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Uso de microtela no controle do Aedes Aegypti 

em geladeiras com degelo automático

Usando una micro-malla en el control de Aedes Aegypti en heladeras con descongelación automática

Use of micro web in control of Aedes Aegypti on fridge with automatic defrosting

 

*Universidade Cândido Mendes-UCAM

**UFMG

***Faculdades Pitágoras

(Brasil)

Maria Eunice Gonçalves Lima*

Janine Tatiane Lima Souza**

Cristianne Góes***

nicemeioambiente@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Os fatores de risco da dengue, como crescimento populacional, migrações, urbanização inadequada e mau funcionamento dos sistemas de saúde, estão relacionados com presença do mosquito vetor e da doença. Trata-se de um estudo documental, exploratório e transversal, no qual foram utilizados dados sobre os criadouros do A. aegypti nos resultados do 2º Levantamento de Índice Rápido do A. aegypti, 2012 no Município de Montes Claros–MG. Dos novos criadouros para o mosquito, o grupo B destaca-se, pois nele estão inseridos os recipientes de desgelo de geladeiras, devido ao aumento da incidência deste foco que está ligado à preferência na aquisição desse eletrodoméstico. Acredita-se que a utilização da microtela com orifícios menores que 1 mm de diâmetro nas bandejas de desgelo, funcionará como uma barreira física impedindo a postula dos ovos nas paredes deste recipiente, e caso isso ocorra, a microtela impedirá a passagem do mosquito adulto para o meio ambiente.

          Unitermos: Dengue. Criadouros. Recipiente desgelo.

 

Abstract

          The risk factors of dengue, such as population growth, migration, inappropriate urbanization, and malfunctioning health systems are related to the presence of the vector mosquito and disease. This is a documentary study, exploratory and cross, which data were used about the breeding places of A. aegypti in the results of the 2nd Survey Quick Index A. aegypti, 2012 in Montes Claros City, Minas Gerais. From the new breeding sites for mosquitoes, group B stands out because it is inserted into the containers defrosting refrigerators due to an increased incidence of focus that is connected to the refusal to acquire this appliance. It is believed that the use of micro web with holes smaller than 1mm in diameter trays defrosting will function as a physical barrier preventing the eggs postulates the walls of the container, and if so, to prevent the passage of micro web adult mosquitoes for environment.

          Keywords: Dengue. Breeding. Defrosting container.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2,5 bilhões de pessoas – 2/5 da população mundial – estão sob-risco de contrair dengue e que ocorram anualmente cerca de 50 milhões de casos. Desse total, cerca de 550 mil necessitam de hospitalização e pelo menos 20 mil morrem em consequência da doença11.

    O presente trabalho tem na relevância do tema as implicações do uso de microtelas nas bandejas das geladeiras de degelos, como controle da proliferação do mosquito Aedes aegypti, por ser esse um criadouro em potencial devido às condições de umidade, temperatura e sombreamento.

    A prevalência da dengue tem aumentado na recente década e atualmente é reconhecida como uma doença endêmica em mais de 100 países incluindo África, as Américas, o leste do Mediterrâneo, sudeste da Ásia e oeste do Pacífico1.

    Nos dias atuais, a dengue já é considerada um sério problema de saúde pública, uma vez que a proliferação do vetor A. aegypti vem crescendo em número desordenado, devido à ineficácia das políticas públicas. Além disso, os aspectos ambientais não devem ser considerados isoladamente, sendo relevantes também às condições socioeconômicas e residentes nas localidades onde o número de focos do vetor é elevado5.

    Diversos estudos desde o início do século 20 apontam que o vírus da dengue foi transmitido pelo Aedes aegypti, embora haja diferentes vetores, evidências epidemiológicas indicam claramente que este é responsável ​​pela maior parte da transmissão da dengue4.

    De acordo com Wilder-Smith10 (2012) são quatro os vírus da dengue antigenicamente distinto, pertencentes ao género Flavivirus da família Flaviviridae. Quando se é infectado, este confere imunidade em longo prazo para um sorotipo, mas não para os outros. Já na infecção secundária, vai esta relacionada com elementos como idade e genética, que se tornam fatores de risco mais importantes para a gravidade da doença, sabendo-se que os mecanismos patogenéticos ainda hoje permaneçam pouco compreendidos.

    Segundo Brasil2 (2009), entre os anos de 1981 e 1982, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente foi na cidade de Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Já no ano de 1986, aconteceram epidemias atingindo o Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. A partir dai, a dengue vem disseminando no Brasil de forma continua, observando-se que com a ocorrência de epidemias, associou-se a introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente acometidas.

