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A dança no cotidiano escolar da educação infantil

El baile en la cotidianeidad escolar de la educación inicial

 

*Pedagoga Formada pela FABEL

**Prof. Ms. Educação, Docente FABEL

***Prof. Ms. Educação Física, Docente FABEL

(Brasil)

Prof. Cristiane França Dias*

Prof. Ms. Marcélia Amorim Cardoso**

Prof. Ms. Eduardo Rodrigues da Silva***

prof.eduardorodrigues1@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O tema deste trabalho situa-se em uma pesquisa bibliográfica, na qual busca mostrar os beneficios da dança na educação infantil. A dança é utilizada como mais uma ferramenta lúdica, capaz de promover para o aluno um bom desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social, porém é de grande relevância que o professor busque em saber a real proposta da dança dentro de sala de aula. A metodologia do presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa como revisão de literatura, através de reflexões e comparações de autores sobre o assunto: a dança na educação infantil, a fim de compreender o processo da dança mais profundamente e até que ponto contribui para construção do conhecimento. O tema tem como objetivo refletir sobre o enriquecimento e o desenvolvimento pessoal que o aluno da educação infantil pode ter ao contato com a dança. O presente tema revela também as dificuldades encontradas em fazer com que a dança deixar de ser apenas utilizada em datas comemorativas, passando a fazer parte das práticas pedagógicas.

          Unitermos: Escola. Dança. Educação Infantil.

 

Resumen

          El tema de este trabajo radica en una investigación bibliográfica, que pretende mostrar los beneficios del baile en la educación inicial. El baile se utiliza como un recurso lúdico, capaz de promover en los alumnos un buen desarrollo motor, cognitivo, afectivo y social, pero es de gran importancia que el profesor conozca la propuesta de baile dentro del aula. La metodología de este estudio está caracterizada como una investigación cualitativa como revisión de la literatura, a través de reflexiones y comparaciones de los autores sobre el tema: baile en la educación inicial, con el fin de comprender el proceso del baile más profundamente y en qué medida contribuye a la construcción del conocimiento. El tema apunta a reflexionar sobre el enriquecimiento y desarrollo personal que el alumno de Educación Inicial puede tener en contacto con el baile. Este tema también demuestra las dificultades en hacer que el baile sólo se utilice en fechas conmemorativas, y que pase ser parte de las prácticas pedagógicas.

          Palabras clave: Escuela. Danza. Educación inicial.

 

Abstract

          The theme of this work is located in a literature search, which aims to show the benefits of dance in early childhood education. Dance is used more as a recreational tool, able to promote the learner a good motor, cognitive, affective and social development, but it is of great importance that the teacher seeks to know the real purpose of the dance within the classroom. The methodology of this study is characterized as a qualitative research and literature review, through reflections and comparisons of authors on the subject: dance in early childhood education in order to understand the process of dance more deeply and to what extent contributes to construction of knowledge. The theme aims to reflect on enrichment and personal development of the student early childhood education may have to contact with the dance. This issue also reveals the difficulties encountered in making the dance ceases to be used only on specific dates, becoming part of the pedagogical practices.

          Keywords: School. Dance. Early childhood education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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1.     Introdução

    A educação infantil tem um papel fundamental para um bom desenvolvimento da criança de forma integral, ou seja, capaz de criar raizes que irão perpentuar beneficios por toda sua vida. Pensando nesta proposta é que a dança na escola vêm se colocar em pauta como mais uma ferramenta a disposição para a educação infantil, com práticas pedagógicas.

    Afirma Marques (2012, p.6)

    A dança nas escolas - e portanto em sociedade - necessita hoje, mais do que nunca, de professores competentes, críticos e conscientes de seu papel no que se refere a dialogar e oferecer aos alunos e alunas das redes de ensino o que, de outra forma, não teriam oportunidade de conhecer. A dança nas escolas necessita de propostas interacionais,sistematizados ampla para que essa linguagem possa efetivamente contribuir para a construção da cidadania.

    O professor necessita entender como a dança pode ser pedagógica e como contribui para que o aluno consiga adquirir habilidades. Porém, se o professor estiver alheio sobre as contribuições da dança, afetará o processo de ensino e aprendizagem através da dança caindo em um círculo vicioso, no qual se restringe considerá-la apenas em datas comemorativas.

