pessoa seria o símbolo do nosso projeto.

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Estabeleceu um contato com o paraatleta J. A. P., através de e-mail, convidando-o para ser o símbolo do projeto “Quem acredita sempre alcança”, explicando a ele o motivo do nosso projeto e como seria sua participação. Após esse primeiro contato os alunos estabeleceram a comunicação com o intuito de conhecer a sua história de vida.

03

Nesta etapa convidamos J. A. P., para participar de um evento de em nossa escola.

Começamos a nos preparar para a visita de J. A. P., iniciaram-se os preparativos para o evento. Tal atividade consumiu muitas horas de discussões e levantamento de possibilidades, como as seguintes ações: - Divulgação no jornal local e da região, além das rádios da cidade;

- Divulgação na reunião de professores; - Painel sobre informações da vida esportiva de J. A. P.: os alunos organizaram um painel com todas as informações que coletaram sobre o paraatleta, a fim de que todos os alunos da escola conhecessem a sua vida e trajetória esportiva.

Os alunos do Grêmio Estudantil, que também fizeram parte do trabalho, visitaram todas as salas de aula da escola informando os alunos a respeito dos objetivos do projeto e das atividades desenvolvidas. O objetivo dessa atividade era preparar toda a escola para a vinda do paraatleta, já que esta seria a atividade mais esperada pelos alunos que desenvolviam o projeto.

- Construção de uma rampa: observando que a quadra da escola não possuía acessibilidade, os alunos acharam necessário construir uma rampa de acesso a ela. Para conseguir o material os alunos buscaram patrocínios e doações, já a mão-de-obra foi executada por eles mesmos com a supervisão de um Engenheiro Civil (voluntário). Esse dia foi importante, no qual os alunos, meninos e meninas, dividiram-se em equipes, levando tijolos, preparando e carregando massa, até o termino da rampa, pronta para o uso.

- O paraatleta, convidado, a construção dessa rampa foi algo extremamente relevante, pelo fato de a escola não possuir rampa nunca tinha sido percebido pelos professores e funcionários, no entanto, na execução desse projeto os alunos sensibilizaram-se para fato e providenciaram o que foi preciso para sua construção.

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Para o evento houve a captação de parcerias para custear a visita, uma vez que o J. A. P., residia na cidade de Santos/SP e o custo da viagem seria alto.

Para o evento foram enviados convites para a IE da cidade, autoridades locais, parceiros, comunidade local e equipe da diretoria de ensino. No entanto, a participação dos jovens da IE proporcionou ao evento um encontro de várias realidades da cidade, visto que em raríssimas vezes esses jovens participam de atividades na escola.

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No dia da visita de J. A. P., várias atividades foram desenvolvidas:

- Recepção organizada pelos alunos na entrada da escola.

- Palestra realizada por J. A. P., e seu técnico, sobre sua trajetória esportiva e sua vida pessoal, destacando o paradesporto.

- Clínica para vivenciar a prática de esporte em cadeira de rodas:

Os alunos tiveram a oportunidade de assistir J. A. P., demonstrar como se utiliza a cadeira de rodas, a qual é especial para corrida; experimentaram como é a sensação de praticar a corrida na cadeira e, ainda, participaram de algumas dinâmicas envolvendo esporte adaptado.

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O projeto “De Carta em Carta” oportunizou aos alunos do 6º ano escrever “cartinhas” para J. A. P. O conteúdo das cartas era repleto de congratulações e mensagens carinhosas.

- Houve também a apresentação da “Banda Marcial A. G. G.”, na qual tem a participação de alunos da E.E.E.C.M.F.

- A participação dos alunos da classe de recursos de deficientes auditivos, uma vez que a escola possui uma sala para crianças com problemas auditivos, e na ocasião J. A. P., proporcionou aos alunos dessa sala um divertido bate-papo, com a interpretação dos sinais feita pela professora da turma.

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Os alunos, ainda, protagonizaram mais uma ação surpreendente: organizaram uma ação entre amigos para arrecadar verba com a finalidade de comprar rodas especiais para a cadeira de corrida do J. A. P.. A meta foi alcançada e o valor foi repassado quando retornou a cidade, a fim de preparar-se para a corrida de São Silvestre 2007, da qual se sagrou campeão em sua categoria.

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Após estas etapas houve uma autoavaliação a respeito da participação dos alunos no projeto, visando diagnosticar se os objetivos foram atingidos. Os resultados forma reunidos e apresentados mais a frente.