Levantamento de índice rápido do Aedes Aegypti, criadouros e a microtela nos recipientes de degelo das geladeiras

    A redução do mosquito Aedes aegypti é atualmente a estratégia mais viável disponível para diminuição da transmissão da dengue. O controle larvário é realizado buscando-se reduzir a populações do vetor, baseado na eliminação dos criadouros utilizados pelo A. aegypti indenes. Ou seja, a diminuição ou eliminação da dengue, esta diretamente proporcional à eliminação dos criadouros.

    No entendimento de Tauil8 (2002), muitos são os fatores de risco que estão relacionados com presença do mosquito vetor e da doença, entre os quais se destaca o crescimento populacional, migrações, viagens aéreas, urbanização inadequada, mau funcionamento dos sistemas de saúde e densidade populacional. Para esse autor, dentre as doenças ré emergentes a dengue é a que se constitui em problema mais grave de saúde pública. Medronho6 (2006) também afirma que as diversas características e fatores, estão relacionados com a proliferação do A. aegypti, e a ineficiência no combate ao vetor torna o controle da dengue uma árdua tarefa. A enorme complexidade do ambiente antrópico, a falta de saneamento básico, o descumprimento das leis que determinam destinar corretamente os resíduos gerados pelos municípios, torna-se essencial repensar a estratégia de controle da doença.

    Apesar de mostrar comportamento biológico estável em relação aos criadouros preferenciais, o A. aegypti pode se adaptar às novas condições impostas pelo homem9. De acordo com Natal7 (2002), as fêmeas grávidas colocam seus ovos nas "paredes" de recipientes, pouco acima da superfície líquida. Após o desenvolvimento do embrião, que dura por volta de dois a três dias, os ovos tornam-se resistentes à dessecação. Tais artefatos podem permanecer secos e contaminados por muito tempo, pois os ovos continuam viáveis, por período próximo a um ano. Sempre que esses recipientes, contendo ovos em suas "paredes", receberem nova carga d'água, e o nível do líquido atingi-los, esses serão estimulados a eclodir. Inicia-se assim, uma geração de imaturos e o recipiente tornar-se-á um criadouro.

    Todo depósito que contenha água é um potencial criadouro para a proliferação do mosquito. O recipiente de desgelo das geladeiras é um importante reservatório, uma vez que, em praticamente toda casa possui esse tipo de eletrodoméstico. Com base nessa preocupação de saúde pública, e falta de estudos científicos, esse trabalho tem por objetivo informar e trazer soluções a respeito deste foco crescente de transmissão.

    Trata-se de um estudo documental, exploratório e transversal, no qual se utilizou dos dados sobre os criadouros do Aedes aegypti nos resultados do 2º Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) 2012 no Município de Montes Claros –MG.

    O Ministério da Saúde classifica recipientes com potencial de se tornarem criadouros do Aedes aegypti, em cinco grupos: grupo A – depósitos para armazenamento de água; grupo B – depósitos móveis; grupo C – depósitos fixos; grupo D – depósitos passíveis de remoção e grupo E – depósitos naturais.

    Essa classificação permite, de certa forma, conhecer a importância entomológica e as conseqüentes repercussões epidemiológicas desses recipientes, sem, no entanto, fornecer informações sobre a sua produtividade e a estratégia de direcionamento das ações de controle vetorial2.

    Os novos criadouros para o mosquito o grupo B é o de maior importância nesse estudo, pois nele estão inseridos os recipientes como vasos/ frascos com plantas, pingadeiras, bebedouros, objetos religiosos e recipientes de desgelo de geladeiras. Sendo este último, o principal criadouro a ser estudado, devido ao aumento da incidência deste foco.

    No município de Montes Claros-MG, o índice de infestação predial é disposto pelos grupos determinados pelo Ministério da Saúde. O grupo A tem a maior porcentagem de infestação (35,2%) e logo em seguida o grupo B (29,1%) (Tabela 1).

Tabela 1. Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti /2012

    O Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti divulgados pelo Centro de Zoonoses no período de 05 a 07 de Março de 2012, ou seja, a segunda pesquisa do ano após intensificação nas atividades de controle do vetor pela equipe do Centro de Zoonoses, colaboração da população do município e considerando ainda as condições climáticas no período da coleta dos dados, demonstrou um valor médio de 2,4%, ou seja, a cada 100 casas pesquisadas, 2,4 apresentaram criadouros do mosquito Aedes aegypti, caracterizando uma situação de médio risco para transmissão da dengue, segundo os parâmetros do Ministério da Saúde, que preconiza índice inferior a 1% baixo risco, de 1% a 3,9% médio risco e acima de 3,9% alto risco de transmissão da dengue.