    Verderir (2009) defende o papel do professor na inserção da dança na escola e de seu papel de mediador entre a descoberta que a criança realiza do próprio corpo. Afirma: “... o professor incorporando em sua prática a dança, possibilita à criança uma nova forma de aprender um corpo que além de ter seu espaço e forma, seja expressivo e interaja com as coisas da natureza” (p.19).

    Esse trabalho de pesquisa tende a visar os beneficos da dança e o despertar para que os professores de educação infantil estejam, abertos a mudanças, utilizando práticas novas, no intuito de desenvolver e extrair o melhor das crianças na Educação Infantil.

1.1.     O problema

    A dança ainda não é considerada por grande parte dos profissionais da educação infantil como uma atividade pedagógica.

1.2.     Objetivo do estudo

    Refletir sobre o enriquecimento e o desenvolvimento pessoal que a criança da educação infantil pode ter ao contato com a dança.

1.3.     Questões a investigar

    A dança de fato tem sido utilizada no curriculo com a real importância pedagógica que ela pode proporcionar?

1.4.     Relevância do estudo

    Este estudo tem sua importância para todos os professores que trabalham com a educação infantil, pois a dança possui ferramentas que, além de possibilitarem a realização de aulas prazerosas e consequentemente, o bom rendimento, contribui para o desenvolvimento da descoberta subjetiva das potencialidades corporais influenciando na constituição da identidade .

1.5.     Estratégias metodológicas

A metodologia do presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa como revisão de literatura, através de reflexões e comparações de autores sobre o assunto: a dança na educação infantil, a fim de compreender o processo da dança mais profundamente e até que ponto contribui para construção do conhecimento.

1.6.     Justificativa

    O presente tema procura identificar os beneficios da dança para as crianças, em sua questão motora, afetiva e cognitiva gerando oportunidades oferecidas para a construção e enriquecimento do seu desenvolvimento pessoal.

2.     Referencial teórico

2.1.     O que é a dança?

    Dentre os nove verbetes apresentados para a palavra dança, o dicionário online Priberam define: “Arte de dançar; passos cadenciados geralmente ao som e compasso de música e movimento incessante”. Já o site Significados lembra que esta atividade humana é uma das mais antigas:

    O povo primitivo iniciou a arte de dançar e a praticava em diferentes ocasiões no período da colheita, nos rituais, aos deuses na época das caçadas, nos casamentos, em homenagem a mãe natureza. È considerada a mais completa das artes, pois envolver elemento artístico como a musica, teatro, a pintura e a escultura, sendo capaz de exprimir tanto as mais simples quanto as mais fortes emoções. O significado da dança vai além da expressão artística, podendo ser vista como um meio para adquirir conhecimento, como opção de lazer, fonte de prazer, desenvolvimento da criatividade e importante forma de comunicação. Através da dança uma pessoa pode expressa o seu estado de espírito (...)

    A dança desde os primórdios expressam muito mais do que um momento específico, apesar deste fato ser inseparável do conjunto de elementos importantes que compõem uma cultura. Representa uma forma de manifestar conhecimento, emoções, e identidade. Para Laban (1978), a dança é um dos meios através do qual todos os povos expressam sua cultura sua relação com a natureza e com os homens. Outras bibliografias a frente fundamentarão o beneficio que a dança pode promover para educação infantil.

    Segundo Marques (2012 p.17) em 1992, por exemplo, a dança passou a fazer parte do regimento da secretaria municipal de educação de São Paulo como linguagem artística diferenciada. Em 1997, a dança foi incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e ganhou reconhecimento nacional como forma de conhecimento a ser trabalhado na escola. Já o Referencial Currricular para a Educação Infantil (1998) volume três afirma que:

    O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cutura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. (...) Ao movimenta-se as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso sgnificativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se uma linguagem que permite as crianças agirem sobre o meio fisico e atuarem sobre o ambiente humano mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo ( p.15)

2.2.     Dança: contribuições e dificuldades

    A dança como aliado para a educação e muito necessário na qual vamos ver ao decorrer do texto. Mas de antemão pode-se dizer que a dança não é algo que está enraizado na escola e principalmente na educação infantil. Para Garaudy (1980), a dança e tão importante para uma criança quanto falar cantar ou aprender geografia. É fundamental para a criança que nasce dançando, não desaprender essa linguagem pela influência de uma educação repressiva e frustrante.