 

Quadro 02. Atividades desenvolvidas em 2008

Foco do trabalho: conhecer e divulgar os direitos dos deficientes.

01

Os alunos que protagonizam o projeto em 2008 conheceram e participaram, ainda que parcialmente, das atividades desenvolvidas em 2007, foi fácil envolvê-los no trabalho, uma vez que o projeto teve sua continuidade a pedido deles mesmos. Lembramos que a maioria das atividades desenvolvidas foram iniciativas dos próprios alunos

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Houve o desenvolvimento de vivências como:

- Locomover-se utilizando cadeira de rodas, voleibol adaptado e futebol de cegos. Os alunos revezavam-se e, cinco alunos por dia, passaram o período todo de aula locomovendo-se através de cadeiras de rodas. As cadeiras foram emprestadas de instituições da comunidade. Após passar o período todo andando com as cadeiras os alunos relatavam as reações e sentimentos que a experiência provocou.

- Voleibol adaptado: os alunos ficaram empolgados, ao mesmo tempo em que tinham uma vontade enorme de levantar-se. Todos participaram e não pareciam querer parar de jogar.

- Para vivenciar uma situação semelhante à de um deficiente visual, os alunos jogaram futebol com olhos vendados e fizeram uma caminhada pela escola, também com olhos vendados. Ao término da atividade, pude ouvir expressões como “Que bom é enxergar!”, entre outras.

- Todas as vivências foram relatadas, e, através dos instrumentos de registro, pudemos constatar que os depoimentos foram surpreendentes e emocionantes. Nesses relatos foi possível perceber que a cada dia os alunos vão fornecendo pistas de que os objetivos do projeto estão sendo concretizados.

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Leitura do texto da Campanha da Fraternidade 2006 e nessa ocasião encontramos a história de vida de Maria de Fátima Longo. Houve a troca de correspondências com a Sr.ª Maria, a qual é deficiente física.

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Leitura de notícias e reportagens de várias fontes: Folha de São Paulo, 12/08/2008 “Jovem com paralisia cerebral é aprovada no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)”; Folha de São Paulo, FOVEST, 19/08/2008, “Particulares também precisam de adaptação”.

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- Reportagem exibida no programa de TV “Fantástico” sobre Rick Hoyt.

- Pesquisa sobre a trajetória esportiva da equipe Team Hoyt.

- Envio de mensagem eletrônica para a equipe de treinamento de Rick Hoyt: para garantir a comunicação com a equipe Hoyt, elaboramos um texto em português, que foi traduzido para o inglês com a colaboração da professora desta disciplina.

- Tradução da resposta do e-mail de Team Hoyt. Essa tradução também proporcionou momentos de satisfação. Uma das alunas, assim que pegou a mensagem, começou a ler alguns fragmentos sozinha e sentiu-se orgulhosa. Era a primeira vez que experimentava uma situação real de uso da língua estrangeira.

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Nesta etapa, realizou-se a divisão de grupos para visitar as lojas da cidade de Bariri solicitando a instalação de rampas de acesso nas calçadas. Elaborou-se uma lista dos estabelecimentos comerciais e dividimos os alunos entre as equipes de trabalho da classe. Cada grupo teve a missão de convencer os lojistas da importância da construção de rampas de acesso para cadeirantes. Nesse momento os alunos experimentaram a reação de preconceito para com os cadeirantes, pois notaram que para isto não foi dada a devida atenção, ou até mesmo um desprezo sutil. Nos relatos dos alunos foi possível observar esta constatação, no qual se percebeu a indignação de alguns diante da situação.

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Palestra sobre acessibilidade em imóveis promovida pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), assistida por alguns alunos da turma, cujo conteúdo, em seguida, foi multiplicado para todos os alunos envolvidos no projeto.

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Leitura do artigo “Pistorius poderá ir a Pequim”, publicada na revista Contra relógio, seguida de discussão com os alunos.

Análise da letra da música “Natureza Distraída”- Toquinho, que foi utilizada na atividade de encerramento do projeto no final do ano.

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Dinâmica “Você quer brincar”?

