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História e desenvolvimento da fitoterapia

Historia y desarrollo de la fitoterapia

 

*Enfermeiro graduado pelas Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais

**Enfermeira graduada pelas Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais

***Enfermeiro. Doutorando em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros

****Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde. Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade

Federal de Minas Gerais, Brasil. Líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem

das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais

*****Enfermeira. Especialista em Urgência, Emergência e Terapia Intensiva

pelas Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais

Elvis Henrique Ruas Rodrigues*

Adriana Lopes Gomes**

Thiago Luis de Andrade Barbosa***

Ludmila Mourão Xavier Gomes****

Vanessa de Andrade Barbosa*****

elvisruas2005@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A fitoterapia é uma prática integrativa e complementar que utiliza das diversas partes das plantas, como raízes, cascas, folhas, frutos e sementes, de acordo com a erva em questão. Essa terapia passou a ser uma alternativa viável e importante também às populações dos países em desenvolvimento, já que seu custo é diminuído. Este estudo objetivou realizar uma reflexão teórica acerca da história e do desenvolvimento da fitoterapia. Realizou-se um ensaio teórico sobre a fitoterapia. Para construção do corpo teórico foram utilizados artigos científicos nacionais e internacionais, livros e manuais das principais organizações de saúde. A apresentação dos resultados e discussão se deu mediante a divisão em categorias teóricas. As plantas medicinais é uma das mais antigas formas de se tratar e prevenir problemas de saúde e, atualmente, tem se configurado como uma escolha mais natural e menos lesiva à saúde, especialmente se comparada aos malefícios decorrentes do uso indiscriminado de medicamentos alopáticos. As plantas são utilizadas pela população através de chás, infusão, sendo vendidas pelos raizeiros, curandeiros e benzedeiras, que muitas vezes indicam a erva sem saber a eficácia de cada planta. No entanto é necessário divulgar o seu uso sob a forma de medicamentos fitoterápicos.

          Unitermos: Plantas medicinais. Fitoterapia. Terapias alternativas e complementares.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A fitoterapia é uma prática integrativa e complementar que utiliza das diversas partes das plantas, como raízes, cascas, folhas, frutos e sementes, de acordo com a erva em questão (REZENDE, 2002). Essa terapia passou a ser uma alternativa viável e importante também às populações dos países em desenvolvimento, já que seu custo é diminuído. Ainda segundo a RDC nº48/04-ANVISA, os fitoterápicos são medicamentos obtidos empregando-se exclusivamente matérias primas ativos vegetais. Destaca-se que não se considera medicamentos fitoterápicos aqueles que na sua composição inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem associações destes com extrato vegetais.

    Este estudo justifica-se e, é importante, pois Segundo Rezende (2002) a organização Mundial de Saúde afirma que 85% das pessoas do mundo utilizam plantas medicinais para tratar da saúde, 80% das pessoas dos países em desenvolvimento no mundo dependem da medicina tradicional e/ou complementar para suas necessidades básicas de saúde, e que cerca de 85% da medicina tradicional envolvem o uso de extratos de plantas. Acredita-se, ainda, que aproximadamente 60% da população mundial recorrem quase que exclusivamente às plantas medicinais como recurso terapêutico.

    Destaca-se a importância de se ter um conhecimento atualizado das condições de saúde e dos usuários de terapias disponibilizadas no Brasil, tornando-se uma ferramenta útil para que diretrizes sejam traçadas para melhorar a qualidade de vida da população cujas ações devem ser estabelecidas na conquista desta meta (KLEIN et al., 2009). Além disso, a fitoterapia, por ser prática tradicional de saúde e já revelada em diversos estudos como de utilidade terapêutica para uma parcela significativa da população, poderia atender às várias demandas cabendo aos governos assegurarem-lhe uma sustentabilidade (TOMAZZONI et al., 2006).

    Entretanto, vale destacar resultados dos estudos de Alexandre et al., (2008) em que descreveu que os conhecimentos empíricos acumulados no passado (tradição cultural) e os científicos desenvolvidos, ao longo do tempo, principalmente com a condução de ensaios clínicos randomizados, mostram que as plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos podem, também, provocar efeitos adversos, toxicidade e apresentar contra-indicações de uso.

    Diante do exposto este estudo objetivou realizar uma reflexão teórica acerca da história e do desenvolvimento da fitoterapia.

