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Incidência de sintomas osteomusculares em colaboradores 

do setor de apoio de uma instituição de ensino superior

La incidencia de síntomas osteomusculares en empleados del sector de apoyo de una institución de enseñanza superior

Incidence of musculoskeletal sector employees in support of an institution of higher education

 

*Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu – Uniguaçu. União da Vitória – PR

**Especialista em Fisioterapia Desportiva – Universidade do Contestado - UnC. Porto União – SC

***Educador Físico. Universidade do Contestado – UnC. Porto União – SC

****Universidade do Vale do Itajaí – Univali. Itajaí – SC

*****Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente - Professor do Programa 

de Mestrado em Desenvolvimento Regional - Universidade do Contestado – UnC

Porto União – SC

(Brasil)

Ernani Carmelindo dos Santos*

Marcos Tadeu Grzelczak**

Valderi Abreu de Lima***

William Cordeiro de Souza***

Wallace Bruno de Souza****

Luis Paulo Gomes Mascarenhas*****

professor_williamsouza@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A presente pesquisa teve como principal objetivo verificar a incidência de sintomas osteomusculares em colaboradores do setor de apoio de uma instituição de ensino superior. Os participantes da pesquisa foram todos do sexo feminino, com média de idade de 38,6 ± 8,70 anos e carga horária de serviço de 8 horas diárias. O instrumento usado para coleta de dados foi o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Foi possível verificar que o sintoma mais apresentado entre as trabalhadoras é a dor na região lombar. No desenvolvimento desse estudo pode-se notar que as doenças osteomusculares podem ser um fator agravante na vida dos trabalhadores, podendo interferir diretamente no desempenho e na qualidade de vida dessas pessoas. Muitas doenças ainda não possuem uma etiologia exata, acredita-se que uma de suas possíveis causas são associadas a alguns fatores como esforços repetitivos, o próprio envelhecimento dos tecidos, patologias reumáticas associadas, entre outros fatores específicos de suas doenças que foram descritos na pesquisa.

          Unitermos: Doenças osteomusculares. Dor lombar. Incidência. Trabalhadores. Esforço repetitivo.

 

Abstract

          This study aimed to determine the incidence of musculoskeletal symptoms in employees of sector support of a higher education institution. The study participants were all female, mean age 38.6 ± 8.70 years and workload of service 8 hours a day. The instrument used for data collection was the Nordic Musculoskeletal Questionnaire. It was possible to verify that the symptom appears among workers is pain in the lumbar region. In the development of this study can be noted that musculoskeletal disorders may be an aggravating factor in the lives of workers, which may directly interfere in the performance and quality of life of these people. Many diseases do not have an exact etiology, it is believed that one of its possible causes are related to factors such as repetitive strain, the aging of the tissues, associated with rheumatic diseases, among other factors specific to their diseases have been described in the research.

          Keywords: Musculoskeletal Diseases; Back Pain; Incidence; Workers; Repetitive Strain.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, o trabalhador vive-se em um mercado de trabalho competitivo, ao mesmo tempo em que o mesmo pode trazer satisfação pessoal, também pode induzir um desgaste físico e emocional. Diariamente são realizados grandes esforços físicos associados ao estresse vivido no dia-a-dia do trabalho, influenciando diretamente na saúde e na vida de uma parte desses trabalhadores.

    Movimentos executados com cargas extenuantes ou até mesmo sem cargas, mas realizados repetidamente todos os dias, tem desencadeado sintomas osteomusculares que muitas vezes são consideradas de pouca importância, principalmente quando se apresentam de forma leve, passando até despercebidos, mas que futuramente vão trazer prejuízos ao trabalhador e ao local em que ele trabalha (BRANDÃO, HORTA e TOMASI, 2005).

    Segundo Conforme Batiz, Nunes e Licea (2013) os sintomas musculoesqueléticos consistem em qualquer anormalidade temporária ou permanente do sistema musculoesquelético, resultando em dor ou desconforto.

