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Obesidade infantil e a atividade física: 

atuação do profissional de Educação Física

Obesidad infantil y actividad física: la intervención del profesional de la Educación Física

Childhood obesity and physical activity: the professional practice of Physical Education

 

Mestre em Educação, Licenciado e Bacharel em Educação Física

Professor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – IFNMG Campus Januária

(Brasil)

Wilney Fernando Silva

wilneyfernando@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Os meios de comunicação, a industrialização, a aquisição de novos hábitos alimentares e a modernização influenciaram a prática da atividade física. Nas crianças, em especial, níveis de atividade física são muito menores comparados com os de duas décadas atrás, o que favorece muito a diminuição do gasto calórico. Assim, um dos problemas que mais são diagnosticados em virtude do sedentarismo é a obesidade infantil. Desta forma, o objetivo deste trabalho é apresentar formas de prevenção e tratamento desta doença com base a atividade física. Além disso, o presente trabalho poderá servir como fonte de pesquisa aos profissionais da área de saúde, especialmente aos profissionais da área da Educação Física.

          Unitermos: Atividade Física. Obesidade Infantil. Educação Física.

 

Abstract
         
The media, industrialization, acquisition of new eating habits and modernization influenced the practice of physical activity. In children, in particular, levels of physical activity are much smaller compared to two decades ago, which favors the reduction of caloric expenditure. So one of the problems that most are diagnosed because of the sedentary lifestyle is childhood obesity. Thus, the aim of this paper is to present ways of preventing and treating this disease based physical activity. Moreover, this work could serve as a research resource for professionals in the health field, especially professionals in the area of ​​Physical Education.
          Keywords: Physical activity. Childhood obesity. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A atividade física já se consagrou como elemento indispensável na forma de vida do ser humano. Segundo Pellegrinotti (1998, p. 23) “a ciência moderna com seus métodos de investigações tem demonstrado que a atividade física ocupa um lugar de destaque na lista de hábitos sadios”. Mas foi somente após o início dos anos noventa que a atividade física foi reconhecida formalmente como fator que desempenha um papel essencial no aprimoramento da saúde e no controle de doenças. Figueira Jr. e Rocha Ferreira (2000) consideram que a atividade física possui um grande aspecto associado à recuperação, manutenção e promoção da saúde populacional, levando a diferentes benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais.

    Sabemos, entretanto, que a orientação adequada de uma prática de atividade física, tão importante ao ser humano, foi deixada de lado em virtude de diversos fatores, tais como os meios de comunicação, a industrialização, aquisição de novos hábitos alimentares etc. Podemos observar que a atividade física da população é muito menor que anteriormente em virtude de ficar muito mais junto à televisão e computadores, o que favorece muito a diminuição do gasto calórico.

    Hoje, um dos problemas que mais são diagnosticados em virtude do sedentarismo é a obesidade. Entre as crianças, em especial, esse problema tem crescido nos últimos anos. Para Fisberg (1995, p.10) a obesidade pode ser considerada como “um acúmulo de tecido gorduroso, regionalizado ou em todo corpo, causado por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais”. A obesidade pode se classificar de dois tipos: endógena e exógena. A obesidade exógena ou nutricional reflete um excesso de gordura decorrente de um balanço positivo de energia entre a ingestão e o gasto calórico. Logo, esta é responsável por provavelmente 95% dos casos de obesidade. Os 5% restante seriam os chamados obesos endógenos.

    Conforme McArdle, Katch e Katch (2008, p. 573) “quando a obesidade se instala no início, as probabilidades desta criança se tornar um adulto obeso são três vezes maiores que para as crianças que possuem uma quantidade normal de gordura corporal”. Logo, quanto mais cedo a criança iniciar uma atividade física, menores serão as chances de ela desenvolver outras doenças decorrentes do excesso de gordura, tais como infartos, Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), problemas de colesterol alto etc. Leão (2013), aponta outros riscos para a saúde da criança obesa como: alterações ortopédicas, hipertensão arterial, distúrbios dermatológicos e respiratórios, aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos. Além disso, se a obesidade persistir na idade adulta, outras complicações podem surgir, como hérnias, varizes, coronariopatias, aterosclerose, etc.

