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Prevenção e tratamento de lesões em corredores de rua: uma revisão

Prevención y tratamiento de lesiones en corredores de calle: una revisión

 

*Fisioterapeuta. Mestranda em Saúde da Criança e do Adolescente. Residente Multiprofissional

em Saúde da Família. Docente do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA

**Acadêmica do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA

(Brasil)

Erika de Vasconcelos Barbalho

Tayane Dias Rodrigues

erikavascb@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Com o crescente número de praticantes de corrida de rua e, sabendo que esta é uma modalidade esportiva de impacto que torna o atleta suscetível a lesões, este estudo tem como objetivo investigar as principais lesões ocorridas em corredores de rua, abordar os aspectos preventivos e identificar na literatura um protocolo de tratamento fisioterapêutico. Trata-se, portanto, de um estudo de revisão integrativa e, de natureza descritiva em que realiza uma reflexão sobre os aspectos preventivos e exercícios para promover a reabilitação de atletas corredores de rua em que, foi avaliada uma amostra constituída por 07 artigos, os quais foram organizados e apresentados em dois quadros (Quadro 01 e Quadro 02), com os seguintes tópicos: o quadro 01 contendo tópicos como nome dos autores, ano da publicação, título do artigo, tipo e objetivo do estudo. Já os componentes do quadro 02 foram: principais lesões em corredores de rua e os resultados. Os artigos coletados foram escolhidos e analisados de acordo com os critérios de inclusão, portanto, foram referentes aos últimos 10 (dez) anos, com abordagens no Brasil, publicados decorrentes de pesquisa de campo, nomeados pelos editores originais e completos. Conclui-se neste trabalho que é importante conhecer a modalidade de corrida e, descobrir os fatores de riscos que desencadeiam as lesões comuns em atletas praticantes de corrida de rua, para a partir disso, traçar medidas preventivas e desenvolver um tratamento adequado de acordo com os fatores de riscos encontrados e, consciente sobre a eficácia do método escolhido para o atendimento.

          Unitermos: Corrida. Traumatismo em atletas. Terapêutica.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A corrida de rua é uma modalidade esportiva inserida como uma das categorizações do atletismo que, além de ser um esporte aeróbico é também considerada um esporte de impacto, resistência e força, sujeitando o praticante a lesões agudas e/ou crônicas. Vem crescendo significativamente nos últimos anos, devido principalmente ao grande número de adeptos e à facilidade em sua prática, o baixo custo e os benefícios para a saúde quando feitos com freqüência (ISHIDA et al., 2013).

    De acordo com a Federação Paulista de Atletismo (FPA) houve um crescimento de 60% de adeptos para esta atividade, em 10 anos. Atualmente, segundo as estimativas, há mais de quatro milhões de corredores no Brasil, tornando as corridas de rua o segundo esporte mais popular do país, sendo o futebol o primeiro (PETRY; NESSI, 2012).

    Segundo Pastre et al. (2004), as lesões agudas ocorrem quando o dano é conseqüência de uma atividade em que o organismo não se encontra preparado. As lesões crônicas quando surge a partir de treinamento físico intensivo e prolongado ou, corresponde a uma lesão mal curada que tende a se recidivar diante da fragilidade de uma estrutura, ou ainda, lesão de sobrecarga, que ocorre com o conjunto de cargas que conduzem a uma inevitável diminuição de forças.

    As lesões são acontecimentos comuns da vida cotidiana que, podem ocorrer em uma prática esportiva, em ambiente de trabalho ou momentos de lazer (WHITING; ZERNICKE, 2001). Os principais sinais e sintomas são dor na região afetada, limitação do movimento articular, edema, possíveis derrames de líquido sinovial ou hemorragia, atrofia muscular e perda de função, condições que desencadeiam grandes perdas emocionais e econômicas principalmente quando ocorridas em atletas (FEITOZA; MARTINS JÚNIOR, 2000).

    As causas das lesões são multifatoriais podendo ser resultantes de um conjunto de fatores de natureza intrínseca que envolve as características pessoais, físicas e psicológicas e distinguem os indivíduos entre si e, de natureza extrínseca que envolve as condições ambientais e a maneira como as atividades são administradas (SIMÕES, 2005).

    A maioria das lesões desportivas ocorre em decorrência de exercícios exaustivos sendo realizados por atletas em iniciação ou por atletas de altos níveis de desempenho. Mas, de acordo com Safran, Mckeag e Camp (2002), aproximadamente 30% a 50% das lesões desportivas ocorrem pelo uso excessivo associado a outros mecanismos, sendo que destes, 70% sucedem por falta de preparo durante o treinamento.