- Os alunos andavam em círculo pela sala, batendo palmas e tocando nas costas dos colegas. No mesmo ritmo. Alguns alunos, que foram retirados da sala estrategicamente, são chamados um a um enquanto a brincadeira de andar em círculo, batendo um nas costas do outro continua sem cessar. Após alguns segundos no mesmo movimento, a classe parou a um sinal do professor que interrompeu a brincadeira. Todos os alunos que estavam em círculo, um de cada vez, começando pelo que estava ao lado direito do novo participante, cumprimentam o colega do lado direito, e este fez o mesmo com seu colega. A sequência de cumprimentos terminará no novo participante, porém o mesmo será o único que levará um empurrão e não será cumprimentado. Quando todos participaram do mesmo processo, pedi para que relatassem qual a sensação. Foram vários sentimentos experimentados como exclusão, abandono, desprezo e motivo de risos. Puderam, assim, sentir como uma pessoa com deficiência ou dificuldades de aprendizagem pode se sentir quando estão em processo de aprendizagem e são, de certa forma, rejeitadas pelos colegas.

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Exibição do vídeo de Maria de Fátima, contando sobre sua vida e a superação nas atividades diárias:

- A senhora Maria de Fátima não possui braços nem pernas. Nesse vídeo ela realiza ações cotidianas muito comuns para nós, mas quase impossíveis para ela. É possível vê-la escovando os dentes, escrevendo com a boca, atendendo telefone, e, até mesmo, tirando sobrancelha. Os alunos ficaram impressionados com sua força de vontade e alegria de viver. Eles ainda descobriram que ela desenvolve muitas atividades e dá aulas particulares.

Evento com a participação e convidada de honra Sra. Maria de Fátima Longo: tivemos neste dia a apresentação de uma coreografia da música “Natureza distraída”; Apresentação de malabares; Apresentação de ginástica de solo; e, palestra proferida pela Sra. Maria de Fátima Longo.

Pesquisa fotográfica sobre a eficácia de rampas e banheiros adaptados: após as fotos terem sido organizadas em uma mídia digital, os alunos fizeram uma análise dos resultados.

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Autoavaliação do projeto e indicação de novas ações para o ano seguinte.

 

Quadro 3. Atividades desenvolvidas em 2009

Foco do trabalho: desenvolver trabalho voluntário a partir de aulas de informática na IE, envolvimento com as políticas públicas e planejamento urbano para atender as pessoas com necessidades especiais, atividades de lazer e esportivas.

01

- Exibição de apresentação para todas as turmas envolvidas no projeto explicando todo o trabalho que já havia sido realizado, desde 2007.

- Levantamento das ações a serem trabalhadas em 2009: conversamos com as turmas e foram decidindo os rumos a serem tomados. A ideia mais acatada foi a de trabalhar com informática, com a intenção de ensinar os alunos da IE a usar as ferramentas do DOSVOX.

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Convite para a formação do grupo de voluntários: após as metas terem sido traçadas, foi formado um grupo de voluntários com os alunos do Ensino Médio que se interessavam em participar de trabalho voluntário. Independente de participar do grupo de voluntariado ou não, todos os alunos das segundas séries do Ensino Médio participaram das ações desenvolvidas do projeto.

03

- Criação do blog: nesse todas as atividades do projeto foram relatadas. O blog serve como registro diário e instrumento de divulgação.

04

- Palestra: a professora da sala de recursos da escola capacitou os alunos voluntários, que se prontificaram a trabalhar com os nossos amigos da IE. Nessa palestra os alunos conheceram um pouco sobre as pessoas com deficiência e o que nós podemos fazer para tratá-las com respeito, criando um clima de amizade e solidariedade.

05

- Criação da sala de informática na IE: motivados pelo voluntariado, os alunos empenharam-se em criar uma sala de informática na IE. Um espaço para aulas e garantir a inclusão digital. Para isso alunos e professores iniciaram uma campanha de arrecadação de computadores pela cidade. Os computadores foram consertados por alunos voluntários.

06

- Estabelecendo contato: para que os alunos tivessem uma aproximação inicial com os alunos da IE, foi organizada uma visita para socialização. Foi um momento em que todos os voluntários puderam conhecer as dependências do prédio da IE e seus futuros alunos nas aulas de informática.

