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Comparação da agilidade em idosas praticantes 

e não praticantes de hidroginástica

Comparación de la agilidad en personas mayores practicantes y no practicantes de gimnasia acuática

 

*Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU - MG)

Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB – DF)

Prof. Assistente na Universidade do Estado da Bahia (UNEB/DEDC XII) e Pesquisador

da Linha de Estudo, Pesquisa e Extensão em Atividade Física-LEPEAF/UNEB Campus XII

**Graduada em Educação Física pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB/DEDC XII)

Graduado em Educação Física pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB/DEDC XII)

(Brasil)

Luiz Humberto Rodrigues Souza*

luizhrsouza21@yahoo.com.br

Anne Karina Fernandes**

annefernandes.gbi@hotmail.com

Ercilino Paulo Pereira Filho**

ercilinopaulo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi comparar o desempenho da agilidade entre mulheres idosas praticantes e não praticantes de hidroginástica. A amostra foi constituída por 25 mulheres, escolhidas por conveniência e de forma voluntária, sendo que 11 praticavam regularmente hidroginástica há 3,04±2,26 anos (GH) e 14 não realizavam qualquer tipo de atividade física (GC). A amostra foi submetida a uma avaliação antropométrica, na qual foi obtida a estatura e a massa corporal. Em seguida, foi avaliada a agilidade utilizando o teste de “shuttle run”. Foi realizada uma análise exploratória dos dados através da freqüência absoluta e percentual para as informações de cunho pessoal. Para descrever as variáveis antropométricas e o resultado do teste ‘shuttle run’ foi utilizada a média e desvio padrão. Para comparar a diferença de tempo da agilidade entre o grupo controle e o grupo da hidroginástica foi utilizado o teste “t” para amostras independentes. O nível de significância adotado foi p<0,05. Verificou-se que a ocupação funcional mais indicada pelas voluntárias do estudo foi ‘dona de casa’, porém outras ocupações também foram indicadas. O principal motivo que induziu as voluntárias do grupo hidroginástica a procurar essa atividade física foi a indicação médica. A principal doença apresentada pelas voluntárias (GC ou GH) foi a hipertensão. Quanto à agilidade, principal variável desse estudo, pode-se verificar que os valores médios obtidos pelo GH e GC não apresentaram diferença significativa (p>0,05).

          Unitermos: Envelhecimento. Agilidade. Hidroginástica. Idosas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 194 - Julio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é um processo natural do organismo que começa desde o momento da concepção e não se restringe somente a um processo unilateral, mas na soma de várias ações entre si, as quais envolvem os aspectos biopsicossociais (MEIRELLES, 1997). Compreender o processo de envelhecimento traduz transcrever os efeitos deletérios que podem ocorrer no organismo humano durante a sua senescência, reconhecendo a sua complexidade que se enlaça ao ciclo biológico e se relaciona com questões sociais e psicológicas. De acordo com Okuma (1998, p. 13), “falar sobre velhice é falar sobre algo complexo que resulta da mútua dependência entre os aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais que interagem no ser humano. Na velhice, esses diferentes aspectos se impõem”.

    Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “estima-se que em 2025 o Brasil terá a sexta maior população de idoso do mundo”. Discutir e correlacionar essas decorrências à atividade física, saúde, qualidade de vida e envelhecimento, significa oportunizar ao idoso melhor capacidade funcional de movimento, pois o movimento é inerente ao ser humano e este para viver melhor precisa movimentar-se mais em função da sua autonomia e crescente expectativa de vida. Observa-se que a atividade física oferece recursos decisivos e positivos na prevenção e promoção da saúde para os idosos, na medida em que respeita os limites da sua plasticidade individual e oportuniza a liberdade de movimento e autonomia.

    Sendo assim, os benefícios que a atividade e o exercício físico promovem ao corpo são visivelmente apontados em todas as fases da vida, em especial na terceira idade, em que mudanças na estrutura fisiológica tornam-se decrépitas acometendo todos os sistemas funcionais do corpo, expondo-o às fragilidades que se trabalhadas, tornam-se menos visíveis durante o envelhecimento.

    Neste cenário, a hidroginástica tem ganhado espaço a cada dia na vida dos idosos por ser uma atividade que causa baixo impacto nas articulações e também pelo prazer de uma atividade no meio líquido. Para Sova (1998), “a hidroginástica é uma união de exercícios aeróbicos e localizados, alongamento e relaxamento, realizados dentro da água”. A resistência natural da água multiplica o esforço exigido na realização dos movimentos, mas não oferece o perigo de lesões. Ela proporciona para os idosos vários benefícios como: mantém ou aumenta a capacidade pulmonar; diminui a sobrecarga nas articulações; mantém a funcionalidade do sistema cardiovascular, muscular e ósseo ligamentar; melhora as capacidades motoras (MAZO, LOPES, BENEDETTI, 2001).

