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Lúdico, ensino e aprendizagem

Juego, enseñanza y aprendizaje

 

*Licenciada em Pedagogia

pela Universidade de Uberaba – UNIUBE

**Licenciado em Educação Física pela Universidade

do Estado do Pará – UEPA (Campus XIII)

Francedalva de Oliveira Cunha*

Jonatha Pereira Bugarim**

bugarim@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O tema em tela é a Ludicidade, assunto este bastante presente no segmento tanto na educação infantil, quanto nos anos iniciais. O objetivo desta pesquisa é identificar na literatura argumentos que comprovem que o lúdico possa ser considerado uma estratégia de ensino e aprendizagem. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como HUIZINGA (1980), LIRA (2009) E VYGOTSKI (1989) entre outros, procurando destacar os pontos que sustentam a idéia do tripé, lúdico, ensino e aprendizagem. Concluiu-se a importância da atividade com característica lúdica ser presente no ensino infantil e nos anos iniciais, pois, é através de uma atividade prazerosa sem pressão que a criança aumenta a possibilidade de assimilação.

          Unitermos: Lúdico. Ensino. Aprendizagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O presente trabalho tem como tema, a Ludicidade no processo de ensino aprendizagem, levando em consideração que no segmento infantil, o brincar ou o jogo é o momento em que as crianças, se desprendem e se envolvem sem estabelecerem uma forma engessada e determinada pelo docente. Esta pesquisa envereda na literatura na busca da confirmação se a ludicidade pode ser utilizada como estratégia de ensino.

    O objetivo desta pesquisa é identificar na literatura argumentos que comprovem que o lúdico possa ser considerado uma estratégia de ensino e aprendizagem.

    Nesta perspectiva estabeleceram-se questões norteadoras desta pesquisa.

    A ludicidade é uma necessidade humana?

    A ludicidade pode contribuir no processo de ensino e aprendizagem?

    Se for possível a ludicidade contribuir no processo de ensino e aprendizagem, quais são essas contribuições que a literatura apresenta?

    Quando se pontua a relação da ludicidade com ensino e aprendizagem, estamos elucidando uma característica intrínseca do ser humano, que se manifesta conforme o contexto inserido. É importante estudar essa temática, em razão, de ainda existir um número considerado de alunos, tanto no ensino infantil quanto nos anos iniciais, com dificuldade de aprendizagem. Logo a elaboração de novas estratégias de ensino se faz de fundamental importância nesse processo.

    O produto final foi fundamentado nas idéias de autores como Huizinga (1980), Lira (2009), Vygotski (1989), Feijó (1992), Almeida (1990), Lauand (1991), Lira (2009) e Piaget (1976).

Desenvolvimento

    Antes de travarmos o debate sobre o termo Lúdico ao longo da história, é importante trazer a lume o conceito do ilustre estudioso Feijó (1992, p. 02) que trata o lúdico como sendo, “uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, fazendo parte das atividades essenciais da dinâmica humana caracterizada por ser espontânea funcional e satisfatória”. Neste cunho têm-se a existência da premissa de que, se vivenciarmos situações lúdicas, seja ela na infância ou na fase adulta, estar-se atendendo uma necessidade intrínseca do ser humano.

    Em determinado período na Grécia, um dos ilustres estudiosos citado por Almeida (1990), Platão, asseverava que os primeiros anos da criança precisariam ser tomados com jogos educativos, porque além de estarem brincando também estariam desenvolvendo a aprendizagem e nunca deixando de serem crianças.

    Ainda se reportando a Grécia antiga, têm-se como representação da ludicidade, as apresentações teatrais. Estas foram consideradas ferramentas educativas na medida em que se espalhava a informação, sendo representada para o povo, como único prazer literário disponível (COUTNEY, 2008). Portanto é notório que a busca travada pelo ser humano por vivências prazerosas, vem enveredando a história ao longo dos anos, não importando a conjuntura que o sujeito se situa.

    Rossi (1996) afirma que a cultura grega foi primeiramente uma vantagem da aristocracia dos guerreiros, no entanto, estes aqui não se tratavam de homens violentos, selvagens, e sim de cavalheiros, estes heróis homéricos não participavam de disputas em guerras e batalhas selvagens. O autor aponta ainda uma disputa como exibição de seus atributos físicos como a força, a destreza, a agilidade, sendo atividades de caráter de jogo, por onde o lúdico era expresso, como forma de alegrar o público, realizar uma bela exibição, na qual a cultura estava em ser herói.

    Na Idade Média a característica da ludicidade possuía uma forte presença no homem, segundo Lauand (1991) o lúdico estava presente nos recitais de poesias, conhecida como poesia Ave Verum. Na mesma toada o autor afirma que era absolutamente normal, os intelectuais ensinarem brincando.

    Nesta linha de pensamento, constata-se que o lúdico, a diversão, o prazer, a satisfação foram vivências dos povos antigos, que mesmo de forma não perceptível do fenômeno, sempre esteve presente desde o inicio da história. Se for realizado um olhar mais detalhista, é possível perceber que embora de forma inconsciente o processo de ensino e aprendizagem, já demostrava naquela época, o brincar como uma forma de ensinar.

    Martinez (2006) afirma que a palavra, Lúdico, possui uma associação imediata com os verbetes jogo e brincadeira e que estas duas palavras por sua vez se ligam à origem latina jocus da qual também derivou o termo francês joie e o inglês jewel (joia-enfeite-brinquedo) ou a alemã blinkan (gracejar-brinco-enfeite).