    “A principal causa da obesidade reside no excesso de comida, mas, se ela fosse verdadeiramente um distúrbio unitário, nesse caso, a maneira mais fácil de reduzi-la, permanentemente, consistiria em limitar a ingestão dos alimentos” (McARDLE; KATCH; KATCH, 2008, p. 573). Com base nesses dados, notamos que um fator por si só não leva à obesidade, mas sim a interação entre eles. Leão (2013, p. 202) aponta fatores como “genética, ambientais, culturais, étnicos e psicossociais”. Para Guedes e Guedes (1995, p. 32)

    Um grande número de evidências científicas tem demonstrado que o hábito da prática de exercícios se constitui não apenas como instrumento fundamental em programas voltados à promoção da saúde, mas, também, na reabilitação de determinadas patologias que atualmente contribuem para o aumento dos índices de morbidade e mortalidade (GUEDES; GUEDES, 1995, p. 32).

    É importante salientar que além do possível controle da obesidade e de outros fatores de riscos cardíacos, a atividade física pode otimizar o crescimento e o desenvolvimento da criança, melhorar sua função psicomotora associada com rendimentos na aprendizagem, a socialização no e pelo esporte com adoção de hábitos favoráveis (SHEPHARD, 1995).

    Neste sentido, o presente artigo apresentará dados bibliográficos a partir de publicações de livros e artigos científicos especializados na área (BARROS; LEHFELD, 1986). O trabalho buscará, inicialmente, contextualizar a atividade física relacionada à promoção da saúde pública. Em segundo momento focaremos a obesidade infantil e apresentaremos, também, os seus malefícios, e os tipos de obesidade humana. Ao final, vamos propor formas de prevenção e tratamento da obesidade infantil por meio da prescrição de atividades físicas, prerrogativas dos profissionais da área de Educação Física.

Benefícios da atividade física e demanda energética na infância

    “A atividade física já se consagrou como elemento indispensável na forma de vida do ser humano. Atualmente, podemos perceber a existência de uma linguagem voltada para a qualidade de vida associada à prática de atividade física e à prática do esporte” (PELLEGRINOTTI, 1998, p. 23). A atividade física é definida por Guedes e Guedes (1995) como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. Mesmo utilizando alguns elementos em comum, a expressão exercício não deve ser utilizada com conotação idêntica a atividade física. A atividade física para Foss e Keteyian (2000, p. 341) “significa estar fisicamente ativo até o ponto de haver um aumento significativo no dispêndio de energia durante o trabalho, nas atividades sistemáticas da vida diária, ou por ocasião do lazer”. Inversamente, o exercício é um subtipo da atividade física, realizado habitualmente durante os períodos de lazer e com a intenção de aprimorar a aptidão física do indivíduo. Envolve habitualmente uma rotina específica e planejada de movimentos corporais.

    Pellegrinotti (1998, p. 24) afirma que

    no mundo moderno com sua tecnologia e mecanização, a prática de atividade física vem ganhando espaço fundamental na prevenção, na conservação e na melhoria dos padrões fisiológicos do ser humano. A experiência e a evidência científica confirmaram o velho princípio: a atividade constitui uma parte integral da vida humana e o homem necessita de um mínimo dessa atividade para manter-se orgânica e emocionalmente sadio.

    Ghorayeb e Barros Neto (1999, p. 249) sustentam que “análises epidemiológicas demonstram que muitos indivíduos morrem simplesmente por serem sedentários, e isto fez com que a atividade física fosse vista, em diversos países, como uma questão de saúde pública”. Apesar do gasto energético associado à atividade física ser diretamente relacionado à intensidade, a duração e a frequência com que se realizam as contrações musculares, além da quantidade de massa muscular envolvida nos movimentos corporais; e a quantidade de energia necessária à realização de uma mesma tarefa motora poderão variar de indivíduo para indivíduo, ou ainda em razão da variação do peso corporal e do índice de aptidão física num mesmo indivíduo (GUEDES; GUEDES, 1995).

