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Inserção do profissional de Educação Física 

nas instituições de longa permanência para idosos

La inserción del profesional de Educación Física en instituciones de larga estadía para la tercera edad

 

*Mestre em Envelhecimento Humano (UPF). Graduada em Educação Física (ULBRA)

**Mestre em Envelhecimento Humano (UPF). Graduada em Educação Física (UPF)

***Doutora em Enfermagem (UFSC). Graduada em Enfermagem (UPF). Coordenadora

e docente do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Envelhecimento Humano (UPF)

(Brasil)

Alessandra Cardoso Vargas*

alessandracvargas@hotmail.com

Simone Krabbe*

krabbe@upf.br

Claudia da Silva Biolchi**

claudia_biolchi@hotmail.com

Marilene Rodrigues Portella***

portella@upf.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou caracterizar a prática do profissional de educação física nas Instituições de Longa Permanência para Idosos e identificar os desafios apontados por eles no contexto da institucionalização. A pesquisa é exploratória/descritiva, realizada após o mapeamento dos cadastros das ILPIs, sendo identificadas 17, na cidade de Passo Fundo, destas, 14 aceitaram participar, sendo localizadas três educadoras físicas, com idade entre 36 a 52 anos. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas. Resultados indicam que a prática de atividade física é inexpressiva nas ILPI, e quando ocorre é por meio de encontros semanais, com ofertas de atividades de recreação.

          Unitermos: ILPI. Educação Física. Saúde do idoso.

 

Abstract

          This study is aimed to characterize the practice of physical education professionals in Long-Stay Institutions and identify the challenges mentioned by participants in the context of institutionalization. The research is exploratory / descriptive study, after mapping the records of ILPIs were identified, 17 in the city of Passo Fundo, of these, 14 agreed to participate, and were located three physical educators aged 36-52 years. Data were collected through semi-structured interviews. Results indicate that physical activity is negligible in the ILPI, and when it occurs is through weekly meetings with offers of recreation activities.

          Keywords: ILPI. Physical Education. Health of elderly.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 19 - Nº 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os temas relacionados à longevidade têm ocupado atualmente, lugar de destaque, evidenciando a prática regular de atividades físicas como importante na promoção da saúde, na manutenção da capacidade funcional e independência da pessoa idosa, proporcionando saúde física, mental, emocional, social e espiritual (FRANCHI; MONTENEGRO, 2005). Todavia, quando se trata da questão da atividade física no contexto gerontológico, em especial, no que confere ao idoso institucionalizado, a literatura brasileira se mostra incipiente.

    A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), quando aprovou a Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 283 (BRASIL, 2005), que trata do regulamento técnico onde define normas para o funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), faz menção ao profissional de educação física quando aborda a questão das atividades de lazer, ressaltando a necessidade da instituição que abriga 40 ou mais idosos, a oferta desse serviço e a manutenção de um profissional com uma carga horária de 12 horas semanais, podendo até ser um serviço terceirizado. No entanto, Yoshitone (2010) alerta para o fato de que as instituições sociais nem sempre atendem aos requisitos legais no que diz respeito ao quadro de recursos humanos, devido a pouca atuação que os conselhos de classe têm com esses cenários.

    Por outro lado, o Ministério da Saúde reconhece que o maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam advir no curso da vida, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida, mantendo sua autonomia e independência pelo maior tempo possível, o que se constitui também na finalidade primordial de políticas públicas para esse seguimento, a exemplo das diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, e do objetivo geral da Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2006a; BRASIL, 2006b).

    A participação do idoso em programas de exercícios físicos é determinante no processo de envelhecimento, com impacto sobre a qualidade e expectativa de vida, melhoria das funções orgânicas, garantia de maior independência pessoal e um efeito benéfico no controle, tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidades cardíacas, hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose, distúrbios mentais, artrite e dor crônica (TUDOR-LOCKE et al. 2011).

    O idoso institucionalizado pode ficar deprimido e sofrer deterioração psicológica, acompanhada de sentimentos de abandono por parte da família, mesmo que estes não sejam reais como alerta Jacob (2007). A condição se agrava, quando nas ILPIs não há oferta de programas de animação para idosos, haja vista que nas instituições, seja pública ou privada, a prioridade dos recursos humanos, materiais e financeiros estão direcionados, principalmente, para a higiene, saúde e alimentação dos residentes. Em termos de entretenimento a maioria das organizações limita-se a fazer passeios esporádicos, algumas festas anuais, e por vezes, as comemorações de aniversários dos idosos.

