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Antropometria e composição corporal em portadores
da síndrome de Down

Antropometría y composición corporal en portadores de síndrome de Down

 

*Discente do curso de Nutrição da Faculdade de São Lourenço

**Prof. da APAE de São Lourenço, MG

***Membro do Laboratório de Biociência do Movimento Humano – UFRJ

(Brasil)

Ana Carolina de Souza*

Isabella Cristine Dias de Barros Azevedo*

Prof. Esp. Fabiana Neves Politano**

Prof. Ms. Hugo Politano***

personalhugo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do nosso estudo foi analisar as características antropométricas e composição corporal em portadores da síndrome de Down da cidade de São Lourenço – MG. Após autorização dos responsáveis legais, foi agendada uma data para a realização da coleta dos dados. A pesquisa é de caráter descritivo (média aritmética e desvio padrão). Foi identificada a massa corporal (62,36±13,65), a estatura corporal (1,51±0,07), o índice de massa corporal (27,34±5,97) e a composição corporal (25,34±8,71). Considerando os resultados, observamos que a massa corporal dos portadores da síndrome de Down encontra-se acima do ideal, analisado através da identificação do índice de massa corporal e da composição corporal.

          Unitermos: Síndrome de Down. IMC. Tecido adiposo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A obesidade vem aumentando demasiadamente nas últimas décadas, porém ainda é pouca estudada em pessoas com síndrome de Down. (PRADO, M.B; MESTRINHERI, L.; FRANGELLA, V.S.; MUSTACCHI, Z., 2009)

    A antropometria é a mensuração do corpo humano e a representação da configuração morfológica presente, nela se enquadram várias técnicas diferentes de mensuração do corpo, como: Massa Corporal, Estatura Corporal, Índice de Massa Corporal (IMC), indicador de obesidade para adolescentes e apontam a influência familiar e o sedentarismo como importantes fatores no desenvolvimento do sobrepeso, e a Composição Corporal (SOARES, 2003, FERNANDES FILHO, 2003, ORDOÑEZ, ROSETY & ROSETY-RODRIGUEZ, 2006, PEREIRA & VILHENA DE MENDONÇA, 2008, PÉREZ, 2007, SILVA, SANTOS & MARTINS, 2006, BONCHOSKI, GORLA & ARAÚJO, 2004, SILVA, et al, 2009).

    A Síndrome de Down é a primeira definida clinicamente como de origem cromossômica, reconhecida há mais de um século por John Langdon Down, que constitui uma das causas mais freqüentes de deficiência mental (DM) e pode estar associada a complicações e comprometimento do coração, sistema nervoso, visão, medula, glândula tireóide, arcada dentária, pulmões, fígado, estômago, pâncreas, intestino, articulações do joelho e quadril, entre outros. A síndrome é a ocorrência genética mais comum que existe, acontecendo em cerca de um a cada 700 nascimentos, independentemente de raça, país, religião ou condição econômica da família (FONSECA, et al, 2005, PRADO, et al, 2009).

    Os portadores desta síndrome pertencem a uma população ímpar com características fenotípicas diferenciadas nos quais se observam prevalências de excesso de peso e obesidade superiores às verificadas em populações adultas saudáveis (SILVA, SANTOS & MARTINS, 2006).

    No entanto apresentam alterações metabólicas que os tornam mais propícios ao surgimento de enfermidades relacionadas ao estado nutricional (SOARES, et al, 2004, ROCHA, MUSSI & ALMEIDA, 2007).

    Este estudo tem como objetivo analisar as características antropométricas e a composição corporal em portadores de Síndrome de Down da cidade de São Lourenço, Minas Gerais.

Materiais e métodos

    A amostra do estudo foi composta por 8 alunos portadores da síndrome de Down da APAE de São Lourenço – MG, com idades entre 18 e 42 anos, atendendo os critérios de inclusão e exclusão. Como critério de inclusão os alunos deveriam estar matriculados na APAE de São Lourenço, ser portador da síndrome de Down e autorizados pelos pais, para a coleta dos dados antropométricos, e não participaram os alunos que não eram alunos regulares da APAE e não portadores da síndrome de Down.

Procedimentos

    No presente estudo, primeiramente foi realizada uma reunião com o órgão diretivo da APAE de São Lourenço em Minas Gerais para esclarecimento do objetivo da pesquisa. Em seguida, uma carta, com todos os procedimentos da avaliação, foi encaminhada para os pais para que nos autorizasse a coletar as informações.

    A utilização dos protocolos segue a constituição de um trabalho científico, com a utilização de instrumentos validados, ou amplamente utilizados, nas pesquisas referentes ao tema. Os mesmos foram aplicados em um dia.