    As lesões osteomioarticulares são as mais freqüentes na prática esportiva. O local de lesão varia com o tipo de esporte praticado. O membro inferior é o local mais acometido por lesões, principalmente em corredores e, por existir íntima relação entre os esportes e os gestos esportivos como o salto e as corridas bruscas (VITAL et al., 2007).

    Portanto, o esporte praticado por atleta amador ou profissional, exige inicialmente respeito ao princípio da individualidade biológica para que a atividade física não se torne o principal causador de lesões (COGO, 2009).

    Com o aumento do número de praticantes de corridas de rua, a preocupação com a prevenção e o tratamento das lesões tornou-se uma prioridade, pois além das conseqüências físicas e psicossociais, pode haver a interpretação de uma imagem negativa a prática da atividade física. A investigação dos fatores de risco é uma das maneiras imprescindíveis para prevenir a ocorrência de lesões e realizar um tratamento seguro e eficaz (PILEGGI et al., 2010).

    Entender melhor o perfil dos corredores, identificar os fatores associados a lesões musculoesque­léticas e envolver uma abordagem multidisciplinar, pode auxiliar na implantação de es­tratégias preventivas, pois a participação de fisioterapeutas, médicos, treinadores físicos e outros profissionais da saúde possibilitam eficazes para a redução dos danos nesses praticantes (HESPANHOL JUNIOR et al., 2012).

    Frente ao exposto, o presente trabalho buscou identificar as principais lesões que ocorrem em corredores de rua e abordar as estratégias preventivas e terapêuticas desenvolvidas pelo fisioterapeuta nestas lesões.

Metodologia

    Trata-se de um estudo de revisão integrativa, de natureza descritiva em que realiza uma reflexão sobre os aspectos preventivos e terapêuticos promover a reabilitação de atletas corredores de rua.

    A revisão integrativa é um tipo de pesquisa que possibilita a síntese relacionada ao tema e aos tipos de abordagem já publicados por outros estudiosos, permitindo a formação de novos conhecimentos resultantes de pesquisas anteriores. Sua origem decorre da intenção em integrar opiniões, conceitos ou idéias oriundas de outras pesquisas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

    O levantamento bibliográfico se deu entre os meses de julho a outubro de 2013, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), sendo para isso selecionado os Descritores em Saúde (DeCS/BVS), a saber: “corrida”, “traumatismo no esporte”, “prevenção”, “terapêutica”, “fisioterapia” e, seus equivalentes nos idiomas inglês e espanhol. A pesquisa foi realizada através dos seguintes bancos de dados eletrônicos: Scientific Electronic Library (SciELO) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

    Os parâmetros limitadores da busca inicial foram artigos publicados entre 2003 e 2013, redigidos em língua portuguesa, espanhola ou inglesa e, publicações que tivessem como foco a prevenção e o tratamento da fisioterapia nas lesões de corredores de rua. Foram excluídas as publicações que não estivessem em formato de artigo científico, como livros, teses, dissertações, resenhas, cartas e editoriais, ou que não estavam disponíveis na íntegra para acesso online.

    Após levantamento preliminar nas bases de dados escolhidas, os resumos dos artigos selecionados foram revisados, de modo a se poder refinar a escolha final das publicações que comporiam o corpus deste estudo.

    No refinamento posterior da busca, o corpus desta revisão terminou constituído de 07 artigos qualificados, que foram lidos e catalogados segundo uma ficha que resume seus atributos gerais apresentados na forma de quadro. Assim, foram elaborados dois quadros. O quadro 01 sumariza o tipo de estudo, ano de publicação, autores, título e objetivo. O quadro 02 demonstra a população/amostra do estudo, principais lesões em corredores de rua e os resultados encontrados que, por fim, foram descritos e relacionados com a literatura.

Resultados e discussão

    A busca bibliográfica na base de dados SciELO apresentou um total de 47 artigos e na LILACS um valor de 61 que, após seleção segundo os critérios definidos neste estudo, foram reduzidos a sete artigos que foram detalhadamente analisados.