    Nesta perspectiva da diversidade e da multiplicidade de propostas e ações que caracterizam o mundo contemporâneo, seria interessante lançarmos um olhar mais crítico sobre a dança nas escolas (Marques 2012, p. 19).

    (...) Criar movimentos diferentes, sempre na forma de brincadeiras em uma constante interação com colegas, já faz parte da rotina delas. Esse e o resultado de um longo projeto de dança, aplicada sistematicamente pela equipe e não só em época de festa “A dança ainda é entendida de forma equivocada por muitas escolas, que costumam apresentá-la somente nas datas comemorativas e na forma de reprodução de coreografia prontas” avalia Isabel Marques do instituto caleidos, de São Paulo.

    Marques ainda afirma que a dança deveria vir como uma proposta fundamental para a escola, pois ela tem compromisso social ampliar a visão e as vivências corporais do aluno em sociedade a ponto de torna-lo um sujeito criador – pensante de posse de uma linguagem artística transformadora. Nesse sentido a formação do professor é muito importante, segundo Verderir (2009,p.50):

    “o professor deve conscientizar-se de que o movimento é de inovar e ousar que os termos de cópias já se afastaram juntamente com paradigmas que não se enquadram mais nas novas visões de uma pedagogia preocupada com a formação integral do educando”

    Nesse sentido, torna-se de suma importância que o professor se aproprie das premissas da atual pedagogia e motive-se a inovar. A mudança é sempre difícil, pois nos tira da zona de conforto fazendo com que repensemos todo trabalho ingessado por não mudar ao logo do tempo. Nesta linha de pensamanto fica notório que não basta apenas ter o conhecimento é preciso renová-lo com novas propostas que vem surgindo com único intuito de melhorar cada vez mais o ensino.

    Deixando, assim para trás a lembrança de professores que ensinam exclusivamente as disciplinas da grade curriculares, levando os educadores a adquirir algumas qualificações essencias para vida como saber pensar, falar, ouvir, ver, analisar,criticar e principalmente se capaz de tomar decisões ( Antunes. 2002, p.47).

    A outros problemas que precisam ser, também, sanados segundo Marques (2012) não poderia deixar de mencionar a dificuldade de encontrar bibliografia especializada na área de dança voltada para a educação infantil e, até mesmo, recusa de muitas editoras conhecidas em publicar trabalhos que certamente contribuiriam para um desenvolvimento mais crítico da área, alegando “falta de mercado”. Aquilo que temos publicado de longa data no Brasil, na maioria das vezes traduzidas – e mal traduzido - geralmente apresentada uma visão romântica e pouca crítica do que é a dança e seu ensino, deixando frequentemente de enfatizar seus aspectos artísticos e estéticos prol de uma abordagem em que a dança aparece somente como meio, ou recuso educacional.

    Pode-se indicar, hoje, algumas iniciativas que se dispõem a quebrar barreiras. Vejamos a reportagem de Debora Ouchana com a professora de Educação Infantil e arte-educadora Juliana Montoia sobre o trabalho desenvolvido nas escolas públicas de São Paulo, publicado em vídeo pela Revista Educação:

    Juliana Montoia : Eu me apaixonei muito pelo universo da dança para criança! Pensar essa linguagem pra criança e porque eu vi que tem muitas coisas parecidas na criança com a dança, o próprio corpo brincadeiras da forma que elas se organizam como se joga no chão e se levanta, como elas criam e improvisam o tempo inteiro. Você percebe isso no corpo da criança nas brincadeiras. Por este motivo sempre trabalho na escola com as crianças fazendo varias atividades no horário normal de aula. Também gosto muito de trabalhar com projetos e um deles a trabalhar a literatura com a dança. Por exemplo, esta semana trabalhei a literatura, a história de Baobá que era uma arvore africana, depois de trabalhar com literatura brasileira, é juntar as atividades da dança com a literatura. Que acabo criando a dança a partir da história, e tão eficaz que quando contava a história novamente as crianças Por si só faziam os movimentos como, por exemplo: se encolher no chão como se fosse à semente. Foi algo que as crianças experimentaram muito no corpo, por este motivo procuro sempre juntar as atividades.