    Segundo Lavorski e Junior (2008) afirmam que “as atividades lúdicas, representada por jogos e brincadeiras, podem desenvolver o aprendizado da criança dentro da sala de aula”. O autor retrata que, todo jogo e brincadeira, quando objetivos, serviram de estimulo para a criança proporcionando espaço de lazer e diversão, jeito divertido e prático para ajudar no desenvolvimento, motor, social, afetivo. Considerando as contribuições do autor, que jogos e brincadeiras proporcionam um apreender, essa hipótese pode ser materializada no ensinar de disciplinas como Matemática ou Português.

    Ao discutir a invenção do jogo com valor educativo destaca que suas relações foram construídas no romantismo e retomadas pela Psicologia. Segundo ele, é preciso reconhecer como o discurso pedagógico se responsabiliza por esta noção de jogo, são discutidas e apresentadas na escola. Acrescentaríamos, como se configuram e se desdobram em estratégias para o governo da infância, como as práticas propostas lançam mão dos aparatos lúdicos com função educativa e como os discursos presentes no material conformam modos de pensar e agir. (BROUGÈRE, 2003 apud LIRA, 2009, p.58)

    O autor confirma a idéia de que cabe ao docente proporcionar ao educando durante o momento da prática do jogo, da vivência do lúdico, o direcionamento ao ensino e aprendizagem. A aula de biologia, talvez alcançasse melhores resultados se o alunado não recebesse como obrigação o conhecimento repassado.

    É sobremodo relevante assinalar, que o brincar é um recurso pedagógico, que direcionado pelo docente pode obter eficácia do ensino e aprendizagem, Rau (2006, p. 27) pontua que “a abordagem atual sobre os jogos infantis proporciona aos educadores e pesquisadores da educação o incentivo de sua prática pedagógica como recurso pedagógico para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil.”

    Para Vygotski (1989, p.84) “As crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira, criação de situações imaginárias surgem da tensão do individuo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da realidade”. Nesse entendimento a criança pode conseguir materializar uma realidade complexa e contraditória. A aula de Educação Física, pode ser usada como um mecanismo para desvendar a percepção das crianças, ultrapassando o simples objetivo do mero correr.

    Em outro giro, Santos (2008) assevera que os alunos contraem informação mesmo quando não tem nenhum direcionamento, ou seja, exista liberdade do divertimento. Piaget (1976) classifica os jogos infantis através de três grandes tipos de estruturas que os caracterizam, o exercício, o símbolo e a regra, sendo os jogos de construção a transição entre os três e as condutas adaptadas.

    Mariano (2009) conta que no Renascimento, as brincadeiras eram visualizadas como movimentos libertos acondicionados, enfim, instigadores do aprimoramento intelectual da infância. O autor pondera que os jogos eram entendidos como caminhos que contribuísse com a assimilação do conhecimento e ajustamento ao ensino, cabendo ao docente a responsabilidade pela ruptura com o ensino convencional e arcaico, transformando em processos de ensinos com o conteúdo e forma, sobre uma perspectiva lúdica.

    Café (2001) apud Caramês et al (2012),

    Mostra que a ludicidade está sendo desvalorizada devido à evolução das sociedades do mundo ocidental, isso se deve ao fato de que a indústria fornece produtos prontos e impede o homem de sentir-se sujeito do processo, impedindo-o de construir seu próprio lazer.

    Na perspectiva do autor tem-se um desenvolvimento social intenso, que avança a passos largos através da tecnologia, saúde, crescimento populacional direcionando o homem a uma realidade que ele se visualiza como um pequeno componente dentro desse mega desenvolvimento e não como ator principal desse cenário. E esta situação mascara a atividade prazerosa, o lazer, o brincar como uma ação duvidosa, improdutiva.

    Sousa (2011) afirma que nos espaços explorados na infância, titulados de microambientes (casa, escola, programas de atividades físicas), existe o processo de ensino e aprendizagem de princípios e símbolos culturais e interações sociais com o meio, além de estabelecer um panorama favorável ao desenvolvimento, que auxiliam na edificação da identidade social.

    Nesta linha de raciocínio têm-se apontamentos pelos autores que o processo de brincar é um momento de aprendizagem que a criança desenvolve. Ocorre assim uma materialização da realidade de uma forma lúdica e fantasiosa, estabelecendo assim uma possibilidade, de ser situar um parâmetro comparado com a vida real, através de um processo de aprendizagem prazeroso.

    Para Brougère (2004) apud Mariano (2009, p. 66),

    A brincadeira, como aprendizagem social, faz parte de um processo cultural e não pode ser compreendida como natural ou inata, pois a criança que brinca está inserida em um contexto social e cultural, o que imprime ao brincar características peculiares ao modo de vida do brincante. Portanto, podemos afirmar que a brincadeira está repleta de significados, oriundos das relações estabelecidas entre os diversos elementos culturais.

    A assertiva do autor confirma o pensamento de materialização da realidade no ato de brinca, nessa toada é possível o docente embutir na prática da atividade lúdica, o conteúdo a ser trabalhado.

Conclusão

    Portanto é cristalino o entendimento dos autores quanto ao papel que a ludicidade ocupa na vida do individuo. A sensação prazerosa que o sujeito possui no ato de brincar é uma ferramenta no processo de ensino e aprendizagem. São inúmeros os relatos de docentes que não conseguem atingir o objetivo de ensinar em suas aulas e muitas vezes depositam essa culpa no discente. Através da ludicidade o professor pode não apenas atrair o aluno disperso, como ganhar a confiança dele e principalmente, apresentar o conteúdo de uma forma atrativa ao aluno. Logo a literatura é unânime em afirma que a ludicidade estar presente na vida do ser humano durante toda a história, e os estudiosos também asseveram que o aspecto lúdico faz parte da natureza do homem.

    Portanto, é sobremodo relevante assinalar que através do lúdico a criança consegue apreender, assimilar, visualizar o novo.

Referências bibliográficas

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