    Desta forma, a redução da prevalência de inatividade física em idosos requer a mobilização da criatividade dos profissionais de saúde para estabelecerem programas e ações que asseguram um avanço nesta direção. Na realidade, a inclusão da prática regular de atividade física deve ser entendida como uma questão essencial nos hábitos da vida sociocultural do idoso permitindo-lhe um envelhecimento satisfatório (ZAZÁ; CHAGAS, 2011).

    Parafraseando Jacob (2007) animar-se ou distrair-se é uma necessidade fundamental de todos os indivíduos, e aqueles que se divertem com uma ocupação agradável com o propósito de se descontrair física e psicologicamente satisfazem essa necessidade. Do mesmo modo, os idosos também têm necessidades na medida de suas capacidades e limitações de ter atividades recreativas, independentemente do contexto em que se inserem. Neste sentido a presente pesquisa objetivou-se caracterizar a prática do profissional de educação física nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e identificar os desafios apontados pelos participantes no contexto da institucionalização.

Metodologia

    Trata-se de um estudo exploratório/descritivo de natureza qualitativa, realizado após o mapeamento dos cadastros das instituições obtidos junto ao Conselho Municipal do Idoso, sendo identificados 17 ILPIs na cidade de Passo Fundo, destas, 14 aceitaram participar da pesquisa. Foram localizados apenas três profissionais de educação física atuantes, do sexo feminino, com faixa etária entre 36 a 52 anos de idade.

    A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas, gravadas, transcritas e posteriormente degravadas, sobre a formação profissional, dados sociodemográficos e perguntas abertas sobre a organização do serviço e os desafios enfrentados em relação ao trabalho do educador físico no contexto das ILPIs. Os dados foram sistematizados em categorias de análise, tomando por referência a análise temática proposta por Minayo (2009).

    O estudo fora desenvolvido em conformidade com as instruções contidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, para estudos com seres humanos, ainda, foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo e aprovado conforme o parecer nº 393/2011. Todos os sujeitos concordaram a participar da pesquisa formalizada pela assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados e discussões

    No registro das entrevistas constatou-se que as educadoras físicas concluíram seu curso de formação há mais de 10 anos. Quanto à experiência de atuação em ILPI são de mais de sete anos, ambas sem formação gerontológica específica, mas com especialização em áreas afins.

    Os resultados indicam que a prática de atividade física é inexpressiva nas ILPIs, e quando ocorre é por meio de encontros semanais, com ofertas de atividades variadas do tipo recreação e entretenimento, como por exemplo, jogos para memória, danças, caminhada, oficina de sensibilidade, exercícios orientados, atividades culturais e lúdicas, até passeios temáticos. Na observação das participantes tais estratégias proporcionam ao idoso bem-estar, interação social e fortalecimento dos vínculos, corroborado por Lopes, Farias e Pires (2012), ao declarar que a diversidade de atividades físicas oportunizadas no âmbito das ILPIs traz contribuições no sentido de tornar o idoso mais ativo e atuante no seu contexto social.

    Fernandes (2010), abordando a temática da ocupação do tempo livre nas instituições e lares geriátricos, ressalta que o interesse do idoso por atividades físicas, sociais e cognitivas, evita a ociosidade, o tédio e a inatividade que acera nestes ambientes. Desse modo, o educador físico no seu plano de ação, poderá propor um conjunto de iniciativas de modo a garantir e favorecer o equilíbrio físico, mental e a saúde psíquica dos idosos institucionalizados.

    Nesse seguimento, Portella (2004) destaca que a inclusão dos profissionais de educação física no planejamento das ações de cuidado aos idosos favorece uma maior adesão a rede social. Por outro lado, o idoso ao aderir à proposta desenvolve práticas de autocuidado, o que significa uma reconstrução do processo do envelhecimento.