    Debora Ouchana:

        Juliana é a única professora em sua escola que tem um projeto voltado para o corpo, por isso ela ressalta a necessidade de uma formação docente em dança.

    Juliana Montoia:

        Com certeza falta muito ainda na escola, o professor acessar seu próprio corpo, ele ter a experiência nele, falamos do professor trabalhar com a dança na escola, só que às vezes ele nunca dançou, ele nunca experimentou. É você vem falar de uma dança, não padronizada sem passo, mais uma dança mais criativa pode se dizer assim, onde as crianças vão experimentar os movimentos, vai ter pesquisas de movimentos a onde vai estudar o corpo: esqueleto, osso etc. Fica muito difícil para o professor que não vivenciou isso praticar com a criança dentro de sala de aula. Por este motivo que acho que e fundamental a dança na formação dos professores, mas sempre tomando o cuidado para que não vire dancinha de final de ano, na qual há movimentos bate palma, bate pé. Enfim, algo que imite o professor como uma coreografia totalmente algo fora do contexto fora da realidade uma dança solta que vira uma obrigação. A dança sem obrigação faz com que você consiga se expressar às vezes mais livremente, uma dança lógica que permite que a criança experimente que ela pesquise que ela crie seu movimento. Não uma dança codificada ou a dancinha da festa de final de ano. (Janeiro de 2013)

    A realidade da dança na educação Infantil para algumas escolas são praticadas de forma equivocada, muitas vezes por falta de conhecimento, outras pela visão enquadrada em padrões de movimentos e coreografias. A dança como mais uma proposta para estabelecer conhecimento, torna-se hoje um cabo guerra. Educadores trazem pra si a realidade de utilizar a dança como mais uma ferramenta para enriquecer o conhecimento do aluno, outros preferem apenas utilizar a dança como uma atividade que se realiza apenas em datas comemorativas sem compromisso com a questão pedagógica. Reforça Freinet (1991)

    (...) Infeliz educação a que pretente, pela experiência, fazer crer os indivíduos que podem ter acesso ao conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência. Produzirara apenas doentes do corpo e do espírito, falsos intelectuais inadaptados, homens incomplentos e impotentes ( P. 42).

2.3.     Dança e professor

    Marques, (2005 p. 102) destaca que “as pesquisas mostram que em muitas escolas, salvo exceções a dança ainda é vista por grande contingente de professores apenas como recuso, meio, diversão e atividade extra-escolar”.

    Falar sobre a dança e citar vários autores e professores que já traz em seu curriculo a dança como ponte para alcançar o bom desempenho dos alunos nas atividades diárias não basta! E preciso ter um olhar pedagógico para que os professores compreenda que a dança dentro de sala de aula não pode se vista como uma atividade extra-escolar, mas sim uma atividade diária. O professor precisa ter a plena consciência do verdadeiro significado da dança no cotidiano da educação infantil.

    Segundo Marques (2012, p.31)

    Quebrando-se tabu de que “conversar não é dançar” poderíamos introduzir em nossas salas de aulas momentos de reflexão, pesquisa, comparação, desconstrução das danças de que gostamos ou não e, assim, podemos agir criticar e corporalmente em função da compreensão, desconstrução e transformação de nossa sociedade.

    No que se refere ao uso desqualificado de técnicas e manifestações artísticas como veículos, geralmente, equivocados para o desenvolvimento da criatividade Rengel (2014) reforça que:

    Ensinar ao aluno que agora é hora da “dancinha” ou da “aulinha de arte”, para ele relaxar, suar, “praticar” a “criatividade” é justamente assassinar a sua criatividade, tirar dele a capacidade de saber apreciar esteticamente uma obra e de fazer relações com contexto, histórico, sociais, políticos e ambientais.