Métodos

    Realizou-se um ensaio teórico sobre a fitoterapia. Para construção do corpo teórico foram utilizados artigos científicos nacionais e internacionais, livros e manuais das principais organizações de saúde. A apresentação dos resultados e discussão se deu mediante a divisão em categorias teóricas. As categorias estabelecidas foram: Conceituação e definições da fitoterapia; História da fitoterapia; Medicamentos fitoterápicos características gerais e uso.

Resultados e discussão

Conceituação e definições da fitoterapia

    A fitoterapia para Bastos & Lopes (2010), é uma das formas de tratamento mais antigo e natural, que visam a cura e previnem doenças através do uso de ervas. Segundo Tomazzoni et al. (2006) esta terapia é regulamentada pela RDC nº17, de 24 de fevereiro de 2000, pois além da ação terapêutica a fitoterapia tem papel importante e cultural na população. Rates (2011), caracteriza plantas medicinais como sendo todas aquelas silvestres ou cultivadas, utilizadas como recurso para prevenir, aliviar, curar ou modificar um processo fisiológico normal ou patológico, ou utilizado como fonte de fármacos e de seus precursores, enquanto fitoterápicos são produtos medicinais acabados e etiquetados, cujos componentes ativos são formados por partes aéreas ou subterrâneas de plantas, ou outro material vegetal, ou combinações destes, em estado bruto ou em formas de preparações vegetais.

    É uma das mais antigas formas de se tratar e prevenir problemas de saúde e, atualmente, tem se configurado como uma escolha mais natural e menos lesiva à saúde, especialmente se comparada aos malefícios decorrentes do uso indiscriminado de medicamentos alopáticos (LOURES et al., 2010).

    As plantas são utilizadas pela população através de chás, infusão, sendo vendidas pelos raizeiros, curandeiros e benzedeiras, que muitas vezes indicam a erva sem saber a eficácia de cada planta (DANTAS, 2001).

    Os fitoterápicos são medicamentos preparados exclusivamente com matéria-prima ativa vegetal (plantas e suas partes frescas ou secas). É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como reprodutibilidade e constância de sua qualidade, segurança e eficácia (MARLIÉRE et al., 2008).

    O uso dessa plantas requer um manuseio e preparo correto, para um melhor aproveitamento dos princípios ativos da erva. Essas se não for de boa qualidade poderá interferir na ação do medicamento, pois mesmo sendo cultivada sem agrotóxicos, carregam consigo vários microorganismos vindos do solo e da água (que pode estar contaminada), trazendo um grande transtorno para o organismo, causando efeitos indesejáveis agravando o estado de saúde (FRANÇA et al., 2008).

    Deve-se ter um cuidado especial, pois algumas plantas possuem vários nomes populares dependendo da região e do cultivo, pode haver possibilidade de alterações. A grande maioria da população acredita que se utilizarem as plantas medicinais estarão livres de riscos à saúde. Devido a isso vale ressaltar a importância do papel da ANVISA fazendo restrições para evitar o uso irracional e discriminado (ANVISA, 2009).

    A maioria da população ás vezes se vê na obrigação de optar pelos fitoterápicos, devido à falta de recurso para requisição de certos medicamentos prescritos, tendo melhor acesso aos produtos preparados pelos ervateiros mais próximos de sua residência (Borges; Batista; Fernandes, 2005).

    Uma das vantagens em estar adquirindo um produto industrializado ou qualquer outro medicamento será a qualidade e dosagem correta da erva, o que é difícil acontecer se for feito na fórmula caseira (PANIZZA, 2007).

    A desvantagem é que assim, como qualquer outro tipo de medicamento os fitoterápicos também provocam efeitos colaterais e eventos adversos, sendo muitas das vezes de difícil identificação, podendo causar danos graves a saúde do indivíduo. Por isso a importância de se informar sobre qualquer planta ou medicamentos industrializados para que não causem nenhum dano grave ao organismo (BALBINO, 2010).

    É importante ressaltar que mesmo sendo um método barato e de fácil acesso, deve-se salientar-se dos riscos e efeitos, por isso não se deve fazer uso de ervas sem conhecimento de suas propriedades terapêuticas (AMORIM, 1999).

História da fitoterapia

    Segundo França et al. (2007), o uso de remédios caseiros vêm desde as tribos primitivas onde as mulheres extraiam os princípios ativos das plantas para o uso no tratamento das doenças. Foram surgindo papéis dentro das comunidades e dentre eles podemos citar o do curandeiro que guardava as informações de substâncias com zelo e transmitindo as informações a pessoas selecionadas que julgavam preparadas. O autor relata ainda a contribuição do inspirador Chinês Shen Nung datado do período 2838-2698 a.C que catalogou 365 ervas medicinais e venenos, usados por expiração Taoista de Pan Ku, considerado o deus da criação.