    A má postura adquirida em função do local de trabalho somada à forma errônea de realizar os movimentos exigidos são fatores que influenciam de forma negativa para o aparecimento de sintomas osteomusculares, desencadeando dor e impossibilidade de realizar algumas tarefas (MAGNAGO et al, 2007).

    As patologias que possuem maior incidência no trabalho são as bursites, tendinites, síndrome do ombro congelado, síndrome do impacto, epicondilites, tenossinovite, síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, cervicalgias, dorsalgias, lombalgias, fibromialgia (CASTRO, 2005).

    No setor de apoio, os trabalhadores estão sujeitos a desencadear esses sintomas como em qualquer outro setor de trabalho, devido às tarefas repetidas de membros superiores e inferiores, flexão de tronco, até mesmo a má postura e atividades que envolvam o transporte de carga executado no decorrer de sua atividade. A presente pesquisa teve como principal objetivo verificar a incidência de sintomas osteomusculares em colaboradores do setor de apoio de uma instituição de ensino superior.

Metodologia

    A pesquisa é caracterizada como um levantamento de incidência, verificando de forma qualitativa e exploratória, a incidência de sintomas osteomusculares, detectados através da aplicação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares – QNSO, versão brasileira traduzida e validada por Pinheiro, Tróccoli & Carvalho (2002), para determinar qual a incidência de sintomas osteomusculares em trabalhadores do setor de apoio, de uma Instituição de Ensino Superior.

    A amostra foi composta por 12 voluntários do sexo feminino com média de Idade de 38,6 ± 8,70. A média de tempo em que exercem o trabalho de limpeza foi de 2 anos e 4 meses ± 0,29. , sendo a carga horária de 8 horas diárias.

    O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Integradas do Vale do Iguaçu – Uniguaçu, sob-registro CEP/Uniguaçu: 09/2009. Todos os sujeitos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (Resolução n. 196/96 no Conselho Nacional de Saúde) de acordo com as normas do comitê de ética da instituição, conforme a declaração de Helsinki.

    Para a análise dos dados foram utilizados à estatística descritiva: Média, desvio padrão (dp), frequência percentual (%). Os dados foram analisados através do pacote estatístico BioEstat 5.0.

Análise dos resultados

    O gráfico 1 demonstra a porcentagem de pessoas que apresentaram problemas como dor, desconforto ou parestesia nos últimos 12 meses.

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    Gráfico 1. Porcentagem de pessoas que apresentaram problemas como dor, desconforto ou parestesia nos últimos 12 meses.

    O gráfico 2 demonstra a porcentagem de pessoas que apresentaram problemas como dor, desconforto ou parestesia nos últimos sete dias.

Gráfico 2. Porcentagem de pessoas que apresentaram problemas como dor, desconforto ou parestesia nos últimos 7 dias

    O gráfico 2 revela que nos últimos sete dias anteriores da pesquisa, a porcentagem de pessoas que apresentaram sintomas dolorosos continuou alta, sendo a região lombar novamente a que mais se destacou entre as áreas afetadas.

    A diferença na porcentagem de pessoas afetadas na região lombar entre os últimos 12 meses (gráfico 1) e 7 dias (gráfico 2) foi de 16,67%, mostrando uma relativa queda no numero de pessoas que apresentaram este sintoma. O gráfico 3 demonstra a porcentagem de pessoas que foram impedidas de realizar seu trabalho nos últimos 12 meses.

Gráfico 3. Porcentagem de pessoas que foram impedidas de realizar seu trabalho nos últimos 12 meses

    O gráfico 3 apresenta que apenas 8,33% dos entrevistados foram impedidos de realizar suas atividades nos últimos 12 meses, apresentando problemas nos braços e cotovelos. A porcentagem de pessoas que não foram impedidas de trabalhar nos últimos 12 meses foi de 91,67% dos entrevistados. O gráfico 4 nos mostra a porcentagem das pessoas que apresentam algum tipo de sintoma doloroso e acreditam que este seja relacionado com o trabalho que realizam.

