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Estudo comparativo do perfil ventilatório em praticantes

de musculação, ginástica aeróbica e não-praticantes

Estudio comparativo del perfil ventilatorio en pacientes de musculación, gimnasia aeróbica y no practicantes

 

*Fisioterapeuta

**Fisioterapeuta. Professor da Universidade Federal

do Vale do São Francisco, UNIVASF

***Fisioterapeuta e Educador Físico

Professor da Universidade Tiradentes, UNIT

(Brasil)

Alan dos Santos Fontes*

Carlos Dornels Freire de Souza**

Paulo Rogério Cortês Leal***

cdornells@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Exercícios físicos utilizam-se dos metabolismos anaeróbio e aeróbio, bem como de fases intermediárias. Volumes, capacidades pulmonares e força muscular respiratória são parâmetros que podem indicar o nível de aptidão física do indivíduo. O objetivo deste estudo foi comparar o perfil ventilatório em praticantes de musculação, musculação associado à ginástica aeróbica e não-praticantes em mulheres jovens. Foram estudadas 24 mulheres divididas entre os três grupos estudados. O volume corrente médio, frequência respiratória, volume minuto e Índice de Tobin foram obtidos utilizando o ventilômetro, já as pressões inspiratória e expiratória máximas foram obtidas utilizando o manovacuômetro analógico. Para análise estatística, foram utilizados os testes Shapiro Wilk, análise de variância one way e Friedman. Não foi constatada diferença estatisticamente significativa entre os grupos estudados, embora ficasse evidenciada a existência de uma tendência favorável de melhores resultados antropométricos e ventilatórios para os grupos praticantes de exercício físico.

          Unitermos: Ginástica. Musculação. Ventilação.

 

Abstract

          Physical exercises are used for aerobic and anaerobic metabolism, as well as intermediate phases. Volume and lung capacity and respiratory muscle strength are parameters that can indicate the level of physical fitness of the individual. The objective of this study was to compare the ventilatory profile in bodybuilders, bodybuilding and aerobics gymnastics associated with non-practitioners in young women. We studied 24 women divided among the three groups. The tidal volume, respiratory rate, minute volume and Tobin index were obtained using the spirometer, already the maximum inspiratory and expiratory pressures were obtained using the analog manometer. Stastistical analysis test were used, Shapiro Wilk, one-way analysis of variance and Friedman. There was no statistically significant differences between groups, though he was shown the existence of a favorable trend for better outcomes for groups engaged in regular exercise.

          Keywords: Gymnastics. Bodybuilding. Ventilation.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Já é sabido que atividade física afeta o consumo de oxigênio (O2) e a produção de dióxido de carbono (CO2) mais que qualquer outra forma de estresse, auxiliando na difusão do O2 dos alvéolos para o sangue (MCARDLE et al., 1992). A resposta ao exercício físico depende de fatores exógenos, os quais englobam o tipo de treinamento, o clima da região e a alimentação, e fatores endógenos, como o perfil antropométrico, a capacidade de captação de O2, o nível de condicionamento físico, o estado nutricional, o gênero e o conteúdo inicial das reservas corporais de substrato energético. Esses fatores podem interferir na sequência e na velocidade da ativação dos sistemas de fornecimento de energia. Merece destaque ainda a influência do modo de vida e das características genéticas (WEINECK, 1999; ROGATTO, 2004).

    É de substancial importância o incentivo à prática de exercícios físicos como fator determinante para a saúde e o bem-estar dos indivíduos. No entanto, o modo como se pratica o exercício, a via energética utilizada, os mecanismos de adaptação e a biodispondibilidade de O2 são fatores essenciais no rendimento do praticante (VALADO; PEREIRA, 2009).

    Treinamento é definido como um processo sistemático de repetição e de exercícios progressivos, envolvendo processos de aprendizagem, com o objetivo principal de melhorar as funções cardíaca, pulmonar e muscular, visando o máximo desempenho nas atividades, sejam elas funcionais ou esportivas (BOMPA, 2000). A partir do tipo de treinamento empregado, existem diferentes respostas fisiológicas, fundamentalmente determinadas pela utilização dos membros superiores, dos membros inferiores, da cadeia cinética utilizada, do suporte de peso corporal, das alavancas biomecânicas e da posição adotada (ACSM, 2000).