    O quadro 01 apresenta a caracterização geral dos artigos selecionados. De acordo com o ano de publicação, um artigo foi publicado em 2004, um artigo em 2008, um em 2009, dois em 2010 e dois em 2012, demonstrando que há lacuna de publicações, portanto, há publicações no período entre 2004 e 2012. Quanto aos tipos de estudos, foram classificados como: um de prevalência, um transversal, um de investigação, um de coorte prospectivo, um experimental, um estudo de caso e um observacional transversal. Todos os estudos escolhidos tinham abordagens quantitativas e qualitativas como referidos nos critérios de inclusão.

Quadro 01. Artigos selecionados sobre lesões em corredores de rua, segundo autores, ano de publicação, título, tipo e objetivo do estudo

SCIELO

Autores

Ano

Título

Tipo de estudo

Objetivo

HINO et al.

2009

Prevalência de Lesões em Corredores de Rua e Fatores Associados

Estudo de prevalência.

Verificar a prevalência de Lesões Esportivas e analisar os fatores associados, em corredores participantes do circuito de corrida de rua da cidade de Curitiba-PR.

FERREIRA et al.

 

 

2012

Prevalência e fatores associados a lesões em

Corredores amadores de rua do município de belo horizonte, MG.

Estudo observacional do tipo transversal.

Verificara prevalência de lesões osteomioarticulares e analisar os fatores associados em corredores de rua amadores de Belo Horizonte, MG.

 

 

LILACS

 

 

HESPANHOL JUNIOR et al.

2012

Perfil das características do treinamento e associação com lesões musculoesqueléticas prévias em corredores recreacionais: um estudo transversal.

Estudo

Transversal.

Descrever os hábitos, as características de treinamento e o histórico de lesões de corredores recreacionais..

NETO JUNIOR, J.; PASTRE, C.M.; MONTEIRO, H.L.

2004

Alterações posturais em atletas brasileiros do sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições internacionais

Estudo de investigação.

Descrever o perfil postural

dos atletas que participam de provas de potência muscular e identificar os processos anátomo-cinesiológicos responsáveis pelas alterações corporais.

PILEGGI, P. et al.

2010

Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares

em corredores: um estudo de coorte prospectivo.

Estudo de coorte prospectivo.

Relatar prospectivamente a incidência de lesões osteomioarticulares em corredores amadores durante 12 meses de seguimento e detectar os principais fatores extrínsecos e intrínsecos para as lesões encontradas.

FUKUCHI, R.K; DUARTE, M.

2008

Análise cinemática comparativa da fase de apoio da corrida

em adultos e idosos

Estudo experimental

Comparar a cinemática dos movimentos dos MMII entre os adultos jovens e idosos durante o período de apoio da corrida.

SILVA, K.N.G. et al.

2010

Reabilitação pós-operatória dos ligamentos cruzados anterior e posterior – Estudo de caso.

Estudo de caso

Desenvolver e aplicar um protocolo de reabilitação para pós-operatório de reconstrução dos ligamentos cruzados.

    O quadro 2 mostra as áreas do corpo que mais comumente foram acometidas nos corredores de rua e os resultados encontrados nos estudos selecionados. As articulações dos membros inferiores foram apresentadas em todos os estudos como as freqüentemente lesionadas na corrida e as estruturas musculares, tendíneas e articulares as partes anatômicas mais vulneráveis aos danos na atividade esportiva.

Quadro 02. Descrição das principais lesões e resultados encontrados

Principais lesões

Resultados

Lesões em membros inferiores.

Na sua maioria, tanto os homens quanto as mulheres despendiam até 30 min/dia em treinamentos (42,6%) e com acompanhamento profissional (58,6%).

Lesões osteomioarticulares em membros inferiores.

A redução na distância percorrida pode reduzir o surgimento de lesões, pois corredores que treinavam mais de 3,75 horas/semana possuíam probabilidade 2,38 maior de sofrer lesão quando comparados a indivíduos que treinavam menos que 1,25 horas/semana.

As principais lesões relatadas foram as tendinopa­tias (17,3%) e as lesões musculares (15,5%). Quanto à localização anatômica, o joelho foi a região mais afetada, com 27,3% das lesões.

O tempo de corrida apresentou associação com lesões musculoesqueléticas prévias relacionadas à corrida. Os corredores referiram treinar sem nenhum tipo de acompanhamento profissional e a utilizar tênis com características especiais para “controlar” o tipo de pisada (neutra, hiperpronadora ou sub­pronadora).

Retrações musculares em flexores de quadril e flexores e extensores de joelho.

O diagnóstico precoce e a adoção de medidas profiláticas efetivas podem contribuir para o aumento da performance, bem como prevenir a ocorrência de lesões desportivas.