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- Capacitação: por meio do site do MEC (Ministério da Educação), tivemos conhecimento do programa DOSVOX e, após entrar em contato com seu criador tivemos a oportunidade extraordinária de recebê-lo em nossa cidade. Foram dois dias nos quais foi possível conhecer o sistema de computação DOSVOX, criado pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O sistema operacional DOSVOX permite que pessoas cegas utilizem um microcomputador comum (PC) para desempenhar uma série de tarefas, adquirindo assim um nível alto de independência no estudo e no trabalho.” (http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/). Os alunos e professoras da E.E.E.C.M.F e professores da Rede Municipal de Bariri, puderam experimentar as ferramentas do DOSVOX, além de conhecer outros programas criados pela mesma equipe da URFJ, o MOTRIX e o MICROFÊNIX. Essa capacitação funcionou como ponto de partida para as aulas de informática da IE oferecidas pelos nossos alunos aos alunos da instituição.

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- Recreação na IE: ainda no processo de socialização entre voluntários e alunos, todas as terças-feiras foram realizadas atividades recreativas na quadra da IE. As atividades desenvolvidas foram gincanas, jogos de queimada, futsal entre outras.

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- Escrita de cartas: paralelamente às atividades de voluntariado, durante o ano, alunos das sétimas e oitavas séries do ensino fundamental, trocaram cartas com novos amigos da IE. Essas cartas eram trabalhadas nas aulas de Língua Portuguesa, e nessas aulas foram discutidos temas de linguagem e comunicação. A troca de cartas proporcionou um estreitamento na relação entre nossos alunos e os alunos da IE.

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- Fundação Dorina Nowill: a partir de leituras sobre a temática das pessoas com deficiências, surgiu a ideia do próprio grupo de alunos de fazer uma visita à Fundação Dorina Nowill. A diretora da fundação interessou-se pelo projeto e sugeriu que a visita fosse agendada num dia em que fosse possível promover um encontro entre Dorina e nossos alunos.

- O primeiro encontro com os alunos do Ensino Fundamental na E.E.E.C.M.F: os alunos voluntários (Ensino Médio) foram os protagonistas da organização do encontro entre os amigos da carta. Nesse dia foram feitas apresentações de nossos alunos, houve ainda neste dia, entre alunos da IE e da E.E.E.C.M.F, uma partida de futebol.

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- Início das aulas de informática na E.E.E.C.M.F: enquanto a sala de informática da IE estava sendo preparada por nossos alunos, os alunos da IE vinham semanalmente até a sala de informática de nossa escola para aprender a usar as ferramentas do DOSVOX, entre outros recursos dos computadores.

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- Festa Junina: os alunos voluntários organizaram uma festa para alunos do Ensino Fundamental e os amigos da carta (IE). Na festa teve um “casamento caipira”, com alunos nossos e da IE, apresentação da “quadrilha” e brincadeiras juninas (pescaria, tomba latas e jogo de argolas).

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- Inauguração da Sala de Informática: depois de tudo pronto, computadores, bancada, cadeiras giratórias, placa de inauguração, ar condicionado, pintura nova, internet, a sala de informática da IE estava em condições adequadas para ser usufruída por seus alunos. A inauguração foi uma festa marcada pela felicidade e pelo sentimento de satisfação. Foi organizado uma solenidade envolvendo autoridades do município de Bariri, pais de alunos da IE, representante das escolas da cidade, tivemos ainda apresentação do coral e a fanfarra da instituição.

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- Criação da Sala de Leitura: A realização da sala de informática motivou os voluntários a criarem um espaço para leitura na IE. Eles deram a sugestão e todos os alunos do Ensino Médio e Fundamental mobilizaram-se para a criação da sala. Foram arrecadados cerca de mil livros e trezentos gibis. Para a sala ficar pronta foi preciso pintá-la, decorá-la, organizá-la e tudo isso foi feito pelos alunos. A inauguração foi feita durante uma sessão de contação de histórias feita por alunos.

- Divulgação da campanha de arrecadação de livros: visita às escolas, gravação de uma vinheta para divulgar na rádio, pedido do padre na missa, como sugestão de um aluno da sétima série.

15

- Reportagem no Canal Futura: Por conta da divulgação do projeto no site do MEC, o Canal Futura a cidade gravar uma reportagem. Na ocasião, as vivências foram reproduzidas, alunos e professores foram entrevistados e quando a matéria foi ao ar todos comemoraram.

 

Quadro 4. Atividades desenvolvidas em 2010

Foco do Trabalho: desenvolver trabalho voluntário a partir de aulas de informática na IE, socialização dos alunos e comunidade, atividades de lazer e esportivas.

01

- Exibição do projeto dos anos anteriores, para todos os alunos. As turmas envolvidas no projeto assistiram, no inicio do ano letivo 2010, a apresentação que explica como o trabalho vem sendo realizado desde 2007.