    Os estudos publicados por Figueira Jr. e Rocha Ferreira (2000) demonstram que a necessidade de buscar explicações para o fenômeno (envolvimento em atividades físicas) tem estimulado a autorrelação de diferentes fatores que, direta ou indiretamente, podem influenciar a prática regular de atividade física em crianças.

    Para Ghorayeb e Barros Neto (1999) os benefícios para a saúde parecem ser proporcionais a qualquer aumento na quantidade de atividade física realizada, mesmo a informal. “Enfatizar este fato, em vez do aumento da intensidade, torna mais fácil a introdução da atividade no cotidiano do cidadão comum, já que oferece mais opções” (ibdem, p. 249). Níveis de prática de atividade física estão associados a menores índices de mortalidade em indivíduos obesos. Dessa forma, embora a prática de atividade física não consiga tornar todos os indivíduos magros, ser ativo pode apresentar importantes benefícios à saúde, ainda que permaneçam obesos.

    Segundo Ghorayeb e Barros Neto (1999, p. 249) “os mecanismos responsáveis pelos efeitos benéficos são multifatoriais, perceptíveis após período ao redor de 12 a 14 semanas de atividade física regular moderada e envolvem adaptações”: - Lipídico-hematológico: aumento do HDL-colesterol e da atividade fribrinolítica; - Cardiovasculares: redução da frequência cardíaca da pressão arterial de repouso e para esforços submáximos, além da redução de arritmias desencadeadas por estimulações adrenérgicas; - Metabólicas: aumento da tolerância à glicose e da sensibilidade dos receptores de insulina; - Ósseas: aumento da densidade óssea; - Imunológicas e psicológicas.

    Shepard (1995) cita os benefícios potenciais do exercício físico na infância: - otimização do crescimento e desenvolvimento; - melhoria da função psicomotora associada com rendimento na aprendizagem; - socialização no e pelo esporte; - adoção de hábitos favoráveis; - e possível controle da obesidade e de outros fatores de risco cardíaco.

    Guedes e Guedes (1998) afirmam que a atividade física deverá interferir na redução do peso corporal mediante adaptações que ocorrem nos campos metabólico, fisiológico e psicológico. Além da quantidade de calorias necessária para atender aos custos energéticos durante a realização dos esforços físicos, os benefícios da atividade física são: aumento da taxa metabólica de repouso; preservação da massa isenta de gordura; controle do apetite; manutenção do melhor estado psicológico; minimização dos efeitos cíclicos do sobrepeso; melhora da condição física; perfil favorável de distribuição da gordura; interferência positiva no estado de saúde independentemente da perda de peso corporal.

Etiologia e fatores de risco relacionados à obesidade infantil

    Para Leão (2013), a obesidade na criança tem sido motivo crescente de consulta nos últimos anos. Das doenças da nutrição, a obesidade é a que tem apresentado maior aumento em sua prevalência, tanto em países ricos como em países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, aproximadamente um terço da população adulta é obesa, ocorrendo o mesmo com 13% das crianças escolares e pré-escolares (LEÃO, 2013).

    McArdle, Katch e Katch (2008, p. 573) descrevem que “durante os últimos 15 anos, o peso corporal médio dos americanos aumentou em aproximadamente 3,5kg; E particularmente perturbador é que, para cerca de um em cada cinco crianças norte-americanas, a obesidade é o distúrbio mais comum”. Leão (2013) considera que cerca de 5% dos casos de obesidade pode ser decorrente de doenças genéticas ou endócrino-metabólicas, sendo denominada obesidade endógena. Peloso (1998) define a obesidade infantil pela presença de tecido adiposo maior que 25% do peso corporal total.

    Para Guedes e Guedes (1998), na raça humana a porcentagem de gordura corporal situa-se entre 15 e 18% para o sexo masculino e entre 20 e 25% para o sexo feminino. Podem ser considerados obesos os homens com percentual superior a 25% e mulheres com mais de 30%.