    Falar sobre a dança ainda é um tabu em uma boa parte dos professores, pois se cria muitas confusões sobre o assunto divergindo vários pensamentos no qual resulta dentro de sala de aula professores que trabalham a dança segundo seu pensamento. Segundo Marques (2012, p. 24) (...) “Na grande maioria dos casos, professores não sabem exatamente o que, como ou até mesmo porque ensinar dança na escola”.

    Mesmo constatando que existem algumas iniciativas que vem ultrapassando barreiras e preciso que o professor tenha a plena consciência de como utilizar a dança no cotidiano da educação, e preciso falar mais do assunto de forma clara e objetiva.

    Segundo Garrida (2005, p.3)

    A dança apresenta-se como uma ferramenta preciosa para o indivíduo lidar com suas necessidades, desejos, expectativas e também Serve como instrumento para seu desenvolvimento individual e social. Consideramos que a inserção de diferentes linguagens na esfera da educação infantil deve significar um avanço para os professores em relação aos conhecimentos acerca da cultura infantil.

    Se o professor conduzir seu aluno a movimentos codificados e metodológicos, ele só conseguirá enxergar um espaço limitado, espaço esse totalmente avesso à proposta de Garrida no qual afirma que a dança é uma ferramenta preciosa, tornando possível que o professor amplie o conhecimento do aluno através da dança.

2.4.     A dança na educação infantil

Foto retirda do site: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/danca-criativa-422886.shtml

    Não há dúvida que as crianças pequenas adoram se movimentar. Elas vivem e demonstram seus estados afetivos com o corpo inteiro: se estão alegres, pulam, correm e brincam ruidosamente. Se estão tímidas ou tristes, encolhem-se e sua expressão corporal é reveladora do que sentem. Henri Wallon nos lembra que a criança pequena utiliza seus gestos e movimentos para apoiar seu pensamento, como se este se projetasse em suas posturas. O movimento é uma linguagem, que comunica estados, sensações, idéias: o corpo fala. Assim, é importante que na Educação Infantil o professor possa organizar situações e atividades em que as crianças possam conhecer e valorizar as possibilidades expressivas do próprio corpo.

    Fica evidente o trecho retirado do site revista nova escola que a dança vai além de uma mera diversão, deixando de ser também somente uma expressão artista. Portanto, reiteramos a importância da dança para o desenvolvimento global da criança, ou seja, de forma biopsicossocial. Desta forma é emergencial que a educação infantil assuma e cumpra aquilo que já está determinado pela legislação e confirmado por inúmeros estudos como o de Scarpato (2001) que nos lembra que o uso da dança na escola, favorece a criatividade trazendo inúmeras contribuições ao processo de aprendizagem, além de gerar a consciência corporal e crítica.

    O aluno questiona-se e começa a compreender o que passa consigo e ao seu redor, torna-se mais espontâneo e expressa seus desejos de modo mais natural... (p.58) Deve partir do pressuposto de que o movimento é uma forma de expressão e comunicação do aluno, objetivando torná-lo um cidadão crítico, participativo e responsável, capaz de expressar-se em variadas linguagens, desenvolvendo a auto-expressão e aprendendo a pensar em termos de movimento. (p.59)

    Marques (2012) também defende a dança, além de linguagem, como constituidora de autonomia e de criatividade

    (...) compreender a dança como expressão é também acreditar na possibilidade de a criança ser autora de suas danças, ou seja, possibilita que ela crie, invente, acompanha. E esse conceito de dança que está entre os mais presentes nas justificativas oficias para a dança fazer parte dos currículos e programas de educação infantil: criança poderá se “expressar” com o corpo! (p. 18)

    Desta forma é de muita relevância trabalhar a dança na educação infantil de forma flexível, tendo sempre em mente que esta dança no qual descrevemos nos textos acima é uma dança com finalidades pedagógicas e não mera repetição de movimentos padronizados. Por conta disso é preciso ter um olhar diferenciado para cada criança, pois a forma que elas vão desenvolver sua dança será totalmente diferente umas das outras, ou seja, será individualmente a forma de mover seu copo. É e este o ponto de partida, pois não estará trabalhando o coletivo de forma padronizada.

