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A prevalência de lesões em membros superiores
em atletas profissionais de tênis

El predominio de lesiones en miembros superiores en jugadores profesionales de tenis

 

Graduado em Educação Física

Pós graduando em Treinamento Esportivo

pela Universidade Estadual do Ceará

Abraham Lincoln de Paula Rodrigues

lincoln7777@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O tênis é um esporte praticado no mundo inteiro, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Nos últimos anos esse esporte também vem crescendo na sua prática e popularidade no Brasil. A adoção da prática diária do treinamento de tênis com um treinamento específico para a modalidade, leva a uma série de alterações e adaptações corporais de acordo com as características desse treinamento, do nível de treinamento, da aptidão dos praticantes e da orientação profissional. Todo atleta e praticante de exercício físico é vulnerável a lesões que podem ser atribuídas a diversos fatores e variáveis, e, como nos vários esportes e atividades físicas, o tênis recreativo e profissional não é diferente. Diferenças no equipamento, na biomecânica do movimento e nas demandas físicas, além do piso inadequado da quadra, podem resultar em lesões mais gerais, assim como em lesões mais relacionadas com essa modalidade desportiva, que tem sua grande diferença das demais devido à utilização de raquetes. O objetivo do estudo foi atualizar os profissionais que atuam na área do treinamento de tenistas acerca das principais lesões em membros superiores que acometem os atletas da modalidade. Para a realização do estudo foram revisados artigos científicos de periódicos das bases de dados eletrônicas Google Acadêmico e Scielo. Conclui-se que embora as lesões em geral devam ser pensadas e compreendidas como um fenômeno multifatorial, os movimentos repetitivos da modalidade, os equipamentos não apropriados para o atleta, a biomecânica dos gestos desportivos incorretos, o tipo de empunhadura na raquete, tensão utilizada nas cordas da raquete, desequilíbrio muscular e elevada força de preensão manual ao empunhar a raquete e preparo físico inadequado, principalmente na relação volume x intensidade são os principais motivos que acarretam lesão no tênis Em relação aos tipos de lesões, as principais que acometem os tenistas são as tendinites, as epicondilites laterais e as entorses, tendo como a área corporal de maior freqüência de acometimento a articulação do cotovelo.

          Unitermos: Lesões. Atletas. Tênis.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O tênis é um esporte olímpico, e, é praticado no mundo inteiro, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Nos últimos anos, especialmente, após o surgimento e destaque do tenista Gustavo Kuerten, esse esporte vem crescendo na sua prática e popularidade no Brasil. Nos Estados Unidos o tênis é um esporte bastante popular, contando com milhares de praticantes das mais distintas faixas etárias, desde indivíduos jovens, até idosos o praticam (PERKINS e DAVIS, 2006).

    Segundo Mahn (2004) a adoção da prática diária do treinamento de tênis com um treinamento específico para a modalidade, leva a uma série de alterações e adaptações corporais de acordo com as características desse treinamento, do nível de treinamento, da aptidão dos praticantes e da orientação profissional, entre outros aspectos.

    De acordo com Pluim et al. (2006) todo atleta e praticante de exercício físico é vulnerável a lesões que podem ser atribuídas a diversos fatores e variáveis, e, como nos vários esportes e atividades físicas, o tênis recreativo e profissional não é diferente. Diferenças no equipamento, na biomecânica do movimento e nas demandas físicas, além do piso inadequado da quadra, podem resultar em lesões mais gerais, assim como em lesões mais relacionadas com essa modalidade desportiva, que tem sua grande diferença das demais devido à utilização de raquetes.

    De acordo com Perkins e Davis (2006) lesões por “overuse” ou síndrome do uso excessivo foram evidenciadas como sendo uma causa importante de lesões, levando-se em consideração o tipo, a freqüência, a intensidade e a duração dos treinamentos. Todavia, há uma grande variação na taxa de incidência de lesões em praticantes de tênis (PLUIM et al., 2009).