Gráfico 4. Porcentagem das pessoas que apresentam algum tipo de sintoma doloroso e acreditam que este seja relacionado com o trabalho que realizam

    O gráfico 4 destaca 30,77% apresentam sintomas dolorosos na região cervical; 7,70% apresentam sintomas dolorosos no ombro; 23,08% apresentam sintomas dolorosos nos braços; 15,38% apresentam sintomas dolorosos no cotovelo; 7,70% apresentam sintomas dolorosos no punho/mãos/dedos e 23,08% apresentam sintomas dolorosos na região lombar. Todos acreditam estar relacionado o sintoma doloroso com o trabalho em que realizam.

Discussão

    O sintoma mais apresentado entre as trabalhadoras do setor de apoio foi na região lombar, representando a maior porcentagem em relação a outras regiões anatômicas.

    Conforme Martins e Felli (2013) a dor lombar tem sido bastante estudada entre os profissionais da saúde, sendo resultado de traumas cumulativos. As lesões dorsais ocupacionais ocorrem mais frequentemente quando é realizado o cuidado direto ao paciente, durante a mobilização e transporte dos mesmos.

    A dor lombar é geralmente resultante de esforços intensos, sendo raro o acometimento devido a algum trauma. Entre os fatores ocupacionais em que podem apresentar algum tipo de sintoma na região lombar estão: trabalho pesado, movimentos de inclinar e girar o tronco frequentemente, trabalho repetitivo, levantar, empurrar e puxar, posturas de trabalho estáticas, entre outras (COX, 2002).

    Segundo Batiz, Nunes e Licea (2013) o excesso de carga de trabalho pode favorecer ou agravar os sintomas musculoesqueléticos, mais ainda em atividades altamente repetitivas e de sobrecarga dos membros superiores e da coluna vertebral, Abreu al et (2007) apresentam em seu estudo que a região lombar é a mais afecção musculoesqueléticas encontras em trabalhadores.

    Como destaca Mango et al (2012) está afirmação pode ser confirmada por meio de uma análise ergonômica do ambiente ocupacional onde essas mulheres estão inseridas. Sendo assim, Hamill e Jnutzen (1999) acrescentam que podem ocorrer lesões lombares que levam a dor, decorrente do levantamento de peso associado à postura errônea. Força muscular e flexibilidade também podem ser causadores de dor lombar, uma banda iliotibial ou a musculatura isquiotibial encurtada pode desencadear a dor lombar.

    Segundo Whiting e Zernicke (2001) a dor lombar resulta em inúmeras causas, incluindo anormalidades estruturais, uso excessivo crônico e traumatismo. Duas condições especificas que acometem especialmente as populações jovens e atléticas são a espondilose e a espondilolistese.

    As cargas fisiológicas relacionadas ao trabalho de colaboradores do setor de apoio incluem o esforço físico pesado, decorrente do levantamento e manipulação de pesos, a posição de trabalho incômoda, pelo trabalho em pé por longos períodos e alternância dos turnos, não podendo se afirmar, mas esses fatores devem ter contribuído diretamente para essas complicações encontradas nas mulheres avaliadas.

    Todas as participantes do presente estudo apresentaram algum tipo de sintoma osteomuscular, Martarello e Benatti (2009) sustentam que possivelmente essas mulheres exercem trabalho doméstico, configurando aí a dupla jornada de trabalho, acarretando sobrecarga de trabalho e desgaste físico e mental. Essa dupla jornada pode influencia diretamente na qualidade de vida dessa população.

    Segundo Helfestein Júnior (2007) as atividades domésticas com vários movimentos repetitivos, como lavar roupa, lavar louça, entre outras, podem agravar o agravar o quadro de dor osteomuscular.