    Para estudiosos da área, sobrepeso e obesidade são termos distintos, embora relacionados. Sobrepeso é tido como aumento excessivo do peso corporal total, o que pode ocorrer em consequência de modificações em apenas um de seus constituintes (gordura, músculo, osso e água) ou em seu conjunto. Mas a obesidade refere-se especialmente ao aumento na quantidade generalizada ou localizada de gordura em relação ao peso corporal (GUEDES; GUEDES, 1998, p. 12).

    Fisberg (1995) registra que a maioria dos estudos epidemiológicos tem utilizado como critério diagnóstico da obesidade a relação peso/altura ou Índice de Massa Corporal (IMC), sendo considerado como obesos aqueles com a porcentagem do peso ideal acima de 120%, de acordo com dados referenciais de antropometria (curvas de crescimento) nacionais ou internacionais. Neste sentido, faz-se necessário uma abordagem precoce incluindo, em primeiro lugar, uma mudança de visão, em reconhecer a gravidade do distúrbio, uma doença crônica que exige atenção multidisciplinar.

    Segundo Peloso (1998) as causas da obesidade infantil podem ser divididas em duas grandes categorias: 1) Obesidade Primária: tem relação com fatores hereditários, hábitos nutricionais, atividade física, fatores psicológicos, circunstanciais e tipos de alimentos ingeridos. 2) Obesidade Secundária: obesidade que tem relação com: Síndrome de obesidade congênita Prader Willi, obesidade orgânica, hipotireoidismo, ovário policístico e Síndrome de Cusching. Deficiência no hormônio de crescimento, Obesidade Hipotalâmica resultante à qualquer doença afetando o hipotálamo, núcleo ventro-medial, crânio faringioma, trauma craniano, resultando em hiperfagia, substâncias que induzem a obesidade, glicocorticoides, amitribtaline e anticoncepcionais à base de phenothiazine.

    McArdle, Katch e Katch (2008, p. 573), acreditam que a “principal causa da obesidade reside no excesso de comida. Obviamente, existem outros fatores operantes como: influências genéticas, ambientais, sociais e, talvez, raciais”. As diferenças em fatores específicos também podem predispor os seres humanos para o aumento do peso corporal. Esses fatores incluem padrões alimentares e o meio ambiente, o acondicionamento dos alimentos e a imagem corporal; Incluem também diferenças na taxa metabólica de repouso; termogênese de indução dietética; nível de atividade espontânea (agitação); temperatura corporal basal; lipoproteína lipase e outras enzimas e tecido adiposo marrom metabolicamente ativo (ibdem, p. 573).

    Leão (2013) faz algumas considerações importantes sobre o assunto relatando que o fator genético é primordial, significa predisposição para engordar. O fator meio ambiente permite ou condiciona a ingestão excessiva e o baixo gasto energético; E os fatores psicossociais têm papel decisivo na instalação e, particularmente, na manutenção da obesidade, ou seja, a criança passa a encontrar no alimento uma compensação para seus problemas emocionais, condição que é muito explorada pelos próprios familiares. A obesidade pode evoluir também após distúrbios psicológicos reacionais, como estresse por cirurgias, tratamentos médicos, hospitalizações etc.; e aqueles do dia a dia de muitas famílias: ciúmes de irmãos, sentir-se pouco amado, problemas escolares, conflito entre os pais (ibdem, p. 202).

    Peloso (1998) acrescenta perigos dermatológicos, como infecções crônicas de pele (Tínea), e faz considerações pertinentes sobre o aspecto psicológico sobrecarregado, citando que as crianças obesas são: preocupadas com seu peso aumentado; passivas e com baixa performance escolar; mais susceptíveis à depressão; possuem baixa auto-estima e apresentam distúrbios no relacionamento pessoal. Ressalta ainda que, crianças obesas terão menores oportunidades em universidades e em empregos.