Lesões osteomioarticulares em MMII, mas, o joelho e a tíbia foram às estruturas anatômicas mais afetadas pelas lesões.

Neste estudo os únicos fatores predisponentes às lesões foram a pouca flexibilidade e amplitude articular e, tempo (h/sem) e velocidade (min/km) executada durante o treino.

Lesões musculoesqueléticas na região do joelho, tornozelo e pé devido aos movimentos excessivos de tornozelo.

Desenvolvimento de calçados para corrida para proporcionar controle de movimento do retropé e amortecimento durante o período de apoio.

As lesões ligamentares de joelho estão entre as principais lesões ocorridas no esporte.

O tratamento fisioterapêutico conservador reduziu o processo inflamatório do joelho na lesão ligamentar. A fisioterapia em solo e a aquática proporcionaram ganho de ADM, ganho de força e normalização da marcha.

    As áreas mais acometidas por lesão na corrida de rua foram joelho, perna, tornozelo/pé e coluna, nesta ordem respectivamente (LOPES et al., 2011).

    Na análise da incidência de lesões observada por Tartaruga (2003), há uma maior porcentagem de lesões no joelho seguida das localizadas no pé. E em outra pesquisa, as lesões do tipo fraturas por estresse, dor no pé, lesão no tendão calcâneo e dor na articulação coxofemoral aumentaram conforme a quilometragem semanal da atividade.

    Os autores Hino et al. (2009), verificaram a prevalência de lesões esportivas e analisaram os fatores associados, e encontraram danos em membros inferiores. Sobre os aspectos preventivos, tanto homens quanto mulheres despendiam até 30 min/dia em treinamentos (42,6%) e com acompanhamento profissional (58,6%).

    Para Shaw et al. (2004), um dos aspectos que influenciam a ocorrência de lesões é o overuse. Em estudo com triatletas foi encontrado que tanto baixos como elevados volumes de treino têm maior probabilidade de desenvolver lesões, do que em casos de atletas que treinam com volumes moderados.

    De acordo com a pesquisa de Taunton et al. (2003) realizado com 2002 corredores, o joelho é o local freqüente acometido (42,1%). Outros locais comuns encontrados foram: pé/tornozelo (16,9%), perna (12,8%), quadril/pélvis (10,9%), tendão de Aquiles / panturrilha (6,4%), coxa (5,2%) e coluna lombar (3,4%). A lesão por overuse mais comum foi a síndrome patelofemural (46%), seguida por síndrome da fricção da banda iliotibial, fascite plantar, lesões meniscais e síndrome do estresse tibial.

    No estudo realizado por Pileggi et al. (2010), foi relatado prospectivamente a incidência de lesões osteomioarticulares em corredores amadores durante 12 meses. Observaram a ocorrência de lesões no sistema osteomioarticular de membros inferiores e, orientam como medidas preventivas a redução do tempo (h/sem) e da velocidade (min/km) executada durante o treino.

    Hespanhol Junior et al. (2012) relatam como as principais lesões as tendinopa­tias (17,3%) e as lesões musculares (15,5%), sendo o joelho a região mais afetada, com 27,3% das lesões. Isto ocorre pela associação entre lesões musculoesque­léticas e à corrida, com o tempo de prática. A maioria referiu treinar sem nenhum tipo de acompanhamento profissional e, referiram utilizar tênis adaptados para “controlar” o tipo de pisada (neutra, hiperpronadora ou sub­pronadora).

    É consenso que as lesões provenientes da corrida são uma combinação dos fatores extrínsecos e intrínsecos que superam a capacidade do corredor de resistir as lesões. Neste contexto, a fisioterapia desportiva tem como objetivo reduzir as ocorrências e/ ou reincidências de danos, portanto, se dedica não somente a reabilitação do atleta, mas também na prevenção de lesões destes (FARIAS, 2010; BAUER; PREIS; BERTASSONI, 2013).

    O profissional fisioterapeuta possui papel crucial para que o indivíduo recupere sua funcionalidade, utilizando-se de métodos para uma boa preparação atlética antes e durante uma competição, dando ênfase ao fortalecimento muscular, treinamento proprioceptivo e pliométrico, sendo estes um fator extremamente importante no complemento da reabilitação, uma vez que favorece a redução de seqüelas e melhora a capacidade funcional e adaptativa (SOARES, et al., 2011).