02

- Com a colaboração da Professora de Língua Portuguesa houve a troca de cartas com os alunos IE, estabelecendo assim uma aproximação dos alunos do 9º ano, no qual trocaram cartas com novos amigos. Este intercambio proporcionou um estreitamento na relação entre os alunos da E.E.E.C.M.F e os alunos da IE.

03

- Realizou-se um “Trote” solidário, no qual os alunos do 9º ano (“A”) da E.E.E.C.M.F determinavam um desafio a ser cumprido durante a semana, como por exemplo, usar chinelos e meias em um determinado dia, usar chupeta, roupas bregas etc.. As pessoas que não cumprissem o combinado “pagaria” com presentes para o berçário da IE.

04

- Vivências: foi praticado o voleibol adaptado. Outra atividade foi vivenciar uma situação “semelhante” a de um deficiente visual, os alunos jogaram futebol com olhos vendados e fizeram excursão pela escola, também com olhos vendados, um guia e uma baliza. Todas as vivências foram relatadas, utilizando-se de instrumento de registro escrito. Nesses relatos dos alunos forneciam pistas de que os objetivos do projeto estavam se concretizando.

05

- Contação de histórias: duas vezes por semana alunos voluntários, do 9º ano da E.E.E.C.M.F, visitaram a Sala de Leitura da IE para contar uma história, ler juntos com os amigos, apresentar teatros. Esta atividade pode promover para os dois grupos de alunos, uma melhor compreensão da sua consciência e expressão corporal.

- Montou-se um mural em sala de aula com os textos lidos sobre o tema de deficiências múltiplas.

06

- Envolvimento dos alunos com as mídias, neste ponto os alunos realizam atualizações no blog.

07

- Promoveu-se uma “Festa Junina” na IE (23/06) com a presença dos alunos do 9º ano da E.E.E.C.M.F, alunos da IE, professores, mães e monitores. Houve apresentações do Coral da IE, apresentação de dança e por fim a apresentação de dança folclórica (“quadrilha”) com o envolvimento de diferentes pessoas que estavam no evento.

- Houve também uma “Festa Junina” na E.E.E.C.M.F (30/06) com a presença dos alunos do ensino fundamental e médio e do pessoal da IE, com a presença de pais/responsáveis, bem como de professores e funcionários. Nesta etapa os alunos do 9º ano colaboraram na execução do evento, recepção, organização do local, montagem de equipamento, sonoplastia. Apresentação de manobras de skate de alunos do 8º ano, e por fim, também, todos os presentes foram convidados a participar da “quadrilha”.

10

- Apresentação de Vídeos, esta etapa aconteceu durante o semestre com a exibição dos vídeos e filmes:

- Tony Melendez: nicaragüense mora nos EUA não tem os membros superiores, exibido no dia 01 de março. Disponível em: http://www.youtube.com.br

- Og de Souza: skatista paralisia infantil – paraplégico, exibido no dia 01 de março. Disponível em: http://www.youtube.com.br

- Nick Viyicic: não tem os membros superiores e inferiores, exibido no dia 01 de março. Disponível em: http://www.youtube.com.br

- Mariana Gomes deficiente auditivo com chip implantado no cérebro e joga futebol campo (adolescente), exibido no dia 26 de fevereiro. Disponível em: http://www.youtube.com.br

- Maria de Fatima (caseiro produzido pela própria) não tem membros superiores e inferiores (mostra ações do dia-a-dia e adaptações para sua realidade), exibido no dia 08 de março. Arquivo pessoal.

Filmes

- “Forest Gump”, exibido no dia 02 de março. A exibição do filme foi uma iniciativa de um aluno do 9º ano, e que aborda vida do personagem, seus relacionamentos com outras pessoas, adaptações a prática de atividades físicas.

- “Meu nome é Rádio”, exibido no dia 29 de junho. Teve o intuito de abordar sobre nossas atitudes frente às pessoas com necessidades especiais, os preconceitos da sociedade.

- Apresentação de vídeos aconteceu durante o semestre com a exibição dos vídeos e filmes, reais e baseados em casos reais que abordaram os relacionamentos das pessoas com o mundo e com outras pessoas, adaptações a prática de atividades físicas. Teve o intuito de abordar sobre nossas atitudes frente às pessoas com necessidades especiais, os preconceitos da sociedade.