    As modalidades de exercício físico utilizam-se dos metabolismos anaeróbio e aeróbio, bem como de fases intermediárias. O emprego da via aeróbia ou anaeróbia, determinada pelo tipo de substrato energético predominantemente utilizado durante a realização da atividade física, é dependente das características do esforço desempenhado, ou seja, ocorre em função da duração, da intensidade e da frequência com que o exercício é praticado (ROGATTO, 2004).

    Existem parâmetros fisiológicos considerados como importantes preditores para definir a aptidão de um indivíduo em tolerar exercício de intensidade submáxima e longa duração, são eles os limiares ventilatórios e potência aeróbica. Sua verificação periódica pode controlar melhor a intensidade de treinamento e permite desenvolver de maneira mais precisa o objetivo a ser atingido pelos atletas (SILVA et al., 1998).

    Uma das importantes respostas ao treinamento, no sentido de atender a demanda energética, trata-se do aumento do volume minuto (VM), produto do volume corrente (Vt) e da frequência respiratória (f). Durante o exercício tanto o Vt quanto a f se elevam para manter um VM adequado capaz de atender a demanda gerada pela sobrecarga (WILMORE; COSTILL, 2001).

    A adequada força muscular respiratória reduz o esforço e o gasto energético empregados na necessidade de respirar, seja em valores basais ou na prática de exercício físico, onde a demanda de O2 consumido é maior. Como resultado, há aumento do estímulo ventilatório no sentido de manter o equilíbrio entre o fornecimento e o consumo de substrato energético. A análise da força dos músculos respiratórios pela pressão inspiratória máxima (PImáx) e pela pressão expiratória máxima (PEmáx) tem sido utilizada em virtude do baixo custo, da praticidade e de ser um procedimento não invasivo. A disfunção dos músculos respiratórios pode levar à hipoventilação, redução na tolerância ao exercício e, em casos extremos, à insuficiência respiratória (NEDER et al., 1999; FOLIO et al., 1994; JANSSENS, 1999).

    Com base no exposto acima, este estudo teve como objetivo comparar o perfil ventilatório em mulheres jovens praticantes de musculação, musculação associada à ginástica aeróbica e não-praticantes.

Material e métodos

    Trata-se de um estudo observacional, transversal, não-randomizado, contemporâneo, de amostra não probabilística, intencional. Participaram do estudo 24 indivíduos do gênero feminino, com idades entre 18 e 30 anos, avaliadas no período de março a abril de 2011.

    Os indivíduos foram divididos em três grupos, com oito indivíduos cada. A citar: Grupo de Não-Praticantes (NP), Grupo de Musculação (M) e Grupo de Musculação e Ginástica Aeróbica (MG). Os grupos foram compostos por estudantes da Universidade Tiradentes.

    Foram critérios de inclusão adotados: Índice de Massa Corpórea (IMC) no padrão normal (IMC entre 19 kg/m² e 24,9 kg/m²), idades entre 18 e 30 anos, aceitação e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, não tabagistas/etilistas ou usuário de drogas, que realiza prática regular (mínimo de 3 meses e frequência de 3-5 vezes por semana) de atividade anaeróbia isolada, para o grupo Musculação, de atividade anaeróbia associada à ginástica aeróbia, para o grupo Musculação e Ginástica, e não-praticantes, para o grupo de mesmo nome.

    Não se enquadravam como sujeitos deste estudo pessoas portadoras de doenças que afetem diretamente os sistemas cardíaco, respiratório, nervoso e músculo-esquelético.

    Inicialmente, foi realizada entrevista acerca dos hábitos de vida e características do treinamento, seguida de mensuração do peso e altura, para cálculo do IMC. Em seguida, a amostra foi submetida a exames de ventilometria e manovacuometria, nesta ordem.

    As variáveis avaliadas foram: Frequência Respiratória (f), Volume Minuto (VM), Volume Corrente Médio (Vt), Índice de respiração rápida superficial (Índice de Tobin), Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) e Pressão Expiratória Máxima (PEmáx).

    Os dados foram coletados com indivíduos em posição sentada. Para avaliações de ventilometria, foi utilizado bocal descartável e para avaliações feitas com manuvacuômetro, utilizou-se de um bocal específico, com orifício de escape de ar, que, ao ser ocluído, permitiria a obtenção da PImáx e PEmáx. Um clipe nasal evitou escape de ar pelo nariz (MILLER et al., 2005).

    Para obtenção das medidas de volumes pulmonares foi utilizado ventilômetro Wright Mark 8 analógico (Ferraris®). Antes da mensuração as participantes descansaram por período de 5 minutos, em seguida receberam orientações quanto à realização do teste. Foram realizadas três medições de um minuto cada, com intervalo de um minuto entre uma medida e outra (FREGADOLLI, 2010).