    Quando permitimos que a criança construa sua própria forma de mover, sem “compromisso” vários benefícios se adquiri. Afirma Arruda, (1988, p.15) “a arte do movimento, além de desenvolver as formas individuais e coletivas de expressão de criatividade de espontaneidade, concentração, autodisciplina, promove uma completa interação do indivíduo (...)’’. Mediante estas constatações é preciso que o professor busque estar atento aos movimentos que estão sendo realizados dentro da sala de aula, considerá-los forma de linguagem, promover outras/várias interações e expressões corporais através da dança criativa, para que de fato ocorra um aprendizado integrado e global que irá repercutir para vida inteira do aluno.

    Porém, esse aprendizado deverá ser de forma bem lúdica, sempre tendo em mente que a dança na escola não tem finalidade de transformar a criança em dançarinos, mas sim, desenvolver a expressividade, a capacidade de comunicabilidade e sensibilidade perceptiva de detalhes no mundo, além de ampliar a criatividade, a subjetividade e a interação. Nesse sentido, Marques ( 2012) afirma que:

    É por essa razão que é primordial pensamos a dança na escola também como uma dança lúdica, que brinca, permite e incentiva relações- e não imposições. A ludicidade nas propostas de dança permite que vínculo sejam recriados ou seja, que experiências sejam possibilidades, descobertas incentivadas, recombinações realizadas. Estaremos , assim, propondo que na escola trabalhemos com e eduquemos corpos cênicos lúdicos. A dança que é brincadeiras faz com que a brincadeira vire dança. (p.35)

    A dança que é brincadeira e a brincadeira que vira dança, não terá sentido se o professor não endender que brincadeira também é coisa séria. Não se pode falar de dança na educação infantil sem mencionar sua parceria com o brincar, pois a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, tornando-se uma fase muito importante na vida dos alunos, é o inicio de toda trajetótia escolar.

    Devemos ter em mente a importância de uma educação infantil que respeite as especificidades desta etapa do desenvolvimento infantil, ou seja, considerar a ludicidade como eixo diretivo de todas as práticas escolares, e isso quer dizer: a oferta de um ensino bem ludico usando de possibilidades como, brincar, dançar, cantar, falar, imaginar, experimentar, entre outras mais, além de uma escola organizada a partir dessas premissas e um projeto de formação de professores que contemple tais necessidades, é um dos caminhos para uma prática educativa inovadora e comprometida com a formação integral do ser humano.

    Em algumas língua, como no inglês (to play) e no francês ( jouer), por exemplo, usar-se o mesmo verbo para indicar tantas ações de brincar quanto os de tocar músicas. Em toda as culturas as crianças bricam com a musicas. Jogos e brinquedos musicais são transmitidos por tradição, oral persistindo nas sociedades urbanas nas quais a força da cultura de massa é muito intensa, pois são forte de vivênciar e desenvolvimento expressivo musical. Envolvendo o gesto, o movimento,o canto, a dança e o faz-de-conta, esses jogos e brincadeiras são expressão da infância. Brincar de roda, ciranda, pular corda, amarelinha etc., são maneiras de estabelecer contato consigo próprio e com outro, de se sentir único e, ao mesmo tempo, parte de um grupo, e de trabalhar com as estruturas e formas muisicais que se apresentam em cada canção e em cada brinquedo.(BRASIL/RCNEI, 1998, p.70-1, vol.3)

    O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), volume três, também prevê a dança criativa como uma dimensão expressiva e que deve ser considerada em práticas educativas:

    A dança é uma das manifestações da cultura corporal dos diferentes grupos sociais que está intimamente associada ao desenvolvimento das capacidades expressivas das crianças. A aprendizagem da dança pelas crianças, porém, não pode estar determinada pela marcação e definição de coreografias pelos adultos (p.30)

    E ainda propõe como parâmetro para o professor acerca do trabalho, do planejamento e da organização do tempo e do espaço, principalmente para as crianças de quatro e cinco ano, situações que possibilitem:

    Percepção de estruturas rítmicas para expressar-se corporalmente por meio da dança, brincadeiras e de outros movimentos.

    Valorização e ampliação das possibilidades estéticas do movimento pelo conhecimento e utilização de diferentes modalidades de dança. (p.32)

    Portanto, fica claro que o aspecto lúdico seja desenvolvido pelas crianças não apenas com finalidades de lazer, nem tão pouco utilizar das brincadeiras e danças como forma de relaxar o aluno. A proposta é fazer com que o aluno consiga um bom desenvolvimento, no qual ele cresça e torne-se um cidadão capaz de atuar num mundo em constante transformações.