    Segundo Yunes & Calixto (2001), a história da fitoterapia foi dividida em três períodos, sendo o primeiro período de 1800 a 1900 aproximadamente, o segundo de 1900 até 1970/1980, e o terceiro período de 1970 a 1980.

    O primeiro período de 1800 a 1900 compreendeu o final do século XVIII e princípio do século XIX, este período foi marcado pelo início dos estudos de Bavoisier, considerado fundador da química moderna, Berzelins, pioneiro no domínio de estudos da química moderna, e os trabalhos analíticos de Liebig e outros que fundaram a Química orgânica moderna. Foi um período onde os químicos encontraram limitados recursos, se dedicando em isolar e determinar a estrutura de compostos ativos de plantas, conhecidas e experimentadas pela população naquela época. Dentro dos compostos isolados podemos citar a morfina isolada em 1803 por Seturner, a codeína em 1932 por Robiquet e a Papaverina em 1948 por Merck todos da planta Papaver somniferum, a efedrina por Nagai em 1887, da Ephedra Sinica, potente broncodilatador. A Atropa Belladonae conhecida desde o início do século XVI através do constituinte ativo foi determinada como alcalóide hyoscyamina, já na Valeriana oficcinalis citada em trabalhos nos séculos IX e X, foram isolados compostos com ação sedativa, dentre outros como a Digitalis Purpure, a Cinchona Calisaya, utilizada como antimalárica no peru, Em 1898, Felix Hoffman, sintetizou um composto isolado formando o Acido Acetil Salicílico (YUNES; CALIXTO, 2001).

    O segundo período de 1901 a 1970/80 foi marcado pelo avanço e contribuição das plantas para a medicina com a descoberta de novos compostos importantes para a saúde da população onde podemos citar como agente hipnótico o barbital, como anestésicos locais a amilocaína e procaína, como anticonvulsivante o fenobarbital, difenil-hidantoína, como antiinfeccioso, o prontosil, demonstrando posteriormente que o composto se decompunha à sulfanilida como a verdadeira substancia ativa, tornado-se de grande importância durante a segunda guerra até a descoberta dos antibióticos que após a guerra vários fármacos, de origem sintética, foram desenvolvidos tornando se muito importantes para a humanidade, dentre os produtos naturais aparecem somente os antibióticos obtidos dos fungos como a penicilina, a actinomicina, a estreptomicina e a bacitrina, o cloranfenicol, a neomicina, dentre outros (YUNES; CALIXTO, 2001).

    De acordo com França et al. (2007) , no século XIX foi permitido sintetizar novas substâncias orgânicas em laboratórios, fator esse que foi determinante para a revolução industrial e tecnológica que levou a produção de fármacos a medida que foram sendo explorados derivados puros e concentrados de plantas, porém os médicos passaram a priorizar drogas sintéticas, desconsiderando o papel da fitoterapia.

    O terceiro período, de 1970/1980 até o presente; época em que uma série de problema que deviam ser solucionados, como a diminuição das chances de encontrar novos fármacos pelo método screeningao, com relação ao aumento considerável dos custos para se obter novos fármacos, colocando como exemplo que para obter um novo anticonvulsivante seria necessário aproximadamente 400 mil compostos, para obter um antiviral aproximadamente 400 milhões de compostos, números esses que aumentaram os custos para a obtenção dos fármacos aumentando de U$ 4 milhões de 1960, a U$ 40 milhões em 1980, hoje calcula-se que estes valores estejam entre U$ 300 e U$ 500 milhões (YUNES & CALIXTO, 2001)

    De acordo com Loures et al. (2010), o Ministério da Saúde desde o ano de 1995 instituiu e normatizou no Brasil o registro de fitoterápicos, sendo considerado assim todo produto tecnicamente obtido e elaborado, onde utiliza as matérias primas ativas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnóstico, com benefícios para o usuário.

    Segundo Rezende et al. (2002), a fitoterapia é algo bastante antigo, de épocas remotas, tem como referências desse conhecimento de uso de plantas há mais de sessenta mil anos, sendo considerado que as primeiras descobertas foram feitas por estudos em ruínas do Irã, já existiam farmacopéias que reuniam as ervas e suas indicações terapêuticas na china a aproximadamente a 3.000 a.C.

