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Uma reflexão sobre o processo ensino-aprendizagem na formação superior em saúde. A metacognição e a prática das metodologias ativas

Una reflexión sobre el proceso de enseñanza-aprendizaje en la formación 

superior en salud. La metacognición y la práctica de las metodologías activas

 

*Especialista em Educação Profissional na Área de Saúde: Enfermagem

pela Fundação Osvaldo Cruz. Professor dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina

e Nutrição FUNORTE/FASI e Enfermagem UNIMONTES

**Especialista em acupuntura. Professora do Curso de Graduação

em Enfermagem: Área Materno-Infantil

Tadeu Nunes Ferreira

Tereza Cristina Silva Bretãs

tadeu-nunes@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo é uma reflexão teórico-filosófica acerca das práticas educativas na formação superior em saúde e teve como objetivo discutir a influência da metacognição no processo ensino-aprendizagem em saúde tendo em vista as novas práticas educativas como o uso das metodologias ativas nos cursos de Enfermagem e Medicina.

          Unitermos: Ensino-aprendizagem. Saúde. Metacognição. Metodologias ativas.

 

Resumen

          Este estudio propone una reflexión teórico-filosófica acerca de las prácticas educativas en la educación de los profesionales de la salud y apunta a discutir la influencia de la metacognición en los procesos de enseñanza-aprendizaje en vista de las nuevas prácticas educativas, tales como el uso de metodologías activas en los cursos de Enfermería y Medicina.

          Palabras clave: Enseñanza y aprendizaje. Metacognición. Salud. Metodologías activas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A visão do ensino enquanto fenômeno processual do aprendizado demonstra uma percepção de que o mesmo se desenvolve ao longo de etapas pré-definidas e com modelos conceituais elaborados numa seqüência lógica e harmonicamente estabelecida. Entretanto, ao se deparar com a prática de ensino no cotidiano das universidades publicas ou privadas, o professor do ensino superior percebe que aquilo que era conhecido pela rigidez da definição do projeto político pedagógico é, na prática, mais flexível e distancia-se de um conceito arraigado ao método de aprendizado feito em etapas.

    Neste sentido, seja por uma natureza processual rígida ou flexível, muitos elementos vão sendo atualmente incorporados no cotidiano das práticas de ensino com a definição de metodologias ativas, algo que parece inicialmente minimizar a rigidez dos conteúdos programáticos e da série de orientações de trabalho. Mas qual seria a forma mais adequada de formar profissionais de saúde? Como o acadêmico da área de saúde poderia ter suas habilidades aprimoradas para maximizar seu aprendizado?

    Indivíduos aprendem de forma diferenciada embora nem sempre a abordagem educacional seja diferenciada. Aprende-se com a contextualização, com a problematização, mas também se aprende com a repetição, memorização e transmissão. Apesar de parecerem contraditórias estas estratégias se complementam gerando o produto final de aprendizagem.

    O processo ensino-aprendizagem na área da saúde vem sofrendo profundas transformações nas últimas décadas acompanhando as crescentes transformações sociais e tecnológicas no contexto educacional. Freqüentemente educadores e estudiosos da pedagogia percebem novos e inquietantes desafios no cotidiano da prática educacional e, muitas vezes amparados por métodos que podem não ser adequados ou simplesmente não estar em harmonia com o perfil dos “aprendizes” ou com suas necessidades sócio-educacionais podem sentir-se frustrados com os resultados obtidos.

    A necessidade de mudança na educação de profissionais de saúde frente às dificuldades em responder às demandas sociais são percebidas internacionalmente e as instituições têm sido estimuladas a transformarem-se na direção de um ensino que, dentre outros atributos, valorize a equidade e a qualidade da assistência e a eficiência e relevância do trabalho em saúde. O processo de mudança da educação traz inúmeros desafios, entre os quais romper com estruturas cristalizadas e modelos de ensino tradicional e formar profissionais de saúde com competências que lhes permitam recuperar a dimensão essencial do cuidado: a relação entre humanos1.

    Assim a cognição amparada por uma visão mais individualizada do “aprender” pode trazer para o processo a percepção do aprendiz como protagonista da história de seu conhecimento, utilizando da sua linguagem, de suas informações e de sua cultura para elaborar, descrever, contextualizar e até solucionar problemas em sua prática. A metacognição pode ser um elemento que favorece a percepção mais ampla do processo ensino-aprendizagem, a organização e gerenciamento do pensamento e tomada de decisões.

A metacognição: uma ferramenta estratégica no processo de aprendizagem

    A idéia da metacognição encontra bases na filosofia, mais especificamente na maiêutica de Sócrates (século IV A.C.) que buscava fazer emergir as idéias por meio de questionamentos ao interlocutor. Tratava-se de uma atividade que objetivava, na visão do filósofo, trazer ao mundo a verdade que há dentro de cada um. Como filho de parteira, realizava um certo “parto intelectual” ao fazer surgir de seus interlocutores congruências e incongruências no diálogo. Contudo, ainda que o diálogo socrático pudesse representar um processo de acesso à consciência, ou uma forma de reflexão sobre crenças e idéias do indivíduo, ou uma busca pela verdade dentro de si, o processo não era tão individual como o é que investigado pela pesquisa metacognitiva2.

    O conhecimento metacognitivo refere-se ao conhecimento adquirido pelo indivíduo com relação ao todo cognitivo – sua mente e suas características psicológicas – e as experiências metacognitivas referem-se à consciência das experiências cognitivas e afetivas que acompanham cada empreendimento cognitivo. Os objetivos cognitivos, por sua vez, referem-se às metas a serem alcançadas em cada envolvimento cognitivo e as ações cognitivas referem-se às realizações para atingir tais metas3.