    As medidas de PImáx e PEmáx obedeceram o protocolo proposto por Black e Hyatt (1999). A PEmáx foi obtida, partindo da capacidade pulmonar total (CPT), enquanto que a PImáx foi obtida a partir do volume residual (VR), sustentadas por 2 segundos. Foi realizada adaptação ao aparelho e posterior coleta das medidas. Para análise dos dados foram realizadas três medições, sendo utilizada a maior delas.

    A análise estatística foi realizada em duas etapas, consistindo em análise dos dados catalogados na forma de arquivos de planilha de cálculo do Microsoft Excel 2007® subsequentemente, procedida a análise estatística, com o uso do programa GraphPad Prism® 5.0. Foram utilizados o teste Shapiro Wilk para normalidade das variáveis, a análise de variância "one way" para verificar diferenças entre os três grupos e o teste de comparações múltiplas de Tukey para verificar quais grupos são diferentes. Para as variáveis que não apresentaram normalidade foi utilizado o teste não-paramétrico de Friedman. Para todos os testes estatísticos, foi utilizado nível de significância de 5% (p<0,05). 

    Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Tiradentes sob protocolo n°190311.

Resultados e discussão

    A amostra foi constituída por 24 mulheres com idade média de 23,33 (±2,7) anos, com peso corporal de 57,69 (±4,91) Kg e IMC de 21,45 (±1,61) Kg/m2. Para caracterização dos grupos foram estabelecidos a média, o desvio-padrão e a mediana. À análise estatística não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre as variáveis idade, peso e IMC, embora a média de peso e IMC tenham sido menores nos grupos M e MG, conforme apresentado na tabela 1.

Tabela 1. Análise das características antropométricas nos grupos estudados

    Sabia et al. (2004) em estudo objetivando comparar os efeitos do exercício físico aeróbio e anaeróbio associados a orientação nutricional, envolvendo 28 adolescentes obesas, encontrou diferenças significativas na redução da massa gorda e redução da massa magra, após 16 semanas de treinamento. Embora tenha encontrado diferenças significativas em relação as massas magra e gorda, não houve redução significativa no peso corporal nos dois grupos estudados. Resultados semelhantes foram encontrados em nosso estudo em relação ao peso corporal, que não demonstrou diferença estatística.

    Marins e Angerami (1996) e Sardinha (2000) relatam que o sedentarismo e algumas doenças metabólicas elevam a proporção de gordura em relação ao peso corporal dos indivíduos, levando-os a obesidade, corroborando com esta tendência, em nosso estudo, foi encontrado maior peso no grupo NP. Esses resultados justificam que a atividade física regular é recomendada como um fator de prevenção aos efeitos negativos do sedentarismo, principalmente no que se refere à composição corporal.

    Através de estudos com ratos, Silva et al. (1999) concluíram que o treinamento anaeróbio pode constituir estímulo tão ou mais eficiente quanto o aeróbio na redução dos efeitos negativos do excesso de gordura na dieta. Tais achados justificam não termos encontrado diferença significativa na média de peso entre os grupos praticantes de musculação e de musculação associada à ginástica aeróbica.

    Santarém (1996) e Ceddia (1998) afirmam que exercício anaeróbio pode promover alta mobilização de ácidos graxos livres, e consequentemente, redução dos níveis teciduais de gordura, uma vez que a manutenção e o aumento da massa magra através de exercício de força tendem a manter o metabolismo basal elevado por várias horas após os esforços. Isso se deve ao fato do tecido muscular se manter mais ativo mesmo em estado de repouso.

    Já quanto ao exercício aeróbio, Mcardle et al. (2003), afirmam que melhora a capacidade de oxidar as gorduras, mediante exercício prolongado e de uma carga constante. Essa adaptação resulta da liberação de ácidos graxos pelos depósitos de tecido adiposo e da liberação de uma maior quantidade de gordura dos músculos treinados. A lipólise vigorosa é consequência do maior fluxo sanguíneo do músculo treinado e da maior quantidade de enzimas que mobilizam e metabolizam as gorduras.

    Conforme dados encontrados nesta pesquisa a associação de ginástica aeróbica e musculação potencializa as modificações do perfil antropométrico dos praticantes. Embora não tenha sido encontrada diferença significativa no peso entre os grupos NP, M e MG, estes dois últimos apresentaram menor média.