Medicamentos fitoterápicos características gerais e uso

    Yunes & Calixto (2001) definem fitoterápicos como preparações padronizadas, contendo extratos de uma ou mais plantas, sendo que o comércio dos fitoterápicos são na forma de líquidos, extratos padronizados, extratos viscosos ou sólidos As preparações dos fitoterápicos normalmente são através da maceração ou destilação (óleos voláteis). Normalmente os extratos fluidos são extraídos com etanol e com água ou através de etanol e água, nos extratos sólidos, o processo se dá pela evaporação e depois processados até a secura. Em alguns casos são concentrados por etapas fito químicas complexas, no caso do Gikgo Biloba onde são processadas 50 partes da matéria prima para a obtenção de uma parte de material seco padronizado, ou seja, plantas associadas com homeopáticos não são considerados medicamentos fitoterápicos.

    Os medicamentos fitoterápicos possuem ação terapêutica lenta, não sendo recomendado seu uso nas emergências médicas. Os fitoterápicos normalmente são utilizados pela população para doenças como gripe, problemas digestivos e intestinais, doenças circulatórias, insônia, como tônicos, e no tratamento da fadiga e do cansaço. Poucos foram os fitoterápicos até hoje que possuem estudos cientificamente comprovados. Podemos observar ainda a disponibilidade de matéria prima para a fabricação de medicamentos fitoterápicos, o que é um problema pela dificuldade, fato que não se repete com os medicamentos sintéticos, e ainda podemos ver que ao contrário dos medicamentos sintéticos poucos fitoterápicos objetos de estudos clínicos são realizados como duplo cego, aleatórios e bem controlados com padrões aceitos internacionalmente (YUNES; CALIXTO, 2001).

    Segundo Balbino e Dias (2000) os medicamentos preparados com plantas medicinais podem causar reações adversas ou toxicidade se for utilizado com outros medicamentos. Relatar diagnóstico errado, tentando pressupor a espécie das plantas, pode causar superdose terapêutica e reações adversas, podendo ser perigoso.

    Existe certa dificuldade em perceber os efeitos colaterais das plantas medicinais tanto pelo usuário como pelo profissional da saúde. Nos Estados Unidos e Inglaterra, já existe uma sub-notificação voluntária dos medicamentos feitos com plantas, devido os usuários não procurarem conduta médica para utilização dos fitoterápicos e seus eventos adversos (BALBINO; DIAS, 2010).

    Ainda segundo Simões et al. (1999) Grande parte desses fitoterápicos são adquiridos em farmácia e lojas de produtos naturais, onde podemos perceber a diferença de um produto convencional de um natural, sendo ambos eficientes , mas os convencionais produzem maiores efeitos colaterais.

    Há uma generalização por parte da população de que tudo que é natural não é tóxico e não faz mal à saúde. Esse conceito é totalmente errado, pois existe uma grande parte das plantas medicinais que são prejudiciais ao organismo humano, possuem alto teor de toxicidade de constituinte farmacológico ativo muito tóxico (FRANÇA et al., 2008).

    Para a ANVISA (2009), diante de algumas notificações recebidas foram diagnosticados uso abusivo de fitoterápicos contendo alto teor de etanol, queimadura de pele relacionada ao uso tópico, dor no fígado após uso oral de ervas contendo etanol, convulsões e diarréias.

    Muitos fitoterápicos são usados de forma aleatória, cada vegetal em sua essência pode ser um alimento, veneno ou medicamento, as interações alimentícias, tóxicas e medicamentosas se dão em relação à dose, via de administração e a finalidade em que ela foi empregada (FRANÇA et al., 2008).

Conclusão

    Conclui-se que a utilização das plantas medicinais é milenar na história do mundo. Ressalta-se que é uma das mais antigas formas de se tratar e prevenir problemas de saúde e, atualmente, tem se configurado como uma escolha mais natural e menos lesiva à saúde, especialmente se comparada aos malefícios decorrentes do uso indiscriminado de medicamentos alopáticos. As plantas são utilizadas pela população através de chás, infusão, sendo vendidas pelos raizeiros, curandeiros e benzedeiras, que muitas vezes indicam a erva sem saber a eficácia de cada planta. No entanto é necessário divulgar o seu uso sob a forma de medicamentos fitoterápicos.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 192 | Buenos Aires, Mayo de 2014  
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