Formas de intervenção do profissional de Educação Física frente à obesidade infantil

    Segundo Ramos (1999) o metabolismo basal e a atividade física são as duas formas principais em que o organismo gasta energia. Aos se optar pela primeira alternativa, utilizando como único instrumento a dieta, obteremos perda de peso, mas com esse emagrecimento haverá muita perda de massa muscular associada. A diminuição do peso muscular acarreta uma diminuição do metabolismo basal. Com isso, perde-se um grande aliado no combate à obesidade. Este recurso, isto é, sem a utilização de exercícios, somente deveria ser adotado em caso de obesidade extrema.

    A linha de ação pela atividade física é hoje considerada a mais eficaz pela literatura, pois associa os benefícios de uma dieta bem elaborada com o gasto energético advindo da atividade física. Nesse caso, o peso corporal tende a se manter estável, uma vez que ganhará massa magra à medida que se perde gordura, promovendo uma profunda alteração na composição corporal. Desta forma, vamos propor o que se pode fazer com as crianças no sentido de combater a obesidade: como a atividade física poderá atuar melhorando a saúde e minimizando os efeitos deletérios da obesidade. Pois, à semelhança de uma medicação que é prescrita para tratar uma determinada enfermidade ou doença, o exercício sendo prescrito com uma freqüência cada vez maior como uma modalidade de tratamento.

    Ao prescrever o exercício, é extremamente importante levar em conta problemas como: eficácia do tratamento, segurança, dose ótima sem efeitos colaterais deletérios (por exemplo, uma lesão) e benefícios alcançáveis esperados dentro da população em geral (FOSS; KETEYIAN, 2000). No entanto, antes de dar início a qualquer treinamento com obesos, é de fundamental importância que os mesmos passem por uma avaliação médico-funcional, para que se tenha, além de uma garantia de saúde e de um padrão de comparação futuro, um ponto de partida para elaboração do treinamento.

    Para Ramos (1999) os exercícios aeróbicos cíclicos como bicicleta, corrida e remo são os melhores, pois promovem maior gasto de calorias, tendo a atividade aeróbica características marcantes como envolvimento de grandes grupos musculares, grande duração e baixa intensidade e maior gasto de gordura como substrato energético.

    O Colégio Americano de Medicina Esportiva e os Centros para Controle e a Prevenção das Doenças, após uma extensa revisão da literatura científica, fizeram uma declaração formal acerca de atividade física e saúde, que podem assim ser resumida: “todas as crianças e adultos devem acumular um mínimo de trinta minutos de atividade física moderada na maioria dos dias da semana e, preferencialmente, em todos eles” (FOSS; KETEYIAN, 2000, p. 352). Um fato bastante interessante é o de que como adaptação ao treinamento aeróbico, parece acontecer uma hipertrofia da glândula tireóide, bem como o aumento nas taxas dos hormônios T3 e T4. Esses hormônios agem no sentido de aumentar o metabolismo basal, o que é bastante interessante para quem quer emagrecer. Além disso, esses hormônios tireoideanos exercem grande influência no metabolismo das gorduras, pois, com sua ação lipolítica aumentam a quantidade de ácidos graxos livres, colocando assim a gordura disponível para ser consumida pelo organismo.

    Para que se tenha efeito de treinabilidade, em qualquer capacidade física é necessário que o indivíduo treine pelos menos três vezes semanais, sendo considerada como ideal, para o emagrecimento, uma frequência de cinco vezes por semana, devido à necessidade de se elevar o gasto calórico (RAMOS, 1999, p. 101).

    Fisberg (1995) cita que no desenvolvimento de um programa adequado de atividades físicas deve estar incluída a avaliação periódica das respostas decorrentes do exercício. Um programa de atividades físicas para crianças obesas devem conter medidas e testes apropriados, tais como: - Avaliação antropométrica (peso, altura, circunferências, diâmetros, etc.); - Avaliação de padrões neuromotores, como por exemplo os testes de força, coordenação e equilíbrio; - Avaliação da composição corporal pré e pós-período de atividades; - Testes ou medidas cardiovasculares e cardiorrespiratórias; - Avaliação postural para verificação de alterações (tronco, pernas e pés), conseqüentes da sobrecarga corporal.