    Quando questionado sobre seu plano de trabalho, revelaram a não realização da avaliação física inicial nos idosos. Para Souza et al (2011) a avaliação física e funcional da pessoa idosa é fundamental porque determina não somente o grau de comprometimento funcional, como indica a intervenção necessária. A ausência de uma avaliação inicial impossibilita o profissional de conhecer sua clientela, desse modo, o processo inicial pode traduzir-se em desafios.

Desafios enfrentados pelo Profissional de Educação Física nas ILPIs

    A inserção do profissional de educação física no contexto das ILPIs se mostra numa situação desafiadora, em que a insegurança, se apresenta como a tônica da conjuntura inicial, como se confere:

    Meu maior desafio foi ao chegar na instituição, pois senti muito medo da não aceitação das atividades propostas aos idosos [E.1]

    Evidencia-se na fala de E1 que fazer escolhas é uma decisão difícil e o medo para grande parte das pessoas, é inevitável, quando se trata de uma novidade. A insegurança para o educador físico pode estar associado a sua inabilidade inicial na prática gerontológica. No entendimento de Fraquelli et al. (2009), é importante que os educadores tenham um conhecimento sobre as características biológicas, psicológicas e sociais específicas do ser humano idoso quando se trata de uma proposta de ensino-aprendizagem. Desse modo, na perspectiva dos autores, educar idosos significa acreditar nas reais capacidades deles, potencializando seus talentos, ensinando-os a colocarem o conhecimento a serviço de sua construção pessoal.

    Os medos e incertezas espelham o desejo por um resultado satisfatório, o sucesso depende do modo como lidamos com as emoções, com os conhecimentos, com a convivência profissional, com as condições de pesquisa e a cultura da profissão, pois o pensamento e conhecimento alimentam-se de incerteza, e, conhecer e pensar não é chegar a uma verdade absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza (RODRIGUES, 2012).

    Segundo Bardagi; Lassance; Paradiso (2003) no campo profissional uma boa escolha é avaliada pela forma como é tomada e pelas consequências cognitivas e afetivas que produz. Cada projeto de trabalho traz em si incertezas cujas respostas se reservam ao tempo, como se confere na fala:

    Queria em primeiro lugar que gostassem das atividades físicas, pois tive muito medo da não aceitação dos idosos em relação aos exercícios. O que foi bem diferente do que pensei [E.2]

    Evidencia-se nesta fala a preocupação inicial com o novo, o inesperado e o diferente. Talvez, pela falta do conhecimento acerca do modo como os idosos vivem nos ambientes de ILPIs, carentes de atividades, num primeiro momento, parece difícil pensar uma proposta que agrade aqueles que lá estão. Silva e Cunha (2002) salientam que a necessidade de preparo dos profissionais para dar conta das exigências da sociedade tornou-se fundamental, e a competência destes tem sido submetida à pressão frente às novas formas de demanda. Assim, ao ingressar na profissão, o educador físico se vê frente a situações na qual admite seu despreparo (FOLLE et al. 2009).

    Todavia, segundo Rodrigues (2012) em nossa prática profissional o sucesso dos relacionamentos decorre dos laços estabelecidos baseados em confiança. Desse modo, o trabalho do educador físico pode se apresentar como um processo de autorrevelação para ambos os partícipes, como se confere:

    Sou tranquila para trabalhar, atendo meus alunos (referindo-se aos idosos) aqui na instituição individualmente, pois fazemos exercícios orientados e não trabalho em grupo, acredito que meu desafio maior é este [E.3]

    De acordo com Creutzberg et al. (2007) nas ILPIs praticamente não ocorrem atividades ocupacionais e, devido ao declínio do organismo, os idosos ainda preferem aquelas que requeiram menor esforço. Fato este que colabora para que o indivíduo tenda a se tornar menos ativo, à medida que aumenta a idade. A diminuição da aptidão funcional nos cenários das instituições também se atribui as longas horas de ociosidade (BENEDETTI; PETROSKI; GONÇALVES, 2003; MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2007; SOUZA et al., 2011).

    Acreditamos que tanto por parte dos educadores físicos é imprescindível um investimento enquanto categoria profissional, quanto dos próprios órgãos de classe. Se a legislação vigente recomenda para atividades de lazer no ambiente das ILPIs a presença deste profissional, então, é importante que estejam preparados para atuarem neste contexto, preocupação esta que também deve se estender as instituições formadoras (CRUZ et al. 2009).