    Os achados direcionam para o entendimento de que a prática regular de atividade física, seja ela aeróbia ou anaeróbia, promove redução da massa gorda corporal. E mais, a associação entre essas duas modalidades traz benefícios ainda maiores que sua prática isolada, conforme dados também apresentados por Puggaard et al. (1999), Ross e Rissanen (1994) e Robert e Roberg (2002).

    A partir dos dados obtidos pela ventilometria (VM e f), foi calculado o Vt (VM/ f). O grupo MG apresentou maior média (927,49 ±339,90ml) em relação aos grupos NP (604,24 ±164,69ml) e M (843,66 ±438,31ml). Ao analisar o Vt obtido entre os grupos, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa (p=0.2851), conforme dados apresentados na figura 1.

Figura 1. Comparação do volume corrente médio obtido nos indivíduos praticantes de atividade física

    Segundo Foss e Keteyian (2000) e McArdle et al. (2003), indivíduos treinados comparados com indivíduos não-treinados costumam ter maiores capacidades de difusão pulmonar em repouso e durante o exercício submáximo e máximo pela maior quantidade de sangue que está sendo levado aos alvéolos para a permuta gasosa e pelo aumento da ventilação-minuto (f x Vt) máxima. Corroborando com nosso estudo onde os indivíduos treinados apresentam melhor perfil ventilatório, consequentemente inferindo a elevação na captação de oxigênio.

    Este estudo revela uma tendência de melhor reserva respiratória nos indivíduos dos grupos M e MG. Uma justificativa para tal achado é que o Vt aumenta e a f diminui em resposta a um exercício submáximo. Consequentemente, o ar permanece nos pulmões por um período de tempo mais longo entre as incursões respiratórias, aumentando a extração de O2 do ar inspirado. O ajuste ventilatório ao treinamento resulta em parte de adaptações locais nos músculos treinados especificamente. Pode ser que níveis de lactato mais baixos com o treinamento poderiam eliminar o impulso para a ventilação proveniente do CO2 adicional produzido no tamponamento do lactato (WILMORE; COSTILL, 2001).

    Muitos preditores podem ser utilizados para indicar a reserva respiratória de um indivíduo e, consequente capacidade de tolerar esforços. Um deles trata-se da relação fisiológica entre a f e o Vt em litros por minuto. A ele, foi dado o nome de Índice de Tobin (IT). A lógica desse índice está no fato de que quanto melhor a complacência e maior força inspiratória, associada à adequada troca gasosa e menor f, maior a capacidade de sustentar a ventilação espontânea indefinidamente. Portanto, quanto menor o IT, melhor a reserva respiratória do indivíduo (TOBIN et al., 1986).

    O grupo NP apresentou maior IT quando comparado aos demais grupos (35,10±9,62). O menor IT foi verificado no grupo MG (26,79±14,93), indicando melhor reserva respiratória neste grupo, embora sem diferença estatisticamente significante (p=0.9674). O grupo M apresentou média de 30,36±20,78. Verifica-se uma tendência a um melhor IT com a prática do exercício físico, sobretudo quando ocorre associação de modalidades (Figura 2).

Figura 2. Análise do Índice de Tobin obtido a partir da relação f / Vt

    Várias podem ser as justificativas apresentadas na literatura para a ocorrência desse achado, colaborando com nosso estudo. Primeiro, conforme descrito por Mantovani et al. (2007), o peso corporal elevado prejudica a incursão respiratória por causa da maior quantidade de gordura visceral no abdome, pelo aumento da f e pela queda do Vt e, dessa forma, elevando o IT. Assim, a maior média de peso do grupo NP pode justificar o maior IT encontrado para este grupo.

    Segundo, o treinamento físico promove aumento das capacidades inspiratórias e expiratórias, refletindo em melhora da mecânica diafragmática e, consequentemente, repercutindo na melhor capacidade de gerar volume. Os achados apresentados reforçam a importância do exercício físico no incremento da função muscular respiratória e na reserva respiratória, sobretudo quando é dada preferência pela associação de modalidades, já que, conforme apresentado, o grupo MG apresentou melhor IT, indicando, portanto, melhor capacidade respiratória (ZANETT; CASTIONI, 1999; INBAR et al., 2005; NEDER et al., 1997; PORSZASZ et al., 2005).