    A metacognição é um discurso de segundo nível sobre o conhecimento, caracterizando-se como um sistema de pensamento focado sobre a atividade cognitiva humana4. A metacognição pode ainda ser entendida como gerenciamento de metas; na perspectiva cognitiva do processamento humano da informação, coordena e monitora as atividades mentais. Pode ser entendida como o conhecimento e o autocontrole que um indivíduo tem sobre sua própria cognição e atividades de aprendizagem; implica em ter consciência de seu estilo de pensamento, processos e eventos cognitivos, além de habilidade para controlar estes processos, com o propósito de organizá-los, armazená-los e modificá-los5.

    O conhecimento metacognitivo é um conceito abordado por vários autores e é visto como um conjunto de crenças pessoais sobre todos os possíveis aspectos da atividade cognitiva. Isto é, as informações armazenadas são passíveis de controle pelo sujeito que, conseqüentemente, também controla o conhecimento referente às ações concretas que ele vai realizar no mundo. Outro aspecto importante do processo metacognitivo é a conceitualização metacognitiva de uma tarefa, que consiste na reflexão metacognitiva presente no momento em que se inicia uma tarefa ou durante sua execução6.

    Assim como no ensino, a prática de saúde também está arraigada de valores próprios, percepções e símbolos diferenciados o que pode ser enriquecedor na aprendizagem e também desafiador quando se observa o outro pela perspectiva referencial e arquetípica do profissional de saúde. A construção do saber em saúde deve, portanto dialogar com tecnologias de ensino que favoreçam a utilização eficaz de recursos do próprio indivíduo, de sua vivência prática e mais do que isso deve orientá-lo a compreender o seu próprio processo de aprendizagem já que a metacognição, nesse sentido, refere-se ao conhecimento dos processos de cognição e seus resultados, abrangendo atividades de monitoramento desses processos, em relação a objetivos ou dados cognitivos, e está ligada às estratégias utilizadas pelos indivíduos nos esforços individuais para aprender. Desta forma, a metacognição desenvolve-se a partir da capacidade do homem de refletir sobre seu processo de conhecimento, durante a realização de tarefas, sobre os processos mentais que facilitam essa realização e sobre as estratégias que utiliza para a resolução de problemas6.

    A aprendizagem baseada em problemas (PBL) é um novo método de ensino empregado em escolas médicas. Sob este novo método, estudantes desempenham um papel mais ativo e fundamental no seu processo de aprendizagem. A sessão tutorial é a atividade mais importante: os alunos são divididos em pequenos grupos, composto por cerca de dez membros, e monitorados por um tutor assistente. No início da semana, um determinado problema é enviado para os alunos, e eles posteriormente, discutem e levantam questões relativas ao caso e definem os objetivos para o estudo7. Estratégias metacognitivas podem freqüentemente ser utilizadas por estudantes e professores em contato com esta metodologia tendo em vista o seu caráter voltado para a construção ativa do conhecimento.

Considerações finais

    Algumas estratégias de ensino utilizadas atualmente tentam incluir o aprendiz e procuram trazê-lo para o fenômeno da construção do conhecimento estabelecendo modelos de participação ativa no aprender. Entretanto, não são muitas as que se ocupam do “aprender a aprender” ou de como o aluno constrói e monitora o seu conhecimento, modula ou ajusta-o diante dos problemas de sua prática. Assim, a metacognição desponta como uma possibilidade real e estratégica de melhor utilização de conceitos prévios ou adquiridos na academia e pode ser explorada em diversas etapas da construção do saber em saúde além de estar invariavelmente ligada às novas metodologias aplicadas nos cursos de saúde como Enfermagem e Medicina.

Referências

  1. Cyrino EG, Toralles-Pereira ML. Estratégias de ensino-aprendizado por descoberta na área da saúde. Cad. Saúde Pública, 2004; 20(3):780-788.

  2. Grupo de Estudo Aprendizagem e Cognição. Interface entre metacognição e enfermagem. Extrato da tese de Doutorado: Associação entre a interação e a metacognição: características e perspectivas de uma comunidade virtual de enfermagem. Acesso em 20 Ago 2013. Disponível em: https://sites.google.com/site/geacufrjpublico/textos-basicos/interface-entre-metacognicao-e-enfermagem

  3. Jou GI, Sperb TM. A metacognição como estratégia reguladora da aprendizagem. Psicol. Reflex. Crit., 2006; 19 (2): 177-185.

  4. Santos G, Brandão MAG, Peixoto MAP. Metacognição e Tecnologia Educacional Simbólica. Revista Brasileira de Educação Médica. 2007; 31 (1): 67 – 80.

  5. Joly MCRA. Escala de estratégias metacognitivas de leitura para universitários brasileiros: estudo de validade divergente. Univ. Psychol. Bogotá (Colombia), 2007; 6 (3): 507-521.

  6. Andretta I, Silva JG, Susin N, Freire SD. Metacognição e aprendizagem: como se relacionam? Psico, 2010; 41 (1), 7-13.

  7. Millan LPB, Semer B, Rodrigues JMS, Gianini RJ. Traditional learning and problem-based learning: self-perception of preparedness for internship. Rev. Assoc. Med. Bras. 2012; 58(5):594-599

  8. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem: Métodos, avaliação e utilização. 5.ed. Porto Alegre: Artmed; 2004. p 487-208.

  9. Dantas CC, Leite JL, Lima SBS, Stipp MAC. Teoria Fundamentada nos Dados – Aspectos Conceituais e Operacionais: Metodologia possível de ser aplicada na pesquisa em Enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem 2009; 17(4).

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