    Os valores encontrados para o grupo B são relevantes, uma vez que, os recipientes de desgelo das geladeiras são criadouros com crescimento significativo nos últimos anos. Este fato também pode ser visto na cidade de Uberlândia, na qual o percentual, somente dos recipientes de desgelo, foi de 6%3.

    O local atrás das geladeiras é um criadouro preferencial do mosquito, devido às condições ambientais favoráveis como temperatura e sombreamento, por isso dever ser vistoriado com cautela pelos agentes de saúde.

    Acredita-se que a utilização da microtela com orifícios menores que 1mm de diâmetro nas bandejas de desgelo das geladeiras, funcionará como uma barreira física impedindo a postula dos ovos nas paredes deste recipiente, e caso isso ocorra, a microtela impedirá a passagem do mosquito adulto para o meio ambiente (Figura 1).

Figura 1. Protótipo da microtela sobre o recipiente de desgelo de geladeira

Considerações finais

    A dengue é um dos principais temas de saúde pública, devido aos altos índices de infecções confirmadas desse vírus principalmente no norte de Minas Gerais. Vale ressaltar que o controle de um inseto tão domiciliar quanto o Aedes aegypti, considerando que 80% dos focos são encontrados nas residências, depende fundamentalmente da participação da população que deve estar mobilizada e consciente de suas responsabilidades para reduzir o risco de transmissão da dengue, uma vez que o Ministério da Saúde tem medidas preconizadas para o controle dessa doença.

    Os recipientes de desgelo de geladeiras é um criadouro crescente, sendo necessárias medidas de prevenção. A utilização da microtela na bandeja impedirá que esse reservatório de água seja mais um foco, sendo muito importante para combater o mosquito vetor, mas a limpeza frequente da bandeja deve ser realizada conforme o fabricante. Essa medida de prevenção juntamente às demais irão fortalecer o combate a dengue.

    A proteção das bandejas pelos fabricantes quando da fabricação dos futuros refrigeradores, passa a ser de suma importância, uma vez que a preferencia por esse eletrodoméstico tem sido crescente, quando associado ao fator facilidade e comodidade, quanto ao recurso do auto degelo dos mesmos. Conscientizar a população quanto a este criadouro em potencial por estar dentro dos domicílios, e instrui-la para limpeza periódica e proteção dos mesmos, passa ser de suma importa tanto pelos fabricantes quanto pelos agentes de saúde.

Referências

  1. ARAÚJO, F.M.C.; NOGUEIRA, R.M.R.; ARAÚJO, J.M.G.; RAMALHO, I.L.C.; RORIZ, M.L.F.S.; MELO, M.E.L.; COELHO, I.C.B. Concurrent infection with dengue virus type-2 and DENV-3 in a patient from Ceará, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.101, n.8, p.925-928, 2006.

  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

  3. FERNANDES, A. Mosquito se reproduz nas geladeiras. Jornal Correio de Uberlândia, Uberlândia, 2008.

  4. HIGA, Y. Dengue Vectors and their Spatial Distribution. Trop Med Health, Nagasak, v.39, n.4, 2011.

  5. LEFÈVRE, A.M.C.; RIBEIRO, A.F.; MARQUES, G.R.A.M.; SERPA, L.L.N.; LEFÈVRE; F. Representações sociais sobre dengue, seu vetor e ações de controle por moradores de São Sebastião, Litoral Norte do Estado de São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.7, p.1696-1706, 2007.

  6. MEDRONHO, R.A. Dengue e o ambiente urbano. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 9 n. 2, 2006.

  7. NATAL, D. Bioecologia do Aedes aegypti. Biológico, São Paulo, v.64, n.2, p.205-207, 2002.

  8. TAUIL, P.L. Aspectos críticos do controle do dengue no Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.18, n.3, 2002.

  9. VAREJÃO, J.B.M. Criadouros de Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) em bromélias nativas na Cidade de Vitória, ES. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Vitória, n.3, v.38, p.238-240, 2005.

  10. WILDER-SMITH, A.; RENHORN, K.E.; TISSERA, H.; BAKAR, S.A.; ALPHEY, L.; KITTAYAPONG, P.; LINDSAY, S.; LOGAN, J.; HATZ, C.; REITER, P.; ROCKLÖV, J.; BYASS, P.; LOUIS, V.R.; TOZAN, Y.; MASSAD, E.; TENORIO, A.; LAGNEAU, C.; L’AMBERT, G.; BROOKS, D.; WEGERDT, J.; GUBLER, D. DengueTools: innovative tools and strategies for the surveillance and control of dengue. Glob Health Action, Sweden, n.5, v.10, 2012.

  11. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION (2009). Dengue guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/20​09/9789241547871_eng.pdf. Acesso em 03 jul. 2012.

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