    Fisberg (1995) aconselha caminhadas, natação e exercícios aeróbicos de modo geral; exercícios respiratórios; exercícios posturais (preventivos e de manutenção), principalmente durante o estirão de crescimento; exercícios de força e resistência; exercícios de coordenação motora geral e específica; exercícios de equilíbrio. E devem evitar atividades que aumentam os riscos de lesões, principalmente sobrecarga articular (saltos, mudanças bruscas de direções) e condições que provocam desconforto (calor, pouca ventilação, vestuário inadequado).

    Ao selecionar uma atividade física, deve-se considerar o atual condicionamento físico da criança e o tipo de obesidade. A atividade deve progredir de acordo com o ritmo da criança. Ao escolher a atividade, considere se a criança gostaria de exercitar sozinha (atividades como corrida, natação, andar de bicicleta) ou com outras pessoas (tênis, aula de aeróbica, esportes coletivos). Se for uma atividade coletiva, as outras pessoas podem dar incentivo para participar, além do fator motivação que a criança irá sentir.

    É interessante possuir uma série de opções de atividades. Ao mesclá-las, a criança terá escolha e variedade, o que minimizará a rotina. Devem ser levados em consideração aspectos como: - não suspender atividades físicas como modelo de punição; - os pais devem se manter fisicamente ativos, juntamente como seus filhos; - proporcionar atividades físicas nos tempos de ociosidade da criança; - enfatizar a participação prazerosa em atividades físicas que sejam facilmente realizáveis pelo resto da vida; - oferecer uma variedade de atividades adequadas para a idade e para os hábitos da criança.

    Para Barbanti (1990) há uma infinidade de atividades nas quais pessoas de ambos os sexos, inclusive crianças, podem tomar parte, atividades estas que não requerem habilidades excepcionais, coragem, equipamentos caros e sofisticados para praticá-las. “A preferência deveria ser por atividades que permitissem às crianças se ajustarem de acordo com sua característica corporal e, acima de tudo, desejo pessoal” (ibdem, p. 64).

    Atividades aeróbicas contínuas realizadas com grandes grupos musculares e que comportam um custo calórico de moderado a alto, como caminhar, correr, pular corda, subir escadas, ciclismo e natação, são os ideais. “Muitos desportos recreativos e jogos também conseguem uma redução no peso corporal. Em geral, não existe qualquer efeito seletivo da corrida, da caminhada ou do ciclismo” (McARDLE; KATCH; KATCH, 2008, p. 595). Eles ainda registram que cada um deles é igualmente eficaz no sentido de promover a perda de gordura.

    Para Brunstland (2002) é necessário planejar cidades de forma que torne possível a prática da atividade física significativa, estruturar playgrounds e parques seguros perto de todos os bairros, construir calçadas e ciclovias junto de ruas, estimular a atividade física nas escolas e nos locais de trabalho e permitir tempo para esta prática são ações importantíssimas para a prevenção da obesidade infantil e melhoria da qualidade de vida das populações.

Considerações finais

    Os hábitos alimentares e a quantidade de atividade física nos tempos atuais sofreram algumas influências em virtude da industrialização, o que tornou a vida das pessoas muito mais sedentária. Paralelamente, uma série de problemas pode desencadear com este quadro. Dentre eles, a obesidade infantil.

    De acordo com os dados apresentados, toda atividade e exercício físico devem ser prazerosos para a criança. Andar, nadar, praticar hidroginástica, ciclismo, compõem uma gama de atividades que podem fazer parte da vida de qualquer criança. Além disso, incentivos como: não ficar muitas horas em frente à televisão, ao computador, brincar em parquinhos, jogar futebol, handebol ou voleibol no horário de educação física ou em escolas de esportes, devem estar sempre presentes na convivência entre os pais e filhos.

    É importante ressaltar que, antes de iniciar uma prática esportiva ela deve ter um acompanhamento médico para que sua saúde seja avaliada. Feito isso, o profissional de educação física irá realizar uma avaliação física e oferecer várias opções de exercícios, adaptá-los, se necessário, e, principalmente, incentivar e acompanhar estas crianças cuidadosamente.

Referências bibliográficas

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