 

Quadro 5. Atividades desenvolvidas em 2011

01

- Gincana realizada na E.E.E.C.M.F envolvendo seus alunos e da IE; fazendo novos amigos: a visita dos alunos (novos participantes do projeto) da escola a IE;

02

- Vivência na cadeira de rodas: os alunos têm a experiência de passar algumas horas sobre a cadeira de rodas e analisar as suas maiores dificuldades;

03

- Os alunos da E.E.E.C.M.F se reuniram com os da IE para conhecer seus correspondentes viabilizado pelo “De Carta em Carta”

04

- Envolvimento funcionários, professores, alunos voluntários, pais de alunos, onde ocorreram diversas apresentações como da banda formada pelos voluntários, dança, baile e confraternização entre todos os participantes.

05

- Relato dos alunos e demais participantes referentes às atividades, as temáticas e objetivos dos projetos e seus encaminhamentos.

Principais resultados observados na experiência analisada

    Os resultados apresentados durante a execução dos projetos de Educação Física e Português foram superiores às expectativas iniciais. Foram, gradativamente, acumulando-se e surgindo a cada dia com um novo formato e durante o processo de desenvolvimento do projeto foi organizando uma pasta (portfólio), na qual registrava os resultados obtidos com o desenrolar das atividades, como seguem no quadro 5.

Quadro 5. Resultados

  • Construção de rampas na escola.

  • Os alunos passaram a analisar se a escola tem condições para receber alunos com necessidades especiais. Exemplo: cantina, bebedouros, etc.;

  • Observaram se a cidade está preparada para pessoas com necessidades especiais.

  • Divulgação do projeto em vários meios de comunicação como sites, jornais da cidade e região, além de rádios locais.

  • Uma grande conquista foi o desenvolvimento da autoconfiança dos alunos, pois inicialmente alguns alunos não acreditavam que seriam capazes de passar em um vestibular e cursar o ensino superior.

  • Os alunos da E.E.E.C.M.F informam-se constantemente sobre paraolimpíada e começaram a interessar-se em assistir entrevista com paraatletas e divulgar na escola.

  • Os alunos têm consciência de que o acesso para os deficientes deve ser eficaz e não somente para cumprir a lei.

  • A conquista da construção rampas de acesso às lojas. Sabem que a lei apoia essa iniciativa e acreditam que é possível, sabendo até da possibilidade de fazer uma denúncia para a promotoria caso a lei não seja cumprida.

  • Em uma das salas da E.E.E.C.M.F haviam alunos que precisavam melhorar seu comportamento sócio-afetivo, observa-se que já obtiveram mudanças de postura em relação a eles próprios e da parte de outros alunos da sala de aula. Foram destacados pontos como: sua expressão criativa, principalmente no que envolve informações visuais e auditivas, tem demonstrado responsabilidade e competência nas atividades que tem participado. Com o tempo ganharam espaço para conquistar autoconfiança, respeito e a simpatia de todos.

  • Prefeitura Municipal e estabelecimentos particulares aumentaram o número de rampas na cidade.

  • Mobilização dos alunos organizaram e redigiram um ofício para o prefeito solicitando a construção de rampa. O prefeito se comprometeu em construir rampas e rebaixar as guias para acesso de cadeirantes. Mediante a reivindicação dos alunos e membros da comunidade, houve a construção de rampas na cidade nas principais vias e após essa mobilização o setor de obras da Prefeitura Municipal solicita aos munícipes que estão efetuando reformas em sua residência, principalmente, os que estão localizados nas esquinas para que construam rampas de acesso.

  • Dois dos alunos voluntários montaram uma empresa de assistência técnica em computadores.

  • A IE recebeu da Associação das APAES novos equipamentos para a sala de informática pelo fato de já possuir. Sendo este fato como critério de seleção para envio dos equipamentos.

  • Mobilização de grande parte da sociedade nas campanhas de arrecadação de livros e computadores.

  • Apoio de funcionários públicos na execução das ações. Por exemplo. um funcionário do judiciário local, ajudou na liberação de computadores apreendidos pela polícia a serem doados ao projeto.

  • Dois dos alunos E.E.E.C.M.F prestam serviços no fórum, a participar das atividades do voluntariado no período da tarde.

  • Envolvimento das famílias no desenvolvimento de algumas atividades.

  • Depoimentos de pais de alunos da E.E.E.C.M.F e da IE aprovando o projeto e sua continuidade.