    A mecânica diafragmática e dos demais músculos respiratórios repercute diretamente na reserva respiratória, conforme já descrito. Deste modo, foi analisada a PImáx e PEmáx nos grupos estudados. O grupo NP apresentou menor média de PImáx (18,75±6,94cmH2O) e o grupo MG maior média (24,87±8,55cmH2O). Já o grupo M apresentou média de 21,25 (±11,25)cmH2O. Não foi encontrada diferença significante entre os grupos (Figura 3).

Figura 3. Análise das Pressões Inspiratórias Máximas entre praticantes de atividade física

    De modo semelhante, a PEmáx apresentou menor média no grupo NP (15,12±5,13cmH2O) em relação aos demais. O grupo MG foi o que obteve maior média (18,2±4,69cmH2O). Já o grupo M apresentou valor intermediário (16,25±5,82cmH2O). Embora tais achados sejam relevantes, não foi evidenciada diferença estatisticamente significativa entre os grupos (Figura 4).

Figura 4. Análise das Pressões Expiratórias Máximas entre praticantes de atividade física

    Os baixos valores pressóricos encontrados nas pressões máximas se deve segundo, Kolouris et al. (1998), ao meio de acoplamento utilizado entre o paciente e o manovacuômetro. Além disso, é comum discreto escape aéreo ao redor do bocal, mesmo em indivíduos hígidos e capazes de gerar pressões labiais aparentemente adequadas. De modo semelhante ao nosso, Fiore Júnior et al. (2004) encontraram, em seu estudo, valores inferiores aqueles de referência para a população brasileira. Foi demonstrado ainda que, independentemente do modo de acoplamento, há grande prevalência de vazamentos e consequente redução dos valores obtidos na avaliação que tornam o uso da manovacuometria limitado.

    Segundo equação apresentada em estudo de Kunikosshita et al. (2006), foram calculados os valores preditos de pressões inspiratória e expiratória máxima nos grupos estudados. O grupo NP apresentou PImáx estimada de 122±1,9cmH20, e PEmáx de 129±1,4 cmH2O. Já o grupo M apresentou PImáx estimada de 120±0,7cmH20, e PEmáx de 128±0,9 cmH2O. Por fim, o grupo MG apresentou valores de 121±1,7 cmH2O e 109±0,5cmH2O para PImáx ePEmáx, respectivamente

    Os baixos valores de pressões encontrados em nosso estudos se devem ao meio de acoplamento utilizado, que consistiu em bocal de 2mm e de traquéia com lúmen muito estreito. Tais características do aparelho utilizado nesta pesquisa podem ter gerado resultados de pressões muito aquém do predito como valor de normalidade.

    O aumento da capacidade dos músculos inspiratórios de gerar força e suportar um determinado nível de pressão inspiratória, demonstrado através de melhor PImax no grupo MG e M em relação ao NP trás, segundo Mcardle et al. (2003) benefícios para o desempenho, tais como: redução da demanda energética do exercício global, em virtude de um menor trabalho respiratório; redução da produção de lactato pelos músculos ventilatórios durante o exercício prolongado de alta intensidade; aprimoramento da utilização do lactato circulante como combustível metabólico.

    Sendo assim, os grupos praticantes de exercício físicos apresentaram valores pressóricos maiores. Levando em consideração que essas pressões quantificam de forma indireta a força dos músculos respiratórios e que esses aumentam sua capacidade de contração em resposta ao treinamento físico. Os valores achados indicam que a prática de exercício físico promove incremento da reserva respiratória ao melhorar a função muscular (VINCKEN et al., 1987; WEN et al., 1987; NEDER, 1999; REID; DECHMAN, 1995).

    Através do treinamento, indivíduos são capazes de integrar e adaptar a sua própria combinação exclusiva de dimensões e características mecânicas para que cheguem a executar o movimento da maneira mais econômica para eles (ANDERSON, 1996).

Conclusão

    A partir dos resultados encontrados neste estudo, não existe diferenças estatisticamente significantes no perfil ventilatório entre indivíduos praticantes e não praticantes de exercícios físicos. Porém, foi demonstrada uma tendência favorável à melhor reserva respiratória em indivíduos adeptos da prática regular, merecendo destaque a associação de modalidades.

    A não significância encontrada neste estudo pode ter ocorrido em razão do tamanho da amostra estudada ou do tempo mínimo exigido como critério de inclusão. Portanto, novos estudos sobre o tema são recomendados, utilizando tanto amostra mais ampla quanto determinando tempo maior de treinamento ou realizando estudos de intervenção.

Referências

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