3.     Considerações

    A dança tem conceitos importantes a serem discutidos de uma forma a qual todos os professores sejam alcançados, para se obterem entendimentos de como trabalhar a dança na educação infantil. Podemos constar a existência de grupos comprometidos em buscar a prática da dança no cotidiano escolar afim de refoçar desenvolvimento do ensino aprendizado. Contudo em sua maioria temos visto a dança somente em épocas festivas, sem nenhum objetivo que leve o aluno a um desenvolvimento cognitivo.

    A intenção desse estudo é buscar a reflexão da prática da dança como mais uma alternativa dentre tantas, para ajudar a fortalecer o conhecimento cognitivo, motor e afetivo das crianças na educação infantil. Há uma enorme necessidade que se organizem reuniões pedagógicas com pessoas qualificadas para falar do assunto com máxima clareza. Pois através destas reuniões objetivos sobre a dança seriam traçados dentro do contexto educacional retirando de fato a marca na qual a dança faça parte apenas da animação da festa.

    O estudo deste tema nos deixa claro através dos autores o quanto é vasto os benefícios alcançados com a dança, onde as necessidades das crianças são trabalhadas de forma diferenciadas pois elas aprendem dançando.

    Na educação infantil como base na formação tem por objetivo assistir a criança por completo, sendo assim, a equipe pedagógica deve abandonar sua zona de conforto, e se responsabilizar pela construção do conhecimento da criança, onde é valido aplicar diferentes recursos que contribuam para formação seja ela a dança, brincadeira, a musica, teatro etc. Pois sendo cada criança um ser diferente cada recurso contemplará a turma como um todo.

    Contudo é preciso superar as barreiras que supostamente é enfrentada pelos professores ao colocar a dança e outros recursos como aliados na prática pedagógica.

    Permitindo-se a dançar com seu aluno uma dança que vai muito além de passos codificados e perfeitos.

Referências

  • ANTUNES, C. Novas maneiras de ensinar. Novas maneiras de aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002

  • ARRUDA S. Arte do movimento: as descobertas de Rudolf Laban na dança e ação humana. São Paulo: PW Gráficos; Editores Associados, 1988.

  • BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de educação fundamental. Referencial curricular nacional para educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, vol.3.

  • FREINET, C. Pedagogia do bom senso 3° Ed. São Paulo: Martins Fontes 1991.

  • GARAUDY R. Dançar a vida. 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.

  • LABAN, R. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.

  • MARQUES, I. A Dançando na escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

  • MARQUES, I. A Dançando na escola. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

  • MARQUES, I. A Interações: criança, dança e escola. São Paulo Blucher, 2012 (coleção interações)

  • PIMENTA, S. G. e GHEDIN, E. (orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

  • SCARPATO, M. T. Dança educativa: Um fato em escolas de São Paulo. Cadernos Cedes, Campinas ano XXI, n. 53, abr. 2001, pp.57-68.

  • VERDERI, EB. Dança na escola: uma abordagem pedagógica. São Paulo: Phorte, 2009

Sites

  • DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA (DPLP). Disponível em: http://www.priberam.pt/DLPO/dan%C3%A7a Acesso: 19 /05/ 2014.

  • RENGEL, Lenira. Ler a dança com todos os sentidos. Disponível em: http://www.arteesociedade.com/PROCESSOSPEDAGOGICOS.htm Acesso em: 20/05/2014

  • REVISTA NOVA ESCOLA . É dançando que a gente aprende. Disponivel em: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/dancando-gente-aprende-428215.shtml Acesso em: 20/06/2014.

  • REVISTA NOVA ESCOLA. Dança Criativa. Disponivel em: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/danca-criativa-422886.shtml Acesso em 04/03/2014

  • REVISTA EDUCAÇÃO. Dança na Educação Infantil. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HaLJr0tre8c .Acesso 04/03/2014.

  • SITE SIGNIFICADOS. Disponível em: http://www.significados.com.br/danca. Acesso em: 10/04/2014.

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