    Neste sentido, Folle et al. (2009) fazem um alerta acerca dos desafios que permeiam a carreira de um profissional. Para os autores, os dilemas e conquistas são fortemente influenciados pelo modo como o sujeito percebe a si mesmo, e, se sente no ambiente de trabalho na busca da realização pessoal e profissional. Seguindo este pensamento, o ambiente da institucionalização, ainda é cercado de estereótipos e preconceitos, o que requer dos profissionais que se propõem trabalhar com os idosos uma compreensão sobre tal polêmica.

    O mundo está em constantes transformações, fato que se revela também nas questões referentes ao envelhecimento populacional, outrora tal temática não fazia parte do currículo dos profissionais da área da saúde, hoje, gradativamente vai adentrando os espaços de formação. Entretanto é necessário estimular mais discussões a respeito das questões concernentes aos desafios e perspectivas enfrentados pelos profissionais, no contexto gerontológico.

    A Educação Física, assim como outras profissões têm sua inserção no contexto interdisciplinar da gerontologia, enfrentando os desafios e dilemas inerentes ao contexto brasileiro na atualidade.

    Pensando a mudança de paradigmas, destaca a presença do educador físico, em áreas estratégicas como da saúde integral da pessoa idosa sobre a perspectiva de transpor a lógica fragmentada com vista à construção de redes de atenção e cuidado que está contemplada em programas do Ministério da Saúde, como no caso dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, cujas diretrizes para prática profissional apontam para as práticas corporais e atividade física (ZAZÁ; CHAGAS, 2011).

    Em se tratando da atenção ao idoso no contexto gerontológico dos institucionalizados, não deveria ser diferente, todavia a realidade que se confere é outra, como demonstra a fala:

    Acredito que em todas as instituições deveriam ter um profissional de educação física, mas infelizmente não é bem assim não [...].pois a maioria das instituições não tem [E.1]

    De fato que a cronicidade das doenças ou diferentes graus de comprometimento causam variados graus de dependência funcional e cognitiva que, em conjunto ou isoladamente, levam a dependência física ou cognitiva dos idosos institucionalizados. Conforme Michel (2010) a modalidade de cuidado ao idoso que confere a implantação de equipes multiprofissionais nas ILPIs é recente, talvez por isso o atendimento gerontológico ainda seja precário em diversas instituições.

    Muitos parecem não perceber a importância do educador físico. O certo seria mesmo era ter antes de um fisioterapeuta na instituição ter um educador físico, pode ser que um dia mude, mas é difícil [...] Porque este chega para atender os idosos comprometidos e nós chegamos para a promoção de saúde [E.1]

    Na atenção ao idoso é fundamental a interdisciplinaridade, bem como, a multiprofissionalidade, no entanto, a fala de E1 mostra o paradoxo da questão. De acordo com Silva e Cunha (2002), à inteligência e o pensamento estão condenados ao trabalho em comum, a abertura, a transparência e a troca.

    A gerontologia se constitui na prática em uma especialidade de diferentes profissões, multidisciplinar, e, interdisciplinar, em função da complexidade do fenômeno da velhice que exige não apenas a união de conhecimentos existentes em diversas disciplinas, mas também a construção de um novo corpo de conhecimento científico que orienta a sua prática (PAVARINI et al.,2005).

    Nesta perspectiva, todos os profissionais são indispensáveis quando se pensa na dignidade e na promoção da qualidade de vida do ser humano idoso. O processo do envelhecimento é multifatorial e de natureza multidimensional, portanto, no contexto da institucionalização é de se pensar um trabalho multiprofissional, nesta perspectiva, todos os profissionais são imprescindíveis, não há aquele que seja menos ou mais importante, cada especialidade colabora de modo decisivo para a manutenção da capacidade funcional e a promoção da saúde da pessoa idosa, como preconiza o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010).

    De acordo com o estudo de Camarano et al., (2010) nas ILPIs privadas, a exemplo do cenário do estudo, a maior parcela dos idosos residentes é dependente para atividades de vida diária. Assim, uma instituição deve contar com uma ampla oferta de serviço, uma vez que existe comprometimento da capacidade funcional dos residentes, todavia, a realidade das instituições segundo as autoras, ainda apresenta estruturas deficitárias.