    Todavia, Martins e Felli (2013) justificam que essa maior incidência de sintomas no sexo feminino, pode estar relacionada por questões hormonais, falta de preparo muscular para determinadas tarefas e também pelo aumento de mulheres no mercado de trabalho.

    Em estudo realizado por Mango et al (2012) com professores da cidade de Matinhos (PR) os mesmos verificaram que 91% dos entrevitados apresentaram algum tipo de distúrbio osteomuscular. Os mesmos também encotraram em seu estudo que a região lombar apresentou a maior incidencia com 51,5%, dos avaliados. Apesar da região lombar ter sido a mais atingida, a maior parte dos acometimentos se deu na parte superior do corpo atigindo a região dorsal e ombro com 49,2%, pescoço em 49,2%, e punhos, mãos e dedos em 42% dos participantes. Somente o cotovelo apresentou um baixa incidencia, com 11,9%.

    No estudo de Martins e Felli (2013) realizado com estudantes de enfermagem, que totalizaram 320 pessoas, verificaram que os avaliados relataram ter pelo menos um sintoma musculoesquelético nos últimos 12 meses. O segmento corpóreo mais afetado foi o pescoço (74,5%), seguido pela região inferior das costas (68,62%) e ombros (64,7%).

    Esses distúrbios estão despertando a atenção de pesquisadores que estão preocupados com questões relativas à saúde e ao trabalho, em virtude do custo e do impacto na qualidade de vida. Desde os anos 80, esses sintomas começaram a se destacar no Brasil, tornando-se um grande problema de saúde pública (MANGO, et al 2012). O sedentarismo, associado ao pouco tempo de descanso e a grande jornada de trabalho, contribui para o surgimento de agravos relacionados à saúde (MARTINS E FELLI, 2013).

    Conforme Pinheiro, Tróccoli e Carvalho (2002) destacam que os exercícios físicos regularmente apresentam bons níveis de severidade de sintomas musculoesqueléticos menores que aquelas pessoas que não praticam atividade física, sendo que os exercícios físicos praticados regularmente poder ser um grande aliado para a prevenção e até mesmo na redução desses sintomas.

    Carvalho e Alexandre (2007) corroboram em seus achados e apresentam que a não realização de exercícios físicos podem estar relacionadas por falta de tempo ou pela dupla jornada de trabalho ou muitas vezes por questões socioeconômicas.

    Mais estudos precisam ser realizados com o intuito de entender qual a relação entre o trabalho pesado e os sintomas musculoesqueléticos, para serem utilizados como parâmetros na melhora da saúde e qualidade de vida dos colaboradores do setor de apoio.

Conclusão

    No desenvolvimento desse estudo pode-se notar que as doenças osteomusculares podem ser um fator agravante na vida dos trabalhadores, podendo interferir diretamente no desempenho e na qualidade de vida dessas pessoas. Muitas doenças ainda não possuem uma etiologia exata, acredita-se que uma de suas possíveis causas são associadas a alguns fatores como esforços repetitivos, o próprio envelhecimento dos tecidos, patologias reumáticas associadas, entre outros fatores específicos de suas doenças.

    Utilizando o QNSO foi possível chegar a um resultado em que o sintoma que apresentou maior incidência entre as funcionárias do setor de apoio foi dor em região lombar, também conhecida como lombalgia (dor na região lombar).

    É nítido nessa população que eles estão suscetíveis a desenvolver dor lombar, sendo que uma das possíveis causas pode ser a relação com movimentos repetitivos de flexão de tronco, inclinação, levantamento de peso. Atividades como varrer, passar pano no chão, carregar baldes pesados, inclinar-se para recolher o lixo, entre outras atividades realizadas pelas trabalhadoras, exigem um grande esforço de todas as estruturas da região posterior da coluna lombar.

    Possivelmente esses movimentos repetitivos devem ter influenciado diretamente para essas complicações, pois além da região lombar ser a mais destacada os sintomas dolorosos estavam presentes em outras regiões anatômicas de grande parte das trabalhadoras.

Referências

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