    Sova (1998) relata que a hidroginástica é uma excelente atividade física para os idosos, mesmo para aqueles que desenvolvem uma atividade física há muito tempo. Dentre as capacidades físicas da aptidão, a agilidade é uma das que sofre sensíveis alterações de decadência com o envelhecimento, podendo contribuir para a debilidade na aptidão funcional do idoso, interferindo em suas atividades cotidianas e conseqüentemente, prejudicando sua autonomia e qualidade de vida. A agilidade é definida como “a capacidade que se tem para mover o corpo no espaço o mais rápido possível; muitos estudiosos consideram a agilidade como sinônimo de velocidade de troca de direção” (MATSUDO, 2004). Para Sharkey (1998), a agilidade é a capacidade de mudar de posição e direção rapidamente, com precisão e sem perda de equilíbrio; ela depende de força, velocidade, equilíbrio e coordenação motora.

    Andreotti e Okuma (1999) criaram e validaram uma bateria de testes motores relacionados às atividades da vida diária, voltados para a população fisicamente independente. Um dos testes presente nesta bateria foi “sentar e levantar-se da cadeira e locomover-se pela casa”, cujo objetivo era avaliar a capacidade do idoso para sentar-se, levantar-se e locomover-se com agilidade e equilíbrio, em situações da vida como, por exemplo, entrar e sair do carro, sentar e levantar em bancos de ônibus, levantar-se rapidamente para atender a campainha. Considerando essa prerrogativa, o objetivo desse estudo foi comparar o desempenho da agilidade em mulheres idosas praticantes e não praticantes de hidroginástica.

Metodologia

Delineamento da pesquisa

    Esta pesquisa teve um caráter quantitativo e explicativo, cuja coleta de dados aconteceu mediante uma pesquisa de campo (THOMAS, NELSON e SILVERMAN, 2007).

Local

    A pesquisa foi realizada em uma academia de hidroginástica do município de Guanambi (grupo de hidroginástica) e em uma residência com espaço amplo para a realização dos testes, localizada no bairro centro deste mesmo município (grupo controle). Os responsáveis pelos locais assinaram um termo de autorização para permitir a coleta de dados.

População e amostra

    A população deste estudo correspondeu a 30 mulheres idosas praticantes de hidroginástica em uma academia localizada no centro da cidade de Guanambi/BA, bem como mulheres idosas não praticantes de atividade física regular, residentes na área circunvizinha desta academia.

    A amostra foi constituída por 25 mulheres idosas, escolhidas por conveniência e de forma voluntária, sendo que 11 praticavam regularmente hidroginástica há 3,04±2,26 anos (GH) e 14 não realizavam qualquer tipo de atividade física (GC). O GH freqüentava as aulas três vezes por semana, sendo que a sessão tinha 60 minutos de duração. Todas as voluntárias assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

    Os critérios de para a inclusão das voluntárias foram:

  • Ser do sexo feminino;

  • Ter idade igual ou superior a 60 anos;

  • Praticar regularmente a modalidade hidroginástica há pelo menos um ano;

  • A voluntária deve se prontificar a participar do estudo, ficando ao seu critério a desistência quando achar conveniente.

Instrumentos para a coleta de dados

    Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes materiais: uma anamnese que continha perguntas de cunho pessoal; um cronômetro da marca HERWEG; fita crepe; trena; dois blocos de madeira com 5 centímetros de altura, 5 centímetros de largura e 10 centímetros de comprimento; estadiômetro de plástico; balança digital Glass 20.

Procedimentos para a coleta de dados

    Inicialmente, foi explicado para as participantes o objetivo da pesquisa. Em seguida, foi preenchida a anamnese de cada voluntária. A amostra foi submetida a uma avaliação antropométrica, na qual foi obtida a estatura por meio de um estadiômetro, de um metro e meio de cumprimento, fixado na parede a 30 cm do chão e a massa corporal através da balança digital Glass 20.