    Como resultados, encontramos, ainda, por meio de relatos de experiências vividas, filmagens, relatos orais, comentários nos blogs, atividade de produção de texto por parte dos alunos da E.E.E.C.M.F, autoavaliação de participação dos envolvidos, professores e alunos (aplicação de questionários), a mudança ou melhora da consciência das pessoas em relação as diferenças existentes na sociedade.

    Os alunos da E.E.E.C.M.F perceberam e relacionaram o personagem do filme “Meu nome é Rádio”, com um aluno da sala levantando diversos questionamentos sobre as capacidades e habilidades físicas, dependência do deficiente de outras pessoas, personalidade ética e moral, participação no esporte (socialização integração inclusão) e o papel dos técnicos (professores de Educação física) como motivadores da inclusão social e do protagonismo juvenil.

    A elaboração de um Mural de Informações, como parceria com a professora de Língua Portuguesa, proporcionou uma constante equipe de pensadores que não param de estudar sobre o projeto, dar ideias e criar novas ações. Começaram fazendo um painel em cada sala com o que descobrem sobre o tema da deficiência, e o que mais estão encontrando são exemplos de superação. As matérias vão chegando por meio dos próprios alunos e com a colaboração dos professores da escola.

    Os alunos ao vivenciarem algumas atividades como caminhar com venda nos olhos, causou uma reflexão em todos participantes. Experimentando a atividade apenas pela escola verificou que os deficientes visuais têm diversas barreiras e dificuldades, como por exemplo, os buracos no chão e degraus de um ambiente para outro.

    Araujo (2007, p. 16) traz em seus estudos a contribuição de Barth (1990, p. 514-515), pontuando que “as diferenças representam grandes oportunidades de aprendizado. Para ele, o que é importante nas pessoas – e na escola- é o que é diferente, e não o que é igual”. Dessa forma, constatou-se que os alunos envolvidos neste trabalho foram despertados para conhecer o outro, sua realidade e dificuldades, suas angústias e medos, sua falta de informação e apoio quanto aos seus direitos.

    Todo esse processo pode trazer para o debate entre os indivíduos temas como discriminação contra pessoas com deficiências em atividades esportivas, o papel das mídias na construção de padrões de beleza corporal, os vários significados atribuídos ao corpo, relações entre exercício físico e saúde, o lazer na vida cotidiana e muitos outros.

    Dessa forma, consideramos que essas ações fazem parte do envolvimento das pessoas com as políticas públicas, uma vez que o cidadão começa a compreender qual seu papel na sociedade e, consequentemente, a exigir do poder público melhores condições de vida para a população.

    Acredita-se que o melhor lugar para se iniciar estes debates é o ambiente escolar, este projeto vem ao encontro das necessidades da sociedade contemporânea, envolvendo os alunos, professores, funcionários, comunidade local, instituições, empresas e órgãos públicos, a fim de garantir os direitos dos cidadãos. A participação de diferentes instâncias (pública, industrial, comercial, escolar, comunitária, ONG’s etc.) pode corroborar de alguma forma para a ampliação da cidadania. Já que entre as atividades desenvolvidas encontramos o desenvolvimento e inclusão nos esportes, no mundo virtual, na cultura, na educação entre outras.

Considerações finais

    O intuito deste projeto foi trabalhar a inclusão de pessoas com necessidades especiais, bem como despertar o respeito e a solidariedade nos alunos. Gostaria que eles percebessem o próximo de uma maneira diferente, que se tornassem pessoas mais perceptíveis e sensíveis com as dificuldades do próximo, não tratando as pessoas com diferença e preconceito.

    Após a reflexão destas premissas foi dado seguimento ao trabalho junto aos alunos trazendo à luz o debate acerca da cidadania do Brasil, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, hoje significa apontar a necessidade de transformação das relações sociais nas dimensões econômica, política e cultural, para garantir a todos a efetivação do direito de ser cidadãos. Portanto, quando abordamos a temática desse trabalho levamos em consideração alguns princípios que orientam a educação escolar, conforme os textos constitucionais: a dignidade da pessoa humana; a igualdade de direitos; a participação; e, a corresponsabilidade pela vida social.

    Estes princípios contribuem com o desenvolvimento integral do indivíduo e, se respeitados, podem levá-los a mudanças de relacionamento com outros. A fim de garantir em parte estes princípios durante o trabalho, os alunos mantiveram contato com pessoas com diferentes deficiências, com a meta de fomentar pontos de vista sobre a convivência dessas pessoas na sociedade.