    Para Pimenta et al. (2012), a fisioterapia aplicada á área esportiva dedica-se tanto ao tratamento como a prevenção, com objetivo de reduzir a ocorrência de lesões. O trabalho preventivo é delineado e realizado de maneira eficaz, com base no levantamento dos fatores de risco das lesões e na modalidade esportiva específica. O fisioterapeuta vai desenvolver um tratamento preventivo e direcionado a cada atleta.

    De acordo com Barreto, Azevedo e Jorge (2010) e Ribeiro (2008), percebe-se com freqüência, a utilização da bandagem elástica funcional na área esportiva como um dos recursos fisioterapêuticos utilizados e de grande aceitação pelos atletas de diferentes países.

    A bandagem proporciona estímulos neuromusculares que ao ser aplicado, ativa a musculatura regulando o tônus, conferindo suporte e corrigindo a mecânica articular permitindo um eixo de movimento mais funcional.

    Evidências recentes de Needham, Morse e Degens (2009), sugerem que alongamentos dinâmicos são benéficos para o rendimento posterior em corridas. Isto se justifica pela semelhança dos padrões de movimento utilizados, aumento da temperatura corporal, auxílio na propriocepção e permissão de melhor pré-ativação do organismo para a tarefa posterior.

    Ryan, Maclean e Tauton (2006) e Whitehurst et al. (2005), indicam o Treinamento Funcional (TF) pois estimula os receptores proprioceptivos presentes no corpo, favorecendo a melhoria dos mecanismos de propriocepção, diminui os desequilíbrios musculares e a incidência de lesões, tornando-o uma ferramenta segura e eficiente.

    Para Ribeiro e Oliveira (2008), o exercício proprioceptivo vem sendo realizado, seja como medidas preventivas ou em tratamento pós-lesões, portanto recomenda-se como meio preventivo realizar uma avaliação do atleta, para investigar seu estado atual e a existência de lesões antigas, e após isto realizar um programa de alongamentos e propriocepção, treinamento de marcha e orientar sobre o uso de calçados adequados.

    Já a pliometria, para Jorge e Palavicini (2009), é um método que aprimora o desempenho de atletas podendo antecipar seu retorno às atividades normais, mas é importante ressaltar o aquecimento antes dos exercícios, como: corrida lenta, exercícios calistênicos, alongamentos e atividades repetidas que preconizam os padrões neuromusculares da habilidade esportiva.

    Para Silvestre (2003), os exercícios proprioceptivos e pliométricos são importantes ferramentas de reabilitação e devem ser utilizados com a finalidade de recuperar integralmente o atleta lesionado. Os exercícios escolhidos devem ser específicos para o esporte em questão, similares aos movimentos da modalidade treinada, a fim de facilitar a adaptação neural dos exercícios.

Conclusão

    Este trabalho reflete a importância de conhecer a modalidade esportiva de corrida e descobrir os fatores de riscos que desencadeiam as lesões comuns em atletas praticantes.

    Sobre o aparecimento ou não das lesões, apresentaram-se na literatura, distintas opiniões a respeito de quais as lesões freqüentes em corredores de rua. Há relatos de que as mais comuns são as que acometem a coluna lombar, o quadril, coxa, joelho, panturrilha, tornozelo e o pé, sendo as lesões por overuse as mais comuns. Os membros superiores apresentaram pequena percentagem de incidência em relação à prática da corrida.

    Observou-se que a corrida é uma modalidade esportiva bastante procurada por seu fácil acesso e pelos inúmeros benefícios à saúde nos seus diversos aspectos (físicos, psicológicos e sociais) ao mesmo tempo, aqueles que dessa participam estão expostos a problemas também relacionados à prática esportiva, que de acordo com a literatura são de ordem multifatorial desde desordens metabólicas até riscos extrínsecos.

    Para a continuidade desta prática esportiva, é necessário cuidados por parte do atleta e de orientações adequadas quanto ao conhecimento dos fatores de riscos por profissionais capacitados para esta modalidade, para que a prevenção seja praticada em seus diversos níveis, evitando transtornos de ordem emocional e físico tanto para o atleta quanto para o treinador.

    Uma atividade planejada e personalizada é a melhor maneira de praticar a corrida com segurança, pois a mesma precisa ser empregada de maneira gradativa devendo ser dosado o volume e a intensidade respeitando seus limites, respeitando o princípio da individualidade biológica, para se tornar uma atividade mais segura para o atleta, profissional ou amador.

Referência

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