    À prática da atividade em excesso não é a única causa para ocorrência de lesões em membros superiores. Pode-se estar relacionada também a ocorrência da lesão, a utilização de uma técnica inadequada no treinamento, o tipo do cabo da raquete, a tensão utilizada nas cordas da raquete, a fraqueza muscular e intensa força de preensão manual ao empunhar a raquete. Todos estes pontos mencionados acima podem contribuir para o desenvolvimento e/ou agravamento de possíveis lesões de membros superiores em praticantes do esporte. Já o uso de calçados inadequados, os movimentos com paradas bruscas, as saídas rápidas, assim como as mudanças constantes de direção, os diferentes tipos de superfície das quadras e a falta de sinergismo entre músculos agonista e antagonista são variáveis que podem favorecer o surgimento de lesões em membros inferiores (VRETAROS, 2002).

    Diante do exposto, com o objetivo de atualizar os profissionais que atuam na área do treinamento de tenistas profissionais acerca das principais lesões em membros superiores que acometem os atletas da modalidade. Para a elaboração do estudo procurou-se relacionar às diversas características que permeiam à prática da modalidade.

Metodologia

    Para a realização do estudo foram revisados artigos científicos de periódicos das bases de dados eletrônicas Google Acadêmico e Scielo. Para a realização da busca utilizou-se os descritores “lesões” e “profissionais de tênis”. Foram selecionados 18 artigos que serviram como base teórica para a elaboração do trabalho de acordo com os critérios de inclusão que foram: classificação do periódico no Qualis (A1, A2, B1, B2 ao B3); artigos publicados nos idiomas português e inglês; artigo experimental (ensaio clínico randomizado) ou revisão de literatura. Os critérios de exclusão adotados foram: não foram aceitas monografias de conclusão de curso, teses e/ou dissertações de mestrado.

Lesões de membro superior no tênis

    A prática do tênis requer uma grande exigência do aparelho locomotor, principalmente em relação a estrutura osteoligamentar. Atualmente, sabe-se que a incidência de lesão em atletas jovens é cada vez maior e preocupante, pois pode acabar representando um futuro breve no esporte, afetando tanto a qualidade da prática desportiva como a saúde física do atleta, o que acaba muitas vezes afastando-o precocemente da sua atividade. Ao se comparar a longevidade de um tenista profissional há vinte anos atrás com a dos atuais, pode-se verificar que o tempo de carreira dos atletas tem diminuído (FU e STONE, 2001).

    Em um estudo conduzido por Silva et al. (2005) com 160 tenistas competitivos encontrou-se um índice de 1,53 lesão por indivíduo pesquisado. Esses dados podem estar relacionados com a freqüência, a intensidade e a duração dos treinamentos, que são a maior causa da etiologia de lesões por sobrecarga nas práticas desportivas. Winge, Jorgensen e Lassen Nielsen (1989) pesquisaram a incidência de lesões em tenistas em um campeonato na Dinamarca. O resultado do estudo apontou 2,3 lesões por jogador em 1.000 horas de participação. Do total de lesões relatadas, 67% foram relacionadas ao uso excessivo, das quais 45,7% ocorreram em membro superior.

    Silva et al. (2005) encontrou na sua pesquisa 122 casos de lesões entre os 160 atletas pesquisados, destas, 77 na região de membro superior, das quais, cotovelo (41) e ombro (36). Comumente os locais mais acometidos por lesões são o cotovelo em primeiro lugar e em segundo lugar aparece a articulação do ombro, confirmando os achados desta pesquisa (FREIRE et al., 2008). As lesões decorrentes da prática do tênis são muito variadas em termos de localização, todavia, sua predominância está nas estruturas anatômicas do corpo. A maioria é derivada de microtraumatismos repetitivos, em virtude dos jogos nas competições e treinamentos (FU; STONE, 2001; SILVA et al., 2005). Nos membros superiores (MMSS), a maior parte das lesões está ligada ao uso excessivo (lesões por sobrecarga). Sabe-se que os atletas da modalidade são um grupo de indivíduos com características bastante homogêneas, porém, em razão de os tiros usados em esportes de raquete serem executados com os membros superiores, são encontradas adaptações musculares no membro superior dominante do atleta (BLOOMFIELD, 2000).