    Posteriormente, foi avaliada a agilidade utilizando o teste de “shuttle run” seguindo a padronização descrita por Stanziola e Prado apud Matsudo (2004). Foram traçadas duas linhas no solo com fita adesiva distantes 9,14 metros, medidos a partir de seus bordos externos. Foram colocados os dois blocos de madeira a 10 centímetros da linha externa, separados entre si por um espaço de 30 centímetros. As voluntárias colocaram-se em afastamento ântero-posterior das pernas, com o pé anterior o mais próximo da linha de saída e ao comando “Atenção! Já” cada avaliada correu à máxima velocidade até os blocos, pegou um deles e retornou ao ponto de partida, colocando-o no chão atrás da linha. Sem interromper a corrida foi em busca do segundo bloco, sendo que o cronômetro foi parado quando a voluntária colocou o último bloco no chão e um dos pés na linha de chegada. Foram realizadas duas tentativas com intervalo de pelo menos dois minutos e considerado como resultado o menor tempo de percurso, precisado em segundos.

Análise dos dados

    Foi realizada uma análise exploratória dos dados através da freqüência absoluta e relativa (percentual) para as informações de cunho pessoal. Para descrever as variáveis antropométricas e o resultado do teste ‘shuttle run’ foi utilizada a média e desvio padrão. Para comparar a diferença de tempo da agilidade entre o grupo controle e o grupo da hidroginástica foi utilizado o teste “t” para amostras independentes. O nível de significância adotado foi p<0,05. O software utilizado foi o SPSS 19.0 for Windows.

Resultados e discussão

    Abaixo, encontram-se descritos os principais resultados desse estudo. Foram analisadas 25 mulheres idosas, sendo que 11 praticavam hidroginástica a 3,04±2,26 anos e 14 não praticavam atividade física regular (GC).

    A tabela 1 apresenta a freqüência absoluta e percentual das ocupações funcionais mais indicadas na anamnese, tanto do grupo hidroginástica quanto do grupo controle, no momento da coleta de dados.

Tabela 1. Ocupação funcional das voluntárias

    De acordo com a tabela acima, observa-se que para ambos os grupos a ocupação funcional mais indicada foi ‘dona de casa’, porém é importante evidenciar que outras ocupações como bordadeira, auxiliar administrativa, enfermeira e professora também foram indicadas, porém em menor quantidade. A preocupação desse estudo foi comparar a agilidade em mulheres idosas que praticam ou não a hidroginástica. Isso é muito importante, pois pelo exposto acima, dá para notar que a maioria realiza muitas atividades domésticas, que por sua vez dependem da agilidade, uma vez que segundo Rigo (1977), “agilidade é a movimentação do corpo no espaço, ou seja, movimentos que incluam trocas de sentido e direção”.

    A tabela 2 apresenta os principais motivos que induziram as voluntárias do grupo hidroginástica (n=11) a procurar essa atividade física.

Tabela 2. Motivos que induziram a busca pela hidroginástica

    Segundo Nóbrega et al (2002) os benefícios da hidroginástica são muitos, entre eles se destacam: regular e melhorar a força e massa muscular e também a flexibilidade, aumento do VO2máx, melhor circulação, redução do peso corporal. Entretanto, observa-se que a indicação médica (54,54%) ainda tem exercido forte influência sobre essa procura.

    A tabela 3 apresenta as principais doenças apresentadas pelas voluntárias. Neste item da anamnese, cada idosa poderia assinalar quantas doenças estivesse associada ao seu estado de saúde atual. Sendo assim, ao totalizar a freqüência absoluta de cada grupo (GH ou GC), há possibilidade da soma não corresponder ao total de cada classe.

Tabela 3. Doenças apresentadas pelas voluntárias durante o preenchimento da anamnese

    Conforme a tabela 3 nota-se que para os dois grupos a hipertensão prevaleceu sobre as demais doenças. O estudo de Carvalho et al (2012) visou identificar as respostas da pressão arterial de mulheres adultas, normotensas (n = 10) e hipertensas (n = 10), fisicamente ativas após uma sessão de hidroginástica. As pressões arteriais foram aferidas 5 minutos antes da entrada na piscina, logo após o término da aula (dentro da água) e após 15, 30, 45 e 60 minutos do fim desta. Os resultados demonstram elevação de PAS, PAD e PAM do repouso até imediatamente após a atividade, iniciando sua redução alguns instantes após o exercício até o período de 60minutos, ficando mais evidente a hipotensão pós-exercício nas hipertensas. Através desta pesquisa confirmou-se, portanto, a importância da prática orientada, sistemática e contínua de uma atividade física, principalmente em meio aquático, tanto por indivíduos normotensos quanto hipertensos, haja vista os benefícios obtidos com relação à diminuição dos níveis pressóricos.