    Entre as atividades, os alunos, realizaram leituras, pesquisas, participaram de palestras, conversas virtuais com pessoas deficientes e pessoas que trabalham com o tema, criaram um blog, entre outras. Como parte das ações no início do ano há uma explanação do projeto para os alunos ingressantes nos anos envolvidos nos projetos; realiza-se o planejamento participativo das novas atividades e continuação ou não das já existentes; o envolvimento da escola, alunos e comunidade no desenvolvimento das atividades; busca-se a participação do Poder Público em determinadas ações; realiza-se uma avaliação e autoavaliação destacando os pontos positivos e negativos das ações; ao término das atividades elabora-se um relatório pontuando o que foi aprendido, as possíveis mudanças individuais, social e o que pode ser realizado para melhorar e garantir o direito das pessoas com deficiência, sob a perspectiva da inclusão e convivência na sociedade.

    Entre os resultados obtidos (positivos e negativos) verificamos que há uma mudança de atitude dos alunos em relação aos colegas com deficiência da sala de aula, escola e comunidade, observando e compreendendo como são seus movimentos e como eles podem se relacionar e conviver com outras pessoas.

    Consideramos que as ações e outras deveriam fazer parte do cotidiano das pessoas, seja no contexto micro ou macro da sociedade, o seu envolvimento nas diferentes esferas das políticas públicas, fazendo valer seu direito de cidadão. Pois nesse sentido é que o cidadão começa a compreender o seu papel na sociedade e, consequentemente, a exigir do Poder Público melhores condições de vida. E, talvez, o melhor lugar para iniciar este debate é o ambiente escolar. Portanto, este projeto vem ao encontro das necessidades da sociedade contemporânea, envolvendo alunos, professores, funcionários, comunidade local, instituições, empresas e órgãos públicos numa proposta participativa, minimizando a desigualdade e diferença, garantindo o direito à diversidade e a ampliação da cidadania.

    Outro ponto que merece ser destacado é o papel dos professores, uma vez que são parceiros fundamentais nesse empreendimento, sendo que no processo educacional as ações pontuadas neste estudo são apenas uma fração que pode contribuir com a formação de jovens, futuros adultos, conscientes de seu papel de cidadão numa sociedade composta de múltiplas facetas.

    Esperamos, também, que as disciplinas como Educação Física, a Língua Portuguesa e outras possam assumir na escola um importante papel em relação à dimensão das atividades físicas-esportivas, o debate acerca do lazer, a leitura, escrita etc., relacionando-se ativamente com outros componentes curriculares e influindo decisivamente na vida dos alunos, contribuindo para a quebra de paradigmas e preconceitos que ainda presentes em nossa sociedade.

    Neste contexto, a fim de garantir a continuidade e sustentabilidade do trabalho devemos compreender que as ações desenvolvidas no projeto e que é apenas uma fração que pode contribuir com a formação de jovens, futuros adultos, conscientes de seu papel de cidadão numa sociedade composta de múltiplas facetas. Por fim, mediante o sucesso do projeto, a perspectiva de continuação está pautada na realização de um trabalho prazeroso e satisfatório, por saber, e fazer saber, que é possível mudar alguns paradigmas impostos pela sociedade, principalmente, a inclusão social.

Referências

  • ALVES – MAZZOTTI & GEWANDSZNAJDER F. A. J. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa, São Paulo, Pioneira, 1998.

  • ARAUJO, U. F.. A educação e a construção da cidadania: eixos temáticos da ética e da democracia. In: BRASIL. Ministério da Educação. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. p. 11-21.

  • CORTI, A. P.; SOUZA, R. Diálogos com o mundo juvenil: subsídios para educadores. São Paulo: Ação Educativa, 2004. p.151-165. In: BRASIL. Ministério da Educação. Programa Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. p.40-48.

  • HOUAISS, A.. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2003.

  • HUNGER, D. A. C. F. A Universidade sob a óptica da Extensão Universitária - A função Extensão Universitária no Pensamento do Professor Universitário de Educação Física. 1998. (Tese de doutorado). Campinas: Unicamp, 1998.

  • SPOSITO, M. P.. Os jovens do Brasil: desigualdades multiplicadas e novas demandas políticas. São Paulo: Ação Educativa, 2003. p.23-26. In: BRASIL. Ministério da Educação. Programa Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. p. 11-15.

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