    Na atualidade, percebe-se a necessidade de acompanhamento de um profissional capacitado para avaliar a biomecânica do movimento, com o intuito de prevenir patologias, assim como fazer uma boa reabilitação das lesões. Algumas pesquisas afirmaram que essas lesões comumente encontradas em tenistas jovens, podem-se dar em virtude do baixo nível de condicionamento físico (SILVA et al., 2005; BYLAK e HUTCHINSON, 1998). Na literatura, estudos constataram que as lesões do cotovelo são as mais predominantes no grupo etário acima de 41 anos (SILVA et al., 2005). Os atletas dessa categoria por terem um tempo de prática maior, estão mais sujeitos a ocorrência desses tipos de lesões, podendo ser considerados fatores agravantes o estresse das articulações e as conseqüências do envelhecimento.

    Estudo conduzido por Silva et al. (2003) com tenistas que participaram do Circuito Brasileiro Juvenil de Tênis em 2001, com idade até 18 anos, constatou-se que 151 tenistas procuraram assistência médica, aparecendo como lesão mais freqüente a contratura muscular (27,1%), seguida por dor/fadiga muscular (12,9%), distensão muscular (12,5%), tendinopatias (7,1%), entorse de tornozelo (4,3%) e dor lombar (3,6%). Os autores afirmaram que o excesso de treinos e de jogos pode ter contribuído para o surgimento de lesões, sendo tal fato demonstrado através do elevado número de ocorrências de ordem traumatológicas em atletas tão jovens. Os atletas do estudo afirmaram ter disputado em média de 6 a 10 torneios durante o ano.

    No último estudo realizado pela Associação Americana de Tênis os dados revelados acerca de lesões indicaram que a maior parte das lesões em jogadores juniores ocorre na região da coluna (24%) e no ombro (21%). As lesões estavam igualmente bem distribuídas em poucas localizações anatômicas (pé, 19%; joelho, 15%; tornozelo, 12%; cotovelo, 12%). Em relação aos jogadores profissionais, os dados mostraram que o cotovelo aparece como a principal queixa dos jogadores em relação ao acometimento de lesões. O estudo foi realizado durante o aberto de tênis dos Estados Unidos, o US OPEN (GARRETT, KIRKENDALL e JUZWIAK, 2003). Na tentativa de prevenir a ocorrência de lesões em jovens tenistas, Bylak e Hutchinson (1998) sugeriram em seu estudo que seja realizado um monitoramento do equipamento de treino, assim como da quadra, deve ter cuidado com a sobrecarga,de treinamento procurando aumentar progressivamente a intensidade dos treinos e deve-se procurar a orientação de um professor com habilidade e experiência no treinamento de tênis

Considerações finais

    Conclui-se que embora as lesões em geral devam ser pensadas e compreendidas como um fenômeno multifatorial, os movimentos repetitivos da modalidade, os equipamentos não apropriados para o atleta, a biomecânica dos gestos desportivos incorretos, o tipo de empunhadura na raquete, tensão utilizada nas cordas da raquete, desequilíbrio muscular e elevada força de preensão manual ao empunhar a raquete e preparo físico inadequado, principalmente na relação volume x intensidade são os principais motivos que acarretam lesão no tênis Em relação aos tipos de lesões, as principais que acometem os tenistas são as tendinites, as epicondilites laterais e as entorses, tendo como a área corporal de maior freqüência de acometimento a articulação do cotovelo. Nota-se que esses lesões têm afetado cada vez mais cedo e com maior freqüência os atletas praticantes do deporto, fato que pode estar relacionado a prática competitiva em excesso, somada a baixo condicionamento físico e sem orientação profissional adequada.

Referências

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