    Para a Síndrome de Down, foi solicitado junto à secretaria da APAE de São Lourenço, o prontuário dos portadores da síndrome;

    Para a massa corporal utilizou-se uma balança antropométrica Toledo sem estadiômetro com capacidade de até 200kg (FERNANDES FILHO, 2003);

    A estatura corporal foi verificada através do estadiômetro compacto tipo trena de parede da marca Kawe Germany (FERNANDES FILHO, 2003);

    De posse destes dados foi possível calcular o Índice de Massa Corporal (FERNANDES FILHO, 2003), a partir da razão entre a massa corporal em quilogramas pelo quadrado da estatura obtida em metros e classificado através da proposta de Coli et al (2000).

Tabela 1. Valores de IMC propostos por Coli et al (2000) para ponto

de corte para identificar sobrepeso e obesidade em adultos

    A composição corporal foi identificada através da equação de predição do percentual de gordura corporal, onde em função dos valores de IMC, recorreu-se à equação de DEURENBERG, WESTSTRATE & SEIDELL (1991):

% MG = 1,20 x IMC + 0,23 x Idade (anos) - 10,8 x Gênero - 5,4

    No qual, adota-se para o gênero masculino o valor 1 e para o feminino o valor 0.

Procedimentos estatísticos

    Na estatística descritiva verificou-se a média aritmética e desvio padrão para todas as variáveis observadas no estudo: Massa Corporal, Estatura Corporal, Índice de Massa Corporal e Composição Corporal. Foi utilizado para a análise dos dados o SPSS 17.0.

Resultados

    A médias aritméticas e desvios padrão das variáveis massa corporal (kg), estatura corporal (metros) e Índice de massa corporal - IMC (kg/m²) dos portadores da síndrome de Down, são apresentadas na tabela 2.

Tabela 2. Média aritmética e desvio padrão da massa corporal,

estatura corporal e IMC em portadores da síndrome de Down

    A média aritmética e desvio padrão das variáveis idade (anos) e percentual de gordura (%G) dos portadores da síndrome de Down, são apresentadas na tabela 3.

Tabela 3. Média aritmética e desvio padrão da idade e percentual

de gordura em portadores da síndrome de Down

Discussão

    As características descritivas da amostra apresentaram massa corporal de 62,36±13,65 kg, valores semelhantes ao encontrado no estudo de VILHENA DE MENDONÇA & PEREIRA (2008) entre 52,2 e 77,5 kg.

    A estatura corporal de 1,51±0,07 metros, VILHENA DE MENDONÇA & PEREIRA (2008) entre 146,5 e 1,70 metros.

    O IMC foi de 27,34±5,97 kg/m², e VILHENA DE MENDONÇA & PEREIRA (2008) entre 22,1 e 34 kg/m². SILVA et al (2009), identificou 28,58±5,82 kg/m². Segundo RIMMER, BRADDOCK e FUJIURA (1994) e ao contrário do sucedido na generalidade da população, estes indivíduos apresentam condicionantes de saúde a partir de valores de IMC maior que 27 kg/m². Também 28,1 ± 4,3 kg/m2 encontrados por BALIC et al. (2000), 29,8 ± 1,3 kg/m² por ORDOÑEZ, ROSETY & ROSETY-RODRIGUEZ (2006) e ainda os resultados do estudo de GUIJARRO, et al, 2008) com uma média de 26,3 ± 4,2 kg/m2. Nota-se que no presente estudo, e em quase todos os outros, a classificação nutricional da amostra pelo IMC demonstra que os sujeitos estão com sobrepeso (COLE et al., 2000), por não existir tabelas de referências do grau de obesidade específicas para Síndrome de Down (FARIA, et al, 2004; PINHEIRO et al., 2003).

    No percentual de gordura 25,34±8,71%, e para VILHENA DE MENDONÇA & PEREIRA (2008), registrado através do DXA, foi de 25,8±5,7%. O presente estudo sugere que a equação de DEURENBERG, WESTSTRATE & SEIDELL (1991) fornece estimativas corretas para os percentuais de adiposidade corporal.

Conclusão

    De acordo com o presente estudo, conclui-se que o Índice de Massa Corporal (IMC) corresponde a um parâmetro que reflete corretamente os níveis de percentual de tecido adiposo (%MG) em adultos portadores da síndrome de Down. Sugerimos que a dieta seja mais equilibrada, buscando redução destas variáveis antropométricas, IMC e %MG, para proporcionarmos aos portadores uma melhor qualidade de vida e longevidade.

Limitações do estudo

    O estudo apresenta algumas limitações como número reduzido de participantes e ausência de tabelas de referência quanto ao percentual de gordura e índice de massa corporal para os portadores da síndrome de Down e a realização de novos estudos com o intuito de verificar de modo longitudinal e as alterações decorrentes da nova proposta para redução do IMC e percentual de gordura.

Bibliografia

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