    O principal objetivo desse estudo foi comparar o desempenho da agilidade em mulheres idosas praticantes e não praticantes de hidroginástica. Sendo assim, a tabela 4 apresenta os valores médios e desvios padrão obtidos pelo GH e GC no teste ‘shuttle run’, bem como para a variáveis antropométricas.

Tabela 4. Valores médios e desvios padrão da idade, massa corporal, estatura, IMC e teste ‘shuttle run’ do grupo controle e do grupo hidroginástica

IMC = índice de massa corporal; p>0,05.

    Almeida, Veras e Doimo (2010) objetivaram avaliar e comparar o equilíbrio estático e dinâmico e valências neuromotoras relacionadas aos mesmos, em 59 mulheres idosas, praticantes de hidroginástica (n=31) e ginástica (n=28). Em relação as variáveis antropométricas, pode-se notar que o grupo de hidroginástica mantem características semelhantes para a idade (69,32±6,57 anos) e estatura (1,54±4,61 metros), porém a massa corporal foi mais discrepante (65,39±10,76 Kg).

    De acordo com a tabela 4 pode-se verificar que os valores médios obtidos pelo GH e GC não apresentaram diferença significativa (p>0,05). Entretanto, em relação a agilidade, pode-se notar que o GC apresentou uma tendência de melhor desempenho que o GH. Isso pode ser justificado pela não avaliação de outros hábitos cotidianos das voluntárias que podem influenciar na agilidade; e principalmente pelo tamanho das amostras que reduziu, indubitavelmente, o intervalo de confiança estatístico.

    Matsudo (2004) apresentou os valores médios de referência, em média e desvio padrão, do teste ‘shuttle run’ de acordo com a idade cronológica em mulheres fisicamente independente: 60-69 anos: 18,9±3,1 seg. e 70-79 anos: 21,3±4,0 seg. Nota-se que todas as voluntárias (GC e GH) apresentaram tempo superior aos valores referendados por Matsudo (2004); podemos sugerir que tal metodologia implementada na aula não é eficaz.

    O estudo de Castro et al. (2008) teve como objetivo observar o efeito da pratica de hidroginástica em variáveis neuromusculares em 12 mulheres com idade entre 44 e 59 anos durante um período de 8 semanas. Antes e após a intervenção, foram realizadas avaliações para a potência de membros inferiores e superiores, a agilidade e flexibilidade. Os resultados demonstraram melhoras significativas para todas as variáveis, exceto na potência de membros inferiores. Concluíram que a hidroginástica causa adaptações positivas nas variáveis neuromusculares em mulheres em fase de envelhecimento. Nota-se que a faixa etária diferencia-se do presente estudo, porém tal estudo conseguiu mostrar os benefícios da hidroginástica para variáveis neuromusculares.

    O estudo de Oliveira et al. (2001) teve como objetivo verificar o efeito de um programa de treinamento de Tai Chi Chuan nas variáveis antropométricas e neuromotoras em mulheres adultas e sedentárias. O grupo foi submetido a um programa de treinamento (durante 3 meses) de Tai Chi Chuan, que consistia de aulas do estilo yang, realizadas uma vez por semana, com duração média de 40-50 minutos durante um período de três meses. Especificamente em relação à agilidade foi utilizado o teste ‘shuttle run’ para coletar os dados; os resultados mostraram que antes da intervenção o tempo médio do grupo foi de 21,7±3,3 seg., e após a intervenção o tempo médio reduziu para 20,9±3,1 seg. Embora o presente estudo tenha não tenha comparado o efeito do treinamento de um exercício físico, houve a preocupação em comparar o desempenho da agilidade entre mulheres que praticam ou não a hidroginástica, sem levar em consideração a metodologia das aulas aplicadas.

Considerações finais

    Após a análise dos dados, pode-se verificar que a ocupação funcional mais indicada pelas voluntárias do estudo foi ‘dona de casa’, porém outras ocupações também foram indicadas. O principal motivo que induziu as voluntárias do grupo hidroginástica a procurar essa atividade física foi a indicação médica. A principal doença apresentada pelas voluntárias (GC ou GH) foi a hipertensão. Quanto à agilidade, principal variável desse estudo, pode-se verificar que os valores médios obtidos pelo GH e GC não apresentaram diferença significativa (p>0,05). Acredita-se que o tamanho amostral tenha exercido forte influência nestes resultados.

Referências

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