    Percebe nas ILPIs a lógica que vigora no sistema de saúde, em que a preocupação centra-se num primeiro momento no curativo, no caso das instituições, na reabilitação, talvez por isso, se encontra lá, a fisioterapia. No entanto, os educadores físicos ressaltam que as atividades físicas são associadas à melhora do bem-estar físico e a redução do risco de doenças cardiovasculares, propiciando aos residentes a manutenção de uma condição funcional. Por outro lado, aqueles que se exercitam regularmente têm menos chance de experienciarem declínio cognitivo quando comparadas àquelas que não se engajam em programas de atividades (TAVARES, 2007). Como confere nas falas:

    As ILPIs acabam sendo prejudicadas sem os profissionais de Educação Física para se dedicar mais aos idosos residentes para um envelhecimento saudável e ativo, é uma pena [E.3]

    Volto a dizer que, eu e a minha colega sempre falamos, a todo momento, que, quem tem educador físico na instituição tem prevenção de doenças e com certeza o convívio social destes idosos é bem melhor [E.2]

    A posição de E2 e E3 está alinhada às políticas públicas de relevância para a saúde da pessoa idosa no sistema único de saúde, em especial, na Política Nacional de Promoção da Saúde, que dentre as ações cita a prática corporal e a atividade física como prioridade específica (BRASIL, 2010).

    A demanda crescente de instituições faz emergir uma preocupação em incentivar hábitos de estimulação cognitiva e física em idosos institucionalizados, com o intuito de proporcionar maior qualidade de vida a este seguimento.

    À medida que o trabalho dos educadores físicos sair da esfera do invisível é possível que os gestores das instituições reconheçam a importância advinda desta intervenção, pois qualifica o cuidado promovendo saúde através do lazer e inserção social, minimiza os agravos, e, por conseguinte possibilita a elevação do conceito da prestação de serviço, além de, contribuir significativamente na redução de gastos.

    Ademais, como confere Werneck; Bara Filho e Ribeiro (2005), a atividade física atua na prevenção e no tratamento de distúrbios psicológicos bem como na promoção da saúde mental, melhoria do humor, do autoconceito, maior estabilidade emocional, autocontrole, maior autoeficácia, controle do estresse, melhoria da função intelectual, redução da ansiedade e da depressão.

    A implementação de programas regulares de atividades físicas, assim como o lazer pode contribuir para o melhor estado de espírito das pessoas e no caso dos mais velhos ameniza os efeitos decorrentes do processo de envelhecimento e possibilita superar limitações e reconstruir a vida de forma positiva, criativa e autônoma (MOURA; SOUZA, 2012).

    Entretanto, não significa que a atividade física e a prática corporal realizada será algo muito diferente, mas que o profissional consciente sobre a inserção das intervenções no contexto da educação e da sociedade, irá produzir benefícios maiores à saúde em longo prazo, assim como para a autonomia e cidadania das pessoas idosas (ZAZÁ; CHAGAS, 2011).

Considerações finais

    Percorrendo o caminho da pesquisa buscou-se caracterizar a prática do profissional de educação física, os desafios enfrentados no contexto da institucionalização e as perspectivas vislumbradas. A prática ocorre por meio de encontros semanais com oferta de atividades variadas, incluindo os jogos, exercícios orientados, caminhadas, atividades culturais e lúdicas.

    Os desafios apontados centram-se nas incertezas e insegurança que o profissional vivencia ao iniciar suas atividades junto aos idosos, no contexto da institucionalização. A inexpressiva presença do educador físico nas ILPIs foi salientada pelos participantes, também se configura como um desafio à falta de reconhecimento da importância que o trabalho do profissional tem na promoção da saúde e na prevenção de agravos, bem como, na manutenção da capacidade funcional dos idosos institucionalizados.

    Ressaltamos que a limitação deste estudo se confere a questão de uma realidade específica, que não permite generalizações, todavia a contribuição também reside neste mesmo aspecto, por tratar-se de uma especificidade em questão. O que reforça a necessidade de encaminhamento de novos estudos, com vistas à ampliação da discussão acerca da inserção do profissional de educação física no contexto das ILPIs.

Referências bibliográficas

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